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ESTADO DO CEARÁ

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR CARLOS ALBERTO MENDES FORTE

Processo: 0635764-58.2020.8.06.0000 - Agravo de Instrumento


Agravante: JL Indústria e Comércio de Confecções EIRELI - EPP
Agravados: Imobiliária CPC Ltda, Imobiliária Esam Ltda, Imobiliária 3R Ltda e
Imobiliária Albatroz Ltda

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE


PAGAMENTO DOS ALUGUEIS E ACESSÓRIOS. LEI Nº 8.245/1991. LOCAÇÃO DE
IMÓVEL COMERCIAL. CONTRATO COM GARANTIA DE FIANÇA. LIMINAR
DE DESPEJO. DESCABIMENTO. PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE
EVIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO LEGAL. APLICAÇÃO DO
PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 311 DO CPC. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
1. Cuidam os presentes autos de agravo de instrumento
interposto, com pedido de efeito suspensivo, interposto por JL
Indústria e Comércio de Confecção EIRELI-EPP contra decisão
proferida pela MM. Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca
de Fortaleza/CE, que deferiu pedido de tutela de evidência na
ação de despejo proposta por Imobiliária CPC Ltda., Imobiliária
ESAM Ltda., Imobiliária 3R Ltda. e Imobiliária Albatroz Ltda.,
ora recorridas, para determinar a desocupação do imóvel, no
prazo de 15 (quinze) dias, autorizando o uso de força policial e
ordem de arrombamento, caso necessário.
2. O artigo 59 da lei do Inquilinato determina que somente poderá
ser concedida medida liminar de despejo se o contrato de locação
estiver desprovido de qualquer das garantias prevista no art. 37
da mencionada lei.
Art. 37. No contrato de locação, pode o locador exigir do locatário
as seguintes modalidades de garantia: I - caução; II - fiança; III -
seguro de fiança locatícia. IV - cessão fiduciária de quotas de fundo
de investimento. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Parágrafo
único. É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma das
modalidades de garantia num mesmo contrato de locação.
3. Assim, depreende-se das provas colacionadas aos autos às fls.
41/50 c/c fls. 51/68, que as partes celebraram contrato de locação
não residencial por prazo determinado com a modalidade de
garantia por fiança cláusula 24, o que afasta a possibilidade de
concessão de medida liminar de desocupação do imóvel.
Precedentes do TJ/CE.
4. Dessa forma, como o contrato celebrado entre as partes
estabelece como fiador o Sr. Rodrigo Jereissati de Araújo resta
impossibilitada, por força de dispositivo legal, o despejo da
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agravante por medida liminar. Destaca-se, inclusive, que a parte


agravada reconhece a fiança estabelecida contratualmente, vez
que ao propor a ação, em sua petição inicial às fls. 25/40, incluiu o
fiador no polo passivo da demanda.
5. Ademais, o magistrado de piso exarou decisão interlocutória da
concessão da liminar do despejo com base na tutela de evidência
art. 311, inciso IV do CPC, porém esse fundamento não merece
prosperar, ante a ausência de contraditório para o deferimento.
6. A tutela de evidência diferencia-se da tutela de urgência por
prescindir da comprovação do perigo na demora da prestação
jurisdicional, mas o CPC somente autoriza a concessão de tutela
de evidência antes de ouvir a parte contrária nos casos dos incisos
II e III do art. 311 e não no caso do inciso IV do referido artigo,
que é o fundamento jurídico do pedido. Precedentes do TJ/CE.
7. Agravo de instrumento conhecido e provido.

ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 2ª Câmara Direito Privado do
Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade, em conhecer do presente recurso,
para dar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator.

Fortaleza, 27 de janeiro de 2021.

FRANCISCO DARIVAL BESERRA PRIMO


Presidente do Órgão Julgador

DESEMBARGADOR CARLOS ALBERTO MENDES FORTE


Relator

RELATÓRIO

1. Cuidam os presentes autos de agravo de instrumento, com pedido de


efeito suspensivo, interposto por JL Indústria e Comércio de Confecção EIRELI-EPP
contra decisão proferida pela MM. Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de
Fortaleza/CE, que deferiu pedido de tutela de evidência na ação de despejo proposta
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por Imobiliária CPC Ltda., Imobiliária ESAM Ltda., Imobiliária 3R Ltda. e Imobiliária
Albatroz Ltda., ora recorridas, para determinar a desocupação do imóvel, no prazo de
15 (quinze) dias, autorizando o uso de força policial e ordem de arrombamento, caso
necessário.

2. Irresignada, a recorrente interpôs o agravo de instrumento,


afirmando, em suma, que que é locatária das empresas agravadas há quase 20 (vinte)
anos de espaço comercial situado no Shopping Del Paseo, onde mantém loja com
nome fantasia ATHOS. Assim, pugna, pela concessão de efeito suspensivo, alegando,
em suma, que é impossível a concessão de despejo liminar quando o contrato tem
garantia fidejussória, firmada pelo fiador Rodrigo Jereissati de Araújo, pessoa de
reputação idônea, nos termos do artigo 59, inciso IX, da Lei nº 8.245/91. Afirma que a
jurisprudência é pacífica quanto a esta vedação e que o artigo 311, IV, do CPC veda a
concessão de tutela de urgência antes da formação do contraditório. Argumenta, por
fim, que o estado de pandemia, com a determinação do fechamento das atividades
comerciais, deixou a agravante numa situação financeira crítica e a impediu de honrar
seus compromissos. Alfim, pugna pelo conhecimento e provimento do recurso.

3. Às fls. 330/333 proferi decisão interlocutória deferindo o pedido de


efeito suspensivo.

4. Contrarrazões às fls. 339/350, a parte agravada defende a


manutenção da decisão do juízo de primeiro grau. Inicialmente, aduz, que a liminar
requerida na exordial não foi fundamentada com base no art.59 da lei do Inquilinato,
mas sim, na tutela de evidência prevista no Código de Processo Civil. Afirma, que é
pacífico na jurisprudência o deferimento das tutelas antecipadas previstas no CPC,
mesmo nas ações de despejo desde que a causa de pedir não estejam elencadas no
art.59, §1º da Lei do Inquilinato. Sustenta, que a decisão agravada está fundamenta
corretamente por versar de tutela de evidência, vez que a confissão de dívida em
relação às obrigações locatícias da agravante gera o direito da locadora de reaver o
imóvel consoante previsto no art. 9, inciso III c/c art. 62, inciso I ambos da Lei
8.245/91. Por fim, alega que a agravante está agindo de má-fé e com nítido abuso de
direito.

5. É o relatório. Peço pauta para julgamento.

VOTO

6. Cinge-se à pretensão recursal em obter a suspensão da liminar de


despejo fundada na ausência de pagamento dos aluguéis por entender o recorrente que
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o contrato locatício se encontra protegido pela garantia de fiança.

7. A parte agravada sustenta que o agravante está inadimplente,


usufruindo do imóvel sem realizar o pagamento dos alugueres e as despesas com IPTU
e requer assim a manutenção da liminar de despejo deferida pelo juízo de piso.

8. Conforme previsto na Lei do Inquilinato, a previsão das liminares


nas ações de despejo, visam a evitar que o locatário permaneça (inadimplente) no
imóvel durante todo o trâmite da ação de despejo e, nesse sentido, o parágrafo 1º, do
artigo 59, a seguir transcrito, autoriza a concessão de liminar para desocupação em
quinze dias, independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada a
caução no valor equivalente a três meses de aluguel.

Art. 59 Com as modificações constantes deste capítulo, as


ações de despejo terão o rito ordinário.

§ 1º Conceder-se-á liminar para desocupação em quinze dias,


independentemente da audiência da parte contrária e desde que
prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel,
nas ações que tiverem por fundamento exclusivo:

IX a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação


no vencimento, estando o contrato desprovido de qualquer das
garantias previstas no art. 37, por não ter sido contratada ou
em caso de extinção ou pedido de exoneração dela,
independentemente de motivo.
(Grifo nosso)

9. Entretanto, viu-se que o artigo supracitado determina que somente


poderá ser concedida medida liminar de despejo se o contrato de locação estiver
desprovido de qualquer das garantias prevista no art. 37 da lei do Inquilinato, o qual
possui a seguinte redação:
Art. 37. No contrato de locação, pode o locador exigir do
locatário as seguintes modalidades de garantia:
I - caução;
II - fiança;
III - seguro de fiança locatícia.
IV - cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento.
(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)
Parágrafo único. É vedada, sob pena de nulidade, mais de uma
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das
modalidades de garantia num mesmo contrato de locação.
(Grifo nosso)

10. Em sendo assim, depreende-se das provas colacionadas aos autos


às fls. 41/50 c/c fls. 51/68, que as partes celebraram contrato de locação não residencial
por prazo determinado com a modalidade de garantia por fiança cláusula 24, o que
afasta a possibilidade de concessão de medida liminar de desocupação do imóvel.

11. Nesse sentido, coleciono julgados desta Colenda 2ª Câmara de


Direito Privado e de outros tribunais pátrios, vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO POR


FALTA DE PAGAMENTO DOS ALUGUEIS E
ACESSÓRIOS. LEI Nº 8.245/1991. LOCAÇÃO DE IMÓVEL
COMERCIAL. CONTRATO COM GARANTIA DE FIANÇA,
PRORROGADO AUTOMATICAMENTE POR PRAZO
INDETERMINADO. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO ACERCA
DA EXONERAÇÃO DA FIANÇA. PRORROGAÇÃO ATÉ A
ENTREGA DAS CHAVES DO IMÓVEL. LIMINAR DE
DESPEJO. DESCABIMENTO. INAPLICABILIDADE DA
SÚMULA 214 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA STJ,
NO CASO CONCRETO. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. DECISÃO MANTIDA.
1. Na hipótese, pretende o recorrente obter liminar em Ação de
Despejo por falta de pagamento de alugueis, por entender que o
contrato locatício não se encontra protegido pela garantia de
fiança, uma vez que não houve a prorrogação dessa garantia
quando da renovação automática da locação.
2. Nos termos do § 1º, do artigo 59, da Lei Nº 8.245/1991,
"Conceder-se-á liminar para desocupação em quinze dias,
independentemente da audiência da parte contrária e desde que
prestada a caução no valor equivalente a três meses de
aluguel." Todavia, o mencionado artigo excepciona em seu
inciso IX, que não se concede a liminar desalijatória, nos casos
em que o Contrato se encontre garantido pela fiança (artigo 37,
II, da Lei Nº 8.245/1991).
3. No caso em análise, o Contrato de Locação celebrado pelas
partes se encontrada garantido por fiança, fora prorrogado,
automaticamente, sem determinação de prazo e, não consta dos
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autos notícia de que o fiador tenha se exonerado da fiança e,


por essa razão, não se admite a concessão liminar requerida
pelo agravante, pelo que se impõe a manutenção da decisão
recorrida.
4. Justifica-se a inaplicabilidade, no caso concreto, da Súmula
214 do STJ, uma vez que o referido enunciado trata de
aditamentos ao contrato, que não se confundem com a mera
prorrogação, como é o caso da lide em destrame.
5. Recurso conhecido e improvido. Decisão Mantida.
ACÓRDÃO Acordam os Desembargadores integrantes da
Segunda Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará, unanimemente, em conhecer do recurso
interposto mas para negar-lhe provimento, nos termos do voto
da relatora.
(Relator (a): MARIA DE FÁTIMA DE MELO LOUREIRO;
Comarca: Fortaleza; Órgão julgador: 38ª Vara Cível; Data do
julgamento: 06/05/2020; Data de registro: 06/05/2020)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE


DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO - CONTRATO DE
LOCAÇÃO COM GARANTIA - FIADOR - LIMINAR -
DESOCUPAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE.
A própria lei de Locação determina que para ser concedida
medida liminar de despejo é necessária a caução prestada em
dinheiro, no valor equivalente a três alugueis.
Entretanto, em decorrência da existência de uma das garantias
previstas no art.37 da lei 8.245/91, resta impossibilitada a
concessão de liminar de despejo.
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0000.18.006705-0/001,
Relator(a): Des.(a) Marco Aurelio Ferenzini , 14ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 21/06/0018, publicação da súmula em
21/06/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - DESPEJO POR FALTA DE


PAGAMENTO - LIMINAR PARA DESOCUPAÇÃO -
INDEFERIMENTO - CONTRATO GARANTIDO POR
FIADOR - AUSÊNCIA DE REQUISITO AUTORIZADOR
PARA A CONCESSÃO DA MEDIDA - MANUTENÇÃO DA
DECISÃO AGRAVADA.
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O artigo 59, § 1º, IX, da Lei 8.245/91 estabelece os requisitos


autorizadores para concessão de liminar, sem oitiva da parte ré,
para que se dê a desocupação do imóvel locado, na ação de
despejo por falta de pagamento. Hipótese que retrata a
existência de contrato garantido por fiador, representando
ausência de requisito para o deferimento da medida. Decisão
que se mantém. Negado provimento ao recurso.
(TJRJ - 0056288-02.2019.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO Des(a). EDSON AGUIAR DE
VASCONCELOS - Julgamento: 05/02/2020 - DÉCIMA
SÉTIMA CÂMARA CÍVEL).

12. Outrossim, como o contrato celebrado entre as partes estabelece


como fiador o Sr. Rodrigo Jereissati de Araújo resta impossibilitada, por força de
dispositivo legal, o despejo da agravante por medida liminar. Destaca-se, inclusive,
que a parte agravada reconhece a fiança estabelecida contratualmente, vez que ao
propor a ação, em sua petição inicial às fls. 25/40, incluiu o fiador no polo passivo da
demanda.

13. Ademais, o magistrado de piso exarou decisão interlocutória da


concessão da liminar com base na tutela de evidência art. 311, inciso IV do CPC,
porém esse fundamento não merece prosperar, ante a ausência de contraditório para o
deferimento.

14. A tutela de evidência diferencia-se da tutela de urgência por


prescindir da comprovação do perigo na demora da prestação jurisdicional, mas o CPC
somente autoriza a concessão de tutela de evidência antes de ouvir a parte contrária
nos casos dos incisos II e III do art. 311 e não no caso do inciso IV do referido artigo,
que é o fundamento jurídico do pedido. Senão, veja-se a vedação prevista no parágrafo
único:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida,


independentemente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o
manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova
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documental adequada do contrato de depósito, caso em que será


decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob
cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o
réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz
poderá decidir liminarmente
(Grifo nosso)

15. Não bastasse a proibição acima, o CPC reforça a necessidade do


contraditório nos casos dos incisos I e IV para o deferimento da tutela provisória em
seu artigo 9º:
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que
ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311,
incisos II e III ;
III - à decisão prevista no art. 701.

16. Sobre o tema, passa-se à colação alguns precedentes deste egrégio


Tribunal de Justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER C/C RESOLUÇÃO CONTRATUAL C/C REPARAÇÃO
DE DANOS. PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA. NÃO
CONFIGURAÇÃO DAS HIPÓTESES DESCRITAS NO ART.
311 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. NECESSIDADE
DE PRÉVIO CONTRADITÓRIO PARA DEFERIMENTO DA
TUTELA DE EVIDÊNCIA COM BASE NO INCISO IV.
PRECEDENTES. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. Trata-se de agravo de instrumento interposto em face de
decisão interlocutória proferida pelo juízo da 28ª Vara Cível da
Comarca de Fortaleza/CE, que indeferiu o pedido de liminar a
título de tutela de evidência formulado pela ora agravante nos
autos da ação de obrigação de fazer c/c resolução contratual c/c
reparação de danos nº 0164862-16.2018.8.06.0001. 2. O pedido
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de tutela de evidência foi fundamentado nos incisos II e IV do


Código de Processo Civil, segundo os quais o requerimento
seria deferido caso as alegações de fato puderem ser
comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada
em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante
(Inc. II) e se a petição inicial for instruída com prova
documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do
autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável. (Inc. IV). 3. No caso do inciso II, exige-se não somente
a comprovação documental das alegações de fato, mas também
a existência cumulativa de tese firmada em julgamento de
repetitivos ou em súmula vinculante, requisito não observado na
hipótese. Precedente. 4. O inciso IV, ao seu turno, não
comporta hipótese de concessão liminar da tutela de evidência,
nos termos do art.9º e parágrafo único do art.311, ambos do
Código de Processo Civil. Ao contrário, a tutela de evidência
com base nesse inciso só poder ser deferida após a formação da
relação processual e o efetivo contraditório. Precedentes. 5.
Assim, não há reparos a ser feito na fundamentação da decisão
objeto deste recurso, razão pela qual a mesmo deve ser mantida
integralmente. 6. Agravo de instrumento conhecido e não
provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de
nº 0625104-39.2019.8.06.0000, acorda a 4ª Câmara Direito
Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, pela
unanimidade de seus membros, em conhecer e NEGAR
PROVIMENTO ao presente agravo de instrumento, nos termos
do voto do relator. Fortaleza, 23 de junho de 2020.
(Relator (a): RAIMUNDO NONATO SILVA SANTOS;
Comarca: Fortaleza; Órgão julgador: 28ª Vara Cível; Data do
julgamento: 23/06/2020; Data de registro: 23/06/2020)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO COLETIVA DE


READAPTAÇÃO DEFINITIVA C/C OBRIGAÇÃO DE NÃO
FAZER C/C PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA
TUTELA DE EVIDÊNCIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
PARA A CONCESSÃO DA MEDIDA NEGADA PELO
PRIMEIRO GRAU. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO
CONHECIDO E DESPROVIDO.
1.Insurge-se o Sindicato Unificado dos Profissionais em
Educação do Município de Maracanaú (SUPREMA) contra a
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decisão que indeferiu o pedido de antecipação da tutela de


evidência, requerida no sentido do ente municipal se abster de
exigir que os servidores da educação readaptados em suas
funções, que tenham atestados e/ou laudos médicos que
declarem a incurabilidade ou irreversibilidade de sua doença,
realizem exames periódicos.
2. A concessão da tutela de evidência requerida com base no
art. 311, inciso IV, do CPC, somente pode se dar empós
formada a relação processual, conduta não ocorrida quando
proferida a decisão agravada, não sendo, portanto, possível
aferir a consistência ou inconsistência da defesa. [...]
5. Recurso conhecido e desprovido.
(TJ/CE; Agravo de Instrumento nº 0628809-50.2016.8.06.0000;
Relator (a): MARIA IRANEIDE MOURA SILVA; Comarca:
Maracanau; Órgão julgador: 3ª Vara Cível; Data do julgamento:
29/04/2020; Data de registro: 29/04/2020)

17. Assim, o Julgador a quo não agiu com acerto ao deferir o despejo
liminar com base na tutela de evidência fundada no inciso IV do citado artigo, pois
essa só poderá ser proferida após a oportunização do contraditório à parte contrária.

18. Forte em tais razões, CONHEÇO do presente agravo de


instrumento, PARA DAR-LHE PROVIMENTO, ratificando o efeito suspensivo
deferido anteriormente.

19. É como voto.

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