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EXCELENTÍSSIMA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA 4ª

VARA CÍVEL E DE FAZENDA PÚBLICA DE MACAPÁ-AP

AUTOS Nº 0039137-35.2017.8.03.0001

URGÊNTE

MARIA TEREZINHA DE OLIVEIRA, já devidamente


qualificada nos autos em epígrafe, por seu advogado subscritor
(instrumento procuratório em anexo), vem, respeitosamente
diante de Vossa Excelência, se manifestar ao teor do bloqueio
judicial nos autos, nos seguintes termos:
O juízo deferiu o bloqueio judicial em favor do
exequente, o que foi devidamente efetivado.
Ocorre que, a peticionante possui uma única fonte de
renda que é o Benefício de Prestação Continuada a Pessoa Idosa
junto ao INSS, e necessita de cuidados constantes com medicação
pois sofre de várias doenças, uma vez ser pessoa idosa.
Ressalta-se que os valores recebidos do INSS em sua
conta corrente do Bradesco foram bloqueados por força da Ordem
Judicial emanada nos autos, o que deve ser desconstituído por
força da dignidade da pessoa humana, nos termos outrora
mencionados, sendo sua única fonte de renda, conforme
documentos juntados a esta petição.
Desta feita, considerando que a Executada é
pensionista e possui esta única fonte de renda em que as verbas
são exclusivamente alimentares e, considerando ainda a origem da
dívida Exequenda, não há que se falar em penhora online de
valores, o que, no caso concreto, o bloqueio de valores oriundos de
sua pensão afrontaria os princípios basilares da Constituição
Federal, principalmente o da dignidade da pessoa humana – art.
1ª, III, CF/88, devendo, portanto, o pedido do Exequente ser
indeferido de plano, com arrimo legal no inc. IV, do art. 833, do
CPC/2015.
Neste sentido, colaciono os seguintes arestos dos
Tribunais pátrios.
TJDF. “1. Em que pesa a tendência de mitigação do art.
833, inciso IV, §2º do CPC, orientando-se no sentido de ampliar a
eficácia das normas fundamentais do processo civil, sobretudo
para possibilitar o cumprimento das obrigações, com a penhora de
conta salário e também do próprio salário, os pedidos devem ser
analisados caso a caso, ponderando-se com os demais princípios
sensíveis. 2. No caso concreto, a penhora requerida possui a
potencialidade de afrontar direitos fundamentais do devedor, como
a dignidade da pessoa humana, uma vez que o valor recebido pelo
devedor não é de grande monta, refletindo inclusive no valor
efetivamente penhorado em sua conta, que se revela insignificante
diante da dívida cobrada. (...). Caso fosse deferido o bloqueio, é
possível que a quantia seja até mesmo inferior aos encargos da
dívida, de modo que não haveria amortização, mas um bloqueio no
salário do devedor de forma indefinida. 4. O CPC estabelece em
seu artigo 836 que não será efetivada a penhora se o custo da
execução for superior aos bens arrecadados. De tal forma, uma
interpretação sistemática da norma processual leva à conclusão de
que a penhora só será realizada caso exista efetividade na sua
consolidação e não coloque em risco a dignidade do devedor, não
sendo o caso dos autos.” (Acórdão 1149903,
07218775620188070000, Relator: ALFEU MACHADO, 6ª Turma
Cível, data de julgamento: 07/02/2019, publicado no DJe:
13/02/2019.)

Assim, considerando o princípio da dignidade da


pessoa humana, viga mestra da “Constituição cidadã”,
bem como esteio legal no Código de Processo Civil,
conforme alhures mencionado, requer-se o desbloqueio
urgente de sua conta do Banco Bradesco, Ag. 523, conta
93883-1, onde encontra-se bloqueado o valor de seu
Benefício de Prestação Continuada a Pessoa.
Nestes termos,
Pede e aguarda deferimento.
Macapá, 03 de abril de 2024.

Dr. José Augusto Cardoso


Adv. -OAB-AP 376

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