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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FRANCIELE MOREIRA e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 13/08/2019 às 08:36 , sob o número WBCU19100817490
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0306704-05.2017.8.24.0005 e código 16571030.
AO JUÍZO DA VARA DA FAMILIA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE
BALNEARIO CAMBORIU-SC.

Processo nº 0306704-05.2017.8.24.0005

MARIA EDUADA DOS SANTOS SEVERIANO, já qualificada nos


Autos da Execução em epígrafe, vem respeitosamente, à presença de vossa
excelência propor requerer o reconhecimento de FRAUDE À EXECUÇÃO, pelos
fundamentos que passa a expor.

DA FRAUDE À EXECUÇÃO

Ao buscar bens passíveis de penhora a Exequente foi


surpreendida com a ausência de patrimônio em nome do executado. Todavia,
ao rastrear bens em nome do Executado, constatou a possível ocorrência de
fraude à execução.

Nos termos do CPC/15, em seu Art. 792, "a alienação ou a


oneração de bem é considerada fraude à execução" nos seguintes casos:

I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real


ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha
sido averbada no respectivo registro público, se houver;

II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência


do processo de execução, na forma do art. 828;
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III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca
judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi
arguida a fraude;

IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava


contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;

V - nos demais casos expressos em lei.

E pelo que se depreende em consulta ao sistema DETRAN, (em


anexo), há uma comunicação de venda do veículo na data de 02/07/2019,
para o senhor THIAGO LEONARDO REINERT. Pois bem, o executado foi
devidamente citados nos autos, (fl.42), no dia 08 de fevereiro de 2018, ou seja,
já tinha ciência de uma ação de execução em tramite, tendo inclusive, se
manifestado, e, em sua defesa, buscou eximir-se do pagamento da obrigação.
Como se não bastasse isso, após, a procuradora anterior, pedir a penhora do
veículo, CHEVROLET/CRUZE LT NB, fabricação 2011, modelo 2012, placa
MKA6089, RENAVAM 406772444, cor preta, em 26/06/2019, conforme fl. 128, na
data de 02 de julho, o executado livrou-se do bem, senão vejamos:
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Ou seja, alguns elementos devem ser considerados:

a) Coincidência temporal: em 02 de julho do presente ano,


data da alienação do bem, já corria em face do executado, a presente
execução, e um pedido de penhora do bem móvel alienado, com citação
válida em 08 de fevereiro de 2018.

b) Insolvência: o Executado ficou sem nenhum patrimônio para


suprir a totalidade do passivo das referidas ações;

Assim diante das circunstâncias que evidenciam fraude à


execução, devendo ser coibida, conforme precedentes sobre o tema:

EXECUÇÃO. FRAUDE À EXECUÇÃO. Configurada fraude à


execução mediante triangulação de negócio jurídico realizado por sócia de
fato da sociedade executada e terceiro, com objetivo de desviar patrimônio
da empresa para não responder pela execução em curso. (TRT-4 - AP:
00100068020165040871, Data de Julgamento: 04/09/2017, Seção Especializada
em Execução)

FRAUDE À EXECUÇÃO. OCORRÊNCIA. Tendo ocorrido a


alienação/oneração do imóvel quando pendia ações que poderiam levar o
vendedor à insolvência (artigo 792, IV, do CPC/15), resta mantida a fraude à
execução reconhecida pelo magistrado de origem. (TRT-1 - AP:
00000055520155010321, Relator: Volia Bomfim Cassar, Data de Julgamento:
17/05/2017, Segunda Turma, Data de Publicação: 24/05/2017)

FRAUDE À EXECUÇÃO. Incorre em fraude à execução o


executado que aliena bem de sua propriedade depois de já iniciada demanda
capaz de reduzi-lo à insolvência (NCPC, art. 790, V, c/c o art. 792, IV),
prescindindo do elemento subjetivo do terceiro (boa fé) para sua configuração.
(TRT-4 - AP: 00101985720135040761, Data de Julgamento: 01/09/2017, Seção
Especializada em Execução)
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Cumpre destacar, que até a empresa individual, que tinha em
seu nome, conforme comprovante de situação cadastral à fl. 110-112, foi
transferida, o exequente procedeu a retirada de seu nome, do nome
empresarial da empresa individual que tinha, após a exequente pedir a
penhora de crédito da parte Executada, à fl. 61. Destaca-se que o executado
já tinha ciência, que tramitava a presente execução, e inclusive alegou estar
desempregado, mesmo sendo empresário individual e ter ganho licitação em
data posterior, ou seja, mais uma evidencia, de que o executado vem,
alienado, transferindo bens, com o intuito de fraudar a presente execução,
senão vejamos:

Nada obstante, a empresa individual do executado recebeu


quantia significativa em licitação, e o exequente alegou desemprego à fl. 49
dos autos. Pois bem, a primeira falácia do executado, pois se tivesse
desempregado sua empresa, não ganharia licitação. Além do mais transferiu a
empresa no curso da presente execução, após a exequente, ter pedido a
penhora do crédito ganho na licitação pela empresa do executado.

Excelência, como se não bastassem tais omissões, o executado


alienou veículo, depois de já iniciada a presente demandada, com citação
válida.

Assim agindo, comete o Executado conduta atentatória à


dignidade da justiça, nos termos do disposto 774 do CPC/15:
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Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a
conduta comissiva ou omissiva do executado que:

I - frauda a execução;

(...)

V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens


sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade
e, se for o caso, certidão negativa de ônus.

Devendo, portanto, ser imputado ao Executado a multa


prevista no Parágrafo único do referido artigo que dispõe:

Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará


multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito
em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos
próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza
processual ou material.

A doutrina ao evidenciar a gravidade de tais condutas, leciona:

“É, porém, muito mais grave a fraude quando cometida no


curso do processo de condenação ou de execução. Além de ser mais evidente
o intuito de lesar o credor, em tal situação a alienação dos bens do devedor
vem constituir verdadeiro atentado contra o eficaz desenvolvimento da função
jurisdicional já em curso, porque lhe subtrai o objeto sobre o qual execução
deverá recair’’. (NEGRÃO, Theotônio, Código de Processo Civil e legislação
processual em vigor, 31ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 640, nota 31, do art.
593.)

Razões pelas quais requer o reconhecimento da fraude à


execução, com a determinação da penhora do bem veículo,
CHEVROLET/CRUZE LT NB, fabricação 2011, modelo 2012, placa MKA6089,
RENAVAM 406772444, cor preta e cominada multa do Art 774, parágrafo único.
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Diante de todo o exposto, requer:

A) seja reconhecida a fraude à execução, tornando-se ineficaz,


perante o credor, a venda do veículo CHEVROLET/CRUZE LT NB, fabricação
2011, modelo 2012, placa MKA6089, RENAVAM 406772444, cor preta,
comunicada em 02 de julho de 2019.

b) seja aplicada a multa prevista no Parágrafo Único, do art. 774


do CPC, em 20% do valor executado, em face da prática, pelo executado, de
atos atentatórios à dignidade da justiça.

Nestes termos, pede deferimento.

Itajaí, 09 de agosto de 2019.

Franciele Moreira

Advogada OAB/SC nº 54.271

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