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TEMA – Como combater os crimes de pedofilia no Brasil?

O romance "Lolita" — obra russa produzida em 1955 — narra a terrível relação


sexualizada entre uma criança e um homem, que coloca na menina o apelido que dá
nome ao livro. Todavia, narrativas repugnantes como a de "Lolita" são comuns fora da
ficção e representam na prática um dos mais graves problemas da sociedade: a
pedofilia. Assim, para mitigar essa mazela, há de se combater o silêncio da família e
do Estado.
Sob uma primeira análise, não há como mitigar a exploração sexual infantil
velada se os responsáveis se mantiverem omissos. Nesse viés, desde a Era Vargas,
as crianças são consideradas hipossuficientes — grupos vulneráveis dependentes de
cuidados integrais — e tiveram a proteção consolidada no artigo 6° da atual
Constituição. Ocorre que substancial parcela das famílias brasileiras é incapaz de
oferecer o cuidado historicamente consolidado por Vargas e pela Carta Magna
vigente. Inclusive, os agressores costumam ser justamente aqueles que deveriam
cuidar da integridade da criança. Com efeito, os abusos a meninos e a meninas se
mostram atitudes cruéis e, se não forem combatidos a tempo, terão consequências
irreparáveis à formação infantil.
De outra parte, a OMS classificou a pedofilia como um transtorno mental, a fim de
evidenciar que a exploração sexual às crianças não deve ser vista apenas como um
crime, mas também como um desvio psiquiátrico do agressor. Todavia, a ineficiência
do combate à pedofilia pelo Estado brasileiro é incompatível com a relevância
proposta pela Organização Mundial da Saúde, de modo que campanhas nas mídias
sociais — a exemplo do Maio Laranja — são insuficientes para garantir a proteção da
infância e da dignidade humana. Desse modo, é incoerente que, mesmo sendo Estado
Democrático de Direito, o Brasil ainda permita que as crianças protagonizem lolitas em
suas próprias realidades.
A pedofilia, portanto, precisa ser repudiada pelas famílias e pelo Poder Público.
Nesse sentido, o Ministério Público, com o auxílio das autoridades escolares, deve
ensinar a população a combater esse crime, por meio de projetos pedagógicos, como
oficinas e palestras, capazes de orientar pais e responsáveis a identificar os casos de
pedofilia dentro dos seus próprios lares. Essa iniciativa teria a finalidade de
problematizar a omissão familiar e reafirmar a presença do Estado na repressão a
esse crime, de sorte que meninos e meninas vivam, de fato, em uma sociedade livre,
justa e responsável.

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