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Atividades Avaliativas A1 e A2

Nota:______

5º Semestre | Turma: DIR3AN-BUB | Sala: 114

Disciplina: Direito Processual do Trabalho_______

Disciplina: Direito Internacional Público_________

Professor: Renato Negretti Cruz________________

Professor: Carlos Eduardo Siqueira Abrão_______

CIRCULE ABAIXO ATIVIDADE CORRESPONDENTE A ATIVIDADE


RESOLVIDA NESTE FORMULÁRIO:

A1 / A2

OBSERVAÇÃO: Não precisa copiar, nesta folha, o enunciado das atividades, utilizando
este formulário exclusivamente para solução das mesmas.

Componentes do grupo (entre 2 ou 3):

ALANA MENDONÇA DA MOTA | RA. 817123859;


GABRIELA FARIAS CAMACHO | RA. 81715789;
MATHEUS DUTINE DE MELO | RA. 817115281.
AO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

-STF-

Excelso STF!
Colendo Plenário!
Ínclitos Ministros!
Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro José Antonio Dias Toffoli!

A Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho - ANAMATRA, inscrita no


CNPJ/MF sob o n. 00.000.000/0000-00, representativa dos interesses dos magistrados da
Justiça do Trabalho, com sede no endereço: Rua XXXX, 000, Bairro XXXX, São Paulo/SP,
CEP.: 00.000-000, vem, respeitosamente, por seus advogados, propor a presente

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Em face do § 1º do artigo 223-G da Consolidação das Leis Trabalhistas (Decreto–Lei


nº 5.452/1943), com redação que lhe foi dada pelo art. 1º da Lei nº 13.467 de 13 de julho de
2017.

I. DA LEGITIMIDADE PARA PROPOSITURA DA PRESENTE AÇÃO

Verifica-se a legitimidade para a propositura da presente Ação Direta de


Inconstitucionalidade, tomando como base os artigos 103, inc. IX, da Constituição Federal,
conjuntamente com o artigo 2º, inc. IX, da Lei nº 9.868/99, respectivamente, in verbis:

“Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação


declaratória de constitucionalidade:
(...) IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
”;

“Art. 2º. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade:


(...)IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
”.
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Ademais, por tratar-se de normas com relação direta com a justiça do trabalho,
constata-se a pertinência temática da matéria objeto da presente ação, conforme nos ensina o
ilustre mestre Hely Lopes Meirelles: “Segundo a jurisprudência do STF, há de se exigir que o
objeto da ação de inconstitucionalidade guarde relação de pertinência com a atividade de
representação da confederação ou da entidade de classe de âmbito nacional (Cf, ADIn n.
202-BA, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 2.4.93, p. 5.612; ADIn n. 159-PA, Rel. Min.
Octávio Gallotti, DJU 2.4.93, p. 5.611; ADIn n. 893-PR, Rel. Min. Carlos Velloso, DJU
3.9.93, p. 17.743). ”. (MEIRELLES, Hely Lopes; MENDES, Gilmar Ferreira; WALD,
Arnaldo, Mandado de segurança e ações constitucionais, 32ª ed., São Paulo: malheiros
editores, 2009, p. 356).

Ainda sobre a legitimidade, nos ensina o ilustre mestre Hely Lopes Meirelles acerca
do objeto da ADIn. “ Podem ser impugnados por ação direta de inconstitucionalidade, nos
termos do art. 102, I, “a”, primeira parte, da CF, leis ou atos normativos federais ou
estaduais. Com isso, utilizou-se o constituinte de formulação abrangente de todos os atos
normativos da União ou dos Estados. ”. (MEIRELLES, Hely Lopes; MENDES, Gilmar
Ferreira; WALD, Arnaldo, Mandado de segurança e ações constitucionais, 32ª ed., São
Paulo: malheiros editores, 2009, p. 357).

Dessa forma, não restam dúvidas quanto a possibilidade para a propositura da presente
ADIn, visto que o documento máximo – Constituição Federal de 1988 – atribui a legitimidade
à ANAMATRA e demais confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional,
desde que seja também preenchido o critério de pertinência temática para tal, conforme
consolidado pela doutrina e pelo STF.

II. DA COMPETÊNCIA DO STF PARA JULGAR A PRESENTE AÇÃO


Cabe ao Supremo Tribunal Federal a competência para tratar da presente ADIn., visto
que o ato normativo impugnado afronta claramente a Carta Magna do ordenamento jurídico
brasileiro, dessa forma existindo, por óbvio, lei inconstitucional que deverá ao final da
presente ação direta de inconstitucionalidade ser declarada nula por esta egrégia suprema
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corte.

É típico das cartas constitucionais consagradoras de um Estado Democrático de


Direito a atribuição de competência ao Poder Judiciário para tutelar a própria ordem
constitucional e limitar a atuação do Poder Público, inclusive Legislativo. Em compasso, o
ilustre mestre Fábio Victor da Fonte Monnerat ensina:
“Via de regra, esta competência é dada ao órgão de cúpula do Poder Judiciário, que
exerce, neste contexto, a denominada jurisdição constitucional.
(...)
Por jurisdição constitucional, portanto, deve ser entendida a atividade do Poder
Judiciário voltada à limitação, à racionalização e ao controle dos poderes estatal, executivo
e legislativo, especialmente por meio de pronunciamentos e controle abstratos da
constitucionalidade dos atos destes poderes.
(...)
No ordenamento jurídico brasileiro, a jurisdição constitucional é exercida
eminentemente pelo Supremo Tribunal Federal, órgão de maior hierarquia do Poder
Judiciário nacional, com sobreposição a todos os demais órgãos jurisdicionais. ”.
(MONNERAT, Fabio Victor da Fonte, Introdução ao estudo do direito processual civil,
3ª ed., São Paulo: Saraiva, 2018, p. 130 e 131).

Ademais, nos ensina o ilustre mestre Alexandre de Moraes, Ministro do Supremo


Tribunal Federal:
“Em relação ao controle exercido pelo Poder Judiciário sobre o Poder Legislativo,
podemos apontar, exemplificamente: possibilidade do Supremo Tribunal Federal declarar,
em tese, a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou federal (CF, art. 102, I,
a). ”. (MORAES, Alexandre, Direitos humanos fundamentais, 4ª ed., São Paulo: Atlas,
2002, p. 73).

III. DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 223-G, § 1º, DA CLT


Após todo o exposto acerca da legitimidade do impetrante, bem como a respeito da
competência da cúpula do judiciário para o julgamento da presente ADIn., passemos agora a
expor os fatores de inconstitucionalidade do dispositivo normativo supracitado.
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Referida norma valora a reparação do dano moral sofrido pelo trabalhador de acordo
com o salário que o mesmo possuía no momento do dano, em direta ofensa ao princípio da
isonomia e às garantias do artigo 5º, incs. V e X, da Constituição (garantia do dano moral). A
norma ainda afronta, claramente, o artigo 2º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos e do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, visto que
discrimina os trabalhadores em face de seus rendimentos, in verbis:

“Artigo 2. Os Estados Partes (…) comprometem-se a respeitar e


garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que
estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente
Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua,
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou
social, situação econômica, nascimento ou qualquer condição. ”.

Na mesma linha, a procuradora geral da república doutora Raquel Dodge, já se


pronunciou acerca do assunto:
“O insulamento disciplinar do dano moral na esfera trabalhista, para efeito de
redução de sua tutela, determinada por um atributo externo do indivíduo – a sua qualidade
de empregado ou prestador de serviço na relação mantida com o ofensor e sua remuneração
contratual – constitui concepção desigualitária em matéria de reparação de danos morais,
em ofensa ao princípio de proteção à dignidade da pessoa humana (Art. 1º, inc. III, CF/88),
e que, por isso, afronta o núcleo axiológico da regulação constitucional, padecendo de
inconstitucionalidade.”. – (grifos nossos).

Ademais, o ilustre ministro Cezar Peluso, da Segunda Turma do STF, nos autos do
Recurso Extraordinário nº 447.584/RJ, firmou que é incompatível com o alcance da
indenizabilidade irrestrita assegurada pela CF/88 toda limitação, prévia e abstrata, ao valor de
indenização por dano moral, objeto de juízo de equidade.

Dessa forma, podemos dizer que não se pode extrair uma permissão explícita ou
implícita a restrição do direito de indenização contido nos incisos V e X do artigo 5º da Carta
Magna. A lei não pode restringir os direitos, liberdades e garantias constitucionais sem ferir
de morte o teor de nossa Carta Magna.

O artigo 223-G, § 1º e seus incisos, acaba por restringir a tutela do direito fundamental
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à incolumidade moral, contrariando o mandamento constitucional de máxima tutela aos
direitos fundamentais de 1ª, 2ª e 3ª geração. Sendo assim, a limitação imposta pelo dispositivo
normativo impugnado não deriva de reserva legal prevista na CF e busca fazer uma
manipulação jurídica um dispositivo contido no código civil brasileiro, que alude sobre o
status quo ante, que se torna impossível de ser atingido no âmbito trabalhista ao aplicar uma
limitação à indenização por dano moral com base no que o trabalhador ganha.

Destarte, isso implicaria uma clara violação aos artigos 1º, inc. IV, 170 e 193 da Carta
Magna, bem como ao artigo 944 do Código Civil, in verbis, respectivamente:

“Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; ”;

“Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios: ”;

“Art. 193 - A ordem social tem como base o primado do trabalho, e


como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. ”;

“Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. ”.

Por conseguinte, nos cabe ainda salientar que há diversos diplomas internacionais de
direitos humanos que reconhecem e englobam os valores que estão sendo feridos pela norma
outrora impugnada. A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma a essencialidade
dos bens tutelados pelos direitos humanos fundamentais, bem como o Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, que também acabam por reconhecer e englobar diversos direitos humanos de
primeira e segunda geração que foram feridos de morte pelo artigo 223-G, § 1º, da CLT.

Ademais, por versarem sobre direitos humanos, os referidos diplomas internacionais


gozam do status de norma infraconstitucional e supralegal, devendo assim prevalecer sobre
normas ordinárias (CLT), isto é, conforme precedente firmado pelo STF no Recurso
Extraordinário nº 466.343/SP, Relator Ministro Cezar Peluso, torna-se inaplicável a legislação
infraconstitucional ordinária conflitante com os normativos internacionais com status
supralegal, ainda que posterior aos respectivos atos de ratificação.
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Em conformidade com todo o exposto, o ilustre mestre Maurício Godinho Delgado e a


ilustre mestra Gabriela Neves Delgado ensinam:

“Se não bastasse, o art. 223-G, § 1º, incisos I até IV, estabelece tarifação da
indenização por dano extrapatrimonial, se esquecendo que a Constituição da República
afasta o critério de tarifação da indenização por dano moral, em seu art. 5º, V, ao mencionar
enfaticamente a noção de proporcionalidade. Nesse contexto, a interpretação lógico-
racional, sistemática e teleológica desses dispositivos legais rejeita a absolutização do
tarifamento efetuado pela nova lei, considerando a tabela ali exposta basicamente como um
parâmetro para a fixação indenizatória pelo Magistrado, mas sem prevalência sobre a noção
jurídica advinda do princípio da proporcionalidade-razoabilidade. ”.
IV. CONCLUSÃO

Requer a autora, diante de todo o exposto, que seja declarada a inconstitucionalidade


do artigo 223-G, § 1º, incs. I; II; III e IV, da CLT, de sorte a permitir que os órgãos
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jurisdicionais fixem, eventualmente, indenizações superiores aos limites previstos, por
decisão fundamentada.

São Paulo/SP, 31 de março de 2019.

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MATHEUS DUTINE DE MELO
OAB/SP nº 000.000

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GABRIELA FARIAS CAMACHO
OAB/SP nº 000.000

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ALANA MENDONÇA DA MOTA
OAB/SP nº 000.000

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