Na série americana “Jane, The Virgin”, da emissora CW, é retratada a trajetória da

personagem Xiomara, que ao engravidar aos dezesseis anos, precisa lidar com os
julgamentos da família católica, o abandono paterno e os desafios de ter uma filha, mesmo
sendo muito jovem. Fora das telas, a gravidez na adolescência no Brasil enfrenta problemas
decorrentes da negligência estatal que refletem, principalmente, nos setores mais pobres do
corpo social.

Em primeiro lugar, cabe mencionar a ausência de medidas governamentais para combater a

gestação na juventude. Nesse sentido, percebe-se o agravante da desinformação, tendo em
vista a carência de debate sobre educação sexual e projetos que estimulem o diálogo sobre
o assunto, impossibilitando a criação de um ambiente sem tabus relacionado a sexualidade
e reprodução. Esse cenário, segundo as ideias do filósofo iluminista John Locke, representa
uma violação do “contrato social”, já que o Estado não cumpre a função de garantir aos
cidadãos direitos essenciais, como a tecnologia. Logo, nota-se que o governo impede os
indivíduos de exercerem plena cidadania.

Ademais, a diferença entre classes sociais é um fator que gera ainda mais falta de
informação entre os jovens. De acordo com o Ministério da Saúde, as maiores taxas de
gravidez na adolescência estão entre as pessoas de 10 a 19 anos mais pobres e com menor
escolaridade. Sob essa ótica, observa-se que o conhecimento não chega da mesma forma
para todos, pois, quanto maior a desigualdade social, maior a carência de instrução,
contrariando o artigo 6 da Constituição Federal, que garante proteção à infância e à
maternidade.

Portanto, medidas são necessárias para combater a gestação na juventude. Para isso, cabe
ao Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, implementar projetos
que promovam o debate sobre educação sexual no ambiente escolar, por meio de palestras
com especialistas e distribuição de cartilhas informativas sobre métodos contraceptivos,
ISTO´s e sexualidade, com o objetivo de levar informação e instrução confiável aos jovens.
Assim, trajetórias como a da personagem Xiomara poderão ser evitadas.