NO NO BRASIL De acordo com o filósofo e escritor Paul Preciado, vivemos em uma era pós-fordista dominada pela indústria farmacopornográfica. Tal regime prega sexualização do corpo de forma extremamente problemática, frisando um corpo sem pelos e com expressões e comportamentos infantis como objeto de satisfação dos prazeres dos homens, visto que essa indústria é primordialmente pensada por eles e para eles. Nesse sentido, essa difusão de padrões em massa através das mídias, quando aliada ao patriarcado tão enraizado no corpo social e à vulnerabilidade e inocência de corpos naturalmente infantis, resulta em dados de violência infantil extremamente preocupantes, que devem ser combatidos na raiz, através do controle dessa ideologia extremamente problemática e da inserção de jovens em discussões com tais pautas. Nesse contexto, o livro ''Lolita '' de Vladimir Nabokov é conhecido no mundo inteiro por ser símbolo de uma relação abusiva e de pedofilia de um homem adulto com uma criança de 13 anos. Essa história é uma grande crítica a um olhar doentio do abusador ao abusado, que coloca a culpa na vítima por suas próprias ações. Anos após a publicação da obra, foi feito um filme, aonde pode-se perceber claramente a visão da indústria pornográfica em relação a esses abusos: não só a normalização, como o incentivo a essas práticas. No filme, há contorção de fatos e sexualização infantil, e o que era para ser uma crítica à pedofilia virou, em fóruns de discussão e crítica de cinema, um atestado de permissão para práticas abusivas. Por fim, com análise da posição que o corpo infantil ocupa na sociedade ao longo da história, percebe-se práticas comuns de casamentos e consumação de homens já adultos com meninas de 13 anos, além de sua falta de escolarização, que não as permitiam nem reconhecer os abusos que sofriam, promessas de filhas a amigos da família, submissão da mulher e de filhos em relação ao provedor da casa, bem como sua objetificação. Toda essa lógica contribui para a difusão dessas práticas doentias que ainda ocorrem frequentemente.
Diante desse cenário, tem-se que, para que ideologias problemáticas
como essas parem de normalizar tais abusos e as vítimas tenham consciência de como se proteger e denunciar, é necessário que o governo, juntamente com ao o MEC, altere o currículo de ensino nacional (CNN), tanto de ensino primário como fundamental e médio para que, de diferentes formas, estes assuntos sejam abordados com todos os tipos de crianças e adolescentes, já que nenhum está imune a tais violências, para que aprendam o que é abuso e como denunciá-lo. Assim, aos poucos, as pessoas tomarão consciência do perigo dessa ideologia e poderão combater cada vez mais essas práticas.