Você está na página 1de 1

Combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes do Brasil

O combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes no Brasil deveria constituir um dos
pilares para o exercício da cidadania plena. Entretanto, as relações de poder e domínio, “
simbolicamente” estabelecidas na sociedade, normaliam e acentuam comportamentos nocivos, como o
assédio e a violência sexual contra crianças e adolescentes. Essa conjuntura abusiva é perpetuada pelo
sistema educacional brasileiro, que não ensina sobre educação sexual dentro da escola e forma cidadãos
que desconhecem os limites do concentimento e incapazes de reconhecer e denunciar atos de abuso e
violência sexual.
Primeiramente, é preciso analisar o “poder simbólico” enquanto mecanismo que acentua
normaliza o abuso sexual contra crianças e adolescentes no Brasil. Segundo o sociólogo Pierre
Bourdieu, o “poder simbólico” atua como ferramenta de controle na sociedade, haja vista que estabelece
uma estrutura de dominação entre grupos tidos como vulneráveis e superiores. Nesse sentido, crianças e
adolescentes, socialmente vistos como frágeis, comumente sofrem assédios e abusos, desde psicológicos
a sexuas, por parte de pessoas próximas e que estabelecem certo grau de domínio para com as vítimas.
Essa realidade é tão presente e marcante na atualidade do Brasil que, segundo dados do Ministério da
Saúde, aproximadamente 55% dos casos de abusos sexuais acontecem por parte de pais e amigos das
vítimas, evidenciando que a maioria dos agressores fazem parte do cotidiano das crianças e jovens
tornando cada vez mais recorrente e natural casos de abuso contra esse grupo no país.
Além dessa conjuntura abusiva e danosa, o sistema educacional pouco contribui para combater o
abuso sexual contra crianças e adolescentes. Imbuído pelo poder simbólico instituído sobre jovens e
crianças, o sistema educacional brasileiro negligenia o ensino acerca da educação sexual dentro da
escola, o qual ensina aos alunos os limites do toque físico, sobre concentimento dentro de qualquer
relação, seja com pais /mães, parentes e amigos, e sobre o respeito para com os desejos e o corpo do
outro. Ademais, o sistema educacional não promove atividades que estimulem debates acerca dos
mecanismos e ferramentas de denúncia contra o assédio e a violência sexual, além de proporcionar
apoio psicológico a crianças e jovens que possam ser vítimas de abuso. Dessa maneira, o sistema
educacional naturaliza a violência sexual e se omite quanto à desestruturação do assédio e abuso para
com adolescentes e crianças.
Portanto, para combater o abuso sexual contra crianças e adolescentes, é preciso que a escola –
enquanto responsável por formar cidadãos conscientes e respeitosos – estimule a desconstrução acerca
de condutas de violência e assédio sexual. Esse processo formativo deve acontecer por meio da
implantação da disciplina de educação sexual buscando promover aulas e palestras sobre o
conscentimento, sobre os limites do toque físico em diversas situações – banhos, consultas médicas – e
sobre o respeito nas relações com parentes, amigos e pessoas próximas, a fim de que as vítimas
reconheçam os sinais de abuso. Ademais, é necessário que a escola incentive o conhecimento de
mecanismos de denúncia de violência sexual, além de oferecer opoio psicológico às possívei vítimas de
abuso. Dessa forma, será possível combater o abuso sexual contra crianças e adolescentes.

Você também pode gostar