Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autoras1:
Aline Gonçalves da Silva
aline.silva@educacao.mg.gov.br
Celma Maria Nunes
celma.nunes@educacao.mg.gov.br
Rosa Maria Reis
rosa.reis@educacao.mg.gov.br
Tatiana Borches
tatiana.borches@educacao.mg.gov.
INTRODUÇÃO
O tema tratado neste artigo é um consolidado que traz de forma sucinta uma breve
explanação sobre a evasão escolar na EJA-Educação de Jovens e Adultos, com o objetivo de
identificar, selecionar e analisar ações de combate à evasão escolar, apontando as principais
dificuldades impostas aos alunos para a continuidade dos seus estudos.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino que tem como
objetivo atender pessoas que não tiveram acesso ou não concluíram os estudos na idade
adequada. A EJA é destinada a pessoas com 15 anos ou mais que desejam concluir o ensino
fundamental ou médio. É uma importante ferramenta para combater o analfabetismo e a
exclusão social, pois permite que jovens e adultos tenham acesso à educação e desenvolvam
habilidades e competências necessárias para melhorar sua qualidade de vida e inserção no
mercado de trabalho. Além dos conteúdos tradicionais do ensino fundamental e médio, os
programas de EJA também podem incluir atividades voltadas para a formação cidadã,
educação ambiental, inclusão digital, entre outros temas relevantes para o mundo
contemporâneo.
Para fins de apresentação, o artigo está esquematizado em três seções; a primeira
aborda as definições de termos e expressões gerais acerca da Evasão Escolar e as possíveis
causas e consequências. A segunda seção traz o embasamento legal vigente e as políticas
públicas implementadas e na terceira e última seção são apresentadas as considerações finais.
Tomando como referência as legislações e políticas públicas adotadas pela Secretaria
Regional Estadual - SRE de Paracatu, Minas Gerais, pretende-se a aproximação com dados
regionais que, se relacionados ao contexto estadual, possam vir a retratar a relevância da
escola na formação de cidadãos conscientes dos seus direitos. O presente artigo nasce dos
estudos sobre as legislações e políticas públicas sobre a Educação Básica e por reflexões e
apontamentos que se destacaram durante estas abordagens principalmente acerca da relação
deste tema com o aumento da Evasão Escolar. Dentre outros fatores como o contexto
1
Discentes na disciplina Políticas e Legislação Educacionais em Educação Básica, ministrada pelo Prof.Dr.
Tiago Zanquêta de Souza através do programa de Pós- Graduação - Mestrado em Educação - PPGE/UNIUBE -
Trilhas de Futuro Educadores / SEE-MG. Uberaba - MG.2023.
histórico, social e econômico que inclui um período pós-pandêmico, o Brasil da última década
requer uma abordagem específica para compreensão de definições específicas acerca da
Educação de Jovens e Adultos - EJA.
Uma vez que esta modalidade de ensino perpassa todos os outros níveis da Educação
Básica por ser destinada aqueles que não deram continuidade ou não tiveram oportunidade de
acesso aos Ensino Fundamental e/ou Médio na idade prevista, esta delimitação se mostra
necessária e pertinente pelas peculiaridades percebidas durante as leituras e seminários de
pesquisa, as quais apontaram a necessidade uma investigação mais detalhada especificamente
no contexto da EJA e dos impactos do período de ensino remoto devido a pandemia de
COVID 19, definindo as possíveis causas e consequências do aumento desta Evasão apontado
principalmente pela análise da frequência e abandono escolar dos alunos no período de 2019 a
2022.
Através de um inventário dos embasamentos legais vigentes, como a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação nº 9394/1996, os Planos Nacionais, Estaduais e Municipais de
Educação, dentre outras legislações e políticas públicas propostas da Secretaria de Estado de
Educação de Minas Gerais propõe-se analisá-las sob o aspecto de suas referências e relações
com a EJA. Outros pontos analisados são as políticas como a Busca Ativas de alunos em
situação de risco de evasão.
Para Glavam e Cruz (2013) o termo evasão escolar pode ser entendido como o
abandono do aluno, ou seja, o rompimento do processo de ensino- aprendizagem por falta da
presença do aluno” (GLAVAM; CRUZ, 2013, p. 3). De acordo com ele, a situação não deve
ser vista como somente de fracasso escolar do aluno, mas, também, da instituição escolar, dos
educadores e sociedade. Tal fato tende a impactar diretamente na produtividade da escola,
atingindo a renda familiar e a renda da sociedade de forma negativa.
Ainda de acordo com Glavam e Cruz (2013 apud Batista 2009) “devido à necessidade
de contribuir com a renda familiar, ou em alguns casos a desvalorização da educação e ânsia
pela almejada independência financeira, o jovem é chamado a ingressar no mundo do
trabalho, almejando um emprego melhor, grande maioria tenta conciliar o trabalho com
estudos, porém, com o cansaço físico, crescentes exigências no atual posto de trabalho e
outras distrações, acabam por abandonar os bancos das escolas”.
De acordo com Batista, Souza e Oliveira (2009):
Nessa perspectiva, esse jovem estará sujeito a cumprir funções com baixas
remunerações em condições precárias de trabalho, fazendo com que opte pela informalidade,
ficando sem amparo legal.
São afirmações como essas que permite uma reflexão sobre a responsabilidade de
todos os atores envolvidos no processo ensino-aprendizagem e na questão da evasão escolar.
As políticas públicas educacionais precisam ser mais direcionadas a encontrar meios e
oferecer condições de combater a evasão escolar, contribuindo à permanência dos estudantes
na escola. Mas, a qualidade da educação direcionada aos jovens e adultos perpassa pela
qualidade da gestão governamental em relação à educação de qualidade.
A Constituição Federal reconhece a importância da EJA como uma modalidade de
ensino que deve ser oferecida pelo Estado para garantir o acesso aos níveis mais elevados da
educação e a formação integral dos cidadãos, independentemente da idade em que iniciaram
seus estudos. O inciso VI do artigo 208 menciona especificamente a oferta de ensino noturno
regular, que é uma das modalidades da Educação de Jovens e Adultos (EJA), destinada aos
jovens e adultos que não tiveram acesso ou não concluíram os estudos na idade regular.
Segundo a LDB, em seu artigo 38º, “os sistemas de ensino manterão cursos e exames
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudos em caráter regular”. A idade mínima para a realização dos exames
é de 15 e 18 anos, respectivamente, para a conclusão do Ensino Fundamental e Médio. As
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos no Ensino
Fundamental foram publicadas em três segmentos e estão disponíveis no site do MEC. Já o
currículo para o EJA no Ensino Médio utiliza como referência a Base Nacional Comum, que
deve ser complementada por uma parte que atenderá a diversidade dos estudantes.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), em seu artigo 37º § 1º diz:
Importante lembrar que essa modalidade de Educação envolve jovens e adultos que,
muitas vezes deixaram de completar os ciclos de ensino por consequências dos contextos
excludentes retratados pela história da educação do Brasil, mas mesmo assim estão se
comprometendo com processos de aprendizagem em busca de reconfigurar suas trajetórias.
Acerca dos aspectos relacionados à evasão escolar, vale lembrar que a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foi alterada pela Lei 13.803/19, no que dispõe sobre
as incumbências dos estabelecimentos de ensino, obrigados a notificar ao Conselho Tutelar a
relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de trinta por cento do
percentual permitido em lei, que é de no máximo vinte e cinco por cento do total de horas
letivas.
Por sua vez, o Artigo 56 da Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990, que dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, no seu Artigo 56, impõe aos dirigentes de
estabelecimentos de ensino fundamental a comunicação ao Conselho Tutelar dos casos de
faltas injustificadas e de evasão escolar uma vez esgotados os recursos escolares, e também os
casos de escolas com elevados níveis de repetência. O Código Penal, dentro desse espírito,
pune no art. 246 o abandono intelectual, no que tange à formação do filho em idade escolar. O
crime consiste em deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho, tanto pela
falta da matrícula quanto pelo desleixo na obrigação de enviar o menor matriculado à escola.
Abordando a Lei Nº 23197, de 2018, que institui o Plano Estadual de Educação - PEE
- para o período de 2018 a 2027 e aprova o Plano Nacional de Educação - PNE, o estado
promove políticas de atenção integral ao estudante e de prevenção à evasão escolar motivada
por preconceito ou qualquer forma de discriminação. As políticas propostas devem ser
implementadas por meio de ações desenvolvidas entre os órgãos de assistência social, saúde e
proteção à infância, à adolescência e à juventude, em parceria com as famílias. Uma das
principais causas apontadas é a falta de interesse do aluno. Então, se a proposta curricular
fazer com que o aluno se sinta construtor dela. Segundo dados da evolução do Censo Escolar
promovido pelo Instituto Nacional de Estatísticas Educacionais - Inep, mostra a:
disparidade entre as redes pública e privada de ensino no que diz respeito às
taxas de insucesso (resultado da soma das reprovações e abandono escolar)
dos estudantes ao longo de sua vida escolar. Enquanto no primeiro ano do
Ensino Fundamental a chance de insucesso aparece igual, a partir do 3º ano a
taxa entre os estudantes da rede pública começa a crescer, chegando a 13,6%
no ano de 2016, enquanto a particular permanece com apenas 1,6%.
(ALVES, 2023)
No sexto ano do Ensino Fundamental a diferença se torna ainda maior, com taxa de
insucesso de 19% entre os estudantes da rede pública e 3,7% entre os do ensino privado. Já no
primeiro ano do Ensino Médio, a disparidade atinge seu ápice, com 28% de insucesso na rede
pública, contra apenas 5,3% da rede particular.
A Resolução nº 01/2021 foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em
janeiro de 2021 com o objetivo de estabelecer as diretrizes para a Educação de Jovens e
Adultos (EJA) nos aspectos relativos ao seu alinhamento à Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) e à Política Nacional de Alfabetização (PNA). A PNA engloba questões relativas à
alfabetização de todas as crianças até os 7 anos de idade e também de jovens e adultos,
considerando as especificidades desses públicos, enquanto a BNCC é um documento que
estabelece os conhecimentos e habilidades que os estudantes brasileiros devem adquirir em
cada etapa da Educação Básica.
A resolução citada, estabelece então que a EJA deve estar alinhada à PNA e à BNCC,
mas também deve considerar as especificidades dos jovens e adultos que estão retornando aos
estudos. Além disso, a resolução destaca a importância da oferta de um ensino de qualidade,
que considere as necessidades e características dos estudantes da EJA, e que promova a
formação integral desses alunos.
Entre as diretrizes operacionais estabelecidas pela Resolução nº 01/2021, destacam-se:
REFERÊNCIAS
BATISTA, Santos Dias, SOUZA, Alexsandra Matos, OLIVEIRA, Júlia Mara da Silva. A
evasão escolar no ensino médio: um estudo de caso. Revista Profissão Docente, UNIUBE.
Uberaba/MG: 2009.
BRASIL, LDB. Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível
em < www.planalto.gov.br >. Acesso em: 15 de janeiro de 2023.
RIBEIRO, Sérgio Costa. A pedagogia da repetência. Scielo, São Paulo, v. 5, n. 12, p.01-11,
ago. 1991. Disponível em:. Acesso em: 21 de janeiro 2023.
ALVES, Gustavo Martins de Castro. O fenômeno da evasão escolar em uma escola estadual
do município de Contagem em Minas Gerais. UFSM , Serafina Corrêa. RS. 2022. Acesso em:
19 de fev. de 2023. Disponível em:
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/26675/TCCE_GPM_EaD_2022_ALVES_GUS
TAVO.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 23 de janeiro 2023.