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EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CEF. PENHORA DE SALÁRIO. LIMITE.

DESBLOQUEIO DE VALORES. As verbas relativas ao salário do executado, de natureza


alimentar, que não ultrapassam o valor de 50 salários-mínimos na forma do §2º do art. 833 do
CPC, são absolutamente impenhoráveis, inexistindo amparo legal para a retenção de 30%
deste valor. (TRF4, AG 5049894-46.2016.4.04.0000, TERCEIRA TURMA, Relator ALCIDES
VETTORAZZI, juntado aos autos em 25/01/2017)

Alega, em síntese, que "não há qualquer exceção acerca da possibilidade da penhora


sobre a remuneração advinda de salário, que sem sobra de dúvida é utilizado pelo
Agravante para sustento próprio e de sua família. Trata-se de cláusula pétrea,
portanto, imutável. Em que pese a construção jurídica de Primeiro Grau, entende-se
que não cabe ao intérprete inserir exceções contra expressos textos de Leis,
notadamente acerca da inviolabilidade do salário. As citadas legislações utilizadas
para embasar o deferimento da penhora, que versam sobre a possibilidade de
"qualquer assalariado possui o direito de dispor de 30% dos seus vencimentos em
operações de consignação ou desconto em folha, fixando tal limite como margem
consignável, nos termos dos art. 45 da Lei 8.112/1990 e art. 8º do Decreto 6.386/2008,
bem como art. 115 VI da Lei 8.213/1991", realmente não se aplicam ao caso presente.

EMENTA: ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. empréstimo. impenhorabilidade.


bloqueio de cartão. desconto em conta corrente. ausência de cláusula autorizadora. agravo de
instrumento provido. 1. A impenhorabilidade prevista no art. 833, IV, do CPC tem caráter
absoluto e visa concretizar o princípio da dignidade da pessoa humana, viabilizando o sustento
do devedor e de sua família, razão por que não há espaço para a constrição de parcela das
verbas salariais depositadas em conta corrente. Ademais, o fato de que o débito ser oriundo
de contrato de crédito consignado, em princípio, não afasta a incidência da impenhorabilidade
absoluta prevista no art. 833, IV, do CPC; 2. No que diz respeito ao contrato de renegociação
de dívidas, não há nenhuma ilegalidade na realização do débito diretamente na conta corrente
do agravante, tendo em vista que não foi prevista outra forma de pagamento e que esta forma
de pagamento é amplamente utilizada este tipo de contratação. Soma-se a isso o fato de que
tal operação não possui nenhuma vinculação com a margem consignável e foi contratada por
livre iniciativa do agravante; 3. O bloqueio do cartão de movimentação da conta bancária onde
o agravante recebe seu salário configura conduta abusiva da instituição financeira e acarreta,
por via transversa, a penhora de verba destinada ao sustento do mutuário de sua família; 4.
Agravo de instrumento provido. (TRF4, AG 5063475-94.2017.4.04.0000, QUARTA TURMA,
Relator CÂNDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR, juntado aos autos em 16/03/2018),

EMENTA: contratos bancários. execução de título extrajudicial. impenhorabilidade. art. 833, iv,
do CPC. verbas salariais. 1. A impenhorabilidade prevista no art. 833, IV, do CPC tem caráter
absoluto e visa concretizar o princípio da dignidade da pessoa humana, viabilizando o sustento
do devedor e de sua família, razão por que não há espaço para a constrição de parcela das
verbas salariais depositadas em conta corrente. tal impenhorabilidade estende-se a toda a
sorte de rendimentos penuciários decorrentes do trabalho, inclusive as verbas rescisórias. 2. O
fato de que o débito ser oriundo de contrato de crédito consignado, em princípio, não afasta a
incidência da impenhorabilidade absoluta prevista no art. 833, IV, do CPC. 3. Logo, correta a
decisão agravada, mesmo que por fundamentos diversos, no ponto em que reconsiderou a
decisão que havia determinado a penhora de 30% do salário da parte executada. (TRF4, AG
5054334-51.2017.4.04.0000, TERCEIRA TURMA, Relatora MARGA INGE BARTH TESSLER,
juntado aos autos em 14/12/2017)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


PROCESSO DE EXECUÇÃO. SALÁRIO. BEM ABSOLUTAMENTE
IMPENHORÁVEL. ARTIGO 649, IV DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. A
impenhorabilidade do salário tem caráter absoluto, nos termos do artigo 649, IV, do
CPC, sendo, portanto, inadmissível a penhora parcial de valores depositados em conta-
corrente destinada ao recebimento de salários por parte do devedor. Precedentes. 2.
DECISÃO AGRAVADA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 3.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (STJ, AgRg no REsp 1.262.995/AM, 3ª
Turma, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 13/11/2012)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPENHORABILIDADE. PROVENTOS DE


SALÁRIO. É inadmissível a penhora de percentual de valores recebidos a título de
subsídio, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria e pensões, entre
outros, em virtude da natureza alimentar da verba. Agravo de instrumento improvido.
(TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5020390-92.2016.404.0000, 4ª Turma, Juiz
Federal EDUARDO GOMES PHILIPPSEN, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS
AUTOS EM 14/08/2017)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. VALORES BLOQUEADOS.


VERBAS DE NATUREZA SALARIAL. IMPENHORABILIDADE. 1. A parte deve
comprovar que a quantia decorre do recebimento de alguma das verbas mencionadas
pelo artigo 833, IV, do NCPC, e esta é a situação dos autos. 2. Valores decorrentes de
salário ou aposentadoria depositados em conta corrente, onde existe eventual saldo
positivo, referente a mês ou meses anteriores, não tem o condão de fazer com que esta
renda perca a sua natureza alimentar. 3. A impenhorabilidade da quantia inferior a 40
salários mínimos prevista no art. 833, X do CPC abrange também os valores
depositados em conta corrente, consoante entendimento do STJ e desta Corte. (TRF4,
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5042960-72.2016.404.0000, 4ª TURMA, Des.
Federal VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, POR UNANIMIDADE,
JUNTADO AOS AUTOS EM 12/05/2017)

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CEF. IMPENHORABILIDADE.


CONTA POUPANÇA. 1. As verbas relativas ao salário do executado, de natureza
alimentar, que não ultrapassam o valor de 50 salários-mínimos na forma do §2º do art.
833 do CPC, são absolutamente impenhoráveis. 2. No caso dos autos, reputo
suficientemente demonstrado pelos documentos constantes do evento 34 dos autos
originários que os valores depositados na conta do agravante tem natureza salarial, e não
ultrapassam o valor de 50 salários-mínimos. (TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO
Nº 5050346-56.2016.404.0000, 3ª TURMA, Des. Federal MARGA INGE BARTH
TESSLER, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM 09/03/2017)
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO DE EXECUÇÃO. SALÁRIO. BEM
ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEL. 1.É impenhorável a quantia de até quarenta salários
mínimos poupada, seja ela mantida em papel moeda, conta-corrente ou aplicada em
caderneta de poupança propriamente dita, CDB, RDB ou em fundo de investimentos, desde
que a única reserva monetária em nome do recorrente, e ressalvado eventual abuso, má-fé ou
fraude, a ser verificado caso a caso, de acordo com as circunstâncias do caso concreto. 2. Logo,
muito embora os honorários advocatícios possuam caráter alimentar, não estão abrangidos na
exceção prevista no art. 833, § 2º do CPC, razão pela qual deve ser reformada a decisão
agravada no ponto em que indeferiu a liberação dos valores bloqueados via BACENJUD relativa
à parcela devida a título de honorários advocatícios. (TRF4, AG 5057601-31.2017.4.04.0000,
TERCEIRA TURMA, Relator ALCIDES VETTORAZZI, juntado aos autos em 05/02/2018)

Ademais, o art. 833, do Código de Processo Civil, em seu inciso X, prevê a


impenhorabilidade absoluta dos valores inferiores a quarenta salários mínimos
encontrados em caderneta de poupança, verbis:

Art. 833. São absolutamente impenhoráveis:

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta


de poupança.

Tal impenhorabilidade visa à proteção do pequeno investimento, criado para proteger o


indivíduo de eventual imprevisto em seu núcleo familiar.

Nesse sentido é a jurisprudência do STJ:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. VALORES BLOQUEADOS EM CONTA


POUPANÇA VINCULADA A CONTA CORRENTE. IMPENHORABILIDADE. ART.
649, INCISO X, DO CPC. INCIDÊNCIA. 1. Segundo o art. 649, inciso X, do CPC, a
quantia depositada em caderneta de poupança é impenhorável até o limite de 40
(quarenta) salários mínimos. 2. A intenção do legislador foi a de proteger o pequeno
investidor detentor de poupança modesta, atribuindo-lhe uma função de segurança
alimentícia ou de previdência pessoal e familiar. 3. O valor de quarenta salários
mínimos foi escolhido pelo legislador como sendo aquele apto a assegurar um padrão
mínimo de vida digna ao devedor e sua família, assegurando-lhes bens indispensáveis à
preservação do mínimo existencial, incorporando o ideal de que a execução não pode
servir para levar o devedor à ruína. (...)(RESP 201000763284, NANCY ANDRIGHI,
STJ - TERCEIRA TURMA, DJE DATA:26/03/2013)

Ademais, a 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp


1230060/PR, evoluiu o entendimento acerca da interpretação dos limites da
impenhorabilidade prevista no inciso X do art. 833 do CPC, para estender a proteção
também para os valores depositados em conta corrente ou em fundo de investimentos. A
ementa do acórdão restou assim redigida, verbis:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. IMPENHORABILIDADE. ARTIGO 649,


IV e X, DO CPC. FUNDO DE INVESTIMENTO. POUPANÇA. LIMITAÇÃO.
QUARENTA SALÁRIOS MÍNIMOS. PARCIAL PROVIMENTO. 1. A remuneração a
que se refere o inciso IV do art. 649 do CPC é a última percebida, no limite do teto
constitucional de remuneração (CF, art. 37, XI e XII), perdendo esta natureza a sobra
respectiva, após o recebimento do salário ou vencimento seguinte. Precedente. 2. O
valor obtido a título de indenização trabalhista, após longo período depositado em
fundo de investimento, perde a característica de verba salarial impenhorável (inciso IV
do art. 649). Reveste-se, todavia, de impenhorabilidade a quantia de até quarenta
salários mínimos poupada, seja ela mantida em papel-moeda; em conta-corrente;
aplicada em caderneta de poupança propriamente dita ou em fundo de investimentos,
e ressalvado eventual abuso, má-fé, ou fraude, a ser verificado caso a caso, de acordo
com as circunstâncias da situação concreta em julgamento (inciso X do art. 649).3.
Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1230060/PR, Rel. Ministra MARIA
ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/08/2014, DJe 29/08/2014)

No mesmo sentido, o entendimento deste Tribunal:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO LEGAL. EXECUÇÃO FISCAL. BACENJUD. VALORES.


INFERIORES A 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. ART. 649, X, DO CPC. LIBERAÇÃO.
IMPENHORABILIDADE. A 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou
recentemente entendimento no sentido de que é aplicável a proteção do inciso X do art.
649 do CPC, por interpretação extensiva, para outras formas de investimento. Decidiu
aquela Corte que é possível estender a proteção do inciso X do art. 649 do CPC para a
quantia de até 40 salários mínimos depositada em fundo de investimento, desde que não
haja indícios de má-fé, abuso, fraude, ocultação de valores ou sinais exteriores de
riqueza, de forma a admitir interpretação extensiva para alcançar pequenas reservas de
capital poupadas em outros investimentos, e não apenas os depósitos em caderneta de
poupança. (TRF4, AGRAVO LEGAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
5041173-42.2015.404.0000, 2ª TURMA, Juíza Federal CARLA EVELISE JUSTINO
HENDGES, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM 26/11/2015)

Logo, é impenhorável a quantia de até quarenta salários mínimos poupada, seja ela
mantida em papel moeda, conta-corrente ou aplicada em caderneta de poupança
propriamente dita, CDB, RDB ou em fundo de investimentos, desde que a única reserva
monetária em nome do recorrente, e ressalvado eventual abuso, má-fé ou fraude, a ser
verificado caso a caso, de acordo com as circunstâncias do caso concreto.

Por sua vez, o § 2 º do art. 833 do CPC expressamente prevê que "a impenhorabilidade
prevista nos incisos IV e X do art. 833 do CPC não se aplicam no caso de penhora para
pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem".

Muito embora já tenha proferido decisão no sentido que a exceção prevista no art. 833,
§ 2º do CPC abarcaria também os valores devidos a título de honorários advocatícios,
melhor avaliando a questão tenho por alinhar-me ao entendimento firmado neste
Tribunal, no sentido de que essa exceção se refere apenas ao pagamento de prestação
alimentícia devida em razão de uma relação civil de dependência econômica. Nesse
sentido os seguintes precedentes:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EXECUTADOS. BACENJUD. VERBA
ALIMENTAR BLOQUEADA. 1. A exceção prevista no artigo 833, §2º, do nCPC
(artigo 649, §2º, do CPC/73) se refere apenas ao pagamento de prestação alimentícia
(alimentos) devidos em razão de uma relação civil de dependência econômica entre
alimentando e alimentado, tratando-se de espécie e não gênero de crédito de natureza
alimentícia, não abrangendo, portanto, os honorários advocatícios, apesar de estes
constituírem verba de caráter alimentar. 2. Agravo de instrumento provido. (TRF4,
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5008218-84.2017.404.0000, 4ª Turma, Des.
Federal CÂNDIDO ALFREDO SILVA LEAL JÚNIOR, POR UNANIMIDADE,
JUNTADO AOS AUTOS EM 15/09/2017)

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. DESCONTO DE BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA.1. De
acordo com o entendimento firmado no âmbito do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça, compete ao Tribunal Regional Federal processar e julgar
mandado de segurança impetrado por autarquia federal contra decisão de juiz estadual,
mormente quando inexistente recurso com efeito suspensivo (artigo 5º, II, da Lei n.
12.016/2009).2. As hipóteses de descontos de valores de benefício previdenciário
dependem da existência de requisitos previstos em legislação específica, nos termos do
artigo 649, IV, do CPC, combinado com os artigos 114 e 115 da Lei nº 8.213/91.3. Em
que pese o caráter alimentar dos honorários advocatícios, trata-se de relação de ordem
privada que não se confunde com a dependência econômica entre alimentante e
alimentando, não abrangidos, portanto, pela exceção prevista no parágrafo 2º do artigo
649 do CPC, nem pelo disposto no artigo 154 do Decreto 3.048/1999. (TRF4, MS
0000467-05.2015.404.0000, TERCEIRA TURMA, Relator FERNANDO QUADROS
DA SILVA, D.E. 11/06/2015)

ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXCEÇÃO DE


IMPENHORABILIDADE DOS SALÁRIOS.1. A exceção à absoluta
impenhorabilidade dos salários, prevista em no inciso IV do art. 649 do Código de
Processo Civil, diz respeito apenas ao pagamento de prestação alimentícia. Tal
exceção pressupõe uma relação civil de dependência econômica entre alimentando e
alimentado, situação que, a toda evidência, não abarca os honorários sucumbenciais em
ação monitória movida por instituição financeira. (TRF4, AG 5029159-
60.2014.404.0000, QUARTA TURMA, Relatora VIVIAN JOSETE PANTALEÃO
CAMINHA, juntado aos autos em 04/03/2015)

(f) a retenção dolosa de salário constitui crime (art. 7º, X, da CF);

(g) o salário é impenhorável.

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