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O artigo 833, caput do CPC/15 preconiza os casos de impenhorabilidade dos bens do devedor.
Neste dispositivo, é importante indicar os incisos IV e X que definem, respectivamente:
"Como se vê, o acórdão recorrido - no ponto - não destoa da recente orientação desta Corte
acerca da matéria, segundo a qual a abrangência da regra do art. 833, inciso X, do CPC/2015 se
estende a todos os numerários poupados pela parte executada, até o limite de 40 (quarenta)
salários mínimos, não importando se depositados em poupança, em conta-corrente, fundos de
investimentos ou guardados em papel-moeda (...) (STJ - AREsp: 1671483 SP 2020/0047805-9,
Relator: Ministro MARCO BUZZI, Data de Publicação: DJ 03/08/2020)."
Sendo assim, a proteção da dignidade do devedor e de sua família é notória. Dignidade esta
relacionada ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana que, em campo prático, aplica-se na
proteção da integridade física e psíquica do indivíduo e na manutenção de condições mínimas
para o exercício da vida.
Dentro deste prisma, a redução patrimonial excessiva do devedor desencadearia ataque direto
a sua capacidade psíquica, tal como a física, reduzindo sua capacidade de subsistência,
afetando sua essência como indivíduo social e biológico.
Cabe ressaltar que a própria Carta Magna de 1988 expõe a proteção de tal princípio: "Art. 1º A
República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...)
III - a dignidade da pessoa humana;".
Importante indicar que este entendimento já vinha sendo trabalhado desde 2014, posto que,
em REsp n. 1230060, o STJ entendeu pela impenhorabilidade do mesmo limite salarial para
qualquer aplicação financeira.
Sendo assim, era um entendimento que vinha se consolidando até culminar na ampliação do
Art. 833, inciso X do CPC/15.
Ao ler o dispositivo em relevo, nota-se que a impenhorabilidade não abarca casos de prestação
alimentícia, neste sentido, o entendimento abrangente do STJ, quanto a aplicação do Art. 833,
X do CPC/15, manteve esta exceção.
Neste diapasão, a título de conhecimento amplo sobre o tema, é imprescindível indicar que a
Garantia do Mínimo Existencial é um dos impulsionadores do entendimento abrangente do
Superior Tribunal de Justiça.
A partir de decisão proferida pelo Tribunal Federal Administrativo Alemão, em 1953, esta
garantia foi instaurada, onde, uniu o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, a Liberdade
material e o Estado Social. Sendo assim, o papel do Estado seria garantir ao indivíduo a plena
atividade de seus direitos.
O entendimento majoritário exposto pelo Superior Tribunal de Justiça age dentro deste
prisma, visto que, ao abranger as regras de impenhorabilidade promove a garantia das
necessidades básicas do indivíduo, que, no cenário contemporâneo, é mais extenso que
fatores meramente biológicos.
"Enfim, no que tange ao pedido de liberação dos valores bloqueados na origem com base na
impenhorabilidade prevista no inciso X do art. 833 do CPC (limite de 40 salários mínimos, a
quantia depositada em caderneta de poupança), trata-se de modalidade de impenhorabilidade
que não aproveita às pessoas jurídicas (situação da parte executada), já que se destina à
manutenção dos valores necessários ao sustento do próprio devedor e de sua família, ou seja,
verbas de caráter alimentar. (fls. 36-37, e-STJ, grifos acrescidos). (AgInt no REsp 1878944/RS,
DJ 01/03/2021).
Quanto aos debates trabalhistas, a aplicação do Art. 833, X do CPC/15 é controvertida, sendo
aplicada em alguns casos, conforme se pode analisar através da partícula jurisprudencial a
seguir:
Portanto, é notório que o impedimento de penhora para valores até 40 salários mínimos pode
ampliar as dificuldades já existentes na execução de demandas civilistas.
https://www.migalhas.com.br/depeso/347179/impenhorabilidade-de-contas-bancarias-
segundo-o-stj