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Nº 1.0000.23.

073001-2/000

EMENTA: RECLAMAÇÃO. ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL.


ALEGAÇÃO DE INOBSERVÂNCIA À TESE FIXADA NO IRDR Nº
1.0000.16.049047-0/001. PENDÊNCIA DE RECURSOS
EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL INTERPOSTOS CONTRA O
PRECEDENTE. EFEITO SUSPENSIVO AUTOMÁTICO. ART. 987, § 1º,
DO CPC. AUSÊNCIA DE EFICÁCIA VINCULANTE DO PARADIGMA.
INADMISSIBILDADE DA VIA IMPUGNATIVA ELEITA. INDEFERIMENTO
DA INICIAL.
1. Nos termos do art. 988 do CPC, a reclamação consiste no meio de
impugnação cabível para preservar a competência do tribunal e
garantir a autoridade de suas decisões, de enunciado de súmula
vinculante e de decisão proferida pelo STF em sede de controle
concentrado de constitucionalidade, bem como de acórdão proferido
em julgamento de IRDR e IAC.
2. Na pendência de recursos extraordinário e especial interpostos em
face do acórdão proferido no julgamento do IRDR nº
1.0000.16.049047-0/001, não há se falar em garantia de observância
de sua autoridade, hábil a justificar o manejo da reclamação, na
medida em que, dado o automático efeito suspensivo de tais
recursos (art. 987, § 1º, do CPC), a tese ali fixada ostenta mera
eficácia persuasiva, faltando-lhe o atributo de obrigatoriedade de
observância pelos demais órgãos julgadores.
RECLAMAÇÃO Nº 1.0000.23.073001-2/000 - COMARCA DE BELO HORIZONTE
- RECLAMANTE(S): ESTADO DE MINAS GERAIS - RECLAMADO(A)(S):
TURMA RECURSAL COM JURISDIÇÃO EXCLUSIVA 4ª TITULAR TR - BELO
HORIZONTE, BETIM E CONTAGEM - INTERESSADO(A)S: LUZMAR OLIVEIRA
SILVA

DECISÃO MONOCRÁTICA

Trata-se de reclamação proposta pelo ESTADO DE MINAS


GERAIS contra acórdão proferido pela Turma Recursal de Jurisdição
Exclusiva - Belo Horizonte, Betim e Contagem, nos autos da ação
ordinária nº 5208303-87.2021.8.13.0024, ajuizada por LUZMAR
OLIVEIRA SILVA, alegando, em síntese, que a decisão teria
contrariado o entendimento firmado por esta 1ª Seção Cível no
julgamento do IRDR nº 1.0000.16.049047-0/001.

Pugna, em sede de liminar, pela suspensão do feito na origem,


na situação em que se encontra, sem certificação do trânsito em
julgado; ou impedindo o prosseguimento do cumprimento de sentença,
se, no interregno entre a distribuição desta reclamação e a apreciação
deste pedido, houver sido certificado o trânsito em julgado. Ao final,
requer a cassação do acórdão reclamado, com ordem para novo

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julgamento da lide em observância às teses fixadas no âmbito do IRDR
nº 1.0000.16.049047-0/001.

É o relatório. Decido.

I – DA PRELIMINAR DE OFÍCIO - AUSÊNCIA DE INTERESSE


PROCESSUAL - INADEQUAÇÃO TÍPICA

Nos termos do art. 988 do CPC, a reclamação consiste no meio


de impugnação cabível para preservar a competência do tribunal e
garantir a autoridade de suas decisões, de enunciado de súmula
vinculante e de decisão proferida pelo STF em sede de controle
concentrado de constitucionalidade, bem como de acórdão proferido
em julgamento de IRDR e IAC, in verbis:

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada


ou do Ministério Público para:
I – preservar a competência do tribunal;
II – garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III – garantir a observância de enunciado de
súmula vinculante e de decisão do Supremo
Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade; (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016) (Vigência)
IV – garantir a observância de acórdão
proferido em julgamento de incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de
incidente de assunção de competência;
(Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
(Vigência)
§ 1º. A reclamação pode ser proposta perante
qualquer tribunal, e seu julgamento compete ao
órgão jurisdicional cuja competência se busca
preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.
§ 2º. A reclamação deverá ser instruída com prova
documental e dirigida ao presidente do tribunal.
§ 3º. Assim que recebida, a reclamação será
autuada e distribuída ao relator do processo
principal, sempre que possível.
§ 4º. As hipóteses dos incisos III e IV
compreendem a aplicação indevida da tese

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jurídica e sua não aplicação aos casos que a
ela correspondam.
§ 5º. É inadmissível a reclamação: (Redação dada
pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
reclamada; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)
(Vigência)
II – proposta para garantir a observância de
acórdão de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida ou de acórdão
proferido em julgamento de recursos extraordinário
ou especial repetitivos, quando não esgotadas as
instâncias ordinárias. (Incluído pela Lei nº 13.256,
de 2016) (Vigência)
§ 6º A inadmissibilidade ou o julgamento do
recurso interposto contra a decisão proferida pelo
órgão reclamado não prejudica a reclamação.
(g.n.)

Na espécie, a presente reclamação foi aviada com a finalidade


de garantir a observância da tese fixada no julgamento do IRDR nº
1.0000.16.049047-0/001:

INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS


REPETITIVAS - PROMOÇÃO POR
ESCOLARIDADE ADICIONAL - LEI ESTADUAL Nº
15.464/2005 - RESERVA DE MARGEM DE
DISCRICIONARIEDADE - AUTOAPLICABILIDADE
- NÃO CONFIGURADA - DECRETO Nº 44.769/08 -
ABUSO DO PODER REGULAMENTAR -
CONFIGURAÇÃO - CRITÉRIOS TEMPORAIS
NÃO PREVISTOS NO TEXTO LEGAL -
EXCLUSÃO - FORMAÇÃO COMPLEMENTAR -
AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO -
INEFICÁCIA DO TEXTO LEGAL - REQUISITOS A
SEREM OBSERVADOS - ARTIGO 4º DO
DECRETO LEI 44.769/08 -- TESE FIRMADA.
1. A norma prevista no artigo 19 da Lei
15.464/2005 não é autoaplicável, eis que o
legislador reservou, de forma expressa, margem de
discricionariedade para que o Poder Executivo
explicite a formação adicional relacionada com a
complexidade da carreira, e para que regulamente
sobre a redução ou supressão do interstício

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necessário e do quantitativo de avaliações
periódicas de desempenho individual.
2. O Decreto nº 44.769/08 ao estabelecer
limitações temporais, não elencadas no artigo 19
da Lei Estadual nº 15.464/05, para concessão da
promoção por escolaridade adicional extrapolou os
limites do poder regulamentador, ferindo os
princípios constitucionais da legalidade e isonomia.
3. Ausente regulamentação do artigo 19 da Lei
15.454/2005 no que tange à definição de
"formação complementar" tem-se por configurada a
ineficácia do texto legal quanto à referida
modalidade de promoção por escolaridade
adicional.
4. A promoção por escolaridade adicional, por
formação complementar ou superior àquela exigida
pelo nível em que o servidor estiver posicionado,
relacionada com a natureza e a complexidade da
respectiva carreira, depende do atendimento dos
requisitos delineados no artigo 4º do Decreto nº
44.769/08, excluindo-se, contudo, as limitações
temporais mencionadas no caput do artigo 2º; nas
alíneas "a" e "b" do inciso V, do artigo 4º e, ainda,
no artigo 6º, caput, incisos I, e II, do referido ato
normativo.1

Da leitura da tese fixada no IRDR em tela, verifica-se que


esta 1ª Seção Cível declarou que o Decreto Estadual nº 44.769/08,
ao fixar limitações temporais não previstas na Lei Estadual nº
15.464/05 para o servidor obter o direito à promoção por
escolaridade adicional, teria extrapolado o poder regulamentar, não
podendo o desatendimento a tais requisitos servir de mote ao
indeferimento da benesse. Não obstante, ressalvou-se caber à
Administração prosseguir na análise do preenchimento dos demais
requisitos previstos em lei e respectivo regulamento.

O acórdão reclamado, por sua vez, após afastar os limites


temporais, passou a apreciar o preenchimento pelo servidor dos
demais requisitos previstos na legislação de regência, o que

1 TJMG. IRDR - Cv nº 1.0000.16.049047-0/001, Rel. Des. AFRÂNIO VILELA, 1ª


Seção Cível, julgamento em 09/11/2018, publicação da súmula em 22/11/2018.

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culminou no reconhecimento do seu direito à promoção por
escolaridade adicional.

Do confronto entre o acórdão paradigma e a decisão


reclamada, verifica-se que ambos dizem respeito à mesma benesse,
inexistindo motivo aparente para que o desfecho deste não tenha se
orientado pelos fundamentos determinantes da tese fixada naquele
(ratio decidendi).

Ocorre que, a despeito da obrigatoriedade de aplicação da


tese jurídica firmada no incidente a todos os processos que tratem
da mesma questão de direito e que tramitem na área de jurisdição
do respectivo tribunal, contra o acórdão proferido no julgamento do
IRDR nº 1.0000.16.049047-0/001, foram interpostos Recurso Especial
e Recurso Extraordinário, aos quais é atribuído automático efeito
suspensivo (ope legis), senão vejamos:

Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será


aplicada:

I – a todos os processos individuais ou coletivos


que versem sobre idêntica questão de direito e que
tramitem na área de jurisdição do respectivo
tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos
juizados especiais do respectivo Estado ou região;

II – aos casos futuros que versem idêntica questão


de direito e que venham a tramitar no território de
competência do tribunal, salvo revisão na forma do
art. 986.

§ 1º. Não observada a tese adotada no incidente,


caberá reclamação.

(...)

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente


caberá recurso extraordinário ou especial,
conforme o caso.

§ 1º. O recurso tem efeito suspensivo,


presumindo-se a repercussão geral de questão
constitucional eventualmente discutida.

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§ 2º. Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica
adotada pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça será aplicada no
território nacional a todos os processos individuais
ou coletivos que versem sobre idêntica questão de
direito.

Desse modo, na pendência de recurso extraordinário ou


especial interposto em face do acórdão paradigma, não há se falar em
garantia de observância de sua autoridade, hábil a justificar o manejo
da reclamação, na medida em que, dado o automático efeito
suspensivo de tais recursos, a tese ali fixada ainda não ostenta eficácia
vinculante, mas mera eficácia persuasiva.

A propósito, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça,


ao debruçar-se sobre a questão se, tão logo julgado o IRDR pelo
TJ/TRF, cessaria a suspensão de que cuida o art. 982, I, do CPC, ou
se seria necessário aguardar o julgamento dos recursos excepcionais
eventualmente interpostos, asseverou a impossibilidade de se
determinar a aplicação imediata da tese paradigmática e determinou a
devolução dos autos ao Tribunal de origem a fim de que se aguardasse
o julgamento dos recursos extraordinários, na forma do § 5º desse
mesmo dispositivo2:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.


INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS
REPETITIVAS. RECURSOS EXTRAORDINÁRIO E
ESPECIAL. EFEITO SUSPENSIVO
AUTOMÁTICO. NECESSIDADE DE AGUARDAR
O JULGAMENTO DOS TRIBUNAIS
SUPERIORES. ARTS. 982, § 5º, E 987, §§ 1º E 2º,
DO CPC. RECURSO PROVIDO.

2 Art. 982. Admitido o incidente, o relator:


I – suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no
Estado ou na região, conforme o caso;
(...)
§ 5º Cessa a suspensão a que se refere o inciso I do caput deste artigo se não for
interposto recurso especial ou recurso extraordinário contra a decisão proferida no
incidente.

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1. Cinge-se a controvérsia a definir se a suspensão
dos feitos cessa tão logo julgado o Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas pelo TJ/TRF,
com a aplicação imediata da tese, ou se é
necessário aguardar o julgamento dos recursos
excepcionais eventualmente interpostos.
2. No caso dos recursos repetitivos, os arts. 1.039
e 1.040 do CPC condicionam o prosseguimento
dos processos pendentes apenas à publicação do
acórdão paradigma. Além disso, os acórdãos
proferidos sob a sistemática dos recursos
repetitivos não são impugnáveis por recursos
dotados de efeito suspensivo automático.
3. Por sua vez, a sistemática legal do IRDR é
diversa, pois o Código de Ritos estabelece, no art.
982, § 5º, que a suspensão dos processos
pendentes, no âmbito do IRDR, apenas cessa caso
não seja interposto recurso especial ou recurso
extraordinário contra a decisão proferida no
incidente.
4. Além disso, há previsão expressa, nos §§1º e 2º
do art. 987 do CPC, de que os recursos
extraordinário e especial contra acórdão que julga
o incidente em questão têm efeito suspensivo
automático (ope legis), bem como de que a tese
jurídica adotada pelo STJ ou pelo STF será
aplicada, no território nacional, a todos os
processos individuais ou coletivos que versem
sobre idêntica questão de direito.
5. Apesar de tanto o IRDR quanto os recursos
repetitivos comporem o microssistema de
julgamento de casos repetitivos (art. 928 do CPC),
a distinção de tratamento legal entre os dois
institutos justifica-se pela recorribilidade
diferenciada de ambos. De fato, enquanto, de um
lado, o IRDR ainda pode ser combatido por REsp e
RE, os quais, quando julgados, uniformizam a
questão em todo o território nacional, os recursos
repetitivos firmados nas instâncias superiores
apenas podem ser objeto de embargos de
declaração, quando cabíveis e de recurso
extraordinário, contudo, este. sem efeito
suspensivo automático.
6. Admitir o prosseguimento dos processos
pendentes antes do julgamento dos recursos
extraordinários interpostos contra o acórdão do
IRDR poderia ensejar uma multiplicidade de atos
processuais desnecessários, sobretudo recursos.

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Isso porque, caso se admita a continuação dos
processos até então suspensos, os sujeitos
inconformados com o posicionamento firmado no
julgamento do IRDR terão que interpor recursos a
fim de evitar a formação de coisa julgada antes do
posicionamento definitivo dos tribunais superiores.
7. Ademais, com a manutenção da suspensão dos
processos pendentes até o julgamento dos
recursos pelos tribunais superiores, assegura-se a
homogeneização das decisões judiciais sobre
casos semelhantes, garantindo-se a segurança
jurídica e a isonomia de tratamento dos
jurisdicionados. Impede-se, assim, a existência - e
eventual trânsito em julgado - de julgamentos
conflitantes, com evidente quebra de isonomia, em
caso de provimento do REsp ou RE interposto
contra o julgamento do IRDR.
8. Em suma, interposto REsp ou RE contra o
acórdão que julgou o IRDR, a suspensão dos
processos só cessará com o julgamento dos
referidos recursos, não sendo necessário,
entretanto, aguardar o trânsito em julgado. O
raciocínio, no ponto, é idêntico ao aplicado pela
jurisprudência do STF e do STJ ao RE com
repercussão geral e aos recursos repetitivos, pois o
julgamento do REsp ou RE contra acórdão de
IRDR é impugnável apenas por embargos de
declaração, os quais, como visto, não impedem a
imediata aplicação da tese firmada.
9. Recurso especial provido para determinar a
devolução dos autos ao Tribunal de origem a fim
de que se aguarde o julgamento dos recursos
extraordinários interpostos (não o trânsito em
julgado, mas apenas o julgamento do REsp e/ou
RE) contra o acórdão proferido no IRDR n.
0329745-15.2015.8.24.0023. 3

Cumpre ressaltar que, em razão da determinação de suspensão


no ato de admissão do IRDR nº 1.0000.16.049047-0/001, o
requerimento para obstar o prosseguimento do feito até o julgamento
dos recursos extraordinários interpostos contra o acórdão que julgou o
mérito do incidente, com arrimo no art. 982, I e § 5º, do CPC, deve ser
dirigido ao juízo de origem.

3 STJ. REsp nº. 1.869.867/SC, Rel. Min. OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,


julgado em 20/4/2021, DJe de 3/5/2021.

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Assim, considerando que a tese fixada no bojo do IRDR nº
1.0000.16.049047-0/001 ainda não é dotada de eficácia vinculante,
faltando-lhe, na pendência de recursos interpostos aos tribunais
superiores, aos quais a lei confere automático efeito suspensivo, o
atributo da obrigatoriedade de observância pelos demais órgãos
julgadores, a presente reclamação, manejada com esteio no art. 988,
IV, do CPC, revela-se manifestamente inadmissível.

Em casos semelhantes, confiram-se os seguintes julgados desta


1ª Seção Cível:

AGRAVO INTERNO - RECLAMAÇÃO PROPOSTA


CONTRA DECISÃO PROFERIDA POR TURMA
RECURSAL - APLICAÇÃO DA TESE FIRMADA
NO IRDR Nº 1.0000.16.049047-0/001 -
DESCABIMENTO - INCIDENTE OBJETO DE
RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO
AOS TRIBUNAIS SUPERIORES - EFEITO
SUSPENSIVO AUTOMÁTICO - INTELIGÊNCIA
DO ART. 987, § 1º DO CPC/2015 - DECISÃO
MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO.
1. A Reclamação tem por finalidade a preservação
da competência dos Tribunais e, sobretudo,
garantir a autoridade de suas decisões; contudo,
indispensável que a decisão que se busca garantir
a aplicação esteja apta a produzir efeitos.
2. Considerando que a interposição de Recursos
Especial e Extraordinário aos Tribunais Superiores
resulta em efeito suspensivo automático(art. 987, §
1º do CPC/2015), descabido o manejo da
reclamação, sobretudo porque o entendimento
firmado no IRDR nº 1.0000.16.049047-0/001 ainda
não é dotado de força vinculante.
3. Inicial indeferida pela falta do interesse de agir.
4. Decisão mantida.
5. Recurso não provido. 4
 
AGRAVO INTERNO - MONOCRÁTICA DE NÃO
CONHECIMENTO DA RECLAMAÇÃO -
ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL - ALEGAÇÃO

4 TJMG. Agravo Interno Cv nº 1.0000.21.039495-3/001, Rel. Des. RAIMUNDO


MESSIAS JÚNIOR, 1ª Seção Cível, julgamento em 16/06/2022, publicação da
súmula em 12/07/2022.

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Nº 1.0000.23.073001-2/000
DE OFENSA À TESE DO IRDR 1.0000.16.049047-
0/001 - INTERPOSIÇÃO DE RECURSO
ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO - EFEITO
SUSPENSIVO AUTOMÁTICO - RECURSO
IMPROVIDO. -Considerando que foram interpostos
recursos aos Tribunais Superiores, ainda
pendentes de julgamento, a tese fixada no IRDR
1.0000.16.049047-0/001 não é dotada de efeito
vinculante, eis que o art. 987, §1º, do CPC confere
efeito suspensivo automático ao recurso especial e
extraordinário, razão pela qual se impõe o não
conhecimento da Reclamação, desprovendo-se o
agravo interno.5  

RECLAMAÇÃO - GARANTIA DA OBSERVÂNCIA


DE TESE FIXADA EM INCIDENTE DE
RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS -
INTERPOSIÇÃO DE RECURSOS COM EFEITO
SUSPENSIVO AUTOMÁTICO - AUSÊNCIA DE
TRÂNSITO EM JULGADO DO ACÓRDÃO -
INADMISSIBILIDADE DA RECLAMAÇÃO. – A
configuração da afronta à tese firmada em
julgamento de IRDR, apta a justificar a interposição
de reclamação, exige que o acórdão proferido no
julgamento do incidente não tenha sido impugnado
por meio de recurso aos tribunais superiores. 6

II - CONCLUSÃO

Ante o exposto, indefiro a inicial e julgo extinto o feito, sem


resolução do mérito, com fulcro no art. 330, III, c/c art. 485, VI, ambos
do CPC.

Custas, ex lege (art. 10, I, da Lei Estadual nº 14.939/03).

Intimem-se.

Belo Horizonte, 18 de abril de 2023.

DES. BITENCOURT MARCONDES


RELATOR

5 TJMG. Agravo Interno Cv nº 1.0000.21.200883-3/001, Relª. Desª. YEDA


ATHIAS, 1ª Seção Cível, julgamento em 02/05/2022, publicação da súmula em
04/07/2022.
6 TJMG. Reclamação nº 1.0000.22.061805-2/000, Rel. Des. CARLOS HENRIQUE
PERPÉTUO BRAGA, 1ª Seção Cível, julgamento em 30/06/2022, publicação da
súmula em 18/07/2022.

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