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Educação Infantil
Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Estado, Políticas Públicas e
Direito à Educação
Objetivos
• Discutir as relações entre estado, sociedade e educação;
• Identificar as etapas do desenvolvimento de uma política pública em educação;
• Analisar as garantias legais do direito à educação no Brasil;
• Discutir como fazer valer o direito à educação.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
Contextualização
Para uma aproximação da temática da unidade, analise a seguinte situação-problema:
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Estado, Sociedade e Educação
O primeiro passo para a professora Sandra é entender como se dá a relação entre
Estado, enquanto o conjunto de organizações e instituições públicas, e a sociedade na
garantia do direito à educação.
Apesar dos avanços nas últimas décadas da educação básica brasileira, com 99% de
cobertura do atendimento do ensino fundamental e o crescente aumento das matrículas
da educação infantil, ainda são muitos os desafios, pois temos 15% de crianças sem
acesso à educação infantil. O ensino médio, por exemplo, se mantém como um gargalo
de atendimento, com a diminuição de matrículas nos últimos anos. Os resultados de
desempenho escolar também estão aquém da garantia da qualidade do ensino. 55%
dos alunos aos 8 anos de idade e próximo aos 9 não estão plenamente alfabetizados.
Já o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em 2017, apontou que 7 de cada
10 alunos do 3º ano do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática.
Esses resultados evidenciam o baixo nível de aprendizagem de crianças e jovens brasilei-
ros, em especial do ensino médio, afetando o direito à educação.
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Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
Nesse contexto de uma estrutura mínima do Estado, os gastos em educação são tam-
bém redefinidos, dentro de um quadro de racionalização orçamentária, com um modelo
de gestão que promove a descentralização, desregulamentação e a implementação de
políticas de avaliação de rendimento escolar.
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Agenda Formulação Execução
Algumas políticas públicas podem ser de cima para baixo (top-down), ou seja, do gover-
no federal para os estados, municípios e distrito federal. Um exemplo é a implementação
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Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como veremos nas próximas Unidades.
Outras podem surgir de demandas locais da sociedade e serem implementadas de baixo
para cima (bottom-up) – por exemplo, determinada ONG faz um projeto de recuperação
de aprendizagem de alunos de determinadas escolas ou uma comunidade desenvolve uma
rede de mães para cuidar das crianças que ainda não tiveram garantia de creche e essas
ações ganham reconhecimento público e viram políticas públicas no âmbito municipal ou
até estadual.
Top-Down
Botton-up
Retomando o caso da professora Sandra, ela entendeu os passos que uma política
pública em educação tem para se tornar uma realidade no enfrentamento dos problemas
sociais, mas se questiona onde na norma está presente a garantia ao direito à educação?
E como pressionar o poder público para que essa garantia se torne realidade?
Direito à Educação
O direito à educação está presente na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Já no Brasil, ela está na Constituição Federal (CF), na Lei de Diretrizes e Bases de Edu-
cação (LDB) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Seguiremos detalhando
cada um desses documentos.
Aprovada em 1948 na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos foi inspirada na Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão da Revolução Francesa. A Declaração dos Direitos Humanos traça os fundamen-
tos da luta mundial contra a opressão, a favor da igualdade e liberdade de expressão entre
os povos, sem discriminação de cor, gênero, idioma, religião, nacionalidade e qualquer con-
dição social. Leia mais sobre a Declaração em: http://bit.ly/2MJNW5C
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Os primeiros artigos dessa declaração tratam das garantias dos direitos universais, como
o direito à vida, a igualdade perante a lei e a liberdade de expressão. O art. 1 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos diz que todos os seres humanos, homens e mulheres, de
todas as idades, são iguais como portadores de direitos. Esse primeiro artigo busca garantir
igualdade de direitos para os cidadãos em todos os países signatários das Nações Unidas.
No mesmo sentido do primeiro artigo, o art. 2 diz que, sem qualquer distinção, os
seres humanos possuem a capacidade de gozar de seus direitos e liberdades.
Nos artigos 21 e 22, reconhece-se que o ser humano é igual no seu direito ao serviço
público do seu país, incluindo os direitos econômicos, sociais e culturais, ao trabalho e,
principalmente, ao serviço educacional. Ainda, garante que o Estado cumpra com os
direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à dignidade do ser humano e ao
livre desenvolvimento da sua personalidade, o que também inclui os serviços educacio-
nais para garantir o desenvolvimento da pessoa humana.
Importante destacar que o art. 26 fala em “graus elementares e fundamentais”, mas não
determina o que são esses “graus”. No entanto, entende-se que o direito à educação para
a primeira infância faz parte dessa garantia. No entanto, cada país define idades, níveis e
recursos para a oferta e universalização da educação infantil dentro do seu contexto legal.
Ainda, diz que “os pais têm prioridade de direito na escolha”, reafirmando a liber-
dade de escolha e uma visão liberal, com a mínima interferência direta do Estado nas
escolhas das pessoas. O liberalismo defende os direitos humanos e as liberdades civis
dos cidadãos contra possíveis atos de opressão do Estado. Assim, o documento procura
reafirmar a liberdade da família em optar pela escola que quer para seu filho sem a “in-
terferência” do mercado ou do Estado.
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Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
A Constituição Federal é um conjunto de regras de governo que organiza todo o ordenamento jurídico
brasileiro. O último texto foi promulgado em 5 de outubro de 1988, a chamada “Constituição Cidadã”,
por ser a primeira da história após o regime militar e ter como característica um ordenamento de direi-
tos voltados para a garantia da cidadania.
Fonte: http://bit.ly/2Phznb4
Foi na Carta Magna de 1988 que o Estado assumiu sua responsabilidade na promo-
ção da educação e oferta universal do ensino obrigatório e gratuito nos estabelecimentos
públicos, instituindo a obrigatoriedade da pré-escola ao ensino médio.
O art. 1º da Constituição Federal (CF) aponta para os direitos fundamentais que são
aqueles direitos do ser humano reconhecidos na esfera do Direito Constitucional Positi-
vo, ou seja, que têm a função de regulamentar o poder do Estado, além de garantir os
direitos considerados fundamentais a todos os cidadãos, são eles: soberania, cidadania,
dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho, valores sociais da livre inicia-
tiva e pluralismo político.
O art. 4º, II, internacionaliza–se com o tratado internacional dos direitos humanos.
Considera-se que os direitos humanos são inerentes a todos os seres humanos e a todos
os povos em todos os tempos, sendo reconhecidos pelo Direito Internacional por meio
de tratados e relações internacionais.
Já o art. 6º afirma que a educação é um direito social. Assim, a educação faz parte
de um conjunto de direitos sociais que têm como objetivo a igualdade entre as pessoas,
reconhecidas também em tratados internacionais.
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sociedade civil organizada, representada por associações comunitárias, entidades re-
ligiosas e organizações não-governamentais (terceiro setor) que, em conjunto com o
Estado e a família, colaborarão com a promoção do desenvolvimento integral da pessoa
por meio da educação.
Ainda, o mesmo artigo diz que um dos princípios é a “garantia de padrão de qua-
lidade”. Esse padrão de qualidade deve ser observado por todos os estabelecimentos
de ensino. No entanto, existe discussão em aberto sobre quais são os parâmetros para
esse padrão de qualidade, para que os entes federativos sejam cobrados do seu dever
constitucional. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), será detalhado o que se
entende por esse termo.
Nesse artigo, ainda foi feita uma distinção entre educação e ensino. A educação
entendida como todos os espaços de formação do cidadão, devendo ser oferecida pela
sociedade, família e o Estado. Já o ensino é de acesso a todos em estabelecimentos de
ensino, restrito ao ambiente escolar.
Empresa/
trabalho
Espaços de
formação Igreja/religião
informais
Educação
Escola / Sociedade/
Ensino formal comunidade
Mídias digitais/
jornais e revistas
O art. 208º da CF trata dos deveres do Estado brasileiro em relação à educação. Deve
ser assegurada pelo Estado, por meio de políticas públicas, a escolaridade obrigatória ao
período de escolarização. Cabe à família ou aos responsáveis a obrigação da matrícula
e o acompanhamento da frequência do estudante. No subitem Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), será detalhada essa obrigação.
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Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
A educação básica é obrigatória e gratuita entre a faixa etária dos 4 (quatro) aos 17
(dezessete) anos de idade, compreendendo a última etapa da educação infantil (pré-
-escola) até o ensino médio. Na promulgação da CF, somente era garantido o ensino
fundamental como obrigatório, sendo alterado da pré-escola ao ensino médio.
Sendo assim, toda criança a partir dos 4 (quatro) anos deve ser matriculada na pré-
-escola até os 5 (cinco) anos; com 6 (seis) anos, deve se matricular no ensino fundamen-
tal; e depois, no ensino médio, está prevista a conclusão aos 17 (dezessete) anos.
Aos alunos da educação básica, deve-se garantir “material didático escolar, transpor-
te, alimentação e assistência à saúde”, considerados como programas suplementares
à educação.
Deve-se garantir ensino noturno regular para todos os trabalhadores que quiserem se
matricular no ensino fundamental ou médio, com a mesma qualidade do ensino ofertado
matutino e diurno.
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Conheça a história do Estatuto da Criança e do Adolescente em: http://bit.ly/2Nmf363
A educação começa a ser tratada no ECA no seu art. 53º. Ele aponta para os direitos
da criança e do adolescente no que tange a ter acesso à escola pública e gratuita. Essa
escola deve ser próxima da sua residência e ofertar igualdade de condições de acesso e
permanência na escola.
O art. 55º do ECA diz que cabe aos pais ou responsáveis matricularem seus filhos
na escola e acompanharem a frequência e o aproveitamento deles na rotina escolar.
Importante considerar a responsabilização de pais ou responsáveis na garantia ao direito
à educação. Caso o pai não matricule seu filho na escola, ele é responsabilizado por lei.
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Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
As medidas de proteção aplicadas pelo Conselho Tutelar, conforme o art. 101 do ECA
(BRASIL, 1990) são: inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção;
apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; e a requisição de tratamento
médico, psicológico ou psiquiátrico em regime hospitalar ou ambulatorial.
Um exemplo muito comum de violência psicológica é a frase proferida por pais ou responsáveis: “Se
você não fizer determinada coisa, a mamãe (ou papai) vai embora de casa” ou “não vai mais amar você”.
Ou ainda, em casos de divórcio: “Você é culpado de o papai não estar mais com a gente”. Entre tantas
outras, essas frases produzem extrema ansiedade e medo, especialmente em crianças pequenas, e
indicam a tortura psicológica que aquele que deveria ter condições emocionais de cuidar produz sobre
uma pessoa em pleno desenvolvimento psíquico, biológico e social.
Outro órgão que também atua na garantia dos direitos coletivos é a promotoria de
justiça. Ela tem como papel fiscalizar e proteger os princípios e interesses da sociedade.
Um exemplo de atuação da promotoria na educação é a atuação em parceria com as
prefeituras e sociedade civil para a consolidação da garantia constitucional de oferta de
vagas nas creches de educação infantil e diminuição das filas de esperas para essa oferta.
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O Direito à Educação na Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996 define e regulariza o sistema
de educação brasileiro com base no que foi estabelecido na Constituição Federal. Nela
são tratados o direito à educação, a organização dos sistemas de ensino, as definições
dos tipos e modalidades de ensino e do financiamento da educação. Alguns desses te-
mas vamos ver na Unidade seguinte.
O art. 2º da LDB, baseada nos princípios dos Direitos Humanos de liberdade e igual-
dade, diz que a educação deve garantir o “desenvolvimento do educando” para o exercí-
cio da cidadania e o preparo para a vida produtiva na sua qualificação para o trabalho.
Esse binômio cidadania x trabalho vai ser apontado em diversos artigos da LDB e é fruto
de intenso debate entre especialistas e pesquisadores de educação, sendo um desafio
conciliar a garantia tanto da cidadania como da formação para o trabalho (SAVIANI,
2004; SAVIANI, 2011; GENTILI, 2007).
A professora Zilma Oliveira (2011, p. 52) discute que a educação para a cidadania deve incluir
aprender a tomar a perspectiva do outro – da mãe, do pai, do professor infantil, de outra crian-
ça, de quem perdeu a mãe, de quem tem o pai muito doente ou preso na penitenciaria – e ter
consciência dos direitos e deveres próprios e alheios. Refletindo sobre a afirmação da professo-
ra Zilma, como podemos proceder para que as crianças na educação infantil conversem sobre
esses temas e tenham o entendimento dos seus direitos e deveres e o respeito pela cidadania?
Mas é o art. 4º da LDB que trata diretamente do dever do Estado com a educação
pública. Ainda nesse artigo, temos a garantia à educação básica (pré-escola, ensino fun-
damental e médio) obrigatória e gratuita em estabelecimentos públicos, dos 4 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos de idade, mesmo para quem não concluiu os estudos na idade
própria. Ou seja, para alunos com mais de 17 anos que queiram se matricular no ensino
fundamental ou médio, o poder público deve garantir vaga.
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UNIDADE
Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
Também detalha a educação especial para alunos com “deficiência, transtornos glo-
bais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”, sendo ofertada essa mo-
dalidade de ensino preferencialmente em escolas públicas. Chama a atenção a inclusão
de alunos com “altas habilidades ou superdotação” na educação especial, mesmo o
Brasil não tendo uma prática de ofertar uma educação diferenciada para estes alunos.
O art. 4º trata da educação para jovens e adultos (EJA). Nessa modalidade de ensino,
deve-se adequar os conteúdos e as práticas de ensino e aprendizagem às necessidades e
disponibilidades dos alunos, respeitando sua experiência fora da sala de aula, principal-
mente sua vivência no ambiente de trabalho.
No entanto, hoje algumas organizações da sociedade civil que discutem o que são
os padrões mínimos de qualidade e cobram do poder público uma definição, como é o
caso do movimento Campanha Nacional pelo Direito à Educação com o CAQi (Custo
Aluno-Qualidade Inicial).
O artigo Justiça manda SP encher uma sala de creche por dia trata da falta de vagas em creches
públicas no Brasil, criando uma imensa fila de espera. Nesses casos, o Ministério Público tem sido acio-
nado para garantir o direito à educação nesse nível de ensino. Só em São Paulo são 110 mil crianças
esperando vagas em creches.
Fonte: http://bit.ly/31LQFQe
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Importante destacar que a educação infantil passou a ser um direito constitucional
nos últimos anos e muitos municípios, responsáveis por esse nível de ensino, ainda estão
organizando suas redes de ensino para garantir esse direito (DEMO, 1997). Vale ressal-
tar ainda que, mesmo sendo garantido o acesso à pré-escola, a partir dos 4 (quatro) anos
de idade, é necessário uma discussão do modelo educacional e da identidade desses
espaços educativos para a primeira infância (OLIVEIRA, 2011), pois, historicamente,
esses eram considerados lugares de assistência social para crianças carentes, sem uma
definição do seu propósito educacional. No entanto, com as recentes políticas públicas
para a educação básica, incluindo a educação infantil, como a BNCC, vem se forçando
os entes públicos a repensarem as práticas e os propósitos educacionais desses espaços
de educação infantil. Aprofundaremos esse tema nas unidades 3 e 4.
Já o art. 58º da LDB volta a tratar da educação especial, dizendo que o atendi-
mento especializado aos alunos com “deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
mento e altas habilidades ou superdotação” deverá ser realizado, preferencialmente,
nas escolas regulares de ensino. No entanto, abre a possibilidade de realização de
convênios com instituições particulares ou sem fins lucrativos para a oferta de ensino
especializado. Destaca-se nesse artigo que, para essa modalidade de ensino, a garan-
tia constitucional é a partir do 0 (zero) ano, ou seja, a oferta se inicia na primeira etapa
da educação infantil.
Todo cidadão tem o direito garantido na constituição e deve fazer valer esse
direito. Quando não respeitado, deve buscar seus direitos acionando órgãos e
instituições que têm como propósito a solução de problemas na área educacional.
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UNIDADE
Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
Tabela 1 – Responsabilidade de cada instituição e o que fazer para a garantir do direito à educação
Instituição/organização O que fazer
Estabelecimento de ensino Comunicar diretamente o diretor da escola.
Caso a direção da escola não tome providência, deve se
comunicar às coordenadorias ou diretorias de ensino, que são
Coordenadorias ou diretorias de ensino
órgãos auxiliares da secretaria de educação do município,
Distrito Federal e do Estado.
Caso a diretoria de ensino ou as coordenadorias não
solucionem o problema, busque diretamente a Secretaria
Secretaria de educação
de Educação que cuida daquela rede de ensino, sendo
municipal, estadual ou do Distrito Federal.
Persistindo o problema, busque o Conselho Tutelar, que é,
Conselhos tutelares segundo o ECA, responsável por garantir o direito à educação
de Crianças e Adolescentes.
Também busque o auxílio do Ministério Público, que pode
Ministério Público
instaurar inquérito civil para a garantia do direito constitucional.
Varas da infância e da juventude (poder judiciário); Conselhos
São órgãos públicos que podem garantir os direitos
dos Direitos da Criança e do Adolescente (poder executivo); e
constitucionais à educação e podem ser acionados pelo cidadão.
Defesa dos Direitos Humanos (legislativo e executivo)
Considerações finais
Concluímos esta unidade retomando novamente o caso da professora Sandra apre-
sentado na contextualização. Como descrito, a professora de educação infantil se en-
volveu com os problemas educacionais da comunidade e identificou que o direito à
educação não é uma realidade para muitas crianças e jovens e começou a se perguntar:
como são oportunizadas a todos o direito à educação, em especial da educação infantil?
Como são desenvolvidas políticas públicas para a educação? E qual é o papel do Estado
e da sociedade na oferta de uma educação de qualidade?
A não garantia dos direitos à educação previstos em lei pode resultar na responsa-
bilização do poder público e dos pais e responsáveis. A escola e os conselhos tutelares,
conforme previsto no ECA, têm a obrigação de informar os órgãos competentes caso
haja o não compromisso de pais e responsáveis com a matrícula e o acompanhamento
escolar de seus filhos. Educação como um direito prevê a possibilidade de responsabili-
zação da autoridade competente, garantindo uma série de mecanismos que possibilitem
a efetivação desse direito.
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Importante destacar os aspectos de obrigatoriedade da pré-escola até o ensino mé-
dio, a gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais em todos os níveis, a garantia
do direito aos que não se escolarizaram na idade ideal, na educação de jovens e adultos
(EJA) e o atendimento especializado aos portadores de necessidades especiais a partir
do 0 (zero) ano, ou seja, da educação infantil.
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UNIDADE
Estado, Políticas Públicas e Direito à Educação
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Direito, Políticas Públicas e Desenvolvimento
DIAS, C. J.; SIMÕES, S. A. de S. (coord.). Direito, Políticas Públicas e Desenvolvi-
mento. São Paulo: Método, 2013.
Políticas públicas: principios, propósitos e processos
DIAS, R.; MATOS, F. C. de. Políticas públicas: principios, propósitos e processos.
São Paulo: Atlas, 2012.
Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente
ELIAS, R. J. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
O Direito e as políticas públicas no Brasil
SMANIO, G. P.; BERTOLIN, P. T. M. (org.). O Direito e as políticas públicas no Bra-
sil. São Paulo: Atlas, 2013.
Direito à Educação – Requisito para o desenvolvimento do País
SOUSA, E. F. de. Direito à Educação – Requisito para o desenvolvimento do País.
1. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. (Série IDP).
Judicialização de Políticas Públicas – Para a educação infantil
VICTOR, R. A. de. Judicialização de Políticas Públicas – Para a educação infantil.
1. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. (Série IDP).
Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente
TAVARES, J. de F. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 8. ed.
São Paulo: Forense, 2012.
Vídeos
Debate e as reflexões sobre o direito à educação
O Conviva Educação preparou um vídeo para contribuir com o debate e as reflexões
sobre o direito à educação. Garantir o direito à educação a todas as crianças, adolescen-
tes, jovens e adultos no país é um desafio permanente de todo o gestor público. Para
cumprir esse direito constitucional, é necessário planejar políticas e aprimorar a gestão,
garantindo universalização de acesso, permanência, aprendizagem em tempo adequado
e formação dos profissionais de educação.
https://youtu.be/-ad8t5aSKWw
Unidos pelos Direitos Humanos
Confira o vídeo sobre o Direito Humano Número 26 – O Direito à Educação.
http://bit.ly/33XYC6j
Leitura
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
http://bit.ly/2papwt4
Estatuto da Criança e do Adolescente
http://bit.ly/36c1YVs
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Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988.
Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso
em: 20 jan. 2019.
________. Da nova LDB ao FUNDEB: por uma outra política educacional. 4. ed. Cam-
pinas: Autores Associados, 2011.
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