Você está na página 1de 40

.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 ª VARA CIVEL DA


COMARCA DE MAFRA ESTADO DE SANTA CATARINA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
AUTOS: 0300125-93.2018.8.24.0041

Arnoldo Gonçalves Fernandes, já qualificado nos autos,


vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus
advogados, inconformado com a r. Sentença de fls. 202-212, interpor o
presente RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no art. 1.009 do Código de
Processo Civil, requerendo, após as formalidades legais, a consequente
remessa das Razões Recursais ao juízo ad quem para seu
processamento e julgamento.

O Apelante deixa de juntar comprovante de preparo e


demais despesas processuais, eis que deferida a gratuidade da justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.

Mafra (SC), 26 de setembro de 2019.

REGINALDO CASELATO
OABs46563/PR 308861/SP 44291/SC
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 2

RAZÕES RECURSAIS

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
Apelante: Arnoldo Gonçalves Fernandes

Apelada: Banco BMG S/A

Comarca de Origem: 1ª Vara Civel da comarca de Mafra - SC

Autos n. 0300125-93.2018.8.24.0041

EGRÉGIO TRIBUNAL!

COLENDA CÂMARA!

SENHORES DESEMBARGADORES!

Em que pese o notório saber jurídico do togado a quo,


maneja-se o presente recurso, com fulcro no art. 1.009 do Código de
Processo Civil, no tocante à sentença que julgou parcialmente
procedente, alegando-se, desde já, que sua decisão nos presentes
autos deve ser reformada pelas razões de fato e de direito a seguir:

I – PRELIMINARMENTE
DO PREQUESTIONAMENTO PARA EVENTUAL INTERPOSIÇÃO DE RECURSO
ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO

1. O Apelante entende por bem PREQUESTIONAR, para


efeito de eventual interposição de Recurso Especial (art. 105, inciso III,
alínea “a”, da CRFB/88) e Recurso Extraordinário (art. 102, inciso III, “a”,
da CRFB/88), matérias ventiladas no presente recurso de ordem
infraconstitucional e constitucional, cuja infringência ensejaria o manejo
de recurso à Corte Competente, são elas

a) Artigo 5º, incisos V e X da CRFB/88;


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 3

b) Artigos 6º, incisos II, III, VI e VII, 14, 39, incisos I, III e V, 42,
51 e 52, todos do Código de Defesa do Consumidor;

c) Artigos 145, 147, 167, 168, 169, 171, 182, 186 e 927, todos

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
do Código Civil; e

d) Instrução Normativa INSS/PRES n. 28, de 16 de maio de


2008.

2. Dessarte, requer-se que este Egrégio Tribunal se


posicione acerca de todas as matérias, de forma objetiva, explícita e
fundamentada, a fim de prequestiona-las numa eventual necessidade
de se interpor o respectivo Recurso Especial e Recurso Extraordinário.

II – SÍNTESE FÁTICA

1. O Apelante ingressou com a presente ação alegando,


em síntese, que já realizou empréstimos consignados, mas que nunca
contratou ou pretendeu contratar os serviços de cartão de crédito
consignado – RMC e que nunca sequer utilizou ou desbloqueou cartão
algum, sendo, porém, descontado todos os meses de seu benefício
valores referentes a empréstimo desta modalidade.

2. O fato supra, além de gerar outras implicações, destaca-


se pela imobilização do crédito do Apelante, já que o
comprometimento da RMC impede ou diminui a margem de outros
empréstimos que pretenda o Apelante tomar, restringindo-se, assim, de
sobremaneira a liberdade de escolha e de decisão quanto a tomada
de empréstimo na modalidade de crédito consignado, cuja decisão,
somente compete – ou competia – ao Apelante e não a instituição
financeira, que sem qualquer autorização, vinculara o empréstimo a um
cartão de crédito.

3. Somente por este motivo, a condenação da Apelada já


se justificaria, ante a sua evidente má-fé!
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 4

4. Ora, conforme se denota do extrato acostado às fls. 45


da inicial, mensalmente são descontados valores referentes à RMC do
benefício do Apelante, apesar de ele não fazer uso de cartão de

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
crédito algum atrelado à Apelada.

5. Destarte, como se vê Julgadores, não se trata de engano


justificável perpetrado pela instituição financeira – o que poderia excluir
a sua responsabilidade –, mas de verdadeira conduta ilícita intentada
com extrema má-fé, com o fito de lesar a boa-fé objetiva que deve
existir em todas as relações contratuais, visto que o consumidor sempre
acredita que a instituição financeira agirá com transparência e
lealdade, atributos que inexistem no caso em tela.

6. Relata ainda que a prática intentada pela Apelada induz


o consumidor a acreditar ter contratado um empréstimo consignado
"normal", porém que os descontos realizados diretamente do benefício
previdenciário do Apelante se limitam a pagar apenas os encargos do
cartão supostamente utilizado – fato este já denunciado em Ação Civil
Pública ajuizada no Estado do Maranhão, como relatado na peça
inicial –, tornando, assim, a dívida impagável, tanto é verdade que até a
data de ajuizamento da ação, o Apelante já tinha efetuado o
pagamento de determinado valor mas do saldo devedor sequer
diminuiu UM REAL, não sendo demonstrado o abatimento necessário e
corriqueiro, dando a entender que a dívida permanece no patamar
inicialmente contratado!

7. Devidamente citada, a Apelada apresentou defesa, da


qual o Apelante apresentou a correlata impugnação.

8. Após, sobreveio sentença julgando parcialmente


procedente a presente demanda, todavia, tal decisão merece reparo
no tocante a devolução em dobro de tudo que fora cobrado
indevidamente e ainda a majoração do valor do dano moral.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 5

9. Urge salientar que, data vênia, a sentença guerreada


não trilhou o melhor caminho, vez que a respeitável sentença não seguiu

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
os parâmetros adotados numa elevada gama de ações de idêntico objeto
que foram julgadas pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa
Catarina1, principalmente pelo no que tange a devoluçao dos valores
cobrados indevidamente, bem como pelo valor a título de danos morais.

É a síntese do necessário.

III – DOS FUNDAMENTOS PARA REFORMA DA SENTENÇA

III.I – Da análise do cartão consignado/cartão de crédito numa


perspectiva da Instrução Normativa INSS/PRES n. 28, de 16 de maio de
2008

1. Emérito julgador, antes de adentrar-se ao meritum


causae propriamente dito, curial se faz revolver um pouco na história
para demonstrar-se, da maneira mais concisa possível, o intuito
legislativo que concebeu a edição do denominado cartão consignado
pela Instrução Normativa n. 28/2008 do Instituto Nacional do Seguro
Social – INSS.

2. Pois bem.

3. Consoante exaustivamente delineado na proemial,

1 TJSC, Apelações Cíveis n. 0309134-63.2017.8.24.0090, j. em 11/10/2018; n. 0310248-

44.2017.8.24.0023, j. em 11/10/2018; n. 0302945-30.2016.8.24.0082, j. em 04/10/2018; n. 0300563-


63.2018.8.24.0092, j. em 02/10/2018; e n. 0302624-20.2017.8.24.0030, j. em 25/09/2018.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 6

aposentados e pensionistas da Previdência Social podem gozar do


famigerado empréstimo consignado, cujas taxas de juros são
demasiadamente atrativas em razão do ínfimo risco de inadimplemento,

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
posto que a forma de pagamento ocorre com a retenção diretamente
na fonte pagadora.

4. Desta forma, visando regulamentar a concessão e


obtenção desta natureza de mútuo, no ano de 2008 editou-se a
Instrução Normativa n. 28, cujo escopo precípuo visava estabelecer
“[...] critérios e procedimentos operacionais relativos à consignação de
descontos paga pagamento de empréstimos e cartão de crédito,
contraídos nos benefícios da Previdência Social.”. (g.n.).

5. Como bem se observa da ementa da legislação in


quaestio, existe a possibilidade de beneficiários da Previdência Social
realizarem operações de empréstimo consignado e operações de
cartão de crédito no âmbito de seus benefícios.

6. Percebe-se, portanto, que há uma clara separação entre


a figura do empréstimo e a figura do cartão de crédito, não havendo a
menor possibilidade de confusão entre uma modalidade e outra.

7. Tal separação pode ser verificada, igualmente, do


preâmbulo da IN n. 28/2008, quando se afirma que o seu intuito é de
“simplificar o procedimento de tomada de empréstimo pessoal e cartão
de crédito [...]”. (g.n.).

8. Não fosse o bastante, vislumbra-se a diferenciação


supracitada no corpo dos seguintes dispositivos legais da Instrução
Normativa n. 28/2008:

 Art. 1º: “[...] pagamento de empréstimo pessoal e cartão


de crédito [...]”;
 Art. 2º, inciso IX e X: “[...]conceder empréstimo pessoal e
cartão de crédito [...]”;
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 7

 Art. 2º, inciso XI: “[...] a instituição financeira que concede


empréstimo pessoal e cartão de crédito [...]”;
 Art. 2º, inciso XIII: “[...] limite reservado no valor da renda

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
mensal do benefício para uso exclusivo do cartão de crédito.”;
 Art. 3º, caput: “[...] autorizar o desconto no respectivo
benefício dos valores referentes ao pagamento de empréstimo
pessoal e cartão de crédito [...]”;
 Art. 7º: “A concessão de empréstimo pessoal e cartão de
crédito [...]”;
 Art. 9º: “[...] A contratação de empréstimo e cartão de
crédito [...]”;
 Art. 12, § 1º: “[...] com o empréstimo pessoal e/ou cartão
de crédito [...]”;
 Art. 19: “A contratação de empréstimo pessoal e cartão
de crédito [...]”;
 Art. 23, § 2º: “[...] exclusão da operação do empréstimo
pessoal ou cartão de crédito [...]”;
 Art. 30, caput: “[...] arquivos para averbação de
empréstimo ou cartão de crédito [...]”;
 Art. 40, § 2º: “O contrato de empréstimo e/ou cartão de
crédito [...]”;
 Art. 43, caput: “[...] averbações de empréstimos ou
cartão de crédito [...]”;
 Art. 43, § 1º: “[...] consignações de empréstimo e cartão
de crédito [...]”;
 Art. 43, § 3º: “[...] averbação de empréstimo e cartão de
crédito [...]”;
 Art. 54, caput: “A contratação de empréstimo ou cartão
de crédito [...]”;
 Art. 55: “Eventuais dúvidas sobre a operacionalização da
contratação de empréstimo e cartão de crédito [...]”; e
 Art. 57: “[...] realizar operações de empréstimo ou cartão
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 8

de crédito [...]”.

9. Afora a clarividente separação entre uma modalidade

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
de crédito e outra retratada pela análise dos dispositivos legais retro
elencados, o próprio Instituto Nacional do Seguro Social, em seu site
oficial2, afirma que “empréstimos e cartão de crédito são operações
diferentes [...]”, veja-se:

10. Empós demonstrada a axiomática distinção entre


empréstimo consignado e cartão de crédito, cumpre agora descortinar
a real finalidade do cartão de crédito na concepção da Instrução
Normativa INSS/PRES n. 28/2008, para tanto, analisar-se-á na sequência,
em especial, o seu ‘CAPÍTULO VI – DO CARTÃO DE CRÉDITO’.

11. Com efeito, estabelece o caput do art. 15 da Instrução


Normativa em foco, o seguinte:

Art. 15. Os titulares dos benefícios previdenciários de


aposentadoria e pensão por morte, pagos pela Previdência
Social, poderão constituir RMC para utilização de cartão de
crédito, de acordo com os seguintes critérios, observado no
que couber o disposto no art. 58 desta Instrução Normativa:
[...] (g.n.).

12. Ato contínuo, o art. 16, caput e § 2º daquela norma assim


preveem:

Art. 16. Nas operações de cartão de crédito serão


considerados, observado, no que couber, o disposto no art. 58
desta Instrução Normativa [...]
§ 2º A instituição financeira não poderá aplicar juros sobre o
valor das compras pagas com cartão de crédito [...] (g.n.).
2 https://www.inss.gov.br/orientacoes/emprestimo-consignado/
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 9

13. Alfim, e não de somenos importância, o art. 17 e o art. 17-


A asseveram categoricamente que:

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
Art. 17. A instituição financeira deverá encaminhar aos titulares
dos benefícios com quem tenha celebrado contrato de
cartão de crédito, mensalmente, extrato com descrição
detalhada das operações realizadas, onde conste o valor de
cada operação e local onde foram efetivadas, bem como o
número de telefone e o endereço para a solução de dúvidas.

Art. 17-A. O beneficiário poderá, a qualquer tempo,


independentemente de seu adimplemento contratual, solicitar
o cancelamento do cartão de crédito junto à instituição
financeira.

14. Empós a leitura dos dispositivos legais alhures transcritos,


eclode com clareza solar que a finalidade precípua e única do cartão
de crédito a que se refere a Instrução Normativa INSS/PRES n. 28/2008 é
a sua utilização para efetivação de operações de compra por parte do
seu titular em seu cotidiano, senão veja-se:

 O art. 15, caput, menciona expressamente o termo


utilização de cartão de crédito;

 O art. 16, caput, utiliza o termo operações de cartão de


crédito, ao passo que o seu parágrafo 2º faz observações à
vedação de cobrança de juros sobre ‘compras pagas com
cartão de crédito’;

 O art. 17 estipula que as operações realizadas – leia-se


‘compras pagas com cartão de crédito’ – deverão constar de
extrato detalhado que deverá informar o valor e local de cada
operação – leia-se compra –, bem como o número de telefone e
o endereço do local para a solução de dúvidas; e

 O art. 17-A, por sua vez, possibilita o cancelamento, a


qualquer tempo, do cartão de crédito por parte do beneficiário.
Esta hipótese demonstra que a finalidade da cártula
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 10

mencionada na IN n. 28/2008 é, de fato, a utilização para


compras, pois uma vez ausente o interesse da parte em utiliza-lo
para tal objetivo, é possibilitado a ela o cancelamento do

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
serviço.

15. No ponto, vertendo o enfoque para a parte final do art.


17 acima reproduzido, vislumbra-se o cuidado que buscou o legislador
ao determinar que na hipótese de operações de compra deveria
constar da fatura do cartão de crédito o endereço e número de
telefone do estabelecimento comercial para fins de sanar dúvidas dos
aposentados e pensionistas – pessoas, em sua grande maioria, já idosas.

16. Ademais, infere-se do site oficial do Instituto Nacional do


Seguro Social – INSS que a margem consignável de 5% (cinco por
cento) do benefício previdenciário que é destinada para as operações
de cartões de crédito servirá, exclusivamente, para a amortização de
despesas contraídas por meio do cartão de crédito, a valer:

17. Ora!

18. Veja-se que em momento algum a Instrução Normativa


estipula a possibilidade de um empréstimo consignado ser realizado a
partir do cartão de crédito.

19. Acontece que, malgrado a expressa intenção da


Instrução Normativa em foco, vê-se, nos dias atuais, uma enxurrada de
reclamações e ações judiciais propostas por inúmeros aposentados e
pensionistas que vêm sendo rotineiramente lesados pela Requerida e
outras instituições financeiras.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 11

III.II – Da aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Inversão


do ônus da prova

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
1. A Súmula n. 297 do STJ é conclusiva quando diz que “o
Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”,
sendo que a jurisprudência não destoa de tal asserção, verbis:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE
CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO. CAPITALIZAÇÃO MENSAL
DOS JUROS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. AUSÊNCIA DE
PACTUAÇÃO. SÚMULAS 5 E 7 DO STJ. REVISÃO DO PACTO.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO. POSSIBILIDADE NA FORMA SIMPLES.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1.[...]. 2. A submissão
das instituições financeiras ao CDC e a possibilidade de
revisão judicial do contrato são reconhecidas pela reiterada
jurisprudência do STJ (Súmula 297). 3. A jurisprudência iterativa
da Terceira e Quarta Turma orienta-se no "sentido de admitir,
em tese, a repetição de indébito na forma simples,
independentemente da prova do erro, ficando relegado às
instâncias ordinárias o cálculo do montante, a ser apurado, se
houver" (AgRg no REsp 749830/RS, Rel. Min. Fernando
Gonçalves, DJU de 05.09.2005) 4. Agravo regimental a que se
nega provimento.3

2. No julgamento do Recurso Especial n. 57974 RS


1994/0038615-0, o ministro Ruy Rosado afirmou que a instituição
financeira:

[...] está submetido às disposições do CDC, não por ser


fornecedor de um produto, mas porque presta um serviço
consumido pelo cliente, que é o consumidor final desses
serviços. [...] nas relações bancárias há difusa utilização de
contratos de massa e onde, com mais evidência, surge a
desigualdade de forças e a vulnerabilidade do usuário.

3. Sendo assim, a aplicação do art. 6º, inciso VII, do Código


de Defesa do Consumidor é medida que se impõe:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


[...]
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,

3 STJ,
AgRg no Ag n. 1404888 SC 2011/0043690-3, rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, j. em
04/11/2014. (g.n.).
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 12

quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando


for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

4. Diante do exposto, tem o Apelante o direito à inversão do


ônus da prova, dada a sua hipossuficiência, considerando que se

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
encontra em situação de impotência/inferioridade na relação de
consumo, ou seja, está em desvantagem em relação à Apelada.

– Da ausência de contratação e Informação do serviço ofertado.


Falha na prestação de serviço. Ausência de uso e desbloqueio do
cartão. Provas que comprovam a desvirtuação da modalidade de
empréstimo realizada

1. Conforme já discorrido nos autos, as provas apresentadas


pela Apelada somente corroboram com as afirmações realizadas pelo
Apelante, tornando incontroversa a alegação de que contrato firmado
entre as partes foi totalmente desvirtuado, além de desrespeitar a
legislação aplicável à modalidade de empréstimo em voga.

2. Inicialmente, em que pese a juntada do contrato pela


Apelada, ratifica-se aqui a afirmação de que nunca houve a
contratação da reserva de margem consignável por cartão de crédito –
RMC, tendo em vista que em momento algum o Apelante foi informado
que o empréstimo em questão se tratava de um cartão de crédito, mas
sim de um empréstimo consignado "padrão", tanto é que a sistemática
realizada pela Apelada se deu de forma idêntica a um empréstimo
consignado normal, induzindo a parte consumidora a acreditar ter
contratado uma determinada modalidade de empréstimo, quando na
verdade outra fora contratada.

3. A propósito, o próprio comprovante de transferência


bancária – in casu, uma TED – juntado aos autos corrobora com a
assertiva de que o Apelante acreditava tratar-se de um empréstimo
convencional, visto que toda a sistemática empregada pela Apelada o
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 13

induziu a pensar desta maneira, notadamente a transferência do


numerário objeto do empréstimo à conta bancária de sua titularidade!

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
4. As informações prestadas ao Apelante foram viciadas,
tendo em vista que na prática a Apelada realizou operação
completamente diversa da ofertada. Desse modo, ausente a
informação clara ao consumidor quanto ao comprometimento da
margem consignável, reputa-se que a RMC constituída padece de
ilegalidade e de inexistência de contratação, sendo notório que a
instituição financeira violou o princípio da boa-fé objetiva e o princípio
da transparência.

5. É certo que, percalços dessa natureza provocam dor e


sofrimento psíquico que molestam direitos inerentes à personalidade,
vulnerando o patrimônio moral da lesada, a justificar a indenização
almejada, sendo causa justa para o deferimento dos danos morais
perseguidos.

6. Gize-se, o Apelante foi induzido a erro, crente de que


contratava um serviço, quando, em verdade, outro lhe foi vendido,
guinada, a Apelada, pela mais firme má-fé contratual.

7. Não houve consentimento do Apelante por nítida


omissão de informações!!!

8. Registre-se que as 05 (cinco) Câmaras de Direito


Comercial do areópago catarinense, quando da análise de casos
análogos ao presente, RECONHECERAM AS ILEGALIDADES PERPETRADAS
PELA APELADA, senão veja-se:

a) A Primeira Câmara de Direito Comercial assim decidiu:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


C/C COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DO
INDÉBITO. CONTRAÇÃO DE EMPRÉSTIMO NA MODALIDADE DE
DESCONTO DA MARGEM CONSIGNÁVEL DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO ATRAVÉS DE DÉBITO EM CARTÃO DE CRÉDITO
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 14

(RMC). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA PARTE


AUTORA.
AVENTADA ILEGALIDADE DO EMPRÉSTIMO, NA MODALIDADE DE
DESCONTO DE MARGEM CONSIGNÁVEL EM CARTÃO DE CRÉDITO
(RMC). TESE ACOLHIDA. MALGRADO A EXISTÊNCIA DE EXPRESSA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
PACTUAÇÃO, RESTOU SUFICIENTEMENTE COMPROVADO QUE A PARTE
AUTORA VISAVA À CONCESSÃO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO,
SENDO-LHE IMPOSTO, ENTRETANTO, EMPRÉSTIMO EM FORMA DIVERSA.
CARTÃO DE CRÉDITO NUNCA UTILIZADO. PRÁTICA ABUSIVA DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ATO ILÍCITO CONFIGURADO.
POSSIBILIDADE, ENTRETANTO, DE ADAPTAÇÃO DO CONTRATO ENTÃO
VIGENTE PARA A OPERAÇÃO DE SIMPLES EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO, MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR, AFASTANDO-SE,
POR CONSEGUINTE, A REPETIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES PAGOS.
DANO MORAL. PRÁTICA ABUSIVA DIANTE DA RESTRIÇÃO DA MARGEM
CONSIGNÁVEL. CIRCUNSTÂNCIA QUE ULTRAPASSA O MERO
ABORRECIMENTO COTIDIANO. ATO ILÍCITO VERIFICADO. DANO
MORAL CONFIGURADO. PRECEDENTES DESTA CORTE. REFORMA DA
SENTENÇA QUE SE IMPÕE.
ALTERAÇÃO DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA EM RAZÃO DO NOVO
RESULTADO DA DEMANDA. RECURSO DA PARTE AUTORA
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.4

b) A Segunda Câmara de Direito Comercial assim decidiu:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES


CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA PARTE
AUTORA.
1 - PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONTRATO
DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL (RMC). PARTE AUTORA QUE ALEGA QUE
PRETENDIA A CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO, E
NÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO. PARCIAL ACOLHIMENTO.
ADESÃO À CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO,
COM A REALIZAÇÃO DE SAQUE DE LIMITE DO CARTÃO E
DESCONTOS DO VALOR MÍNIMO DA FATURA REALIZADOS
DIRETAMENTE NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DO AUTOR.
AUSÊNCIA DE PROVAS DE QUE O AUTOR EFETIVAMENTE RECEBEU
INFORMAÇÕES E ESCLARECIMENTOS ACERCA DA MODALIDADE
CONTRATUAL CELEBRADA ENTRE AS PARTES,
CONSIDERAVELMENTE MAIS ONEROSA DO QUE O EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO COMUM. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO,
OUTROSSIM, DO ENVIO DO CARTÃO DE CRÉDITO PARA O
ENDEREÇO DO CONSUMIDOR, TAMPOUCO HÁ PROVAS DE SUA
UTILIZAÇÃO. PRÁTICA ABUSIVA. VIOLAÇÃO ÀS NORMAS DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. (ARTS. 6º, III E 39, V).
NULIDADE DA CONTRATAÇÃO RECONHECIDA. NECESSIDADE,
4 TJSC,
Apelação Cível n. 0300776-69.2018.8.24.0092, da Capital, rel. Desembargador Rogério
Mariano do Nascimento, Primeira Câmara de Direito Comercial, j. em 08/11/2018. (g.n.).
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 15

TODAVIA, DO RETORNO DAS PARTES AO STATUS QUO ANTE.


PARTE AUTORA QUE DEVE DEVOLVER O MONTANTE RECEBIDO A
TÍTULO DE "TELESAQUE", SOB PENA DE ENRIQUECIMENTO ILÍCITO.
ADEMAIS, ALÉM DE NÃO HAVER PEDIDO ESPECÍFICO DE

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
CONVERSÃO DA ESPÉCIE DE CRÉDITO, NÃO HÁ
DEMONSTRAÇÃO DE MARGEM CONSIGNÁVEL QUE O PERMITA.
BANCO RÉU QUE DEVE RESTITUIR, DE FORMA SIMPLES, OS
VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DO AUTOR. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO NO PONTO.
[...]
À vista disso, a nulidade da contratação se justifica quando
não comprovado que o consumidor - hipossuficiente
técnicamente perante as instituições financeiras - recebeu
efetivamente os esclarecimentos e informações acerca do
pacto, especialmente que contratava um cartão de crédito,
cujo pagamento seria descontado em seu benefício mediante
a reserva de margem consignável, com encargos financeiros
de outra linha de crédito, que não a de simples empréstimo
pessoal, com taxas sabidamente mais onerosas.
Vale dizer, ao violar o dever de informação e fornecer ao
consumidor modalidade contratual diversa e mais onerosa do
que a pretendida, o banco demando invalidou o negócio
jurídico entabulado, na medida em que maculou a
manifestação de vontade do contratante.
[...] Não obstante a constatação de que o consumidor jamais
optou por efetuar empréstimo consignado pela via de cartão
de crédito, o reconhecimento da nulidade de tal pacto
importa, como consequência lógica, o retorno das partes ao
status quo ante, ou seja, o consumidor deve devolver
montante que recebeu (apesar de não haver contratado),
sob pena de enriquecer-se ilicitamente, ao passo que ao
banco cumpre ressarcir os descontos indevidamente
realizados no benefício previdenciário do contratante."
(Apelação Cível n. 0302945-30.2016.8.24.0082, da Capital, rel.
Des. Gilberto Gomes de Oliveira, Terceira Câmara de Direito
Comercial, j. 4-10-2018).
2 - DANOS MORAIS. RELAÇÃO DE CONSUMO. FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO BANCÁRIO EVIDENCIADA. VIOLAÇÃO
AO DEVER DE INFORMAÇÃO. ATO ILÍCITO CONFIGURADO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E DEVER DE INDENIZAR. ART. 14
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. RECURSO
PROVIDO.
[...]
3 - QUANTUM INDENIZATÓRIO. REPARAÇÃO FIXADA EM R$
10.000,00 (DEZ MIL REAIS). VERBA QUE ATENDE AOS PRINCÍPIOS
DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE, ALÉM DE
MANTER O CARÁTER PEDAGÓGICO E INIBIDOR ESSENCIAL À
REPRIMENDA E DE ESTAR EM CONSONÂNCIA COM OS
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 16

PARÂMETROS ADOTADOS POR ESTA CORTE. RECURSO PROVIDO


NO PONTO.
[...]
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.5

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
c) A Terceiro Câmara de Direito Comercial assim decidiu:

NULIDADE DE CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO, RESTITUIÇÃO


DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
IMPROCEDÊNCIA NA ORIGEM.
APELO DA AUTORA.
DESCONTOS, EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, CONCERNENTES À
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) PARA PAGAMENTO
MÍNIMO DE FATURA DE CARTÃO DE CRÉDITO NÃO
CONTRATADO, TAMPOUCO UTILIZADO. PRÁTICA ABUSIVA.
VIOLAÇÃO DAS NORMAS PROTETIVAS DO CONSUMIDOR.
NULIDADE DA CONTRATAÇÃO. REFORMA DA SENTENÇA.
Nos termos do CDC, aplicável ao caso por força da Súmula n.
297 do STJ, é direito básico do consumidor a informação
adequada e clara sobre os produtos e serviços que adquire
(art. 6º, inciso III).
À vista disso, a nulidade da contratação se justifica quando
não comprovado que o consumidor - hipossuficiente
técnicamente perante as instituições financeiras - recebeu
efetivamente os esclarecimentos e informações acerca do
pacto, especialmente que contratava um cartão de crédito,
cujo pagamento seria descontado em seu benefício mediante
a reserva de margem consignável, com encargos financeiros
de outra linha de crédito, que não a de simples empréstimo
pessoal, com taxas sabidamente mais onerosas.
Vale dizer, ao violar o dever de informação e fornecer ao
consumidor modalidade contratual diversa e mais onerosa do
que a pretendida, o banco demando invalidou o negócio
jurídico entabulado, na medida em que maculou a
manifestação de vontade do contratante.
IMPERIOSO RETORNO DAS PARTES AO STATUS QUO ANTE.
CONSEQUÊNCIA LÓGICA DA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA
CONTRATAÇÃO.
Não obstante a constatação de que o consumidor jamais
optou por efetuar empréstimo consignado pela via de cartão
de crédito, o reconhecimento da nulidade de tal pacto
importa, como consequência lógica, o retorno das partes ao
status quo ante, ou seja, o consumidor deve devolver
montante que recebeu (apesar de não haver contratado),
sob pena de enriquecer-se ilicitamente, ao passo que ao
banco cumpre ressarcir os descontos indevidamente
realizados no benefício previdenciário do contratante.
5 TJSC, Apelação Cível n. 0300528-06.2018.8.24.0092, da Capital, rel. Desembargador Dinart

Francisco Machado, Segunda Câmara de Direito Comercial, j. em 29/10/2018. (g.n.).


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 17

INOBSERVÂNCIA DOS DITAMES PREVISTOS NO CDC. PRÁTICA


ABUSIVA. ATO ILÍCITO EVIDENCIADO. ABALO MORAL
PRESUMIDO NA HIPÓTESE. PRECEDENTES DESTA CORTE.
Reconhecida a prática abusiva perpetrada pela instituição

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
financeira, o nexo e a lesão, dispensa-se a produção de prova
do abalo moral sofrido.
QUANTUM. OBSERVÂNCIA DAS FUNÇÕES DA PAGA
PECUNIÁRIA.
O quantum indenizatório deve ser fixado levando-se em conta
os critérios da razoabilidade, bom senso e proporcionalidade,
a fim de atender seu caráter punitivo e proporcionar a
satisfação correspondente ao prejuízo experimentado pela
vítima sem, no entanto, causar-lhe enriquecimento, nem
estimular o causador do dano a continuar a praticá-lo.
APELO CONHECIDO E PROVIDO.6

d) A Quarta Câmara de Direito Comercial assim decidiu:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES C/C


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. TOGADO DE ORIGEM QUE
JULGA IMPROCEDENTES OS PEDIDOS DEDUZIDOS NA EXORDIAL.
IRRESIGNAÇÃO DO AUTOR.
[...]
ALMEJADA REFORMA DA SENTENÇA. ACOLHIMENTO.
CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE MARGEM
CONSIGNÁVEL (RMC). DESCONTOS REALIZADOS DIRETAMENTE
NOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS DO REQUERENTE, PESSOA
HIPOSSUFICIENTE E COM PARCOS RECURSOS. CONTEXTO
PROBATÓRIO QUE INDICA QUE O AUTOR PRETENDIA
FORMALIZAR APENAS AVENÇA DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
INEXISTÊNCIA DE ADEQUADA DECLARAÇÃO DE VONTADE
QUANTO À CELEBRAÇÃO DE AJUSTE DE CARTÃO DE CRÉDITO.
AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO À UTILIZAÇÃO DO CARTÃO DE
CRÉDITO E TAMPOUCO DO SEU ENVIO PARA O ENDEREÇO DO
CONSUMIDOR. PRÁTICA ABUSIVA CONFIGURADA. INTELIGÊNCIA
DO ART. 39, INCISOS I, III E IV DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. PRECEDENTES DESTE AREÓPAGO.
IMPERATIVA DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO
DECORRENTE DO "TERMO DE ADESÃO CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO BANCO BMG E AUTORIZAÇÃO PARA DESCONTO
EM FOLHA DE PAGAMENTO". IMPERATIVA CONVERSÃO DO
AJUSTE PARA A MODALIDADE DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO,
COM AS ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS. COGENTE RECÁLCULO
COM COMPENSAÇÃO DOS VALORES JÁ ADIMPLIDOS PELO
CONSUMIDOR, ADITADOS DE CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE A
DATA DE CADA DESEMBOLSO INDEVIDO E JUROS DE MORA,
ESTES A CONTAR DA CITAÇÃO, POR FORÇA DO ART. 397,

6 TJSC, Apelação Cível n. 0301342-08.2017.8.24.0042, de Maravilha, rel. Desembargador Gilberto

Gomes de Oliveira, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. em 08/11/2018. (g.n.).


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 18

PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL E 219, CAPUT, DO


CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. REPETIÇÃO SIMPLES DO INDÉBITO
EM CASO DE CONSTATAÇÃO DE SALDO CREDOR EM FAVOR
DO CONSUMIDOR.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
DANO MORAL. CABAL MATERIALIZAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO
DEVER DE INFORMAÇÃO E INOBSERVÂNCIA À BOA-FÉ
CONTRATUAL. AFERIÇÃO DO ABALO ANÍMICO EXPERIMENTADO
PELO AUTOR PELA ANÁLISE CONJUNTA DOS SEGUINTES
ASPECTOS: (A) EMPRÉSTIMO BANCÁRIO REALIZADO EM
MODALIDADE DIVERSA DAQUELA ALMEJADA PELO AUTOR,
OCASIONANDO DESVANTAGEM EXAGERADA E
CONSEQUÊNCIAS FINANCEIRAS INESPERADAS; (B) DESCONTOS
INDEVIDOS SOBRE VERBA DE CARÁTER ALIMENTAR E
DIMINUIÇÃO DA MARGEM DE CRÉDITO CONSIGNADO
DISPONÍVEL AO REQUERENTE; (C) CONTEÚDO DA AVENÇA QUE
NÃO PERMITIU O CONTROLE PRÉVIO DA COMPOSIÇÃO DO
SALDO DEVEDOR, BEM COMO A COMPREENSÃO DA
EVOLUÇÃO DA DÍVIDA; E (D) IMPOSIÇÃO DA QUITAÇÃO POR
MEIO DE PARCELA MÍNIMA DO CARTÃO DE CRÉDITO,
REDUNDANDO NA OBRIGATORIEDADE DE CONTRATAÇÃO DE
CRÉDITO ROTATIVO QUANTO A PARCELA REMANESCENTE, COM
CONSEQUÊNCIAS FINANCEIRAS DÍSPARES E MAIS GRAVOSAS EM
RELAÇÃO ÀQUELA QUE INICIALMENTE INTENCIONAVA O
DEMANDANTE. CONTEXTO FÁTICO QUE AUTORIZA A
CONDENAÇÃO DA REQUERIDA AO PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
VALOR INDENIZATÓRIO. QUANTUM ARBITRADO DE ACORDO
COM AS PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. JUROS DE
MORA. INCIDÊNCIA A PARTIR DA CITAÇÃO, POR SE TRATAR DE
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. CORREÇÃO MONETÁRIA A
CONTAR DO PRESENTE JULGAMENTO (SÚMULA N. 362 DO STJ).
[...]
RECURSO PARCIALMENTE ALBERGADO.7

e) A Quinta Câmara de Direito Comercial assim decidiu:

APELAÇÃO CÍVEL. RESTITUIÇÃO DE VALORES E REPARAÇÃO


POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. AUTORA
QUE PRETENDIA OBTER EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. EFETIVAÇÃO
DE CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM RESERVA DE
MARGEM CONSIGNÁVEL - RMC. DESCONTOS NO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DESTINADOS AO PAGAMENTO MÍNIMO
INDICADO NA FATURA DO CARTÃO. TAXA DE JUROS
INCOMPATÍVEIS COM A ESPÉCIE CONSIGNADA. PRÁTICA
ABUSIVA. ADEQUAÇÃO DA MODALIDADE CONTRATUAL QUE SE
IMPÕE. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. DANO MORAL PRESUMIDO.
DEVER DE INDENIZAR. REPETIÇÃO DO INDÉBITO NA FORMA

7 TJSC,Apelação Cível n. 0302624-20.2017.8.24.0030, de Imbituba, rel. Desembargador José


Carlos Carstens Köhler, Quarta Câmara de Direito Comercial, j. 25/09/2018. (g.n.).
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 19

SIMPLES. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE


PROVIDO.8

9. Ademais, vale transcrever o excerto da Apelação Cível n.


Apelação Cível n. 0300535-38.2016.8.24.0166 do Tribunal Catarinense:

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
A entrega do cartão de crédito à autora retrata a prática de
venda casada, imposta pelo contrato de adesão, o que é
vedada pelo CDC.
Isso porque a intenção do contrato seria de empréstimo, o
qual só foi dado por intermédio de cartão de crédito.
[...]
Não bastasse esta ilegalidade, o autor em momento algum
utilizou o cartão de crédito, que sequer foi comprovada sua
entrega, o que corrobora a ausência de interesse na
pactuação deste serviço.
Logo, reconhece-se a ilegalidade da contratação do cartão
de crédito e, por consequência a inexistência de relação
jurídica referente ao cartão e a liberação da margem
consignável junto à Previdência.
[...]
Para que não paire dúvida, a previsão contratual existente
acerca do cartão de crédito não é válida, porque configurou
venda casada. Tanto não houve interesse neste serviço que
ele sequer foi utilizado, conforme demonstra as faturas
acostadas pelo próprio banco requerido às fls. 147/155.
Assim sendo, dá-se provimento ao recurso para cancelar o
cartão de crédito, bem como liberar a reserva de margem
consignável junto à previdência do autor e declarar inexistente
a relação jurídica relativa apenas ao cartão de crédito. (g.n.).

10. Veja-se que não só a falha na informação que levou o


Apelante a acreditar estar contratando um empréstimo consignado
"normal", mas a própria forma como a Apelada realizou o empréstimo,
pois se deu de forma idêntica aos empréstimos sempre realizados até
então: com disponibilização imediata da quantia e descontos
debitados diretamente em seu benefício previdenciário.

11. A bem da verdade, a Apelada promoveu uma manobra


ilícita e de má-fé, a partir da qual induziu o Apelante a acreditar que
estaria contratando um “empréstimo consignado”.

8 TJSC, Apelação Cível n. 0307274-43.2017.8.24.0020, de Meleiro, rel. Desembargador Cláudio

Barreto Dutra, Quinta Câmara de Direito Comercial, j. em 08/11/2018. (g.n.)..


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 20

12. Assim agindo, para reforçar o engano, como


demonstrado pela própria Apelada, foi realizada uma TED diretamente
na conta corrente do Apelante – antes mesmo do envio/chegada de

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
qualquer cartão –, o que faz parecer ainda mais com o empréstimo
consignado, enganando o consumidor que não imagina tratar-se de um
saque do limite do cartão de crédito que sequer havia chego e, muito
menos, desbloqueado/utilizado.

13. Visando finalizar a tramoia com chave de ouro, a


Apelada informa aos consumidores que o “empréstimo” concedido será
quitado através dos descontos que serão realizados mês a mês no
benefício previdenciário – tal-qualmente ocorre no empréstimo
consignado convencional. Todavia, a bem da verdade, como admitido
pela própria Apelada, tais descontos servem apenas para quitar o valor
mínimo da fatura!

14. Pontue-se que o contrato celebrado não foi sequer


entregue ao Apelante e, ainda que tivesse sido, inexiste a clareza
necessária para a inteira compreensão de que não se tratava de
empréstimo consignado próprio, mas de um empréstimo na
modalidade de cartão de crédito consignado.

15. Notadamente, se o Apelante tivesse absoluta


compreensão sobre o negócio jurídico que estava celebrando, não o
firmaria, pois perceberia que geraria enormes prejuízos. Com efeito, o
Apelante não realizaria o negócio jurídico se, no ato de contratação,
tivesse conhecimento de que pagaria eternamente parcelas de um
crédito sem que houvesse o correlato abatimento!

16. O Código Civil, em seu art. 138, permite a anulação de


negócio jurídico quando decorrente de erro substancial concernente
ao objeto principal da declaração, sendo que o CDC permite que, se
houver evidente desequilíbrio e excessiva vantagem para o fornecedor
também, deve haver a rescisão.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 21

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
17. Portanto, diante da existência de venda casada do
produto cartão de crédito, caracterizou-se como ilegal a reserva, uma
vez que o interesse do Apelante era contratar a obtenção de
empréstimo bancário, nunca o fornecimento de cartão de crédito, tanto
é assim que a Apelada sequer prova que ele foi efetivamente utilizado.

18. É notório que os contratos de adesão são aqueles em


que o consumidor não tem a oportunidade de discutir suas cláusulas,
aderindo as suas condições de forma arbitrária e previamente
estabelecidas, não restando oportunidade de debater ou modificar o
conteúdo imposto pelo banco.

19. Em consequência da existência de uma desigualdade


de poderes entre as partes, muitas vezes ocorre um desequilíbrio
significativo entre seus direitos e obrigações. São as chamadas cláusulas
abusivas que descrevem comportamentos contrários aos princípios
contratuais.

20. Desta forma, por todo transtorno suportado pelo


Apelante, deve ele ser indenizado a título de danos morais. Trata-se de
dano moral in re ipsa – conforme se verá nos parágrafos subsequentes –,
que dispensa a comprovação da extensão dos danos, sendo estes
evidenciados pelas circunstâncias do fato.

III.III – Da ausência de cláusula autorizativa para a reserva de margem


consignável

1. Em que pese a Apelada tenha trazido à baila a


documentação de fls. 78-79, percebe-se que em momento algum
restou autorizada a reserva de margem consignável reclamada na
proemial e demonstrada no documento de fls. 35-36.

2. A Instrução Normativa INSS/PRES n. 28, de 16 de maio de


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 22

2008, dispõe assim sobre a denominada ‘Reserva de Margem


Consignável (RMC)’:

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
Art. 2º. Para os fins desta Instrução Normativa, considera-se:
[...]
XIII - Reserva de Margem Consignável - RMC: o limite reservado
no valor da renda mensal do benefício para uso exclusivo do
cartão de crédito.

3. E ainda:

Art. 15. Os titulares dos benefícios previdenciários de


aposentadoria e pensão por morte, pagos pela Previdência
Social, poderão constituir RMC para utilização de cartão de
crédito, de acordo com os seguintes critérios, observado no
que couber o disposto no art. 58 desta Instrução Normativa:
I - a constituição de RMC somente poderá ocorrer após a
solicitação formal firmada pelo titular do benefício, por escrito
ou por meio eletrônico, sendo vedada à instituição financeira:
emitir cartão de crédito adicional ou derivado; e cobrar taxa
de manutenção ou anuidade;
II - a instituição financeira poderá cobrar até R$ 15,00 (quinze
reais) de taxa pela emissão do cartão que, a critério do
beneficiário, poderá ser parcelada em até três vezes. (g.n.).

4. Ademais, o art. 6º, caput, da Lei n. 10.820/2003 traz a


seguinte previsão:

Art. 6º Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão


do Regime Geral de Previdência Social poderão autorizar o
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS a proceder aos
descontos referidos no art. 1º e autorizar, de forma irrevogável
e irretratável, que a instituição financeira na qual recebam
seus benefícios retenha, para fins de amortização, valores
referentes ao pagamento mensal de empréstimos,
financiamentos, cartões de crédito e operações de
arrendamento mercantil por ela concedidos, quando previstos
em contrato, nas condições estabelecidas em regulamento,
observadas as normas editadas pelo INSS.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 23

5. Cabia à Apelada, dessa maneira e com base na


inversão do ônus da prova em favor do consumidor (art. 6º, inciso VIII,
do CDC), produzir a prova da existência de prévia solicitação formal

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
firmada pelo Apelante – titular do benefício previdenciário –, prova essa
não produzida por ela.

6. Dessarte, não remanescem dúvidas de que o instrumento


contratual não ostenta autorização bastante para a conduta tomada
pela Apelada, notadamente a inserção da reserva in quaestio no
benefício do Apelante.

7. De qualquer maneira, ainda que o proceder estivesse


contratado, tratar-se-ia de prática ilícita, na medida em que autorizaria
a Apelada a reservar margem consignável em face de operação
financeira que sequer se sabia se viria a ser efetivamente auferida pelo
consumidor.

8. Assim, ante a ausência de comprovação da efetiva


intenção do Apelante em aderir ao cartão de crédito, deve a Apelada
ser condenada a proceder com o levantamento da retenção de
margem consignável, bem como a arcar com o pagamento de
indenização por danos morais.

III.IV – Do termo de adesão juntado pela Apelada. Cobrança de juros


acima da limitação legal. Demonstração de má-fé. Prática abusiva
consistente na exigência de vantagem manifestamente excessiva

1. Antes de mais nada, a própria Apelada confirma que ao


firmar o contrato de empréstimo consignado, automaticamente o
Apelante autoriza o envio do cartão de crédito, ou seja, há na espécie,
uma venda casada, o que é ilegal.

2. Veja Excelência que, pelo contrato anexado aos autos,


pode-se dizer que nem há especificação quanto ao valor total do
empréstimo – com e sem juros –, valor real das parcelas, número de
prestações, datas do pagamento, tempo de contratação e a forma de
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 24

amortização, violando, assim, o disposto no art. 21 da Instrução


Normativa INSS/PRES n. 28/2008, in verbis:

Art. 21. A instituição financeira, ao realizar as operações de


consignação/retenção/constituição de RMC dos titulares de

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
benefícios deverá, sem prejuízo de outras informações legais
exigidas (art. 52 do Código de Defesa do Consumidor - CDC),
observar a regulamentação expedida pelo Conselho
Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil, em
especial as disposições constantes da Resolução nº 2.878, de
26 de julho de 2001, e alterações posteriores, bem como dar
ciência prévia ao beneficiário, no mínimo, das seguintes
informações:
I - valor total com e sem juros;
II - taxa efetiva mensal e anual de juros;
III - todos os acréscimos remuneratórios, moratórios e tributários
que eventualmente incidam sobre o valor do crédito
contratado;
IV - valor, número e periodicidade das prestações;
V - soma total a pagar com o empréstimo pessoal ou cartão
de crédito; e
VI - data do início e fim do desconto.
VII - valor da comissão paga aos terceirizados contratados
pelas instituições financeiras para a operacionalização da
venda do crédito, quando não for efetuado por sua própria
rede.
VIII - o CNPJ da agência bancária que realizou a
contratação quando realizado na própria rede, ou, o CNPJ do
correspondente bancário e o CPF do agente subcontratado
pelo anterior, acrescido de endereço e telefone. (g.n.).

3. Além da violação supra destacada, consoante


reiteradamente afirmado na peça de ingresso – corroborada pela
documentação anexa, bem como na manifestação à contestação e,
inclusive, tornado incontroverso pela própria Apelada pela
documentação carreada, resta ESTAMPADO NOS AUTOS A PRÁTICA
ABUSIVA PREVISTA NO ART. 39, INCISO V, DO CDC!

4. Por mais absurdo que isso pareça, a questão é facilmente


constatável por todo o enredo demonstrado na presente demanda: o
Apelante foi enganado pela ânsia da Apelada em obter lucros
exorbitantes custe o que custar.

5. A expressão custe o que custar aplica-se sem sombra de


dúvidas neste caso! Isso porque, na reta dicção do mencionado na
manifestação à contestação (fls. 212-250), percebe-se que a Apelada
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 25

SEQUER RESPEITA A TAXA DE JUROS MÁXIMA prevista na Portaria n.


1.016/2015 do INSS!

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
6. O teor do art. 1º, inciso II, da referida Portaria é
CATEGÓRICO, verbis:

Art. 1º - Ficam estabelecidos os novos limites de taxas de juros


a serem aplicados nas nas operações de crédito consignado,
respectivamente, observando os seguintes critérios:
[...]
II - a taxa de juros não poderá ser superior a 3,36% (três inteiros
e trinta e seis centésimos por cento) ao mês, de forma que
expresse o custo efetivo para as operações de cartão de
crédito.

7. Entrementes, vislumbra-se que a má-fé da Apelada foi


tamanha que, inclusive, visando ludibriar o Apelante, fez constar do
contrato de adesão, que nada cobraria a título de juros remuneratórios.
Todavia, consoante se vê das faturas anexadas, a Apelada efetua a
cobrança mensal de juros variáveis de 3,69% a 4,10% inclusive uma
taxa referente a TARIFA EMISSAO CARTAO!

8. Emérito julgador! São diversos os vícios, irregularidades e


ilegalidades apontadas, não se mostrando crível que o veículo
introdutor de uma norma específica – a Portaria suso mencionada – seja
relativizada e deixada, verdadeiramente, de lado!!!

9. Como pode se aferir, a contratação do empréstimo


consignado na modalidade cartão de crédito somente traz vantagem
à Apelada, visto que a taxa de juros é significativamente maior do que
as outras modalidades!

10. No ponto, é importante consignar que tal asserção


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 26

confirma a tese perfilhada na exordial, qual seja, de que o Apelante


não tinha ciência de que estava fazendo o empréstimo na modalidade
de cartão de crédito, eis que, por motivos óbvios, se a Apelada tivesse
lhe dado a opção, escolheria a modalidade que lhe seria menos

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
onerosa, até mesmo porque nem faz uso do cartão de crédito.

11. Só por este motivo, pode se afirmar que a Apelada agira


de má-fé, ludibriando o Apelante para aumentar os seus lucros.

12. Todavia, consoante exaustivamente demonstrado nos


autos os descontos promovidos não detém o condão de abater o saldo
devedor! Um verdadeiro absurdo o que está ocorrendo no caso em
tela!

13. Trocando em miúdos, a partir do contrato de adesão foi


possível verificar as seguintes ilegalidades: a. Que a Apelada não
informara ao Apelante de que a modalidade de empréstimo
consignado era a de cartão de crédito, não lhe dando opção de
escolha para poder optar por uma operação de crédito com juros
menores; b. Que o empréstimo do cartão de crédito somente trouxera
vantagens à Apelada em razão da taxa de juros ser excessivamente
maior; c. Que a Apelada, abusando da boa-fé objetiva do Apelante,
deixou de constar propositalmente a taxa de juros no contrato – dando
a entender que nada cobraria –, mas está cobrando juros mensais
superiores ao limite legal para esta modalidade de empréstimo que é
de 3,36%; d. Que o Apelante fora induzido a erro ao assinar o termo de
adesão do cartão do crédito, já que pensava que firmava contrato de
empréstimo consignado convencional, o que configura uma venda
casada; e e. Que a Apelada descumpriu as exigências previstas na Instrução
Normativa INSS/PRES n. 28/2008.

– Ausência de utilização e desbloqueio de cartão

1. O Apelante NUNCA utilizou e NEM MESMO DESBLOQUEOU


cartão algum, o que, de per si, já afasta a legalidade de cobranças de
encargos do cartão.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 27

2. A bem da verdade, a tese do empréstimo consignado na


modalidade de cartão de crédito chega a ser inconciliável com o
argumento da Apelada de que teria realizado o pagamento dos

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
valores ao Apelante mediante transferência, visto que tal
argumentação somente prova mais uma vez a má-fé da instituição
financeira ao fazer o empréstimo consignado na modalidade do cartão
de crédito, gerando despesas extras ao Apelante sem que ele esteja
utilizando o cartão de crédito.

3. Para provar o alegado, a Apelada não traz nenhuma


prova efetiva de uso do cartão. Excelência, pela lógica, seria justo o
pagamento mínimo do cartão de crédito se o Apelante utilizasse o
cartão de crédito, contudo, como exposto, o Apelante não faz uso do
cartão e mesmo assim a Apelada tem descontado mensalmente em
sua folha de pagamento o valor mínimo da fatura, conforme confessado
por ela mesmo.

4. Neste contexto, apesar das considerações da Apelada


acerca da contratação de cartão de crédito consignado em folha de
pagamento pelo Apelante, como explicitado alhures, nenhuma prova
foi produzida acerca dos gastos e da real utilização deste serviço,
sendo este seu ônus, a teor do disposto no art. 373, inciso II, do Código
de Processo Civil, valendo ponderar, ademais, que em casos deste jaez
é da Apelada o ônus de provar a licitude da cobrança, haja vista ser
impossível imputar ao Apelante a comprovação de fato negativo,
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 28

noutras palavras, a demonstração de que não contratou ou não


autorizou o desconto.

5. Neste sentido, a Apelada SEQUER comprovou o envio, o

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
uso ou o desbloqueio do cartão e nem conseguiria, até mesmo porque
tais fatos nunca aconteceram!

6. No ponto, o saque do cartão não fora realizado pelo


Apelante, mas sim pela própria Apelada, que unilateralmente e sem
prévio consentimento emitiu um cartão de crédito, realizou um saque e
efetuou a transferência do numerário para o Apelante! Ora, somente por
este fato já se vislumbra que a Apelada agiu com extrema má-fé,
visando induzir o Apelante a erro, fazendo-o crer que contratou um
empréstimo consignado normal, no qual é de praxe a realização de
transferência dos valores à conta indicada pela contratante.

7. E o pior de tudo, da forma como fora arquitetada pela


Apelada, esta modalidade de empréstimo jamais será quitada, visto
que todos os meses é descontado o valor mínimo da fatura de cartão
de crédito, que mal dá para pagar os encargos mensais!

8. Destarte, pode se concluir que: a. o banco está se


locupletando ilicitamente às custas do Apelante ao fazer descontos na
folha de pagamento do valor mínimo da fatura mensal, sem que haja a
utilização do cartão de crédito; b. esta modalidade de empréstimo
jamais será quitada, tendo em vista que todos os meses é descontado o
valor mínimo da fatura de cartão de crédito, que mal dá para pagar os
encargos mensais.

III.V – Não abatimento da suposta dívida. Ausência de prova que


demonstre a realização de saque pelo Apelante

1. Em momento algum há a comprovação de que o


Apelante efetuou o aludido “saque autorizado” que a Apelada relata
em sua defesa, não havendo, inclusive, nenhuma prova no sentido de
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 29

que o Apelante anuiu com qualquer saque no valor apontado pela


Apelada.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
2. Logo, verifica-se que a sistemática se deu de forma
idêntica ao contrato de empréstimo que o Apelante objetivou obter –
notadamente um empréstimo consignado "normal" –, sistemática esta
que, aliada à má-fé contratual da Apelada, acabou induzindo o
Apelante a acreditar que os descontos realizados em sua conta
estavam efetivamente quitando a dívida, conforme empréstimos
realizados anteriormente.

3. Deve-se concluir que o Apelante não contratou de modo


consciente o cartão de crédito, pois, além de não ter efetivado o seu
desbloqueio, nunca realizou qualquer operação diretamente com ele.

4. Ademais, insta salientar a vantagem do negócio jurídico


em favor da Apelada, já que os descontos mínimos efetuados através
de folha de pagamento sequer se prestam a amortizar o capital,
gerando onerosidade excessiva ao consumidor.

III.VI – Dano Moral. Responsabilidade objetiva da instituição financeira.


Dano in re ipsa

1. Com efeito, o Apelante, pessoa idosa, teve seus parcos


rendimentos do benefício previdenciário reduzidos, em razão de
contrato que não foi intencionalmente firmado com a Apelada.

2. Os danos morais estão devidamente demonstrados,


tendo em vista que a Apelada debita mensalmente parcela de natureza
salarial do Apelante por um serviço nunca utilizado ou contratado (haja
vista que houve total falha no dever de informação), além de
prender/imobilizar a sua margem consignável, colocando-o numa
situação de extrema desvantagem econômica, mostrando toda a sua
desídia e má-fé perante o consumidor, configurando danos que
superam a esfera dos meros dissabores e vem a ocasionar transtornos
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 30

de ordem moral.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
Está mais do que evidente que a Apelada atuou com abuso de
direito, uma vez que as prerrogativas e direitos do consumidor
foram completamente desrespeitados, seja pela ausência de
informação, seja pela violação ao princípio da boa-fé objetiva
ou seja por induzir o consumidor em erro.

3. A Apelada induziu a parte consumidora a erro, em


flagrante ilegalidade e má-fé, tendo em vista que o Apelante imaginou
ter contratado um empréstimo e assinou os documentos a ele
apresentados, tudo isso na confiança das informações que lhe foram
repassadas, não lhe passando pela cabeça que estaria contraindo tal
modalidade de empréstimo.

5. É evidente que houve um desvio de finalidade, de modo


que restaram transgredidos os princípios da boa-fé objetiva e da
transparência, visto que a Apelada vendeu um produto em que o
Apelante está habituado a pactuar e, se aproveitando da confiança
nela depositada, entregou produto diverso, somente visando lucros
exorbitantes.

6. In casu, deve-se levar em consideração o fato de que a


discussão envolve danos morais puros e, portanto, danos que se
esgotam na própria lesão à personalidade, na medida em que estão
ínsitos nela. Por isso, a prova destes danos fica adstrita à existência do
ato ilícito, devido à impossibilidade e à dificuldade de realizar-se a
prova dos danos incorpóreos.

7. A propósito, colhe-se do Código de Defesa do


Consumidor:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 31

prestação dos serviços, bem como por informações


insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

8. Diante da falha na prestação do serviço da Apelada, o


dano moral é clarividente, até mesmo em face da postura

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
desrespeitosa e abusiva da empresa, da sensação de vergonha,
impotência e revolta infligida ao cliente que, sem opção para solução
do problema, é levado a buscar patrono e ingressar com demanda
judicial a fim de ver atendido seu pleito.

9. Não fosse o bastante, tem-se que o dano moral


decorrente da realização de reserva indevida no benefício
previdenciário do Apelante, aliada à promoção de descontos mensais,
sem embasamento fático e legal, constitui dano moral in re ipsa,
independendo da prova de sua efetiva ocorrência.

10. Nesse trilhar, apanha-se da jurisprudência catarinense


noveis posicionamentos datados, respectivamente, de 30/11/2017 e
26/10/2017:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES C/C


DANOS MORAIS. CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO.
DESCONTO DE RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL NO
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA AUTORA. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES.
RECURSO DA AUTORA.
DANOS MORAIS. PRETENSA CONDENAÇÃO DO BANCO.
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC) DESCONTADA DO
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DA AUTORA, PESSOA
HIPOSSUFICIENTE E DE PARCOS RECURSOS. FORNECIMENTO DE
CARTÃO DE CRÉDITO. UTILIZAÇÃO DO CARTÃO OU O ENVIO DAS
FATURAS PARA O ENDEREÇO DA AUTORA NÃO DEMONSTRADOS.
PRÁTICA ABUSIVA. AFRONTA AO ARTIGO 39, DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. VIOLAÇÃO, ADEMAIS, DO DIREITO DE
INFORMAÇÃO. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. EXEGESE DO ART. 14 DO
CDC. DANO PRESUMIDO. COMPROVAÇÃO DO EFETIVO
PREJUÍZO DESNECESSÁRIA. DEVER DE INDENIZAR
CARACTERIZADO. SENTENÇA REFORMADA NESSE ASPECTO.
[...]
MÉRITO. ALEGADA LEGITIMIDADE DA CONTRATAÇÃO DO
CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. AUTORA QUE AFIRMA
NÃO TER SOLICITADO, TAMPOUCO UTILIZADO O CARTÃO QUE
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 32

DEU ORIGEM AOS DESCONTOS. ÔNUS DE COMPROVAR A


EXISTÊNCIA DA CONTRATAÇÃO E UTILIZAÇÃO DO CARTÃO DE
CRÉDITO QUE PERTENCE AO BANCO, DIANTE DA
IMPOSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA NEGATIVA PELA
AUTORA. ENVIO DAS FATURAS PARA O ENDEREÇO DA APELADA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
NÃO DEMONSTRADO. INVALIDADE DO NEGÓCIO E
ILEGITIMIDADE DOS DESCONTOS MANTIDA. [...]9

11. E ainda:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES


CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CÉDULA
DE CRÉDITO BANCÁRIO - SAQUE MEDIANTE AUTORIZAÇÃO DO
CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO E TERMO DE ADESÃO
CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO COM AUTORIZAÇÃO PARA
DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO. RESERVA DE MARGEM
DE CARTÃO DE CRÉDITO (RMC) DESCONTADO DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DA AUTORA. CARTÃO DE CRÉDITO NUNCA
UTILIZADO PELA APELANTE. TAXA DE JUROS ACIMA DAQUELA
PRATICADA NO MERCADO PARA CRÉDITO CONSIGNADO PARA
APOSENTADOS E PENSIONISTAS DO INSS INFORMADA PELO
BANCO CENTRAL. PRÁTICA ABUSIVA. ARTIGO 39 DO CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NULIDADE RECONHECIDA.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO NA FORMA SIMPLES.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
DEVER DE INDENIZAR BEM EVIDENCIADO. DANO MORAL
PRESUMIDO. RECURSO PROVIDO.10

12. Por fim, extrai-se do Tribunal Barriga-Verde:


AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
[...]
DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO E
DÉBITO. CONTRAÇÃO DE MÚTUO BANCÁRIO. VENDA CASADA
DE CARTÃO DE CRÉDITO. AFRONTA AO ARTIGO 39, INCISO I, DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. EXIGÊNCIA DE VALORES
POR SERVIÇO NÃO CONTRATO E NÃO UTILIZADO, SEQUER
DEMONSTRADA A ENTREGA DO CARTÃO DE CRÉDITO AO
CONSUMIDOR. ATO ILÍCITO EVIDENCIADO. DECLARAÇÃO DE
INEXISTÊNCIA DA DÍVIDA QUE SE IMPÕE.
A exegese do artigo 39, inciso I do Código de Defesa do
Consumidor, é vedado ao Banco, quando pactuação de
contrato de mútuo bancário, impor ao consumidor a aquisição
do serviço de cartão de crédito, porquanto configura venda
casada. Logo, a dívida gerada por este serviço, que sequer
foi utilizado pelo consumidor, tampouco provada a entrega
do cartão de crédito, não é devida e configura a prática de
9 TJSC,
Apelação Cível n. 0300290-14.2017.8.24.0256, rel. Desembargadora Soraya Nunes Lins,
Quinta Câmara de Direito Comercial, j. em 30/11/2017. (g.n.).
10 TJSC,
Apelação Cível n. 0304022-72.2017.8.24.0039, rel. Desembargador Jânio Machado,
Quinta Câmara de Direito Comercial, j. em 26/10/2017. (g.n.).

ato ilícito, devendo ser rechaçada do pacto.


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 33

DANOS MORAIS. RESTRIÇÃO DA MARGEM CONSIGNÁVEL DO


BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DO CONSUMIDOR COM BASE EM
SERVIÇO NÃO CONTRATADO. ATO ILÍCITO CONFIGURADO.
ABALO MORAL EXISTENTE. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
"A reserva de margem de crédito consignável do benefício
previdenciário do consumidor, como forma de garantir a

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
contratação futura de empréstimo financeiro, ofende a boa-fé
das relações contratuais, como a privacidade do consumidor,
respaldando, portanto, a indenização por danos morais". [...]11

13. Do inteiro teor da Apelação Cível n. 2014.081314-9, colhe-


se:

Conforme bem pontuado no ato compositivo da lide, a


entrega do cartão de crédito à parte apelada, no presente
caso, retrata a prática de venda casada, imposta pelo
contrato de adesão, a qual é vedada pelo Código de Defesa
do Consumidor.
[...]
Não bastasse esta ilegalidade, também depreende-se dos
autos que a parte apelada, em momento algum, utilizou o
cartão de crédito, que sequer foi comprovada sua entrega, o
que corrobora a ausência de interesse na pactuação deste
serviço, ônus que incumbia ao apelante, já que se trata de
ação de declaração de inexistência de débito, devendo
inverter o ônus probatório.
Logo, a cobrança de valores por este serviço não contratado
caracteriza-se como ato ilícito e deve ser rechaçada.
[...]
No caso em apreço, houve restrição de margem consignável
do benefício previdenciário da apelada, o que, por si só já
constitui prática abusiva do banco/apelante, acarretando
inúmeros transtornos, advindos da utilização do cartão de
crédito sem que houvesse solicitação.
Assim, cristalina a ocorrência do abalo moral passível de
indenização.

14. Importante salientar, ademais, que toda a verba


descontada do Apelante constitui-se em verba alimentar, justo porque,
inafastável o dever de indenizar!
15. Ora, consoante exaustivamente discorrido, a Apelada
desenvolveu um esquema no qual enrique ilicitamente às custas do
Apelante, sendo possível verificar tal hipótese a partir da análise dos

dados constantes dos autos.


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 34

Não fosse o bastante, tem-se que que em razão da reserva da margem


consignável efetuada indevidamente pela Apelada, o Apelante está
impossibilitado de obter novos empréstimos em outras instituições

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
financeiras, ainda que oferecidos em condições mais favoráveis.

16.16. Destarte, quanto ao dano moral, uma condenação em


valor ínfimo, ante ao poder econômico da Apelada, além de pouco
afetá-la, descaracteriza, principalmente, o caráter punitivo e o efeito
pedagógico que também se reveste a indenização, prevenindo a
reincidência, sendo certo afirmar que a parca condenação
indenizatória só serve de estímulo a continuar praticando atos da forma
como perpetrou em desfavor do Apelante.

17.17. A ofensora, ora Apelada, é merecedora de uma


condenação, posto que o caso vertente demonstra a verdadeira
natureza do dano moral em patamares mais elevados, servindo para
que, repita-se, está suportando situação vexatória e humilhante pela
má prestação de serviço ofertado pela Apelada, que maliciosamente
induziu o Apelante a assinar um contrato de forma errônea.

18. A indenização por dano moral não deve ser simbólica,


mas efetiva, de modo que não venha tão somente compensar a dor
psicológica, como também representar, para quem paga, uma
reprovação pela conduta desabonadora praticada, prevenindo a sua
reincidência em face de tantos outros consumidores.

19. Dito isso, ratifica-se o pleito indenizatório formulado na


peça de ingresso, requer a MAJORAÇÃO da condenação a título de
DANO MORAL.

III.VII – Da restituição dos valores

1. Por corolário de todo o exposto, a repetição do indébito é


medida imperativa de justiça e encontra supedâneo no
fls. 35

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 36

ordenamento jurídico, bem como no cenário jurisprudencial.

Resta reluzente que não houve engano da Apelada ao proceder

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
débitos diretamente no benefício previdenciário do Apelante, aliás,
houve indubitavelmente a má-fé da Apelada, que, guinada pela sede
de dinheiro, não mediu esforços para ludibriar e lesar o Apelante.
2. Por tais razões, requer sejam devolvidos os valores
descontados indevidamente do benefício previdenciário do Apelante,
requerendo, ainda, que se aplique o art. 42 do CDC, para que seja a
restituição feita em dobro.

DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS;

Ante todo o exposto, conclui-se que, precipuamente, a lide versa


sobre vínculo consumerista dada as condições da parte recorrente e da
parte recorrida, o que invariavelmente atrai para si a guarida do CDC e,
por óbvio, todas as benesses decorrentes, especialmente a inversão do
ônus da prova, tal qual já embasado pela súmula 297 do STJ e seguida
pela jurisprudência do E. TJPR.
Firmada a égide do CDC para o deslinde do feito, cumpre-nos,
breve debruço no que tange ao nítido descumprimento do inc. III e IV
do art. 6º do CDC e a Instrução Normativa 28/2008, especialmente em
relação ao inc. III do art. 3º e §1º do art. 15 da mesma Instrução, vez que
a prática da parte recorrida, pautada pela obscuridade e omissão, fez
induzir o consumidor em erro, pois conforme demonstrado, o
empréstimo consignado pela modalidade de cartão de crédito lhe é
por demais oneroso (a), sendo benéfico apenas ao recorrido, pelo fato
da taxa de juros ser maior, conforme reiteradamente tem decidido a
Colenda Turma Recursal do Paraná.

Seguindo as arbitrariedades e ilegalidades perpetradas, temos o


NÃO ENVIO do cartão que jamais foi querido pela parte autora, e sem
uso , mas que ainda assim, paga pelo mesmo, por intermédio da RMC,
conforme se denota do extrato acostado. Tal conduta incide na
aplicação da súmula 532 do STJ e nos enunciados 1.8 e 2.10 da TRU/PR,
que, por si só, incorre no chamado dano moral presumido – “in re ipsa”.
Ainda, mesmo nos casos em que o cartão é usado, a responsabilidade
da instituição não pode ser afastada, por ausência de informação, já
que o (a) autor (a) no ato da contratação não fora informado que
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 37

haveria uma reserva na margem de crédito consignável.

Que a cobrança dos juros acima da limitação legal pela instituição


financeira é uma prova irrefutável de sua má-fé, máxime porque que tal
questão restara-se incontroversa nestes autos. Tal fato, por si só, já

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
justificara a procedência desta demanda, ante o inegável
locupletamento ilícito realizado pela instituição financeira.

A visto do exposto, inquestionável o dever de indenização por


danos morais e a restituição em dobro de tudo o que foi indevidamente
cobrado, nos exatos termos do §único do art. 42 do CDC, dada a
existência da quebra da boa-fé contratual, com a atuação obscura e
omissa do (a) réu (ré).

Ainda no que tange a fixação dos danos morais, este deve ser
fixado visando, especialmente, inibir novos ilícitos e punir os já
perpetrados, como é o caso, seja pelo NÃO ENVIO do cartão, seja pelos
descontos indevidos no benefício da parte recorrente, que serve como
sua fonte de sustento.

E por fim, quanto a juntada do termo de adesão e da cédula de


crédito bancário, sem delongas, deve ser analisado dentro do contexto,
e repito, o contexto aqui é a vontade do consumidor, que, jamais quis
fazer um empréstimo na modalidade de cartão de crédito, tanto é
assim, que sequer recebera o cartão de crédito, estando o mesmo
bloqueado, nada obstante, tem recebido as faturas mensalmente, o
que tem lhe gerado ingente transtornos, já que os valores referentes ao
empréstimos são descontados na folha de pagamento com o título de
RMC e também lhe fora encaminhadas as faturas mensalmente,
gerando ingente confusão a parte recorrente, em uma verdadeira
demonstração de falha na prestação de serviços, acarretadas pela
conduta ilícita praticadas pela instituição financeira.

VI – REQUERIMENTOS FINAIS

1. Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o


presente Recurso de Apelação, por estarem presentes todos os
requisitos de admissibilidade, para que, no mérito, seja reformada a
sentença para determinar:

A. É ilegal o contrato de empréstimo consignado quando não faz


referência a Reserva de Margem de Crédito (RMC), bem como ao
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 38

percentual. É ilegal a RMC, quando não há comprovação da


disponibilização de valores, bem como quando não há prova da
entrega do Cartão de Crédito.
B. É ilegal o desconto da RMC, quando não provado a contratação.
Aplicação da Súmula nº532 do STJ (envio de cartão de crédito não
solicitado) dá azo a condenação ao dano moral;

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
C. É ilegal a imobilização do crédito do (a) autor (a) em razão da RMC
por cartão de crédito não solicitado; É ilegal a cobrança de juros feitas
pela instituição financeira acima da limitação legal; especialmente sob
o viés de uniformização da jurisprudência, preconizado pelo CPC, nos
arts. 9267 e seguintes, para o fim de:

D) é ilegal a cobrança do RMC, sem abatimento no valor do débito,


(atual resolução do BAN
CO CENTRAL RESOLUÇÃO Nº 4.549, DE 26 DE JANEIRO DE 2017.)
AINDA:
a) Declarar a inexistência de contratação do empréstimo consignado
pela modalidade de cartão de crédito (RMC), vez que o (a) recorrente
jamais quis contratar esta modalidade de empréstimo, e por
consequência, requer que seja determinado a readequação para a
modalidade de empréstimo consignado, consoante fundamentação
supra;

b) Suspender os descontos referentes a RMC diretamente no benefício


da parte recorrente, com a expedição de ofício ao INSS;

c) Condenar o recorrido a restituição em dobro de tudo o que fora


indevidamente cobrado da parte recorrente a título de RMC, dentro do
limite do aludido contrato, cujo valor deverá ser apurado nos termos do
§3º, 4º e 5º do art. 524 do CPC (pelo período não prescrito de 10 (dez
anos) STJ) , supletivamente caso assim não entenda em 05 (cinco) anos
art. 27 CDC;

d) Requer a majoração do valor da condenação a título de danos


morais conforme exordial, ou outro valor que esta E. TURMA RECURSAL
entender conveniente, conforme fundamentação supra;

e) Condenar o (a) recorrido aos pagamentos das custas processuais e


honorários advocatícios fixados em percentual usual de 20% sobre o valor da
causa.

Requer ainda:

f) A aplicação do CDC no caso em tela, especialmente no concerne a


inversão do ônus da prova, por ser o (a) recorrente a parte
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337
fls. 39

hipossuficiente da relação processual;

g) Concessão das benesses da Justiça Gratuita, nos termos da


fundamentação supra do art. 98 do CPC, porque conforme o
comprovante do recebimento do benefício, a parte recorrente, ao
menos por ora, não possui quaisquer condições de arcar com o

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.
pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios sem
que haja prejuízo a si próprio e o de sua família, máxime, porque deve
haver a presunção legal da hipossuficiência da pessoa natural;

Termos em que,
Pede deferimento.

Mafra (SC), 26 de setembro de 2019.

REGINALDO CASELATO
OABs46563/PR 308861/SP 44291/SC

(GAC)
fls. 40

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por REGINALDO CASELATO e Tribunal de Justica do Estado de Santa Catarina, protocolado em 26/09/2019 às 11:00 , sob o número WMFA19100185337 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0300125-93.2018.8.24.0041 e código 1809C1C1.

Você também pode gostar