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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA

Este documento é copia do original assinado digitalmente por ANTONIO CESAR JESUINO e Tribunal de Justica do Mato Grosso do Sul. Protocolado em 13/02/2014 às 17:41, sob o número
CÍVEL DA COMARCA DE CAMPO GRANDE – MS.

WCGR14800293286 , e liberado nos autos digitais por Patricia Danielle Caffarena da Motta, em 17/02/2014 às 14:53. Para acessar os autos processuais, acesse o site
https://esaj.tjms.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0825751-26.2012.8.12.0001 e o código A479FE.
Proc. nº 0825751-26.2012.8.12.0001

FLÁVIO RENATO DE OLIVEIRA

SOARES, já qualificado nos autos da Ação Monitória em trâmite por este
douto juízo, vem com o devido acatamento e respeito à presença de V. Exa.,
por seu advogado in fine assinado, protestando pela juntada do documento
procuratório, apresentar EMBARGOS , nos seguintes termos:

PRELIMINAR – LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

O pedido inicial fere frontalmente o que
dispõe o artigo 17, incisos I e II, do CPC.

O embargado omiti dolosamente a origem

ilícita da dívida cobrada: a odiosa agiotagem

O embargado e seu pai são conhecidos

agiotas nesta capital, inclusive existe outra demanda da mesma natureza –
processo Nº 0800252-85.2013.8.12.0104 – 4ª VARA DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DESTA COMARCA.
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O embargante pagou juros exorbitantes para
o embargado, e não suportando prosseguir nos pagamentos, foi obrigado a
emitir o cheque ora cobrado, sob pressão, o que não ser objeto de cobrança
em juízo.

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Os fatos denunciados merecem apuração e
comprovação probatória, em face da gravidade das questão levantadas.

NO MÉRITO

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O mérito se confunde com a preliminar.

O embargante exerce atividade profissional

de empresário nesta capital, pertencente a família tradicional no ramo de
supermercado – SUPERMERCADO SOARES – nas décadas de 70 e 80.

Infelizmente, as coisas não fruíram da

maneira desejada culminando com a FALENCIA da empresa familiar e
consequentemente com a perda do poder aquisitivo.

O embargante continuou buscando seu

lugar no mercado, trabalhando em setores diversos (construção, madeira,
tinta, posto de combustível, entre outros).

No ramo empresarial, mas com capital

limitado, passou a fazer uso de empréstimos bancários e até mesmo de
AGIOTAS, pois necessitava honrar os compromissos junto aos fornecedores
e funcionários.

O embargado é AGIOTA está cobrando

uma dívida ilícita, com origem em atividade ilícita, e apesar dos esforços do
embargante em pagar não logrou êxito.

In casu, é dívida decorrente de agiotagem,

o agiota, ora embargado, é criminoso e está pretendendo "lavar" sua
usura.
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Trata-se de empréstimo de particular a

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juros extorsivos . O embargado não confessa, vez que, sequer declara a
origem da dívida.

Poderemos comprovar que se tratava de

cobrança de agiotagem, devendo ser comprovado através de testemunhas, e

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todas as provas em direito admitidos.

In casu, deverá ser aplicado a INVERSÃO

DO ÔNUS DA PROVA, em contraposição ao que dispõe o artigo 333,
inciso II, do CPC, compete-lhe, primeiramente, provar a “verossimilhança
da alegação”

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Em suma, tratando-se de dívida de
agiotagem é temerário cobrar em juízo, devendo o embargado prestar
contas com a justiça criminal.

O Decreto nº 22.626, de 7.4.1933, veda a

cobrança de taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal, determinando que
contratos que infrinjam essa disposição sejam considerados nulos de pleno direito.

Tendo sido estipulados juros de dez por cento

(10%) ao mês, tem-se que deve ser judicialmente declarada a nulidade, adequando-se
o contrato aos dispositivos legais.
É o que ensina ORLANDO GOMES:

"A usura, sob todas as suas formas, está proibida.

É o mútuo um dos contratos mais propícios a essa
prática, hoje punível. Até certo tempo vigorou o
princípio da liberdade de estipulação dos juros. Os
abusos cometidos inspiraram a política legislativa
de repressão à usura, através de medidas, dentre
as quais se salientam a limitação da taxa de juros
convencionais e a proibição do anatocismo ou
capitalização de juros.
Continua lícita a estipulação de juros no contrato
de mútuo, mas, entre nós, a taxa dos juros
convencionais não pode ser superior ao dobro da
taxa dos juros legais. Nula será qualquer
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convenção em contrário, mas a nulidade fulmina

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apenas a cláusula, que é substituída pela
disposição legal. O contrato permanece válido,
com essa modificação. O excesso deverá ser
restituído."

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(GOMES, O. Contratos. 15ª ed. atualização e
notas de Humberto Theodoro Júnior. Rio de
Janeiro : Forense, 1995. p. 321.)

A este respeito coleciona os seguintes

julgados:

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Data de publicação: 18/12/2006
Ementa: DÍVIDA DECORRENTE DE AGIOTAGEM. NULID
ADE. Evidenciando a prova que o título objeto da cobrança
deriva de prática de atividade reservada às instituições
financeiras, constituindo ilícito civil e penal, Impõe-se o
reconhecimento de sua nulidade. Sentença de primeiro grau
modificada. Recurso provido. (Recurso Cível Nº
71001045707, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: Eduardo Kraemer, Julgado em
16/08/2006)
TJ-RS - Recurso Cível 71000597039 RS (TJ-RS)

Data de publicação: 30/11/2004

Ementa: EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.
EMBARGOS DO
DEVEDOR.DÍVIDA DECORRENTE DE AGIOTAGEM. NULI
DADE DA EXECUÇÃO. Evidenciando a prova que o título
objeto da execução deriva de prática de atividade reservada
às instituições financeiras, constituindo ilícito civil e penal,
impõe-se o reconhecimento de sua nulidade, bem assim da
execução com base nele aforada. Sentença de primeiro
grau mantida por seus próprios fundamentos. Recurso
improvido. (Recurso Cível Nº 71000597039, Terceira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Clovis Moacyr
Mattana Ramos, Julgado em 30/11/2004)
 direito admitidos.

OAB\MS 5.659
Termos em que,
Isto Posto, requer:

P. e E. deferimento.

Antonio Cesar Jesuino

declarando-se a nulidade do título e inexigibilidade do débito;

Campo Grande, 13 de fevereiro de 2014.

a) Por final sentença, seja a demanda julgada totalmente improcedente,

b) Protesta o embargante em provar o alegado por todos os meios em

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