NOTA

TEORIA GERAL DO DIREITO

Profª Adriana Gonzaga

___________
AVALIAÇÃO DO PRIMEIRO BIMESTRE
Valor: 10,0

Nome completo:
Número de matrícula:
Data de publicação: 22/04/2020
Prazo final para enviar: 29/04/2020

1) Observe o trecho do texto a seguir e, posteriormente, responda ao

questionamento.
“O vocábulo ‘Direito’ [...] possui certo campo de significação. Por ‘campo de
significação’ entende-se a ocorrência, própria da linguagem cotidiana, de ser
possível obter sentidos distintos de uma mesma palavra. De fato, toda palavra
possui específico campo de significação, ora mais, ora menos abrangente. Sua
maior ou menor abrangência depende de seu uso”. (Adrian Sgarbi. Introdução à
Teoria do Direito)
O trecho acima remete à dificuldade de se definir taxativamente e sem divergências
o que é o Direito. Tendo por base os conteúdos por nós trabalhados na disciplina de
Teoria Geral do Direito, disserte sobre as possíveis causas desta ‘instabilidade’
conceitual e como esse problema pode ser enfrentado, a fim de gerar certo
consenso semântico – na contemporaneidade – acerca do que é o Direito. (1,5
ponto)

2) Observe os trechos da sentença judicial abaixo e, em seguida, responda aos

questionamentos:
15ª. Vara – Justiça Federal – Seção de São Paulo
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE
AUTOR: INSS / CEF
RÉUS: INVASORES
“Vistos, etc.
Este caso demonstra como, na verdade, difícil e espinhosa é a missão do juiz. A
responsabilidade de seu cargo é de tal ordem que levou um grande magistrado de
Santa Catarina, o Dr. João Alfredo Medeiros Vieira, a desabafar em sua página, de
inexcedível beleza, por ele intitulada de ‘A Oração de um Juiz’:
Senhor! Quão pesado e terrível é o fardo que puseste nos meus ombros. O
meu veredicto pode transformar a pobreza em abastança e a riqueza em
miséria. Da minha decisão depende o destino de muitas vidas. Sábios e
ignorantes, ricos e pobres, homens e mulheres, os nascituros, as crianças, os
jovens, os loucos e os moribundos, todos estão sujeitos desde o nascimento
até a morte, à Lei que eu represento e a Justiça que eu simbolizo’.

De minha decisão nesta lide, graves e graves consequências de ordem social

podem resultar. Um órgão da Administração Federal (INSS) pretende retomar a
cerca de três mil posseiros, segundo os jornais, a posse de imóvel de sua
propriedade (Fazenda Itupu). A lei lhe é francamente favorável. O possuidor tem o
direito de ser reintegrado na posse em caso de esbulho [Esbulho é o ato pelo qual
uma pessoa perde a posse de um bem que tem consigo - sendo proprietário ou
possuidor - por ato de terceiro que a toma forçadamente, sem ter qualquer direito
sobre a coisa que legitime o seu ato], diz o Código de Processo Civil em seu artigo
926, devendo o juiz, em estando devidamente instruída a petição inicial [a peça
processual que instaura o processo judicial], deferir [acolher], sem ouvir os réus, a
reintegração liminar de posse, completa o artigo 928, do Código de Processo Civil.
No caso presente, as cousas não são tão fáceis assim. Embora deva o juiz,
primacialmente, aplicar e fazer aplicar a lei, não pode ele ficar alheio à realidade
social [...].
A petição inicial está devidamente instruída e a chamada ‘invasão da Fazenda Itupu’
é manchete em todos os jornais. O deferimento da reintegração ocasionará, por
certo, entreveros, de resultados imprevisíveis, entre os chamados invasores e as
autoridades que forem incumbidas de cumprir a ordem [...]. Deixar de deferir a
medida liminar, que tem absoluto apoio na lei, seria gerar, ao seu lado, [igualmente]
consequências [...].
A única solução viável, parece-me, não é jurídica, mas sim política e sua execução
só pode ser feita pelo Governo Federal, através da desapropriação da área para sua
transferência aos atuais detentores. Embora caiba ao juiz, enquanto Magistrado,
aplicar a lei ela é desfavorável aos ora chamados invasores, pode e deve ele,
enquanto cidadão, sugerir medidas de ordem social. A conveniência e oportunidade
de tal decisão, contudo, é atribuição exclusiva do sr. Presidente da República, o que
não me impede de rogar a Deus seja tomada tal providência política antes da
execução desta minha decisão.
Isto posto, levando-se em conta estarem satisfeitos os requisitos legais, concedo a
reintegração liminar de posse em favor do autor (INSS), expedindo-se o necessário
mandado, nos termos do artigo 928 do Código de Processo Civil (Lei 5869/73).
Autorizo a requisição da força necessária à execução desta ordem e recomendo aos
agentes da lei o máximo de prudência e cautela no seu cumprimento.
São Paulo, 09 de setembro de 1981”.
Sebastião de O. L. – Juiz Federal – 15ª. Vara
Dispositivos legais de apoio:
Art. 926, CPC (redação da Lei 5869/73, antes da reforma do novo CPC) - O
possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no
de esbulho.
Art. 928, CPC (redação da Lei 5869/73, antes da reforma do novo CPC) - Estando a
petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do
mandado liminar de manutenção ou de reintegração [...].

Pergunta-se:
2.1) Dois são os enfoques teóricos básicos para se estudar o Direito. O juiz
Sebastião O. L. decidiu o caso da ação de reintegração de posse da Fazenda Itupu
utilizando para tanto aspectos zetéticos e dogmáticos para iluminar a questão
jurídica em tela? Justifique sua resposta trazendo, inclusive, trechos do texto da
decisão para sustentar seu posicionamento! (2,0 pontos)
2.2) A decisão efetiva do juiz para o caso concreto empregou, preponderantemente,
qual dessas abordagens teóricas jurídicas? Justifique sua resposta abordando,
ademais, se existe alguma relação dessa interpretação jurídica preponderante para
solucionar o caso concreto com a função social do Direito na contemporaneidade.
(1,0 ponto)

3) O art. 4º, III, da Constituição Federal de 1988, redigido abaixo, faz alusão a qual
característica estudada do Direito Positivo? Justifique sua resposta! (0,5 ponto)
Art. 4º, CF/88 - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:

III - autodeterminação dos povos (ou seja, todo povo de um país tem o direito de se
autogovernar, estabelecendo um Direito que lhe é próprio e realizando
soberanamente suas escolhas políticas, sem intervenção externa).

4) Leia atentamente a tentativa de definição de Direito explicitada pelo

professor J. M. Leoni Lopes de Oliveira em seu livro Introdução ao Direito e,
posteriormente, responda aos questionamentos:

“Para a conceituação do Direito, devemos nos afastar da posição cômoda de

considerá-lo simples fruto do poder estatal, e reconhecer que não basta a norma ter
sido imposta pelo poder público para ser considerada como Direito, pois para
merecer esse nome é necessário que ele seja conforme o ideal de justiça. O Direito
pode ser definido como ‘o conjunto de normas de conduta humana obrigatórias e
conformes à justiça’”.
Pergunta-se: O prof. J. M. Leoni, no trecho supracitado, demonstra a preocupação
em encontrar uma definição geral do Direito. É possível sustentar que sua visão de
Direito está em consonância com a perspectiva juspositivista: 4.1) sobre a relação
conceitual entre Direito e Moral? E 4.2) sobre a “hierarquia” entre os 2 Direitos:
Direito Natural e Direito Positivo? Justifique suas respostas, argumentando
teoricamente da forma mais aprofundada que puder! (2,0 pontos e 1,0 ponto,
respectivamente)

5) Vivemos um momento difícil de pandemia do COVID-19 e o enfrentamento da

situação, nos vários países, apoia-se em diretrizes políticas divergentes. O Prefeito
de Milão, Giuseppe Sala, inicialmente, adotou uma campanha para orientar a
população cujo slogan foi: “Milão não para”, conclamando os cidadãos para
continuarem a trabalhar e para exercerem suas demais atividades, mantendo a
normalidade da vida. O vídeo da campanha compartilhado pelo Prefeito “foi
publicado por uma associação de bares e restaurantes da cidade e dizia que os
cidadãos ‘não tinham medo’ e que os habitantes de Milão faziam ‘milagres todos os
dias’ em ritmos impensáveis’ com ‘resultados importantes’”.
(https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/27/prefeito-de-milao-admite-erro-por-ter-
apoiado-campanha-para-cidade-nao-parar-no-inicio-da-pandemia-de-coronavirus-na-italia.ghtml)

Se nessa época da campanha parcela significativa da população de Milão

resolvesse adotar não as instruções de saúde pública do Prefeito, mas as da
Organização Mundial de Saúde e as de países melhor sucedidos no combate à
proliferação do coronavírus, ou seja, o isolamento social horizontal (pelo tempo que
for necessário), pergunta-se: dentre outras interpretações, seria possível enquadrar
essa postura dos milaneses como exercício do direito de resistência? Justifique sua
resposta da forma mais aprofundada que puder. (1,0 ponto)

6) Disserte sobre o seguinte assunto: por que o Jusnaturalismo cedeu o status de

Teoria Jurídica hegemônica moderna, a partir do século XIX, para o Juspositivismo?
(1,0 ponto)

7) Como você avalia a sua aprendizagem na disciplina, nesse contexto de ensino à

distância? Qual nota você atribuiria a você, considerando o seu aprendizado na
disciplina?