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Disciplina: Sociologia da educação

Docente: Isabella Fernandes Ferreira


Discentes: Andressa Febronia, Deborah Goulart, Jessiane
Castello, Leonardo Oliveira.

Análise Sociológica do filme “A Maça”

Samira Makhmalbaf dirigiu o filme “A maçã” (Sib, 1998, Irã / França)


quando tinha apenas 17 anos, sendo a mais jovem cineasta até hoje a
concorrer a prêmio no Festival de Cannes, festival de estatura internacional.
Apresentado em mais de 100 festivais em 2 anos.

A maça é um filme que conta a história verídica de duas irmãs,


Massoumeh Naderi e Zahra Naderi, que ficaram trancadas em sua casa pelos
seus pais durante onze anos, uma senhora cega e um senhor desempregado.
O que as levou a um retardo mental. Mesmo se passando em um local
conservador aquilo chocou a todos e o pai levou fama de cruel.

A prisão das meninas era justificada pela passagem de um texto que diz
que as jovens são como pétalas que queimam com a luz do sol.
Acompanhamos o drama dos pais, principalmente do pai para não verem suas
filhas ficarem sobre tutela do estado, tenta ensina-las a cozinhar e a varrer o
pátio para provar a assistente social que elas devem ficar com a família.

O que dá o filme seu valor artístico é o ousado fato da diretora não valer
de atores profissionais, os envolvidos na trama representam a si mesmo,
começando a filmagem apenas 4 dias depois que toda imprensa abriu espaço
para a história, sendo assim conseguiu captar as consequências reais tanto
sociais como psicológicas do acontecimento. Vítimas do abandono social,
condições culturais e socioeconômicas, bem como suas próprias ações.

Existe uma grande quantidade de simbolismo assim como a maça, nome


que foi usado como título do filme, na cultura cristã muita das vezes a maça
representa o próprio pecado original, a busca do conhecimento. No filme está
associada a redenção para todos eles, é com a maça e tempos depois com o
espelho que a assistente social assume seu cuidado com as irmãs, no
momento que vão sozinhas ao mercado comprar maça provando que são
sociáveis, a partir da maça elas fazem suas primeiras amizades.

E por último é a mãe das meninas que tem acesso a maça amarrada a
um barbante, mesma brincadeira que foi feito com as meninas, representando
a libertação de seus preceitos morais e religiosos.

De acordo com Durkheim, para se observar os fatos sociais, o


pesquisador deve ter a consciência que é necessário se afastar de suas pré-
noções, isto é, de sua opinião tida como verdade.

No filme A maça que retrata esse fenômeno, algumas cenas nos


chamam atenção, sendo uma delas o momento em que o pai diz a sua filha
Zahra que ela e sua irmã Massoumeh, precisam aprender a cozinhar e justifica
essa importância dizendo: "quando você casar, você terá que cozinhar"; "então
as pessoas não dirão: Por causa da mãe cega dela, ela nunca aprenderá
nada"; e, "Deus faz a mulher para se casar, ela não deve ficar só". Zahra ao
ouvir as palavras do pai, expressa uma certa contrariedade a opinião do dele.

Conforme Durkheim, os conceitos observados na fala do pai, fazem


parte de uma herança social que herdamos. E para a consciência coletiva, que
é definida como o conjunto de características e conhecimentos comuns de uma
sociedade, faz com que os indivíduos pensem e ajam de forma similar.
Correspondendo às regras e às práticas, ao sistema de símbolos culturais,
como dogmas, a moral, a etiqueta, e as representações coletivas.

Já em outra cena, a assistente social visita a casa das irmãs Zahra e


Massoumeh, e as encontra novamente trancadas. O pai das meninas ao
chegar em sua residência, se depara com a assistente social em seu quintal e
informa a ela, após seu questionamento, que estava atrás do sustento da
família. Um dos questionamentos da assistente social é que o pai das meninas,
poderia deixá-las sobre a responsabilidade dos vizinhos enquanto ele estivesse
fora. O pai se mostrando indignado, responde a assistente social que ninguém
as olharia, tendo em vista que a vizinhança não se importava com eles, no que
diz respeito às necessidades e privações financeiras enfrentadas pela família.
Ele entendia que a sociedade que julgava sua conduta, era a mesma que via
as necessidades da família, mas não com o mesmo nível de importância e
indignação dada ao cárcere vivido por suas filhas.

Para Durkheim, o indivíduo que ousasse violar uma regra moral ou


resistir a uma lei, por exemplo, enfrentaria os obstáculos e tropeçaria com os
demais membros da sociedade que tentarão impedi-lo, convencê-lo ou
restringir sua ação com punições, censura ou até mesmo violência.

Quando optamos pela não submissão, "as forças morais contra as quais
nos insurgimos reagem contra nós e é difícil, em virtude de sua superioridade,
que não sejamos vencidos. (...) estamos mergulhados numa atmosfera de
ideias e sentimentos coletivos que não podemos modificar." (Durkheim, p. 7)

Em suma, os fatos sociais são coercitivos e externos aos indivíduos, e


exercem sobre todos uma autoridade específica.

O fato social, segundo Emily Durkheim consiste em maneiras de agir,


pensar e de sentir que exercem determinada força sobre tais indivíduos,
obrigando os mesmos a se adaptar as regras da sociedade onde vivem. No
entanto nem tudo que uma pessoa faz pode ser considerado um fato social,
pois, para ser identificado como tal, tende de atender a três características:
generalidade, exterioridade e conectividade.
Dentre essas características eu identifico como um fato social o pai das
gêmeas usar o alcorão que é um livro de regras a ser guiadas, ele não teve a
oportunidade de estudar e a única coisa que ele que trazia como verdade era o
que estava escrito no tal “alcorão”, livro sagrado utilizado no Islã. No filme o pai
das gêmeas traz como verdade que as meninas são como flores e os olhares
dos meninos são como o sol que iram queima-las. Com essa atitude do pai
juntamente com a mãe que é cega, que além de não deixar as filhas sair
também não sair não permitia a si própria sair.
Com essas atitudes eles acabaram prejudicando as gêmeas tanto na
relação social com as outras crianças, quanto na coordenação motora e
também prejudicou crucialmente na comunicação da fala de ambas as
meninas. As gêmeas não tinham noção da vida em sociedade, isso ficou bem
claro quando queriam comer o sorvete e não sabiam que tinham que pagar
para consumir algo. As meninas não conseguiam se comunicar muito bem com
as outras crianças, pois apenas murmuravam algumas palavras e ficar 11 anos
trancadas prejudicou muito a formas de as gêmeas andarem.
O local onde o filme é gravado é em Tirão, Capital do Irã, onde cuja
religião muçulmana é baseada no livro Sagrado Alcorão. As mulheres desde
pequenas são entendidas como submissas aos homens, que o homem tem
direito de agressão e tirar sua vida se preciso, e se embasam nos escritos
Alcorão. Se pegarmos para ler, iremos ver que a verdade é que diante de Deus
todos tem direitos iguais, cita até que Eva não é a única culpada pelo pecado
original, porém, é interpretado como bem entendem e acabam até
assassinando as mulheres em público, com base nos escritos e sem receber
nenhum tipo de punição dentro da religião muçulmana. Cena: O pai das
meninas relata que as tranca e cobre as janelas por conta dos garotos que
pulam no quintal para pegarem bola e para não pegarem sol. Pois diante da
religião entende que as meninas são como flores e o sol as queimaria. E é
interessante que no primeiro contato com a luz do sol elas estranham muito, é
uma luz muito forte para quem estava acostumada na escuridão.

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