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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1001691-08.2020.8.26.0236 e código 3672A71.
SENTENÇA
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JULIO CESAR FRANCESCHET, liberado nos autos em 06/10/2020 às 11:26 .
Vistos.
1001691-08.2020.8.26.0236 - lauda 1
fls. 137
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A parte ré contestou a ação alegando, em síntese, que a suspensão dos
serviços se deu no exercício regular de seu direito, pois o autor estava inadimplente
com o pagamento integral das faturas. Informa que o valor impugnado refere-se à
cobrança de multa de fidelidade, em virtude da troca de aparelho. Afirma que não
praticou qualquer ato ilícito e que a situação refletida nos autos apenas caracteriza
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por JULIO CESAR FRANCESCHET, liberado nos autos em 06/10/2020 às 11:26 .
eventual mero aborrecimento, sendo indevida a indenização pretendida. Em caso de
condenação, pondera que a fixação do valor considere os impactos financeiros
decorrentes da pandemia e os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Pede
a rejeição do pedido de devolução em dobro, pois o autor não pagou a multa
contratual, nem houve má-fé na cobrança do valor (fls. 80/97). Trouxe documentos
(fls. 98/129).
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No mérito, a pretensão inicial PROCEDE EM PARTE.
A relação jurídica existente entre as partes está bem demonstrada nos autos,
consubstanciada na prestação de serviços de telefonia e aquisição de aparelhos
celulares, conforme documentos anexados a fls. 20/21 e 98/129.
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Divergem as partes, contudo, acerca da legitimidade da cobrança da multa
de fidelização, no valor de R$ 304,36 (f. 120), e da suspensão dos serviços por falta
de pagamento da referida multa.
Nesse contexto, de acordo com a empresa ré, quando o autor efetuou a troca
do aparelho, em 20 de maio de 2020, ainda estava fidelizado (término somente em
agosto de 2020), motivo pelo qual foi cobrada a multa de forma proporcional.
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O Código de Defesa do Consumidor assegura em seu art. 6º, inciso III, o
direito à adequada informação. Tal dispositivo busca conferir efetividade à
transparência no mercado de consumo, de forma que o consumidor tenha ciência,
antes da pactuação, do produto/serviço contratado.
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de Justiça, proferido nos autos do Resp nº 1.537.571-SP, Rel. Min. Herman
Benjamin, que aborda de maneira didática o verdadeiro significado e alcance do
dever de informação, em sua dimensão de advertência:
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atenção do consumidor, permitindo sua imediata e fácil compreensão (art. 54, § 4º,
do CDC); Terceiro porque a cláusula estabelece, genérica e vagamente, que a multa
será devida "na hipótese de cancelamento ou alteração das condições contratadas",
não sendo possível identificar, de forma clara e objetiva, a informação de que a
penalidade também seria devida em caso de troca do aparelho dentro do período de
fidelização.
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Na qualidade de empresa especializada no ramo de serviços
telefônicos/internet e detentora de manifesta superioridade técnica em relação ao
conhecimento dos contratos que realiza, deveria a parte ré demonstrar que advertiu
o autor que a troca do aparelho, e não só do plano, representaria quebra da cláusula
de fidelização, acarretando a cobrança proporcional da multa.
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Dano moral, contudo, é indevido na espécie.
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do contratante, a ensejar reparação por dano moral.
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Por fim, quanto ao pedido de pagamento em dobro do valor cobrado, a
pretensão não merece ser acolhida, pois o próprio autor declarou ter efetuado apenas
o pagamento da mensalidade do plano contratado, de sorte que não houve o efetivo
desembolso da quantia relativa à multa. Além disso, não há que se falar em má-fé
por parte da ré, já que, volto a repetir, havia previsão contratual sobre a cobrança
questionada, a qual somente agora foi declarada indevida. Assim, inaplicável o
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disposto no art. 42, parágrafo único, do CDC. A propósito, "a jurisprudência do
STJ é firme no sentido de que a repetição em dobro do indébito, sanção
prevista no art. 42, parágrafo único, do CDC, pressupõe tanto a existência de
pagamento indevido quanto a má-fé do credor".
Posto isso, com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, inciso I, do
Código de Processo Civil, julgo a demanda PARCIALMENTE PROCEDENTE
para declarar a inexigibilidade do débito relativo à multa de fidelização, no valor de
R$ 304,36 (f. 120).
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Para a correta apreciação do pedido de gratuidade deduzido pela parte
autora, deverá trazer aos autos comprovantes de renda familiar ou documento
equivalente.
Publique-se. Intimem-se.
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Ibitinga, 06 de outubro de 2020.
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