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RESUMO ABSTRACT
O presente estudo objetiva analisar a This study aims to analyze the offer as
oferta sob a ótica de elemento inicial à the initial element of the formation of contracts
formação dos contratos e diferenciá-la no que and to differentiate it in the transactions
diz respeito às relações amparadas pelo Direito sustained by Civil Law and Consumer Law. It
Civil e Direito do Consumidor. Pretende ainda, also aims to focus on the current business
dar enfoque às relações negociais atuais, as relationships, which are set up on the internet,
quais se formam e se concretizam no meio as a key feature on the current times of
eletrônico; eis que uma característica postmodernism. The relevance of the research
fundamental dos tempos recentes de pós- is the suitability of the subject on a day-to-day
modernidade. A relevância temática da of every citizen, who have hold the offering in
pesquisa se dá em razão da adequação do tema their business relationship, in several areas of
ao dia-a-dia de todo e qualquer cidadão, os law, and in any part of a negotiation.
quais vivenciam a oferta nas relações negociais
por eles perpetradas, em vários ramos do
direito e em qualquer um dos polos negociais.
Palavras-chave: Oferta. Direito Civil. Direito Keywords: Offer. Civil law. Consumer law.
do Consumidor. Proposta. Publicidade. Proposal. Advertising. Liability.
Responsabilidade.
*Mestre em Direito da Sociedade da Informação pelas FMU. Especialista em Administração de Empresas pela
FGV/Ceag. Especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade Mater Dei. Bacharel em Direito pela
Faculdade Mater Dei. Curso de Extensão em Estratégia e Marketing pela University of La Verne – CA. USA. Advogada.
Docente nas disciplinas de Direito Civil do Centro Universitário FMU/SP.
A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS: UMA ANÁLISE SOBRE A PROPOSTA E A PUBLICIDADE Cristina Cantú Prates
1 3
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, HOUAISS, Antônio. Dicionário brasileiro inglês-
volume 3: contratos e atos unilaterais. 7. Ed. São Paulo: português. Englewood cliffs: Prentice-Hall, 1999. 2 v.
Saraiva, 2010. p. 71. 23 cm (Encyclopaedia britannica do Brasil).
2
http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=promess
a, acesso em acesso em 15 de dezembro de 2010 à 20:30
hrs.
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Código de Defesa do Consumidor. Art. 2° Consumidor transformação, importação, exportação, distribuição ou
é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza comercialização de produtos ou prestação de serviços. §
produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou
único. Equipara-se a consumidor a coletividade de imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive
nas relações de consumo. as de natureza bancária, financeira, de crédito e
5
Código de Defesa do Consumidor. Art. 3° Fornecedor securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, trabalhista.
6
nacional ou estrangeira, bem como os entes MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito
despersonalizados, que desenvolvem atividade de civil. 29 ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1997. 2 v. p. 14.
produção, montagem, criação, construção,
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Lei 8.245/91. Art. 52. O locador não estará obrigado a salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio,
renovar o contrato se:I - por determinação do Poder com as instalações e pertences.
8
Público, tiver que realizar no imóvel obras que Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível
importarem na sua radical transformação; ou para fazer vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser,
modificações de tal natureza que aumente o valor do tanto por tanto.
9
negócio ou da propriedade;II - o imóvel vier a ser (...) teoria em virtude da qual o juiz deve restabelecer o
utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo equilíbrio de um contrato onde as condições de execução
de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor tenham sido modificadas em detrimento de uma das
da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente partes em seguida a acontecimentos razoavelmente
ou descendente. 1º Na hipótese do inciso II, o imóvel não imprevisível no momento da conclusão da convenção.
poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, ANDRADE, Shakespeare Teixeira. Comentários
Acerca da Teoria da Imprevisão no Ordenamento
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11 13
MULHOLLAND, Caitlin. Internet e contratação: LISBOA, Roberto Senise. Contratos difusos e
panorama das relações contratuais eletrônicas de coletivos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
consumo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p 73. 1997. p. 313 á 316.
12 14
LOURES, José Costa; GUIMARÃES, Tais Maria Íntegra do acórdão: Tribunal de Justiça do Estado de
Loures Dolabela. Novo código civil comentado. Belo São Paulo. 8ª. Câmara de Direito Privado. Apelação no.
horizonte: Del Rey, 2002. p. 187. 251512-48.
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GONÇALVES, p. 75. LORENZETTI, Ricardo Luis. Comércio eletrônico.
16
ANDRADE, Ronaldo Alves. Contrato eletrônico no São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. ISBN
novo código civil e no código do consumidor. Barueri, 852032583, p. 314.
18
SP: Manole, 2004. p. 36. Ibid., p. 315.
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sendo mais adequada a classificação em telefone; inclusive com maior eficiência, já que
proposta instantânea ou não instantânea.19 tais tecnologias disponibilizam mais recursos,
Vejo o que dispõe o artigo 428, I do dispondo inclusive de recursos de voz, imagem,
Código Civil20 que o contrato por telefone ou envio de arquivos e criptografia, em tempo real.
por meio semelhante é considerado contratação Não resta dúvida, portanto, que as contratações
entre presentes. por esses meios ou meios semelhantes devem
MULHOLLAND justifica a posição do ser consideradas contratações entre presentes.
legislador ao afirmar: LEAL, sobre a contratação eletrônica,
afirma:
O contrato celebrado através do
telefone é considerado entre a) se a contratação for interpessoal
presentes, seguindo a orientação de simultânea, ou seja, se permitir a
que não se dá importância ao comunicação direta das partes, com
espaço existente entre os a manifestação imediata da vontade
contraentes – o fato de não estarem do aceitante e do ofertante, como no
presentes fisicamente – e preconiza sistema ICQ, videoconferência, ou
a relevância da circunstância similares, considera-se o contrato
temporal, entendendo que o que como entre presentes e formado no
tem significação para a solução do momento imediatamente posterior
problema é o fato de que os ao da oferta; b) se a contratação foi
contratantes, embora não se vejam, interpessoal não simultânea, como,
podem comunicar-se diretamente, por exemplo, por meio de correio
propor e aceitar imediatamente.21 eletrônico, o contrato deve ser entre
ausentes. Para a formação do
Sobre o advento da informática, surge o contrato entre ausentes o Código
questionamento: a proposta realizada pela Civil Brasileiro adota, nos artigos
internet é considerada proposta entre presentes 428,II e 427, caput, a Teoria da
Expedição. Assim, considerar-se-ia
ou entre ausentes? DE LUCCA, nesse sentido, formado o contrato no momento em
afirma: “por meio de comunicação semelhante que a mensagem eletrônica é
ao telefone há que se entender, entre outros, a expedida; c) se a contratação for
que se estabelece por terminais de interativa (sem a presença
computadores”22. simultânea do fornecedor e do
consumidor, mediante o que se
Ao contrário do entendimento de DE convencionou chamar de estado de
LUCCA, e em analogia ao disposto no oferta pública permanente,
ordenamento supra, art. 428, I do Código Civil, considera-se o contrato entre
conclui-se que a proposta feita pela internet, ausentes e, nessa condição,
dependendo do programa utilizado, pode ser concluído no momento em que a
aceitação é expedida pelo usuário
considerada realizada entre presentes ou entre da internet. d) em sendo
ausentes ou, na nomenclatura utilizada e intersistêmico o contrato, este se
preferida por LORENZETTI, de forma considera formado no momento em
instantânea ou não-instantânea. que as partes manifestam suas
Tome-se como ponto de partida os vontades para composição dos
sistemas auto-aplicativos que
programas de conversa como messenger, skype, posteriormente serão executados
yahoo-messenger, whatsapp entre outros. Fica fielmente ao que ficou
evidente que as conversas por meio desses programado.23
programas se equiparam às conversas por
19
Ibid., p. 320. pesquisa jurídica. In: DE LUCCA, Newton; SIMÃO
20
Código Civil. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a FILHO, Adalberto. Direito e internet: aspectos jurídicos
proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi relevantes. 2. ed. São Paulo: Quartier Latin do Brasil,
imediatamente aceita. Considera-se também presente a 2005. p. 73.
23
pessoa que contrata por telefone ou por meio de LEAL, Sheila do Rocio Cercal Santos. Contratos
comunicação semelhante; eletrônicos: validade jurídica dos contratos via Internet.
21
MULHOLLAND, op. cit, p. 73. São Paulo: Atlas, 2007. p. 115.
22
DE LUCCA, Newton. Títulos e Contratos Eletrônicos:
o advento da informática e suas conseqüências para a
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ANDRADE, op. cit., p. 39. obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de
25
LEAL, op. cit., p. 86. forma essencial, será esta observada, admitidas as
26
LEAL, op. cit., p. 86. peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos
27
LEAL, op. cit., p. 87. extrínsecos do ato. § 2o A obrigação resultante do
28
Lei de Introdução às normas de Direito Brasileiro. Art. contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o
9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei proponente.
do país em que se constituírem. § 1o Destinando-se a
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Sobre a legislação aplicável aos contratos momento, acessando o seu perfil eletrônico ou
eletrônicos, insta destacar a lição de ainda, se terceiro estaria fazendo uso de sua
GONÇALVES: identidade (nome, foto), sem seu
conhecimento.
No entanto, o contrato de consumo O que se pretende não é questionar a
eletrônico internacional obedece ao
disposto no art. 9º, §2º, da Lei de
validade daquela proposta apresentada via
Introdução ao Código Civil, que procedimento eletrônico em que o proponente
determina a aplicação, à hipótese, faz uso de certificação digital ou assinatura
da lei do domicílio do proponente. eletrônica, pois essa é inquestionável e assume
Por essa razão, se um brasileiro faz presunção iuris et iuris de validade. A dúvida
aquisição de algum produto
oferecido pela Internet por empresa
surge quando o proponente se utiliza de um
estrangeira, o contrato então meio eletrônico ordinário, tal como e-mail,
celebrado rege-se pelas leis do país messenger, skype, blog ou outro equivalente.
do contratante que fez a oferta ou Para esses casos, o entendimento reza no
proposta. sentido de aplicar a Teoria da Aparência, ou
seja, em se fazendo o proponente se comunicar
Finalmente sobre a competência para por um meio eletrônico em que ordinariamente
julgamento, citamos a posição do STJ no Resp costuma fazer uso ou manifestar como seu, ou
804306, a qual prevê que para contratos ainda, em possuindo o canal toda as
internacionais com execução exclusiva no características de identidade pessoal do
Brasil, deverá ser respeitada a competência proponente (nome, apelido, foto ou outras
brasileira mesmo havendo eleição diversa de características), não restaria dúvidas ao oblato,
foro no contrato; vejamos: ter sido a proposta emanada pela própria pessoa
Mesmo que o contrato determine do proponente. Resta cristalino que a presunção
claramente que o foro seja no de validade da declaração de vontade realizada
estrangeiro, contratos executados por referidos meios é relativa e admite-se prova
exclusivamente no Brasil não em contrário.
podem excluir a competência da Analisaremos em capítulo próprio como
Justiça brasileira. Com esse
entendimento, a Terceira Turma do a Lei Modelo da Uncitral passa a regular o
Superior Tribunal de Justiça (STJ) tema.
rejeitou o recurso da empresa
inglesa RS Components Limited 2.4. A proposta não obrigatória
contra a RS do Brasil Comércio, Os artigos 427 e 428 do Código Civil
Importação e Exportação Ltda.,
apresentam situações em que a proposta deixa
visando declarar incompetente a
Justiça brasileira para dirimir de ser obrigatória, liberando o proponente de
questões contratuais entre as vincular-se à sua manifestação de vontade.
empresas. O voto da ministra Nesse sentido temos as seguintes
relatora Nancy Andrighi foi situações de não obrigatoriedade da proposta,
seguido por unanimidade29.
vejamos:
a) Se o contrário não resultar dos termos
Outro questionamento no que tange à
da proposta. Nesse caso o proponente
proposta realizada através dos meios
em manifestar sua vontade inicial de
eletrônicos, diz respeito à segurança jurídica da
contratar, ou seja, de propor um negócio
identidade e, via de consequência, da validade
jurídico, especifica que a mesma não é
da manifestação da vontade. Parece plausível
vinculatória e poderá ser retirada pelo
que, nos meios eletrônicos, a identidade do
proponente por sua mera
proponente muitas vezes pode resultar
discricionariedade. São típicos de
duvidosa, haja vista não se poder precisar que a
propostas não vinculatórias dizeres
pessoa do próprio proponente esteja naquele
29
http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.ws
p?tmp.area=398&tmp.texto=89063, acessado em 26 de
março de 2013 às 13:00 hrs.
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GONÇALVES, op.cit., p. 76. Comércio Eletrônico. Íntegra da legislação disponível no
31
Trata-se de uma lei modelo das Organizações das site
Nações Unidas, Comissão das Nações Unidas para o http://lanzoni.adv.br/lei%20com%E9rcio%20eletr%F4n
Direito Comercial Internacional, que objetiva fomentar, ico.pdf, acesso em 06 de julho de 2011 às 10:30 hrs.
harmonizar e unificar o Comércio Internacional e o
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Código de Defesa do Consumidor. Art. 36. A qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de
publicidade deve ser veiculada de tal forma que o induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como características, qualidade, quantidade, propriedades,
tal. Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e
seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para serviços.
36
informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, Código de Defesa do Consumidor. Art. 37, § 2° É
técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. abusiva, entre outras, a publicidade discriminatória de
33
Código de Defesa do Consumidor. Art. 30. Toda qualquer natureza, a que incite à violência, explore o
informação ou publicidade, suficientemente precisa, medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação julgamento e experiência da criança, desrespeita valores
com relação a produtos e serviços oferecidos ou ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua
dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser saúde ou segurança.
37
celebrado. Código de Defesa do Consumidor. Art. 38. O ônus da
34
Código de Defesa do Consumidor. Art. 35. Se o prova da veracidade e da correção da informação ou
fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
38
a oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor Código de Defesa do Consumidor. Art. 36. Parágrafo
poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou
o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da serviços, manterá em seu poder, para informação dos
oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e
produto ou prestação de serviço equivalente; III - científicos que dão sustentação à mensagem.
39
rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia Código de Defesa do Consumidor. Art. 56. As
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e infrações das normas de defesa do consumidor ficam
a perdas e danos. sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções
35
Código de Defesa do Consumidor. Art. 37. É proibida administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal
toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1° É enganosa e das definidas em normas específicas: XII - imposição
qualquer modalidade de informação ou comunicação de de contrapropaganda.
caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou por
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40
GONÇALVES, op. Cit., p. estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
41
Ibid. p. direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de propriedade, nos termos seguintes:
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
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Código de Defesa do Consumidor. Art. 49. O durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de
consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias imediato, monetariamente atualizados.
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a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial.
produto ou serviço, sempre que a contratação de 4. ed., rev. e atual. de acordo com o novo Código. São
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do Paulo: Saraiva, 2003. V.3. p. 49.
48
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ANDRADE, op. cit., p. 41.
49
ou em domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor LEAL, op. cit., p. 107.
50
exercitar o direito de arrependimento previsto neste LIMA. op. cit., p. 31.
51
artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, ANDRADE. op. cit., p. 108.
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52
Ibid., p. 108-109. EDIÇÃO. 1. VitalSource Bookshelf. Editora Saraiva,
53
LISBOA, op. cit., p. 314. 05/2008, Monday, November 05, 2012. p.151.
54
SILVA, Jorge Alberto Quadros C. Código de Defesa
do Consumidor Anotado e Legislação Complementar. 6ª
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55
LISBOA, op. cit., p. 314. fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que
56
LORENZETTI, op. cit., p. 391. vier a ser celebrado.
57 58
Art. 30. Toda informação ou publicidade, LEAL, op. cit., p. 70.
59
suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou FINKELSTEIN, op. cit., p. 254-255.
60
meio de comunicação com relação a produtos e serviços LEAL, op. cit., 111.
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a
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61 62
Íntegra do acórdão: Tribunal de Justiça do Estado de Íntegra do acórdão: Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo. 11ª. Câmara de Direito Privado – E. Apelação São Paulo. 32ª. Câmara de Direito Privado. Apelação no.
no. 7380510-4. 1129594.
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63 65
Íntegra do acórdão: Tribunal de Justiça do Estado de MARQUES, Cláudia Lima. Confiança no comércio
São Paulo. 3ª. Câmara de Direito Privado. Apelação no. eletrônico e a proteção do consumidor: um estudo dos
399469-4. negócios jurídicos de consumo no comércio
64
Íntegra do acórdão: Tribunal de Justiça do Estado de eletrônico. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p.
São Paulo. 4ª. Câmara de Direito Privado. Apelação no. 260-261.
248815-4/3.
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Nosso entendimento é que, uma vez poderá ser invocada caso o Estado-
veiculada, a publicidade vincula o fornecedor, membro não a transpuser para a
normativa interna no prazo
até a data de validade da campanha/oferta estipulado ou, caso efetive a
publicitária. Nesse sentido, havendo divulgação transposição, faça-a de maneira
das condições da oferta, se retratada, poderá o incorreta. Tal distinção se dá tendo
consumidor que tenha incorrido em prejuízos em vista que o efeito direto não se
pleitear a indenização por perdas e danos, ou até encontra previsto nos tratados, ao
contrário da aplicabilidade direta,
mesmo a manutenção da oferta. Como exemplo mas foi uma criação da
podemos citar as diversas empresas que jurisprudência do TJCE, com apoio
divulgam determinado preço em sua prateleira da doutrina66.
e no momento do pagamento no caixa verificam
que houve erro. Deve o fornecedor manter o A Diretiva 97/7/CE 67 regulamenta a
preço divulgado ao consumidor, desde que publicidade e a oferta de bens e serviços a
razoável. distância e, de forma semelhante ao Código de
Defesa do Consumidor, dispõe sobre a
3.4. Direito Internacional: a publicidade e a possibilidade de sete dias para arrependimento
diretiva da União Europeia da compra de produtos quando realizados no
Muito embora o Brasil não seja um estado meio eletrônico, tudo a cargo do fornecedor:
membro da União Europeia, a análise da
Diretiva 97/7/CE da União Europeia se faz Considerando que o consumidor
não tem, em concreto, possibilidade
importante por regulamentar os contratos a de ver o produto ou de tomar
distância, os quais são favorecidos em razão do conhecimento das características
aumento das vendas trans-fronteira entre os do serviço antes da celebração do
países membros e pelo advento da internet. contrato; que importa prever, salvo
Não obstante o Brasil não fazer parte dos disposição em contrário da presente
directiva, um direito de rescisão;
países membros da União Europeia, e nesse que é necessário limitar quaisquer
sentido, a inaplicabilidade interna da Diretiva custos suportados pelo consumidor
97/7/CE; o seu estudo deve ser realizado sob a para o exercício do direito de
ótica do Direito Comparado, ou seja, visando a rescisão aos custos directos de
compreensão das semelhanças e distinções do devolução do bem, dado que, caso
contrário, este seria um direito
tema entre o ordenamento jurídico interno e dos meramente formal; que este direito
demais Estados. de rescisão não prejudica os direitos
Os Estados-membros da União Europeia do consumidor previstos na
estão vinculados às normas legais disciplinadas legislação nacional, nomeadamente
pelas Diretivas da União Europeia. Trata-se de em matéria de recepção de produtos
e serviços deteriorados ou de
uma norma supranacional que prevalece e produtos e serviços que não
vincula o direito nacional de cada país membro. correspondem à descrição desses
As diretivas são fontes secundárias do produtos ou serviços; que compete
Direito Comunitário Europeu e vinculam os aos Estados-membros determinar
Estados-membros da União Europeia quanto as outras condições e modalidades
que resultem do exercício do direito
aos princípios ali previstos, devendo, as de rescisão.
instâncias nacionais, regulamentar sua norma Artigo 6º. Direito de rescisão. Em
interna de acordo com o previsto nas diretivas. qualquer contrato a distância, o
Sobre a aplicabilidade da diretiva, explica consumidor disporá de um prazo
MARTINS: de, pelo menos, sete dias úteis
para rescindir o contrato sem
A diretiva possui efeito direto e não pagamento de indenização e sem
aplicabilidade direta, pois somente indicação do motivo. As únicas
66
MARTINS, Eliane Maria Octaviano. Direito rtigos/Art_Eliane.htm>. Acesso em: 10 de outubro de
Comunitário: União Europeia e Mercosul. Disponível 2008.
67
em: Íntegra da diretiva no endereço eletrônico:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_57/a http://lanzoni.adv.br/lei%20com%E9rcio%20eletr%F4n
ico.pdf.
Revista FMU Direito. São Paulo, ano 27, n. 39, p.48-72, 2013. ISSN: 2316-1515. 69
A FORMAÇÃO DOS CONTRATOS: UMA ANÁLISE SOBRE A PROPOSTA E A PUBLICIDADE Cristina Cantú Prates
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Artigo 4º. Informações prévias. 1. Em tempo útil e prestação de serviços de execução continuada ou
antes da celebração de qualquer contrato a distância, o periódica. 2. As informações referidas no nº 1, cujo
consumidor deve dispor das seguintes informações: a) objectivo comercial deve ser inequivocamente
Identidade do fornecedor e, no caso de contratos que explicitado, devem ser fornecidas de maneira clara e
exijam pagamento adiantado, respectivo endereço; b) compreensível por qualquer meio adaptado à técnica de
Características essenciais do bem ou do serviço; c) Preço comunicação a distância utilizada, respeitando,
do bem ou do serviço, incluindo impostos; d) Despesas designadamente, os princípios da lealdade em matéria de
de entrega, se existirem; e) Modalidades de pagamento, transacções comerciais e os princípios da protecção de
entrega ou execução; f) Existência do direito de rescisão, pessoas com incapacidade jurídica em virtude da
excepto nos casos referidos no nº 3 do artigo 6º; g) Custo legislação dos Estados-membros, como os menores. 3.
da utilização da técnica de comunicação a distância, Além disso, no caso das comunicações telefónicas, a
quando calculado com base numa tarifa que não seja a de identidade do fornecedor e o objectivo comercial da
base; h) Prazo de validade da oferta ou do preço; i) chamada devem ser explicitamente definidos no início de
Sempre que necessário, a duração mínima do contrato em qualquer contacto com o consumidor.
caso de contratos de fornecimento de produtos ou
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REFERÊNCIAS
Revista FMU Direito. São Paulo, ano 27, n. 39, p.48-72, 2013. ISSN: 2316-1515. 71
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