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XXV EXAME UNIFICADO

Estudo Dirigido de 1ª fase OAB

GABARITO – ESTUDO DIRIGIDO – DIREITO PENAL

PARTE 1

1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL

1.1. Com a publicação de uma nova lei, a pena de reclusão abstratamente cominada para o crime X
é alterada de 1 a 4 anos para 2 a 5 anos. Essa nova lei pode ser aplicada aos crimes cometidos antes
de sua vigência? Explique.

R: Em vista da irretroatividade da lei penal mais gravosa (artigo 5º, XL, da CF), a lei anterior mais
benéfica continua irradiando seus efeitos ao fatos que ocorreram durante a sua vigência, mesmo
após a sua revogação por lei mais grave.

1.2. Qual a teoria adotada para determinar o local do crime?

R: É a teoria da ubiquidade, pela qual, nos termos do artigo 6º do CP, “considera-se praticado o
crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado”.

1.3. O que é crime progressivo? Conceitue, diferenciando da progressão criminosa.

R: Crime progressivo é aquele em que o sujeito faz a previsão de um resultado, e pratica uma
sequência de atos progressivamente mais gravosos ao bem jurídico, com o fim de atingir o resultado
querido. Exemplo: desferir facadas cada vez mais profundas para causar a morte. Nesse caso, apesar
de saber e querer lesar a integridade corporal, não responderá pelo crime de lesão corporal, mas
apenas pelo homicídio, que é o resultado querido.

De outro lado, na progressão criminosa, o sujeito busca um resultado e pratica atos para alcançá-lo.
Terminada a ação, toma nova resolução acerca de lesão mais grave, e passa a nova sequência de
atos em busca de lesão maior, e assim por diante (mas sempre no mesmo contexto fático). Exemplo:
o sujeito pratica uma lesão contra alguém, depois nova lesão e, por fim, a mata. Responderá apenas
pelo homicídio (lesão mais grave).

1.4. Qual a consequência da aplicação do princípio da consunção?

R: Por esse princípio, o crime praticado como meio necessário para o cometimento de outro delito
deve ser por este absorvido Assim, o agente responde apenas pelo crime fim, que absorve o crime
meio. Exemplos: porte de arma para homicídio ou roubo, falsa identidade no estelionato e violação
de domicílio para furto.

1.5. Quais são as hipóteses de extraterritorialidade da lei penal brasileira?

EXTRATERRITORIALIDADE – Artigo 7º do Código Penal


ESPÉCIE HIPÓTESES PRINCÍPIO CONDIÇÕES

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CUMULATIVAS
INCONDICIONADA a) crimes contra a Real, de defesa ou Não há.
vida ou liberdade do proteção
Presidente da
República;

b) crimes contra o Real, de defesa ou Não há.


patrimônio ou a fé proteção
pública da União,
Estado, DF,
Município, Empresa
Pública, Sociedade
de Economia Mista,
autarquia ou
fundação pública;
c) crimes contra a Real, de defesa ou Não há.
contra a proteção
Administração
Pública, por quem
está a seu serviço;

d) crime de Justiça Universal Não há.


genocídio, se o
agente for brasileiro
ou domiciliado no
Brasil.

CONDICIONADA a) crimes que por Justiça Universal a) entrar o agente no


tratado ou convenção território nacional;
o Brasil se obrigou a
reprimir; b) ser o fato punível
b) crimes praticados Personalidade ativa também no país em
por brasileiro;

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c) crimes praticados Representação. que praticado;


em aeronaves ou
embarcações c) estar o crime
privadas quanto em incluído entre aqueles
território estrangeiro pelos quais a lei
e aí não sejam brasileira autoriza a
julgados; extradição;

d) não ter sido o


agente absolvido no
estrangeiro ou n”ao
ter aí cumprido pena;

e) não ter sido o


agente perdoado no
estrangeiro ou, por
outro motivo, não
estar extinta a sua
punibilidade, segundo
a lei mais favorável.

CONDICIONADA Crimes cometidos Personalidade Além das já listadas


ESPECIAL por estrangeiro passiva. acima:
contra brasileiro
a) não pedida ou
negada a extradição;

b) requisição do
Ministério da Justiça.

2. TIPICIDADE

2.1. Quanto à classificação dos crimes, diferencie:

a) crimes omissivos próprios e impróprios.

R: Omissivos próprios são aqueles que decorrem de dever agir e que são classificados como crimes
de mera conduta, já que há fato típico mesmo sem a ocorrência do resultado. Já os omissivos
impróprios são inicialmente comissivos, com previsão de produção de um resultado naturalístico,
mas que decorrem do não cumprimento do dever jurídico de impedir o resultado, em razão da
posição de garante (artigo 13, §2º, do CP).

b) crimes materiais, formais e de mera conduta.

R:

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Previsão do resultado Necessidade do resultado


Material Há previsão no tipo. Necessário para a consumação
do crime.
Formal Há previsão no tipo. Desnecessário para a
consumação.
Mera conduta Não há previsão no tipo. ---

2.2. A atira contra B, sendo este prontamente levado, ainda com vida, ao hospital por uma
ambulância. Ocorre que, no caminho, a ambulância, por um acidente, capota e explode, levando B à
morte. Pode A ser responsabilizado por homicídio consumado?

R: Nesse caso, a morte da vítima ocorreu por causa superveniente relativamente independente da
conduta do agente, de modo que o nexo causal resta rompido e o agente não pode ser considerado
causador da morte. Assim, responde apenas pela tentativa de homicídio.

2.3. Cleber, insatisfeito com a sua vida, ingere alta quantidade de veneno, com a finalidade de
cometer suicídio. Marta, sem saber de tal fato, decide atirar contra ela, como vingança pelo término
do relacionamento amoroso que mantinham. Caso Cleber faleça após o tiro, mas em razão da ação
do veneno, pode Marta responder por homicídio consumado?

R: Neste caso, a morte decorreu de causa absolutamente independente, de modo que Paula não pode
responder pelo resultado morte, mas apenas pela tentativa.

2.4. Diferencie dolo direto, dolo eventual, culpa consciente e culpa inconsciente.

R:

DOLO DIRETO O sujeito age para conseguir o resultado.


DOLO EVENTUAL O sujeito não quer o resultado, mas tolera o
risco de sua produção.
CULPA CONSCIENTE O sujeito faz a previsão do resultado, mas
confia que não o produzirá, não tolerando sua
ocorrência.
CULPA INCONSCIENTE O sujeito sequer faz previsão, que seria
objetivamente previsível.

OBS: para que haja responsabilização daquele que agiu por culpa, é preciso que haja previsão legal
da forma culposa do delito.

2.5. Quais os parâmetros para a aplicação do princípio da insignificância e qual a sua consequência?

R: Os parâmetros adotados pela jurisprudência para sua aplicação são os seguintes: a) mínima
ofensividade da conduta; b) ausência de periculosidade social da ação; c) reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento; d) inexpressividade da lesão jurídica. A sua consequência é a
atipicidade material da conduta.

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2.6. Diferencie tentativa, desistência voluntária, arrependimento eficaz e crime impossível.

Na tentativa, o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (artigo 14 do
Código Penal).

Na desistência voluntária, iniciada a execução, o agente voluntariamente abstém-se de prosseguir,


evitando a ocorrência da consumação (artigo 15 do Código Penal).

Já o arrependimento eficaz é configurado com a atitude tomada pelo agente de forma a neutralizar o
ataque anterior, impedindo, eficazmente, a consumação do delito (artigo 15 do Código Penal).

No crime impossível, apesar de buscar determinado resultado, o sujeito não é punido, porque o
meio escolhido ou o objeto material do crime não permitiriam, jamais, a consumação do crime
(artigo 17 do Código Penal).

3. EXCLUDENTES DE ILICITUDE E DE CULPABILIDADE

3.1. A legítima defesa pode ser alegada se a conduta foi praticada após cessar a injusta agressão? O
agente pode ser responsabilizado por eventual excesso na legítima defesa?

R: Não, eis que a legítima defesa só se configura diante de agressão atual ou iminente, não passada,
conforme artigo 25 do Código Penal. Sim, se houver dolo ou culpa no excesso, nos termos do artigo
23, parágrafo único, do Código Penal.

3.2. Quais são os requisitos para a configuração do estado de necessidade?

R: Nos termos do artigo 24 do CP, “considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.”

3.3. Diferencie estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito.

R: No estrito cumprimento de dever legal, o agente pratica fato típico, mas nos limites de comando
legal. Já no exercício regular de direito, a conduta é regulamentada pelo direito e, portante, não
pode ser considerada ilícita.

3.4. Quais os elementos da culpabilidade?

R: Imputabilidade, potencial consciência do ilícito e exigibilidade de conduta diversa.

3.5. Qual a teoria adotada no Brasil quanto à imputabilidade?

R: É a biopsicológica, pois para que haja imputabilidade é preciso desenvolvimento mental


completo e que o agente tenha, ao tempo da ação ou omissão, condições de compreender o caráter
ilícito do que faz e portar-se conforme esse entendimento.

3.6. A embriaguez preordenada afasta a culpabilidade do agente?

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R: A embriaguez preordenada não só não exclui a culpabilidade, conforme a teoria da actio libera
in causa, como configura circunstância agravante da pena (artigo 61, II, “l”, do Código Penal). A
embriaguez só exclui a culpabilidade se for acidental e completa, nos termos do artigo 28, §1º, do
Código Penal, diminuindo-se a pena caso seja incompleta (§2º do artigo 28 do Código Penal).

3.7. A obediência hierárquica exclui qual dos elementos do crime? Pode ser aplicada no caso de
cumprimento de ordem em vínculo privado?

R: Exclui a culpabilidade, conforme artigo 22 do Código Penal. Não, só se aplica diante de vínculo
público.

3.8. Qual deve ser a sentença caso o juiz reconheça a inimputabilidade por doença mental do agente
de injusto penal?

R: Deve ser a chamada sentença absolutória imprópria, pois, excluída a culpabilidade por esse
fundamento, deve ser o agente absolvido, sujeitando-se, no entanto, a medida de segurança.

4. CONCURSO DE AGENTES

4.1. Diferencie autor e partícipe segundo a teoria restritiva da autoria.

R: Segundo a teoria restritiva da autoria, autor e coautor são aqueles que realizam o verbo nuclear
do crime (matar alguém – coautor é o que mata) e partícipe é o que colabora sem realizar o verbo,
como no caso narrado.

4.2. Platão planeja furtar o seu pai, de 50 anos, e pede o auxílio de Sócrates. Ambos são
denunciados pelo cometimento do furto. O que pode ser alegado pela defesa de Platão? Sócrates
pode formular a mesma tese defensiva?

R: A defesa de Platão pode alegar a incidência de escusa absolutória, conforme artigo 181, inciso II,
do Código Penal. Sócrates não pode formular a mesma tese, pois o artigo 183 do CP prevê que a
escusa absolutória não se aplica ao estranho que participa do crime. Ademais, conforme o artigo 30
do Código Penal, somente se comunicam as circunstâncias pessoais que constituam elemento do
crime e a ascendência, no caso, não é elementar do crime de furto.

4.3. Patrícia e Renan combinam a prática de furto, após pegarem o objeto, o seu proprietário chega
no local. Patrícia, então. sai correndo, mas Renan, utilizando-se de arma de fogo que trouxe sem o
conhecimento de sua comparsa, atira na vítima, que acaba falecendo em razão do disparo. Patrícia
também deve responder por latrocínio (artigo 157, §3º, do Código Penal)?

Resposta: Não, Patrícia deve responder apenas pelo furto, considerando-se a sua cooperação
dolosamente distinta, a teor do §2º do artigo 29 do Código Penal.

4.4. Antônio é rival de Netanias e Wilson desde os tempos do colégio. Sabendo que Antônio estava
a caminho do trabalho, Netanias e Wilson coincidentemente aguardam a sua passagem de carro pela
avenida para atirar contra Antônio. Ao mesmo tempo, mas sem saber da conduta um do outro,
ambos atiram. Após a realização de perícia, conclui-se não ser possível definir qual dos dois tiros

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foi o que efetivamente causou a morte de Antônio. Diante disso, qual a responsabilidade penal de
cada um?

Resposta: Ambos devem responder por homicídio tentado, pois, como não houve concurso de
agentes, pela ausência de liame subjetivo, não se pode punir ambos pelo resultado. O caso é de
autoria incerta em caso de autoria colateral.

4.5. Se Claudia, em estado puerperal, mata seu próprio filho recém-nascido, com a ajuda de
Anderson, seu marido, qual a responsabilidade criminal de cada um?

R: Ambos devem responder pelo cometimento de infanticídio, ressaltando-se que o pai pode
responder como coautor desse crime diante a comunicabilidade das circunstâncias subjetivas
quando elementares do crime (estado puerperal), nos termos do artigo 30 do Código Penal.

4.6. É possível o concurso de agentes entre a gestante e o terceiro no crime do artigo 124 do Código
Penal?

R: Não. Trata-se de exceção pluralista à teoria monista do concurso de agentes, pois, apesar de
haver liame subjetivo e relevância do comportamento de cada uma das pessoas, não responderão
pelo mesmo crime, uma vez que há previsão específica para a conduta de cada um (artigos 124 e
126 do Código Penal).

5. CONCURSO DE CRIMES

5.1. O que é concurso material de crimes? O que o diferencia do concurso formal?

R.: Nos termos do artigo 69 do Código Penal, o concurso material de crimes é verificado “quando o
agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não”.
Diferencia-se do concurso formal porque neste, conforme artigo 70 do Código Penal, há apenas
uma ação ou omissão que gera mais de um resultado; ademais, no concurso material, as penas dos
crimes cometidos são somadas, ao passado que, no concurso formal, há aumento de 1/6 até a ½
sobre a pena do crime mais grave.

5.2. O que é concurso formal imperfeito?

R.: No concurso formal imperfeito, há apenas uma conduta, mas os resultados derivam de desígnios
autônomos, somando-se as penas dos crimes – artigo 70, parte final, do Código Penal.

5.3. O que caracteriza o crime continuado?

R.: No crime continuado, o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro – artigo 71 do
Código Penal.

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5.4. Como se define o quantum de aumento pela continuidade delitiva entre os patamares previstos
no artigo 71 do Código Penal?

R.: Segundo entendimento prevalente, o número de crimes praticados é o fator determinante do


quantum de aumento pela continuidade delitiva.

5.5. Como se dá a aplicação da pena de multa em caso de concurso de crimes?

R.: Conforme o artigo 72 do Código Penal, no concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas
distinta e integralmente.

PARTE 2

1. ERRO

1.1. Janaina é surpreendida na posse de 1 quilo de cocaína, que carregava em sua mala durante
viagem ao norte do país. Em sua defesa, disse que acreditava transportar farinha, já que um amigo
seu pedira que levasse a um primo com quem se encontraria no seu destino final. Caso acolhida a
versão de Janaina, ela poderá ser responsabilizada pela prática do crime de tráfico de drogas,
tipificado no artigo 33 da Lei 11.343/06?

R: Não, em razão da configuração de erro de tipo, conforme artigo 20 do Código Penal, que torna a sua
conduta subjetivamente atípica, já que o erro de tipo afasta o dolo e não há previsão típica de tráfico de
drogas na modalidade culposa.

1.2. No meio da noite, Jairo escuta um barulho vindo da sala de sua casa. Assustado, pega a sua
arma e corre em direção ao local, onde visualiza que há uma pessoa. Acreditando ser um invasor,
Jairo atira, mas depois descobre que era seu filho, voltando de uma festa a qual tinha ido sem o seu
consentimento. Que espécie de erro ocorreu na hipótese? Qual a sua consequência?

R: Ocorreu o erro de tipo permissivo ou descriminante putativa (artigo 20, §1º, do Código Penal),
especificamente quanto à legítima defesa (artigos 23, inciso II, e 25, ambos do Código Penal). A
consequência é a mesma do erro sobre elementar típica, qual seja, a exclusão do dolo, se evitável
(inescusável), e também da culpa, se inevitável (escusável).

1.3. Como responde o agente que, por erro na execução, atira pessoa diversa da pretendida?

R: Deve responder como se tivesse realmente atingido a vítima pretendida, conforme disposto no artigo 73
do Código Penal (erro na execução).

1.4. Caso Amanda, pretendendo atingir o carro de Roberto, seu ex-marido, atirar uma pedra contra o
o veículo, mas acabar atingindo o próprio, que estava lá dentro, causando-lhe lesões corporais, qual
deve ser a sua responsabilização penal?

R: Nos termos do artigo 74 do Código Penal, deve responder pelo crime de dano em concurso formal
(artigo 70 do Código Penal) com o delito de lesão corporal, este na forma culposa.

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1.5. Qual a consequência do erro de proibição? O que é erro de proibição indireto, descriminante
putativa por erro de proibição ou erro de permissão?

R: O erro de proibição (sobre a ilicitude do fato), se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la
de um sexto a um terço, conforme dispõe o artigo 21 do Código Penal.

É o engano quanto à existência ou aos limites de causa excludente de antijuridicidade.

2. PENA

2.1. Explique o critério trifásico de dosimetria da pena.

R: O critério trifásico está previsto no artigo 68 do Código Penal: “A pena-base será fixada
atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias
atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento”.

2.2. Quais os requisitos para a configuração da reincidência?

R: Se o agente, após ter sido definitivamente condenado no Brasil ou no estrangeiro, pela prática de
crime, comete novo crime (artigo 63 do CP). Ela é afastada se se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos,
computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer
revogação (artigo 64, inciso I, do CP) ou se a hipótese for de crime militar próprio ou político
(artigo 64, inciso II, do CP).

2.3. É possível a fixação de regime inicial mais severo do que determina a pena aplicada pelo
Magistrado? O reincidente pode iniciar o cumprimento da pena em regime diverso do fechado?

R: Sim, nos termos do artigo 33, §3º, do CP, mas apenas diante de concreta fundamentação, tendo
em vista as circunstâncias do caso – Súmulas 440 do STJ e 718 e 719 do STF.

O reincidente pode iniciar o cumprimento da pena em regime semiaberto, se preenchidos os


requisitos da Súmula 269 do STJ.

2.4. É possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no caso de
crime de roubo (artigo 157 do Código Penal), se a condenação for a 4 anos de reclusão? Qual é o
limite de pena para a substituição em caso de crime culposo?

R: Não, pois o crime de roubo tem por elementar a ocorrência de violência ou grave ameaça (artigo
157 do CP), o que impede a substituição da pena, nos termos do artigo 44, inciso I, do Código
Penal.

Conforme o mesmo dispositivo legal, não há limite de pena para o crime culposo, o limite de 4 anos
aplica-se apenas aos crimes dolosos.

2.5. O é que o “sursis” penal e quais os requisitos para a sua concessão? Quais as especificidades do
“sursis” etário?

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R: “Sursis” (artigo 77 do CP) é a suspensão condicional da pena, pelo período de prova de 2 a 4


anos, que pode ser concedida caso preenchidos os seguintes requisitos: i) pena privativa de
liberdade não superior a dois anos; ii) não substituição por restritivas de direitos; iii) não ser
reincidente em crime doloso (condenação à pena de multa não impede o “sursis”); iv) circunstâncias
judiciais favoráveis.

O “sursis” etário é concedido ao condenado maior de 70 anos de idade, desde que a pena não seja
superior a 4 anos, pelo período de prova de 4 a 6 anos.

2.6. Qual a diferença entre permissão de saída e saída temporária?

R: A permissão de saída, concedida pelo diretor do estabelecimento prisional, pode ser obtida nos casos
previstos nos incisos do artigo 120 da LEP, pelo tempo necessário a sua finalidade; por sua vez, a saída
temporária é possível nos casos do artigo 122 da LEP, por período não superior a 7 dias, renovável por mais
4 vezes ao ano.

*O regramento da concessão de saída temporária está nos artigos 122 a 125 da LEP.

2.7. É admitida a progressão de regime por salto no Brasil?

R: Progressão por salto é a passagem direta do regime aberto para o regime fechado, que pode ocorrer no
caso do inciso II do artigo 118 da LEP, se a nova pena ultrapassar 8 anos (artigo 33, §2º, alínea “a”, do
Código Penal).

Não é possível a progressão por salto, conforme a Súmula 491 do STJ.

2.8. O exame criminológico é obrigatório para a aferição do cumprimento dos requisitos subjetivos
para a progressão de regime (artigo 112 da LEP)?

R: Não, mas pode ser exigido pelo juiz em decisão fundamentada nas peculiaridades do caso concreto,
conforme a Súmula 439 do STJ (“Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que
em decisão motivada”).

2.9. O que é unificação das penas? Há alteração no prazo em caso de superveniência de nova
condenação criminal? O prazo para concessão dos benefícios da execução tem por base a pena
unificada ou a pena total?

R: Unificação das penas é o procedimento realizado pelo juiz das execuções (artigo 66, inciso III, alínea “a”,
da LEP), para fins de atendimento ao tempo máximo de cumprimento de pena privativa de liberdade
prevista no artigo 75, §1º, do Código Penal, caso seja aplicada pena superior a tal limite.

Conforme o §2º do artigo 75 do Código Penal, se durante o cumprimento da pena privativa de liberdade
sobrevier nova condenação, far-se-á nova unificação, desprezando-se o período de pena já cumprido –
assim, é possível o cumprimento de pena privativa de liberdade por mais de 30 anos ininterruptos.

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3. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

3.1. O que é abolitio criminis? Qual o juízo competente para decretar a extinção da punibilidade nesse
caso? Quais os seus efeitos se verificada após a condenação? Diferencie abolitio criminis e anistia.

R: Abolitio criminis é o termo que indica a revogação de um tipo penal.

A extinção da punibilidade deve ser decretada pelo juiz da causa, se ainda não proferida a sentença; pelo
tribunal competente, se o processo estiver em grau de recurso; pelo juiz das execuções criminais após o
trânsito em julgado (Súmula 611 do STF).

A abolitio criminis extingue todos os efeitos penais, primários e secundários, remanescendo apenas os
extrapenais (artigo 20 do Código Penal).

Difere da anistia porque esta consiste em uma lei penal de efeitos retroativos que promove o
esquecimento jurídico penal de uma infração já praticada, atingindo apenas o fato, não o tipo incriminador.

3.2. Quais as diferenças entre graça e indulto?

R:

GRAÇA INDULTO

Individual Coletivo

Decreto presidencial (art. 84, XII, da CF) Decreto presidencial (art. 84, XII, da CF)

Persistem os efeitos secundários da condenação Persistem os efeitos secundários da condenação

Depende de requerimento* Concedido de forma espontânea

*O pedido deve ser encaminhado ao Conselho Penitenciário, que se manifestará e o remeterá ao Ministério
da Justiça. Este, por sua vez, envia ao presidente da república ou autoridade por ele indicada em delegação,
para decretação ou não da graça.

3.3. Explique a renúncia tácita que decorre do princípio da indivisibilidade da ação penal privada. Diferencie
a renúncia e o perdão do ofendido.

R: Em razão do princípio da indivisibilidade, aplicado à ação penal privada, se a queixa crime não for
oferecida contra todos os ofensores conhecidos, opera-se renúncia tácita em relação a todos.

O perdão do ofendido também só se aplica na ação penal exclusivamente privada, mas é ato bilateral, que
depende de aceitação, sendo cabível até o trânsito em julgado da sentença condenatória.

3.4. Aplica-se a perempção na ação penal privada subsidiária da pública?

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R: A perempção (artigo 60 do CPP) é possível apenas na ação penal exclusivamente privada, pois na
subsidiária o Ministério Público retoma a ação, não havendo extinção da punibilidade.

3.5. Quanto à prescrição, responda:

a) A partir de qual momento pode ser calculada a prescrição da pretensão punitiva em concreto? Esta
espécie de prescrição pode ser verificada no lapso decorrido entre a data dos fatos e o recebimento da
denúncia?

R: Nos termos do artigo 110, §1º, do Código Penal, a prescrição pode ser calculada com base na pena
aplicada após o trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido o seu recurso.

De acordo com a redação dada ao mencionado dispositivo legal pela Lei 12.234/10, a prescrição em
concreto não pode ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa, ou seja, não pode ser
verificada no lapso decorrido entre a data dos fatos e o recebimento da denúncia.

b) Qual é o termo inicial da prescrição nos crimes de bigamia (artigo 235 do Código Penal) e de alteração de
assentamento de registro civil (artigo 242 do Código Penal)? E dos crimes contra a dignidade sexual de
crianças e adolescentes?

R: Para os dois primeiros crimes é a data em que se tornarem conhecidos, a teor do disposto no artigo 111,
inciso IV, do Código Penal; no último caso, a data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo
já houver sido proposta ação penal, nos termos do inciso V do mencionado dispositivo legal.

c) Segundo o entendimento predominante, o acórdão confirmatório da sentença condenatória interrompe


a prescrição? E o acórdão confirmatório da pronúncia?

R: Não, segundo o entendimento majoritário, o acórdão confirmatório da condenação proferida em


primeiro grau não interrompe a prescrição, só a interrompe aquele que decorre de reforma sentença
absolutória. O acórdão confirmatório da pronúncia, por sua vez, interrompe a contagem do prazo
prescricional, conforme previsão do inciso III do artigo 117 do Código Penal.

d) A reincidência tem consequências no cálculo do prazo de qual tipo de prescrição?

R: A reincidência determina aumento de 1/3 sobre o prazo da prescrição da pretensão executória (artigo
110, caput, do Código Penal), não atingindo a prescrição da pretensão punitiva (Súmula 220 do STJ).

e) O que é a prescrição virtual? A jurisprudência aceita a sua aplicação?

R: Também chamada de antecipada, projetada ou em perspectiva, tem por base uma perspectiva da pena
que seria aplicada no caso concreto, sob o argumento de que não há utilidade em se buscar um provimento
jurisdicional condenatório se se verificará a ocorrência da prescrição punitiva em vista da futura pena em
concreto. O seu reconhecimento é obstado pela Súmula 438 do STJ.

f) Quais são as causas de redução do prazo prescricional pela metade?

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R: São as do artigo 115 do CP.

4. PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL

4.1. É possível a prática de homicídio privilegiado e, ao mesmo tempo, qualificado?

R: Sim, se incidirem as qualificadoras objetivas dos incisos III e IV do §2º do artigo 121 do Código
Penal.

4.2. O crime do artigo 122 do Código Penal pode ser punido na forma tentada?

R: Não, pois as condutas previstas no mencionado tipo penal só configuram o crime se, de fato,
houver a tentativa de suicídio, com a ocorrência, ao menos, de lesões corporais de natureza grave,
não sendo relevante a mera tentativa de instigar, auxiliar ou induzir ao suicídio (parágrafo único do
artigo 122 do Código Penal).

4.3. Qual a diferença entre furto mediante fraude e estelionato?

R: No furto mediante fraude, esta é utilizada para distrair a vigilância da vítima; no estelionato, o
engodo é utilizado para que a vítima aja de modo a proporcionar a vantagem indevida ao agente.

4.4. É possível a aplicação do privilégio do §2º do artigo 155 do Código Penal ao furto qualificado?

R: Conforme a Súmula 511 do STJ, é possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º. do


art. 155 do CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o
pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.

4.5. O número de causas de aumento incidentes no roubo pode ser usado como parâmetro para o
maior aumento da pena, nos termos do §2º do artigo 157 do Código Penal?

R: Não, pois, de acordo com a Súmula 443 do STJ, O aumento na terceira fase de aplicação da pena
no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua
exasperação a mera indicação do número de majorantes.

4.6. É possível a participação de particular em crime praticado por funcionário público no exercício
das funções?

R: Sim, é possível, nos termos do artigo 30 do Código Penal.

4.7. Diferencie:

a) peculato por erro de outrem e estelionato.

R: No peculato por erro de outrem, o agente não provoca o erro da vítima (como se dá no
estelionato), mas simplesmente recebe a coisa e, percebendo o erro, passa então a ter a intenção de
se apropriar.

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XXV EXAME UNIFICADO
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b) concussão e corrupção passiva.

R: Na concussão o agente exige a vantagem; na corrupção, solicita.

c) prevaricação e corrupção passiva.

R: A prevaricação se configura caso o agente deixe de praticar ato de ofício motivado por
sentimento pessoal (artigo 319 do CP). Se for em razão do recebimento de vantagem indevida,
configura-se corrupção passiva (artigp 317 do CP).

d) calúnia, denunciação caluniosa e falso testemunho.

R: Calúnia é a imputação de fato falso definido como crime (artigo 138 do Código Penal);
denunciação caluniosa consiste na conduta de dar causa à instauração de investigação policial, de
processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de
improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente; falso
testemunho consiste em fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em
juízo arbitral.

e) calúnia, difamação e injúria. Quais as hipóteses de cabimento de exceção da verdade?

R: Caluniar é imputar falsamente fato determinado definido como crime; difamar é levar fato
ofensivo à reputação ao conhecimento de terceiros; injuriar é ferir a honra subjetiva por meio da
imputação de qualidade negativa a alguém.

Cabe exceção da verdade nos crimes de calúnia, com a ressalva do §3º do artigo 138 do Código
Penal, e de difamação, no caso previsto no parágrafo único do artigo 139 do Código Penal (não
cabe na injúria).

f) falsidade documental ideológica e material.

R: Na falsidade ideológica, o vício incide sobre o conteúdo das ideias, ou seja, o documento, sob o
aspecto material, é verdadeiro, falsas são as ideias nele contidas.

De outro lado, se há alteração ou criação do documento, trata-se falsidade material, pouco


importando se se conteúdo é verdadeiro ou falso.

4.8. Pode haver denúncia caso a família concorde com as relações sexuais mantidas entre uma moça
deficiente mental e seu namorado?

R: Sim, pois a hipótese é de estupro de vulnerável (artigo 217-A, §1º, do Código Penal), crime
apurado por ação penal pública incondicionada, a teor do parágrafo único do artigo 225 do Código
Penal.

5. LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

5.1. Quais os critérios a serem considerados pelo juiz para determinar se a droga destinava-se ao
consumo pessoal no crime do artigo 28 da Lei 11.343/06?

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R: Para tanto, o juiz considerará a natureza e a quantidade da substância apreendida, o local e as condições
em que se desenvolveu a ação, as circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os antecedentes
do agente (§2º do artigo 28).

5.2. Basta a simples notícia de apuração fiscal de sonegação para configuração do crime do artigo 1º
da Lei 8.137/90?

R: Não, pois tal crime só se tipifica com a constituição definitiva do respectivo crédito tributário,
conforme a Súmula Vinculante 24.

5.3. Em que crime incorre aquele que detém arma de fogo de uso permitido, sem a devida
autorização, em seu local de trabalho, do qual é responsável legal? E se estiver com a arma na casa
de um amigo?

R: No primeiro caso, o sujeito deve responder pelo delito tipificado no artigo 12 da Lei 10.826/03; já no
segundo, pelo do artigo 14 da mesma Lei, pois, ainda que a arma esteja dentro da casa de seu amigo, tal
local não consta do mencionado artigo 12, configurando-se, então, o porte.

5.4. Pode ser fixado regime inicial diverso do fechado para condenados por crime hediondo?

R: Sim, apesar da previsão do §1º do artigo 2o da Lei 8072/90, de que o regime será sempre inicialmente
fechado, o STF já considerou o dispositivo inconstitucional, por ferir o princípio da individualização da pena.

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