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AO JUÍZO DA __ª VARA DO TRABALHO DE (CIDADE 

– ESTADO)

OBS: a peça deve ser protocolada nos autos da RT - Não fazer peça autônoma.

Processo nº XXX

EMBARGANTE, estado Civil, CPF nº XXX, RG nº XXX, residente e domiciliada (O)


a Rua (endereço completo), vem, respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, por meio de sua advogada (o) devidamente constituída (o), com
fundamento no artigo 884 da CLT, apresentar

EMBARGOS À EXECUÇÃO

Nos autos da reclamação trabalhista que (NOME DO EMBARGADO), move em
face de (EMBARGANTE), pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
Breve Síntese
(escrever breve relato do caso)
Em apertada síntese em (data) o Embargado interpôs Ação trabalhista em face da
Reclamada, ora Embargante.

A Embargante sequer tinha conhecimento da presente execução, uma vez que a


citação da RT e da execução se deu por edital.

No mais, na data de (data) foi surpreendida com bloqueios judiciais em sua conta
corrente e poupança. Importante esclarecer que referidos valores são decorrentes
de seus salários. Somente em razão de referida constrição teve conhecimento da
presente execução. Verifica-se que a última ordem de bloqueio eletrônico por
intermédio do sistema SISBAJUD ocorreu em (data).

DO DIREITO
Da justiça gratuita
A Embargante é pobre no sentido jurídico do termo e não tem condições
financeiras para arcar com o pagamento das custas e despesas processuais sem
prejuízo de seu sustento próprio e da família, requerendo lhe seja concedida a
gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do CPC/15 c/c art. 790 da CLT. A única
fonte de renda é a de origem salarial, revertida em prol da família e neste momento
bloqueada.

Da Garantia do Juízo
Dispõe o art. 884, caput da CLT, verbis: “Garantida a execução ou penhorados os
bens, terá o executado 5 dias para apresentar embargos”.
A  embargante teve suas contas bloqueadas.
No mais, cumpre mencionar que conforme decisões recentes: TRT-15- AGRAVO
DE PETIÇÃO AP XXXXX20175150140 é inexigível garantia do juízo para
reconhecimento dos embargos à execução que visam reconhecer a
impenhorabilidade de salário, ante a garantia de acessibilidade prevista no
art. 5º, XXXV, CF, verbis:.

A agravante discorda da r. sentença que julgou parcialmente


procedentes os embargos à execução, reconhecendo a
impenhorabilidade de valores bloqueados decorrentes de
salários. Não há contraminuta.(..) A agravante não se
conforma com a r. decisão atacada que determinou o
levantamento parcial de bloqueio realizado, por se tratar de
salário. Afirma ser incabível os embargos à execução, ante a
ausência de garantia do juízo. Defende a possibilidade de
penhora dos salários, ainda que parcial, nos termos do
art.  833,  § 2º, do  CPC. Em que pesem os relevantes
argumentos apresentados, a exequente não tem razão. De
início, cumpre mencionar que é inexigível garantia do juízo
para conhecimento dos embargos à execução que visam
reconhecer a impenhorabilidade de salário, ante a garantia de
acessibilidade prevista no artigo  5º,  XXXV, da  CF.
Realmente, não há controvérsia de que os valores constritos
se referem a salário. Importante salientar que o
art.  833  do  NCPC  é expresso ao elencar as verbas
consideradas impenhoráveis, quais sejam "os vencimentos,
os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os
proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os
montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade
de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários
de profissional liberal, ressalvado o § 2º". É certo que o § 2º
do referido dispositivo legal traz exceção à regra, permitindo
que haja a penhora de salário para pagamento de prestação
alimentícia ou quando o executado receba mais de 50
salários-mínimos por mês.
TST já consolidou o entendimento de que o artigo  649,  § 2º,
do  CPC de 1973  (com correspondente no  CPC de 2015  -
artigo  883, § 2º) cuida-se de exceção legal à regra de
impenhorabilidade que não engloba o crédito trabalhista, a
teor da Orientação Jurisprudencial nº 153 de sua SDI-II, de
seguinte teor: "MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO.
ORDEM DE PENHORA SOBRE VALORES EXISTENTES EM
CONTA SALÁRIO. ART.  649,  IV, DO  CPC DE 1973.
ILEGALIDADE. (atualizada em decorrência do  CPC de 2015)-
Res. 220/2017, DEJT divulgado em 21, 22 e 25.09.2017.
Ofende direito líquida e certa decisão que determina o
bloqueio de numerário existente em conta salário, para
satisfação de crédito trabalhista, ainda que seja limitado a
determinado percentual dos valores recebidos ou a valor
revertido para fundo de aplicação ou poupança, visto que o
art.  649,  IV, do  CPC de 1973  contém norma imperativa que
não admite interpretação ampliativa, sendo a exceção prevista
no art.  649,  § 2º, do  CPC de 1973  espécie e não gênero de
crédito de natureza alimentícia, não englobando o crédito
trabalhista".

(TRT-15 - AP: XXXXX20175150140 XXXXX-29.2017.5.15.0140, Relator: JOSE


CARLOS ABILE, 1ª Câmara, Data de Publicação: 06/11/2020)
Da tempestividade
A embargante demonstra a tempestividade. A teor do art. 884, caput da CLT,
salienta que garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 05
dias para apresentar os embargos.

Os bloqueios das contas da embargante ocorreram dia (data). Portanto, tempestiva


a presente peça.

MÉRITO
Da Impenhorabilidade de valores decorrentes de conta de natureza salarial
No dia (data) a embargante sofreu o bloqueio judicial de suas contas, sendo certo
que os valores bloqueados são oriundos de seu salário.

Conforme abaixo exposto, foram realizados os bloqueios via Sisbajud, a saber:


(Citar todos os bloqueios)

Totalizando o Valor de R$ (valor total)


Repise-se, por oportuno, que todos os valores acima identificados são oriundos do
salário da embargante e, por conseguinte, totalmente impenhoráveis segundo
inciso IV do artigo 883 do CPC, Senão, veja-se:

Art. 833. São impenhoráveis:(...)


IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões,
os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas
por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo
e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ;
Nesse espeque, a Colenda Corte Trabalhista já pacificou seu
entendimento através da edição da OJ 153 da SBDI-II,  verbis:
MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. ORDEM DE
PENHORA SOBRE VALORES EXISTENTES EM CONTA
SALÁRIO. ART.  649,  IV, DO  CPC DE 1973. ILEGALIDADE.
(atualizada em decorrência do  CPC de 2015)- Res. 220/2017,
DEJT divulgado em 21, 22 e 25.09.2017
Ofende direito líquido e certo decisão que determina o
bloqueio de numerário existente em conta salário, para
satisfação de crédito trabalhista, ainda que seja limitado a
determinado percentual dos valores recebidos ou a valor
revertido para fundo de aplicação ou poupança, visto que o
art.  649,  IV, do  CPC de 1973  contém norma imperativa que
não admite interpretação ampliativa, sendo a exceção prevista
no art.  649,  § 2º, do  CPC de 1973  espécie e não gênero de
crédito de natureza alimentícia, não englobando o crédito
trabalhista.
No mesmo supedâneo, turma do E. TRT da 18ª Região
decide que salário de sócio, em importe abaixo de 50 salários
mínimos, não pode ser penhorado para pagar dívida
trabalhista.
MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA DE SALÁRIO DO
EXECUTADO. Nos termos da jurisprudência do Col. TST, não
se aplica à execução do crédito trabalhista típico a
impenhorabilidade prevista no inciso  IV  do
artigo  833  do  NCPC. De outro lado, admissível a penhora de
salários do devedor somente quando excedentes a 50
salários-mínimos mensais (§ 2º, do mesmo artigo). No caso
em apreço, o salário líquido mensal do impetrante/executado
é bem inferior ao referido limite. Segurança concedida.
(TRT 18ª R. PROCESSO TRT - MSCiv-XXXXX-
53.2020.5.18.0000. Data da Publicação: 13/10/2020. Relator:
Geraldo Rodrigues do Nascimento.)

A natureza salarial dos valores bloqueados pode ser comprovada pelo extrato que
segue anexo, cópia abaixo reproduzida:

(Comprovar que as contas bloqueadas tem origem salarial).


Quer dizer, a origem de todos os valores bloqueados tem natureza salarial, o que
não se admite que sejam bloqueados.

Nos termos da lei, a impenhorabilidade do salário vem primordialmente amparada


pelo Código de Processo Civil 2015, em especial no seu art. 833, IV, o qual
salienta que são impenhoráveis os vencimentos / salários destinados ao sustento
do devedor e de sua família.

O dispositivo ainda faz uma única ressalva quanto ao pagamento de pensão


alimentícia, que não é o caso. Ao contrário, os valores bloqueados possuem
caráter alimentar da Embargante, pois inexistente qualquer outro tipo de renda em
favor desta. Afinal, os valores bloqueados trata-se de salário, com principal
destinação aos gastos mínimos para garantir a sua sobrevivência.

Ainda há de se destacar que uma das contas da embargante é CONTA-


POUPANÇA.
A impenhorabilidade do deposito em caderneta de poupança até o limite de 40
(quarenta) salários mínimos é absoluta, admitindo-se exceções somente no caos
de pensão alimentícia, comprovada má-fé ou fraude. Inteligência do
art. 833, X do CPC/2015.

Não há controvérsias sobre o fato de que os valores constritos se referem a


salário. Portanto, tem-se configurada a ilegalidade dos bloqueios realizados, razão
pela qual o executado, em caráter de urgência, requer seja reconhecida a
impenhorabilidade de todos os valores, nas contas acima expostas.

Ofende direito líquido e certo o bloqueio de numerário existente em conta natureza


salarial/alimentícia, para satisfação de crédito trabalhista.

Do Pedido de Tutela de Urgência


No Presente caso há elementos suficientes para que se determine a suspensão do
bloqueio judicial nas contas da embargante em sede tutela de urgência.

Nos termos do art. 300 do CPC, os requisitos da tutela de urgência são a


probabilidade do direito e o perigo do dano ou resultado útil do processo. Quanto
ao direito, não há que se contestar. Todos os valores tem natureza salarial, um
deles está em conta poupança. Nos termos da lei, são impenhoráveis. Quanto ao
perigo de dano, os valores tem natureza salarial, caráter alimentar da verba/ Única
fonte de sustento da embargante.

Portanto, requer de imediato, a suspensão dos presentes bloqueios em sede de


tutela.

Da Prescrição Intercorrente
(Alegar eventual Prescrição Intercorrente)
Com base na falta de interesse do autor, em virtude do lapso temporal sem quais
movimentações por sua parte, nestes períodos acima citado, requer o
reconhecimento da prescrição intercorrente e a extinção do feito sem resolução de
mérito.

 DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

- O recebimento dos presentes embargos à execução, considerando estar


garantido o juízo, ou ainda reconhecer a inexigibilidade da garantia em juízo tendo
em vista a impenhorabilidade de salário, ante a garantia de acessibilidade prevista
no art. 5º, XXXV, CF.
- a intimação do embargado para, caso queira, apresentar impugnação aos
presentes embargos, no prazo de 05 dias.

- Que sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita a embargante;

- O Reconhecimento da Prescrição intercorrente, por inércia do embargado, e a


conseguente extinção da execução.

- Que seja concedida, liminarmente, EM CARÁTER DE URGÊNCIA, ordem judicial


para sustar os efeitos da ordem de bloqueio / penhora dos valores impenhoráveis,
com pronta expedição de alvará para levantamento dos valores que foram
bloqueados: (citar contas).

- No mérito, que seja reconhecida a impenhorabilidade dos salários da


Embargante, seja pelo caráter alimentar da verba em todas as contas, seja pelo
limite do valor bloqueado na conta - poupança.

- Que se reconheça a impenhorabilidade dos valores a ser depositados


futuramente, na conta corrente da autora, quando de natureza salarial.

Protesta-se por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a


documental ora acostada, bem como testemunhal e depoimento pessoal.

- Requer ainda que todos os atos alusivos aos feitos sejam publicados em nome da
(o) Advogada (o)

Nestes termos, pede deferimento.

Cidade, data

ADVOGADO
OAB.

Situação-Problema

Rômulo Delgado Silva, brasileiro, viúvo, empresário, portador da identidade 113,


CPF 114, residente e domiciliado na Avenida Brás Montes, casa 72 – Boa Vista –
Roraima – CEP 222, em entrevista com seu advogado, declara que foi sócio da
pessoa jurídica Delgado Jornais e Revistas Ltda., tendo se retirado há 2 anos e 8
meses da empresa; que foi surpreendido com a visita de um Oficial de Justiça em
sua residência, que da primeira vez o citou para pagamento de uma dívida
trabalhista de R$ 150.000,00, oriunda da 50ª Vara do Trabalho de Roraima, no
Processo 0011250-27.2013.5.11.0050 e, em seguida, 48 horas depois, retornou e
penhorou o imóvel em que reside, avaliando-o, pelo valor de mercado, em R$
180.000,00; que tem apenas esse imóvel, no qual reside com sua filha, já que viúvo;
que o Oficial de Justiça informou que há uma execução movida pela ex-empregada
Sônia Cristina de Almeida contra a empresa que, por não ter adimplido a dívida,
gerou o direcionamento da execução contra os sócios; que foi ao Fórum e
fotocopiou todo o processo, agora entregue ao advogado; que nas contas
homologadas, sem que a parte contrária tivesse vista, foi verificado que a correção
monetária foi calculada considerando o mês da prestação dos serviços, ainda que a
sentença fosse omissa a respeito; que, ao retornar para penhorar o imóvel, o oficial
informou que a dívida havia aumentado em 10%, porque o juiz aplicou a multa do
artigo 475-J, do CPC. Diante do que foi exposto, elabore a medida judicial adequada
para a defesa dos interesses do entrevistado, sem criar dados ou fatos não
informados

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