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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SUMARÉ
FORO DISTRITAL DE HORTOLÂNDIA
1ª VARA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0103624-82.2008.8.26.0229 e código 6D00000009GPS.
Avenida dos Estudantes, 415, Jardim do Bosque - CEP 13186-220, Fone: (19)
3809-0861, Hortolândia-SP - E-mail: hortolandia1@tjsp.jus.br

CONCLUSÃO:
Em 29 de dezembro de 2010, faço os presentes autos conclusos ao(a) MM(a). Juiz(a) de Direito,
Dr(a). Luis Mario Mori Domingues. Eu,________, Renata de Souza Carnecini Rodrigues,
Escrevente Técnico Judiciário, digitei.

SENTENÇA

Processo: 0103624-82.2008.8.26.0229 - Procedimento Ordinário

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS MARIO MORI DOMINGUES, liberado nos autos em 29/12/2010 às 00:00 .
Requerente: MARIA ANA GIATTI
Requerido: BANCO NOSSA CAIXA NOSSO BANCO S/A

Prioridade Idoso

VISTOS.

MARIA ANA GIATTI ajuizou a presente AÇÃO DE COBRANÇA


em face do BANCO NOSSA CAIXA NOSSO BANCO S/A alegando, em síntese, que
possuía depósitos em cadernetas de poupança, junto ao banco réu, no período de
janeiro de 1989, abril/junho de 1990 e fevereiro de 1991, e que não foram pagas pelo
réu as diferenças de rendimentos de poupança, correspondentes às perdas dos Planos
“Verão”, “Collor I” e “Collor I”.

O réu contestou, suscitando preliminares e pugnando pela


improcedência do pedido, porquanto sua conduta foi estritamente legal, cumprindo
devidamente o contratado.

É o relatório.
Fundamento e DECIDO.

É possível o julgamento antecipado da lide, pois as questões


controvertidas são de direito; desnecessária dilação probatória, nos termos do art. 330,
I, Código de Processo Civil.

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 1/15


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COMARCA DE SUMARÉ
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1ª VARA

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Ressalte-se, preliminarmente, que há interesse de agir. Primeiro,


porque a autora apenas cobra a devida correção dos valores mantidos na conta
poupança no período alegado, tendo sido devidamente juntados os extratos e cálculos.
E segundo, porque esta a via adequada e necessária para que a autora alcance seu
objetivo.

A autora é parte legítima, uma vez que é a titular da conta

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS MARIO MORI DOMINGUES, liberado nos autos em 29/12/2010 às 00:00 .
poupança nº 14 001.308-1, conforme comprovam os extratos de fls. 14.

Impende ainda asseverar que o réu tem legitimidade para figurar


no pólo passivo da ação, já que participou da relação jurídica de direito material que
fundamenta o pedido da parte autora, na medida em que era o responsável pelo cálculo
do rendimento e seu respectivo crédito na(s) caderneta(s) de poupança, conforme
contrato(s) firmado(s) entre as partes. Nesse sentido:

“CADERNETA DE POUPANÇA. REMUNERAÇÃO NO MÊS DE


JANEIRO DE 1991. PLANO COLLOR II. VALORES DISPONÍVEIS.
LEGITIMIDADE PASSIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DIREITO
ADQUIRIDO. 1. A instituição financeira é parte legítima para figurar no
pólo passivo de ação de cobrança, na qual busca o autor receber
diferença não depositada em caderneta de poupança no mês de janeiro
de 1991, relativamente a valores não bloqueados. 2. Os critérios de
remuneração estabelecidos na Medida Provisória nº 294, de 31.01.91,
convertida na Lei nº 8.177, de 1º. 03.91, não têm aplicação aos ciclos
mensais das cadernetas de poupança iniciados antes de sua vigência.
3. Recurso especial não conhecido. (STJ - RESP nº 152611/AL - 3ª
Turma Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito DJ 22.03.1999, pág.
00192).”

Também não há que se falar em quitação, pois não houve


pagamento das diferenças pleiteadas.

No mérito, o pedido procede.

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 2/15


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Na esteira da jurisprudência pacífica do E. Superior Tribunal de


Justiça, os juros vencidos incorporam-se ao capital e perdem a natureza acessória, de
modo que a prescrição é unicamente vintenária, inocorrida no que diz respeito às perdas
correspondentes aos Planos “Verão”, “Collor I” e “Collor II”. Neste sentido, dentre outros
julgados:

“CIVIL. CONTRATO. POUPANÇA. PLANO BRESSER E PLANO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS MARIO MORI DOMINGUES, liberado nos autos em 29/12/2010 às 00:00 .
VERÃO. PRESCRIÇÃO. VINTENÁRIA”.
1. Os juros remuneratórios de conta de poupança, incidentes
mensalmente e capitalizados, agregam-se ao capital, assim como a
correção monetária, perdendo, pois, a natureza de acessórios, fazendo
concluir, em consequência, que a prescrição não é a de cinco anos,
prevista no art. 178, § 10, III, do Código Civil de 1916, mas a vintenária.
Precedentes.
2. Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no Ag nº 634.850/SP,
rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª T., j. 06/09/2005).

As ações que visam à cobrança de diferenças resultantes de


cálculo de correção monetária de saldo de caderneta de poupança, por serem ações
pessoais, prescrevem em vinte anos, nos termos do artigo 177, “caput”, do Código Civil
de 1916. Nesse sentido:

“CADERNETA DE POUPANÇA. Correção monetária. Prazo


prescricional. Artigos 1º, Decreto 20.910/32, 2º, DL 4.597/42 e 178, §10,
III, do Código Civil. Fincou a Corte orientação no sentido de que a
prescrição, quando em discussão a correção monetária de valores
depositados em caderneta de poupança, é vintenária e não quinquenal.
Precedentes jurisprudenciais. Recurso sem provimento” (STJ, REsp
146118-SC, 1ª Turma, rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJU 29.10.2001,
pág. 182).

Os “juros” pleiteados na inicial são, sem dúvida, os juros


contratuais, previstos no instrumento celebrado entre as partes.

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 3/15


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É cediço que os juros contratados, no caso das cadernetas de


poupança, são capitalizáveis mês a mês, passando a integrar o capital. Assim sendo,
não se aplica ao caso o artigo 178, §10, inciso III, do CC de 1916, pois diz respeito a
“juros ou quaisquer outras prestações acessórias”.

Pontes de Miranda, com a sua sabedoria, ensina:

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS MARIO MORI DOMINGUES, liberado nos autos em 29/12/2010 às 00:00 .
“Se os juros são capitalizáveis, em virtude do negócio jurídico, escapam
ao artigo 178, parágrafo 10, inciso III, do Código Civil. No instante em
que se tornam devidos e se inserem no capital, há ação nata e solução.
A prescrição é da pretensão concernente ao capital. Não há qualquer
pretensão a receber juros; estipulou-se exatamente que seriam
simultâneos ao nascimento da dívida e solução” (Tratado de Direito
Privado, Tomo IV, pág. 388).

É evidente que o poupador não pode ser prejudicado pelo fato do


Banco não lhe ter pago, na época própria, o valor devido, cabendo-lhe, no caso, a
indenização mais ampla possível. Essa indenização corresponde ao valor que o
depositante faria jus, na atualidade, se o Banco tivesse cumprido com sua obrigação.

Cita-se, a propósito, decisão do STJ:

“CIVIL. PRESCRIÇÃO. JUROS DE CADERNETA DE POUPANÇA. Os


juros creditados em caderneta de poupança são capitalizáveis, não se
lhes aplicando, por isso, a regra do artigo 178, §10, inciso III, do Código
Civil; transformando-se em capital, seguem, quanto à prescrição, o
regime jurídico deste. Recurso especial conhecido e provido” (REsp. nº
221691-PR, 3ª Turma, rel. Min. Ari Pargendler, DJU. 11.06.2001).

Não se aplica ao caso o artigo 205 do novo Código Civil, que


reduziu o prazo prescricional para 10 anos, ante ao que dispõe o artigo 2.028 do mesmo
Estatuto.

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 4/15


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“PLANO VERÃO”

Trata-se de questão debatida à exaustão nos Tribunais


Superiores e não há como deixar de acolher a jurisprudência pacífica do Egrégio
Superior Tribunal de Justiça; assim, na esteira do entendimento superior, no Plano
Verão (janeiro de 1.989) a responsabilidade pelos valores bloqueados e transferidos é
unicamente da própria instituição financeira depositária.

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Neste sentido, dentre outros julgados:

“Caderneta de Poupança e Conta Corrente - Rendimentos dos


meses de junho de 1987, janeiro de 1989, março de 1990 e fevereiro
de 1991 - Alteração de critério de atualização. Responsabilidade
por diferença. Prescrição vintenária por não se tratar de prestação
acessória. Litigância de má-fé não configurada”.
"Plano Bresser" e "Plano Verão".
A instituição financeira depositária é a responsável, pois o contrato a
vincula ao depositante. As novas regras, relativas aos rendimentos de
poupança, não atingem situações pretéritas, não incidindo, na espécie,
a Resolução 1.338/87 - BACEN e, tampouco, o art. 17, I, da Lei
7.730/89.Adoção do percentual de 42,72 no mês de janeiro de 1989.
"Plano Collor":
Transferidos os saldos em cruzados novos para o Banco Central, não
poderão os primitivos depositários ser obrigados a responder por
encargos relativos a período em que não tinham disponibilidade dos
valores” (Superior Tribunal de Justiça -ACÓRDÃO: RESP 165736/SP
(199800144617) RECURSO ESPECIAL DATA DA DECISÃO:
15/06/1999 ORGÃO JULGADOR: - TERCEIRA TURMA RELATOR:
MINISTRO EDUARDO RIBEIRO).
SUCESSIVOS: RESP 216941 SP 1999/0046862-7 DECISAO:
07/10/1999 DJ DATA: 06/12/1999 PG: 00087 FONTE: DJ DATA:
27/09/1999 PG: 00095. No mesmo sentido: RESP 122089-SP, RESP
157770-SP, RESP 160667-SP, RESP 161471-SP, RESP 166631-SP,
RESP 178535-SP, RESP 179852-SP (STJ).

De acordo com o texto legal (art. 12 do Decreto-lei nº 2.284/86 e


art. 17 da Lei nº 7.730/89), foi estabelecido que o cálculo da inflação seria medido com
base no I.P.C., para fins de remuneração de poupanças, regra alterada pela Medida
Provisória nº 32/89, que criou a ficção da quase inexistência de inflação.

Ora, havendo uma disciplina legal no momento da contratação, é


evidente que esta deveria ter sido respeitada até o encerramento do contrato, que

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 5/15


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ocorreu com a devolução dos valores ao correntista, independentemente das datas de


aniversário.

Pois, estabelecer regras distintas para situações jurídicas


idênticas, de acordo com a data de aniversário da conta, se mostra incoerente e
antijurídico.

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Ademais, a Medida Provisória, posteriormente transformada em
lei, se mostrou flagrantemente inconstitucional e, por conseguinte, inaplicável, sob
pena de afrontar o direito adquirido e o respeito ao ato jurídico, consubstanciado nos
contratos bancários.

Por derradeiro, a inaplicabilidade da B.T.N. (Letra Financeira do


Tesouro Nacional) como base de cálculo remuneratória já é questão vencida na
Superior Instância; afirmar que este índice remunerou condignamente as aplicações
seria negar o evidente e os princípios de justiça.

Portanto, considerando a natureza do contrato, o reconhecimento


do IPC como índice mais justo de medição da inflação e a inaplicabilidade do texto legal,
superveniente, legítimo se mostra o pedido da autora, de verem seu capital recomposto
pelos índices apresentados pelo IPC.

O percentual referente ao mês de janeiro de 1.989 o percentual é


de 42,72%. No sentido do exposto:

“ECONÔMICO. CADERNETA DE POUPANÇA. CORREÇÃO


MONETÁRIA. CRITÉRIO. IPC DE JUNHO DE 1987 (26,06%). PLANO
BRESSER. IPC DE JANEIRO DE 1989 (42,72%). PLANO VERÃO”.
I - O Superior Tribunal de Justiça já firmou, em definitivo, o entendimento
de que no cálculo da correção monetária para efeito de atualização de
cadernetas de poupança iniciadas e renovadas até 15 de junho de
1987, antes da vigência da Resolução n. 1.338/87-BACEN, aplica-se o
IPC relativo àquele mês em 26,06%. Precedentes.
II O Superior Tribunal de Justiça já firmou, em definitivo, o
entendimento de que no cálculo da correção monetária para efeito de
atualização de cadernetas de poupança iniciadas e renovadas até 15 de
janeiro de 1989, aplica-se o IPC relativo àquele mês em 42,72%

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 6/15


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(Precedente: REsp n. 43.055-0/SP, Relator Ministro Sálvio de Figueiredo


Teixeira, DJU de 20.02.95). Todavia, nas contas-poupança abertas ou
renovadas em 16 de janeiro de 1989 em diante, incide a sistemática
estabelecida pela Lei n. 7.730/89 então em vigor.
III - Agravo regimental desprovido. (AgReg no RESP nº 740.791/RS,
rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 4ª T, J. 16/08/2005)

“CIVIL. CONTRATO. POUPANÇA. PLANO BRESSER (JUNHO DE


1987) E PLANO VERÃO (JANEIRO DE 1989). BANCO
DEPOSITANTE. LEGITIMIDADE PASSIVA. PRESCRIÇÃO.

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VINTENÁRIA. CORREÇÃO. DEFERIMENTO”
1 - Quem deve figurar no pólo passivo de demanda onde se pede
diferenças de correção monetária, em caderneta de poupança, nos
meses de junho de 1987 e janeiro de 1989, é a instituição bancária
onde depositado o montante objeto da demanda.
2 - Os juros remuneratórios de conta de poupança, incidentes
mensalmente e capitalizados, agregam-se ao capital, assim como a
correção monetária, perdendo, pois, a natureza de acessórios, fazendo
concluir, em consequência, que a prescrição não é a de cinco anos,
prevista no art. 178, §10, III, do Código Civil de 1916 (cinco anos), mas a
vintenária. Precedentes da Terceira e da Quarta Turma.
3 - Nos termos do entendimento dominante nesta Corte são devidos, na
correção de caderneta de poupança, o IPC de junho de 1987 (26,06%)
e o IPC de janeiro de 1989 (42,72%).
4 - Recurso especial não conhecido. (RESP nº 707.151, rel. Min.
Fernando Gonçalves, 4ª T., j. 17/05/2005).

“PLANO COLLOR I”

É incontroverso que a autora mantinha junto ao Banco-réu, em


abril de 1990, depósitos em conta de poupança.

Também é incontroverso que o Banco-réu deixou de pagar para


os poupadores, no mês de maio de 1990, o índice legal de correção monetária. Sustenta
a petição inicial, acertadamente, que o índice a ser aplicado deveria ser de 44,80%, que
refletiu a real inflação do período, de acordo com o IPC (Índice de Preços ao
Consumidor).

Quando a autora efetuou os depósitos em sua conta- poupança,


estava em vigor a Lei nº 7.730/89, que definiu, em seu artigo 17: “Os saldos das
Cadernetas de Poupança serão atualizados: III a partir de maio de 1989, com
base na variação do IPC verificada no mês anterior”.

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 7/15


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Iniciado o trato bilateral sob referidas normas jurídicas,


configurou-se o ato jurídico perfeito e, em consequência, o direito adquirido. O Banco,
portanto, tinha a obrigação de pagar ao poupador, sobre os depósitos efetuados, a
correção monetária mais ampla, nos termos das citadas regras.

Não há que se falar, pois, em mera expectativa de direito. O


Superior Tribunal de Justiça já decidiu que “o critério de atualização estabelecido

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quando da abertura ou renovação automática, das cadernetas de poupança, para
vigorar durante o período mensal seguinte, passa a ser, a partir de então, direito
adquirido do poupador” (RSTJ 51/516).

Não há que se confundir, com faz o Banco-réu, a expectativa do


poupador no que respeita ao “quantum” lhe será pago a título de remuneração e a
certeza quanto ao índice que será utilizado para essa remuneração. Aquele é “pós-
fixado” e incerto, mas este já está fixado e é conhecido de antemão por ambas as partes
contratantes.

Em 15.03.1990, foi editada a Medida Provisória nº 168,


convertida posteriormente na Lei nº 8.024, de 12.04.1990, que dispôs em seus artigos
1º, 6º e 9º o seguinte:

Art. 1 - Passa a denominar-se cruzeiro a moeda nacional, configurando


a unidade do sistema monetário brasileiro.
Parágrafo primeiro - Fica mantido o centavo para designar a centésima
parte da nova moeda.
Parágrafo segundo - O cruzeiro corresponde a um cruzado novo.
Art. 6 - Os saldos das cadernetas de poupança serão convertidos em
cruzeiros na data do próximo crédito de rendimento, segundo a paridade
estabelecida no parágrafo segundo do artigo 1º, observado o limite de
NCz$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzados novos).
Parágrafo primeiro - As quantias que excederem o limite fixado no caput
deste artigo, serão convertidas, a partir de 16 de setembro de 1991, em
doze parcelas mensais iguais e sucessivas.
Parágrafo segundo - As quantias mencionadas no parágrafo anterior

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 8/15


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serão atualizadas monetariamente pela variação do BTN Fiscal,


verificada entre a data do próximo crédito de rendimentos e a data da
conversão, acrescidas de juros equivalente a 6% (seis por cento) ao ano
ou fração pro rata
Art. 9 - Serão transferidos ao Banco Central do Brasil os saldos em
cruzados novos não convertidos na forma dos artigos 5º, 6º e 7º, que
serão mantidos em contas individualizadas em nome da instituição

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financeira depositante.

Vê-se, pois, que com o advento do chamado “Plano Collor I”,


foram bloqueados e transferidos para o Banco Central do Brasil os saldos das
cadernetas de poupança superiores a NCz$ 50.000,00. Os valores inferiores a NCz$
50.000,00, por outro lado, continuaram disponibilizados para os poupadores e na posse
das instituições financeiras.

A lei nº 8.024/90 determinou que os valores bloqueados e


transferidos para o Banco Central, ou seja, aqueles acima de NCz$ 50.000,00, seriam
atualizados pela variação da BTN Fiscal. Quanto aos ativos financeiros não bloqueados,
até o limite de NCz$ 50.000,00, que continuaram sob a custódia dos bancos, não houve
qualquer disposição a respeito, razão pela qual a correção monetária deveria ser feita de
acordo com as regras já existentes. Essa regra, como já mencionado, era a da Lei nº
7.730/89, que determinava a aplicação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor).

Os poupadores que não sacaram o saldo disponibilizado,


portanto, tinham direito ao crédito de correção monetária, em maio de 1990, segundo a
variação do IPC no mês de abril, que foi de 44,80%,de acordo com pacífico
entendimento jurisprudencial.

“Segundo pacífica orientação jurisprudencial do Egrégio Superior


Tribunal de Justiça, é correta a aplicação do IPC nos percentuais de
44,80% e 21,87%, relativamente aos meses de abril de 1990 e fevereiro
de 1991, respectivamente, como favor de correção monetária, por ser
este o índice que melhor reflete a realidade inflacionária no período”
(TJPR, AC. 0073631-8, rel. Des. Domingos Ramina, DJPR 08.03.1999).

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“CADERNETA DE POUPANÇA. RENDIMENTOS. MODIFICAÇÃO.


IMPOSSIBILIDADE (Lei nº 7.730/89, artigo 17, I; Resolução nº 1.338 do
Banco Central; e Lei nº 8.177/91, artigo 26). Lei 7.730/89 Lei 8177/91
art. 5º, XXXVI da CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRESCRIÇÃO
REJEITADA. Princípio da pacta sunt servanda. Aplicação do IPC. Índice
que melhor refletiu a realidade inflacionária. Critério contratual com

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observância dos parâmetros seguintes: 42,72% em janeiro de 1989;
10,14% em fevereiro de 1989; 84,32% em março de 1990; 44,80% em
abril de 1990; 7,87% em maio de 1990; e 21,87% em fevereiro de 1991.
Precedentes desta Corte” (TJPR AC 0085680, relator Des. Octávio
Valeixo, DJPR 09.04.2001).

Vale lembrar que a MP nº 172/90, que alterava a redação do


artigo 6º da Lei 8.024/90, e a MP nº 180/90, que determinava a aplicação do BTN Fiscal
para a correção de todos saldos de cadernetas de poupança, não foram convertidas em
lei, prevalecendo, portanto, todas as disposições anteriores.

O Banco-réu, agindo contrariamente ao contrato firmado e à lei


vigente, deixou de creditar ao(a) poupador(a) os índices corretos de correção monetária,
causando-lhes evidentes prejuízos de ordem material.

“PLANO COLLOR II”

A Lei nº 8.088, de 31 de outubro de 1990, vigorou até 31.01.1991


e estabelecia em seus artigos 1º, caput, e 2º que:

Art. 1º - O valor nominal das Obrigações do Tesouro Nacional OTN,


emitidas anteriormente a 15 de janeiro de 1989 (artigo 6º do Decreto-Lei
n. 2.284, de 10 de março de 1986) e do Bônus do Tesouro Nacional
BTN será atualizado, no 1º (primeiro) dia de cada mês, pelo Índice de
Reajuste de Valores Fiscais IRVF, divulgado pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, de acordo com metodologia
estabelecida em portaria do Ministro da Economia, Fazenda e

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Planejamento. (...)
Art. 2º - Os depósitos de poupança, em cada período de rendimento,
serão atualizados monetariamente pela variação do valor nominal do
BTN e renderão juros de 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês.

Verifica-se assim que o BTN, até 31.01.1991, servia de índice


para remuneração dos depósitos em caderneta de poupança, o qual por sua vez era

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atualizado pelo IRVF.

Em 01.02.1991, no entanto, foi publicada a Medida Provisória nº


294 de 31.01.1991 (posteriormente convertida na Lei 8.177 de 31 de março de 1991),
que instituiu o Plano Collor II, a qual dispunha em seus artigos 11 e 12 que:

Art. 11. - Em cada período de rendimento, os depósitos de poupança


serão remunerados:
I como remuneração básica, por taxa correspondente à acumulação
das TRD, no período transcorrido entre o dia do último crédito de
rendimento, inclusive, e o dia do crédito de rendimento, exclusive;
II como adicional, por juros de meio por cento ao mês.
§ 1º - A remuneração será calculada sobre o menor saldo apresentado
em cada período de rendimento.
§ 2º - Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se período de
rendimento:
I para os depósitos de pessoas físicas e entidades sem fins lucrativos,
o mês corrido a partir da data de aniversário da conta de depósito de
poupança;
II para os demais depósitos, o trimestre corrido a partir da data de
aniversário da conta de depósito de poupança.
§ 3º - A data de aniversário da conta de depósito de poupança será o dia
do mês de sua abertura, considerando-se a data de aniversário das
contas abertas nos dias 29, 30 e 31 como o dia 1º do mês seguinte.
§ 4º - O crédito dos rendimentos será efetuado:
I mensalmente, na data de aniversário da conta, para depósitos de
pessoa física e de entidades sem fins lucrativos; e
II trimestralmente, na data de aniversário no último mês do trimestre,

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para os demais depósitos.


Art. 12. O disposto no artigo anterior aplica-se ao crédito de
rendimento realizado a partir do mês de fevereiro de 1991, inclusive.
Parágrafo Único. Para o cálculo do rendimento a ser creditado no mês
de fevereiro de 1991 (cadernetas mensais) e nos meses de fevereiro,
março e abril (cadernetas trimestrais), será utilizado um índice composto
da variação do BTN Fiscal observado entre a data do último crédito de

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rendimentos, inclusive, e o dia 1º de fevereiro de 1991, e da TRD a partir
dessa data e até o dia do próximo crédito de rendimentos, exclusive.

Observa-se desse modo que a Medida Provisória nº 294, de


31.01.1991, alterou a sistemática de remuneração dos depósitos em caderneta de
poupança estabelecida na Lei nº 8.088, de 31.10.1990.

Acontece, porém, que os períodos mensais aquisitivos dos


depósitos em caderneta de poupança iniciados antes do advento da Medida Provisória
mencionada não poderiam ser corrigidos pelo novo índice previsto em tal resolução em
prejuízo dos poupadores.

Nem se diga, que os poupadores têm direito ao recebimento da


correção monetária apenas no 30º dia e que por isso não teriam direito adquirido ao
índice IRVF no presente caso.

Quando da abertura ou renovação automática, o poupador tinha


conhecimento que seu dinheiro seria corrigido por determinado índice no caso dos
autos o BTN que por sua vez era atualizado pelo IRVF e com base nisso se toma a
decisão de abrir uma poupança ou mantê-la. Ora, se tal poupador mantém seu dinheiro
aplicado até o 30º dia, tem direito a que seja aplicado o índice que regulava o início do
período, já que com base nesse é que tomou a decisão de iniciar a poupança ou mantê-
la.

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JUROS E CORREÇÃO

Por fim, não estando prescrito o principal, não estão prescritos os


juros contratuais, que são o acessório.

Ademais, ainda que não se entenda que os juros contratuais


sejam acessórios ao principal, de acordo com o contrato de adesão firmado entre as

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partes, a instituição financeira tinha por obrigação creditar mensalmente nas cadernetas
de poupança por ela mantidas, a correção monetária medida pela variação do IPC,
acrescida de juros contratuais capitalizados mês a mês de 0,5%, sendo que os
rendimentos de um mês para outro eram cumulativos, ou seja, os juros contratuais de
0,5% de um mês eram aplicados sobre o saldo da conta existente no mês anterior,
também acrescidos de correção monetária e juros contratuais capitalizados do mês
anterior.

Em assim sendo, o rendimento dos juros contratuais


remuneratórios ou juros capitalizados, se transformava em capital, a cada mês em que
eram computados, integrando-se ao patrimônio do poupador, passando a ser
considerados como saldo principal para o crédito do mês posterior, e assim
sucessivamente.

No caso presente restou demonstrada nos autos a condição de


poupador da parte autora junto ao réu entre os meses de abril de 1990 e fevereiro de
1991, estando comprovada a existência dos contratos de contas poupança entre os
mesmos, sendo certo que os juros contratuais remuneratórios não foram creditados ao
requerente por culpa exclusiva da instituição financeira que nesse aspecto inadimpliu
com a sua obrigação contratual.

No que toca ao termo final da incidência dos juros contratuais


capitalizados e da correção monetária, não é o ajuizamento da demanda que põe termo
à relação contratual havida entre as partes, que aliás poderia já não mais existir com o
ingresso da ação, diante do que tais verbas deverão ser computadas até a efetiva
liquidação do “quantum debeatur”.

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Além dos juros convencionados, são também devidos juros


moratórios de 1,0% (um por cento) ao mês, sem capitalização. Contudo, os mesmos
somente devem incidir a partir da citação, visto que não se pode considerar o ato do réu
como ilícito, mas sim, tão somente, um descumprimento contratual. Observo, por
oportuno, que não há impedimento para que sejam cumulados os juros remuneratórios
com os moratórios, pois os primeiros são devidos como compensação pelo uso de
capital alheio e os segundos pelo atraso em sua devolução.

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A correção monetária, por se tratar de mero fator de atualização
da moeda, aviltada pela inflação, integrando, assim, o próprio capital, deve incidir desde
a data em que deveria estar creditado nas contas-poupança o valor correto, pelos
índices da Tabela Prática do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Nesse
passo esclareço ser incabível a correção pelos índices que regem as cadernetas de
poupança, já que o fundamento agora é diferente, ou seja, trata-se de atualização de
débito oriundo de sentença judicial, e por esse motivo deve ser aplicado o índice da
tabela prática acima mencionada, por ser este o índice oficial utilizado pelo Tribunal de
Justiça.

À vista do exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão inicial,


para CONDENAR a instituição requerida a pagar as diferenças entre os rendimentos
creditados e os devidos, estes com base no I.P.C., no percentual de 42,72%,
relativamente ao mês de janeiro de 1.989, sobre os depósitos em conta poupança que a
parte autora possuía junto ao réu à época, diferenças estas devidamente atualizadas e
acrescidas de juros remuneratórios de 0,5% ao mês, capitalizados mensalmente
também a partir de então e com juros moratórios no percentual legal de 1% ao mês,
estes somente a partir da citação, na forma do artigo 406 do Novo Código Civil c/c artigo
161, § 1º do Código Tributário Nacional.

CONDENO o réu, ainda, no pagamento da diferença que resulta


da atualização monetária de 44,80%, em abril de 1990, sobre os depósitos em conta
poupança que a parte autora mantinha junto ao Banco Réu à época e que não foram
transferidos nem bloqueados pelo Banco Central do Brasil e, ainda, da diferença de
correção entre o percentual de 20,21% (IRVF), e o efetivamente aplicado pela requerida

Processo nº 0103624-82.2008.8.26.0229 - Lauda 14/15


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para remuneração dos depósitos em conta poupança que a parte autora possuía junto
ao réu, referente ao mês de janeiro de 1991 e que deveria ser pago em fevereiro de
1991, tudo acrescido de juros remuneratórios à base de 0,5% (meio por cento) ao
mês, capitalizados, no primeiro caso desde maio/90 e no segundo desde
fevereiro/91 e correção monetária nos termos da Tabela Prática do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, e juros de mora à base de 01% (um por cento) ao
mês, desde a citação, até o efetivo pagamento, extinguindo-se o processo com

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julgamento de mérito, nos termos do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil.

Não se alegue tratar de sentença ilíquida, porquanto bastam


meros cálculos aritméticos para que se chegue ao “quantum debeatur”.

Arcará o réu com o pagamento das custas e honorários


advocatícios da parte contrária, que fixo em 10% do valor da condenação.

Sem prejuízo, proceda a Serventia a inclusão dos novos


patronos para as futuras publicações e intimações, anotando-se, inclusive, na
contracapa dos autos. Fica concedido o prazo de cinco dias para juntada da taxa de
mandato.

P.R.I.C.

Hortolândia, 29 de dezembro de 2010.

LUIS MARIO MORI DOMINGUES


Juiz de Direito

DATA:
Em ____________________ recebo estes autos em cartório, com a r. sentença supra.
Eu, __________ , Escrevente Tec. Judiciário que digitei e subscrevi.

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