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Na obra literária “O ódio que você semeia”, a autora Angie Thomas revela, a partir da representação
das manifestações criadas por alunos que vivenciam a morte do seu colega negro em razão da
violência policial, a importância e as adversidades enfrentadas por jovens na luta pelo acesso aos
direitos inadvertidos na sociedade. Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto da produção,
essa realidade de dificuldade também é vigente na atual conjuntura brasileira , uma vez que
motivada pro uma negligência estatal, em conjunto com a falta da democratização do alcance à
internet, o pleno reconhecimento dos problemas sociais e a organização de grupos de resistência
tornam-se caminhos possíveis para apenas uma parcela minoritária da população. Assim ,é
imprescindível o reconhecimento dos empecilhos impostos a esses indivíduos para que seja possível
a superação imediata dessa problemática.
Dessa maneira, sabe-se que o baixo investimento estatal na manutenção de instituições educacionais
e infraestruturais de qualidade é um dos principais ratificadores desse quadro desafiador. Isso ocorre
porque, consoante ao filósofo contratualista John Locke, o homem é em seu estado de natureza um
ser desprovido de ideias, sendo moldado ao longo da sua vida decorrente das convenções sociais
experienciadas desde o nascimento, principalmente as anteriores à fase adulta . Dessa forma, cria-se
uma massa populacional juvenil alienada quanto aos problemas nacionais existentes e mais
facilmente manipulada pelos órgãos de dominação, impossibilitando o levante social contrário as
situações de vulnerabilidade impostas pelas classes de dominância hierárquica e se auto-
subordinando futuramente à segregação de uma vida controlada.
Ademais, a falta de acesso à tecnologia de qualidade pelos grupos periféricos no Brasil é,
paralelamente, um importante catalisador desse cenário, em razão do impedimento da promoção da
integração imaterial dos fluxos de informações de diferentes regiões e usuários em um só canal
pelas plataformas midiáticas em diferentes setores da estratificação social. Consequentemente, gera-
se uma intensificação de uma estrutura imaginária social que condiciona historicamente as crianças
e os adolescentes de classes sociais mais baixas à não articulação de movimentos coletivos que
reivindiquem mudanças no panorama vivido, assim como ,por exemplo, ocorrido durante o período
da ditadura militar brasileira, no qual esse grupo foi a principal vítima dos atos institucionais
silenciadores e degrades desses governos.
Depreende-se, portanto, que a força da movimentação juvenil para a obtenção dos direitos
garantidos ao homem pela Constituição Federal de 1988, está diretamente ligado aos impasses
promovidos pela classe detentora de poder a esse processo. A fim de intervir nesse paradigma,
propõe-se que o Governo Federal, em foco os Ministérios da Educação e Cidadania, realize ,a partir
da criação do projeto “Eu protagonista”, a garantia da do suporte financeiro e educacional aos
jovens que desejam protestar por seus direitos institucionalmente. Para que por conseguinte ocorra a
mitigação da repressão sofrida pela juventude, possibilitando o aparecimento de mais mobilizações
e questionamentos que desarticulem a estrutura desigual socioeconômica atual do país, assim como
os alunos insatisfeitos do livro de Harper Lee.