A ação visa obter pensão por morte após o falecimento do companheiro com quem a autora viveu em união estável por 20 anos. A autora requereu o benefício administrativamente mas teve o pedido indeferido pelo INSS, razão pela qual recorre judicialmente. Requer que seja reconhecida a união estável e declarada sua condição de dependente para que lhe seja concedida a pensão por morte de forma vitalícia.
A ação visa obter pensão por morte após o falecimento do companheiro com quem a autora viveu em união estável por 20 anos. A autora requereu o benefício administrativamente mas teve o pedido indeferido pelo INSS, razão pela qual recorre judicialmente. Requer que seja reconhecida a união estável e declarada sua condição de dependente para que lhe seja concedida a pensão por morte de forma vitalícia.
A ação visa obter pensão por morte após o falecimento do companheiro com quem a autora viveu em união estável por 20 anos. A autora requereu o benefício administrativamente mas teve o pedido indeferido pelo INSS, razão pela qual recorre judicialmente. Requer que seja reconhecida a união estável e declarada sua condição de dependente para que lhe seja concedida a pensão por morte de forma vitalícia.
AO DOUTO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL PREVIDENCIÁRIO
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS.
Processo nº
xxxxxxxxxxx, através de sua advogada devidamente constituída
(procuração em anexo), à presença de Vossa Excelência, propor:
AÇÃO DE CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE
Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS,
xxxxxxxxxx, pelas razões de fato e de direito que a seguir expõe:
1. DOS FATOS
De janeiro de 1999 a 24 de março de 2019, a Requerente viveu
como se casada fosse com o de cujus xxxxxxxxxx,
Ou seja, a Requerente manteve, por 20 anos, verdadeira, longa e
estável comunhão de vida e de interesses. O casal permaneceu unido até que a morte o separasse.
Ao longo desses 20 anos de união estável, o casal não adquiriu casa
própria, pois viviam em residência alugada. Assim, residiram muitos anos no imóvel localizado à xxxxxxxxxxxx, convivendo com estabilidade, compostura, coabitação, respeito recíproco e publicidade da relação.
Em data de 24 de março de 2019, o companheiro xxxxxxxxx, veio a
falecer, às 23h00min, no Hospital xxxxxxxxxxx, vítima de acidente de trânsito, conforme comprova a cópia da certidão de óbito em anexo. O de cujus teve uma filha durante essa uniãoxxxxxxxxxxx, cuja certidão de nascimento está em anexo.
Note-se, ainda, que a na certidão de óbito está assentado que “Vivia
com a companheira xxxxxxxxxxxx”; e, ainda, que “o falecido não deixou bens a inventariar”.
Além disso, tramita perante a xxxx Vara de Família da comarca de
xxxx, sob o nº xxxxxxx, ação de reconhecimento de união estável.
Portanto, pela notoriedade, pela fidelidade, pela coabitação more
uxório e pela continuidade de relações, resta-se conhecida a união estável do de cujos com a Requerente.
2. DO DIREITO
2.1. DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO
Em 11/04/2019 a parte autora protocolou na Agência de Previdência
Social – APS de Goiânia, pedido de concessão de pensão por morte, consoante se infere da cópia do processo administrativo nº xxxxxxxx que junta à presente ação.
Destaca-se que, o INSS após analisar o processo administrativo,
indeferiu o pedido de pensão por morte, sob alegação de que a Autora não demonstrou prova de companheirismo.
Todavia, de forma a enganar a Requerente, no processo
administrativo, consta benefício deferido, porém, na verdade, foi deferido benefício em favor da filha xxxxxxxxxxx
O processo administrativo (em anexo) conta em 66 páginas,
inclusive, a ele foram juntadas fotos do casal, declarações de testemunhas, comprovantes de benefícios trabalhista que Autora recebeu; e, somente no final do processo, o INSS aduziu que a Autora não fez provas o suficiente para receber o benefício. A parte autora não concorda com a decisão administrativa do INSS. Por isso, recorre ao Poder Judiciário a fim de ver satisfeita a sua pretensão de obter o benefício de pensão por morte.
A parte autora também pretende cobrar as parcelas vencidas,
devidas desde o óbito do instituidor do benefício, posto que requerido em 90 (noventa) dias após o óbito.
2.2. DOS REQUISITOS PARA O BENEFÍCIO POSTULADO
O art. 74 da Lei nº 8.213/91, ao regulamentar a pensão por morte
estabelece que:
Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos
dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do óbito, quando requerida até noventa dias depois deste; II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior; III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.
De acordo com o art. 74 da Lei nº 8.213/91, a prestação será
concedida a partir da data do óbito, quando requerida nos 90 (noventa) dias subsequentes a este, e, a partir do requerimento, quando requerida após aqueles 90 (trinta) dias ou da decisão judicial, no caso de morte presumida. E o art. 26, também da Lei nº 8213/91, relaciona as espécies de benefícios que independem de carência, arrolando, no inciso I, a pensão por morte.
Ademais, o segurado superou o número mínimo de 18 contribuições.
E, tendo a companheira beneficiária mais de 44 (quarenta e quatro anos), a pensão por morte deve ser concedida de modo vitalício, a rigor do art. 77, §2º, V, alínea c, textos inclusos pela Lei 13.135/2015.
Da leitura dos dispositivos acima, conclui-se que três são os
requisitos necessários para que o benefício se mostre devido, quais sejam: óbito do instituidor da pensão; comprovação da condição de dependente do beneficiário e a qualidade de segurado do falecido à época do óbito.
Quanto ao primeiro requisito – óbito do instituidor da pensão - de
plano verifica-se a sua existência. A certidão de óbito em anexo comprova a pretensão.
Quanto ao segundo requisito - comprovação da condição de
dependente do beneficiário - basta a comprovação da união estável e da paternidade para se presumir a dependência econômica, uma vez que a companheira e a filha são beneficiárias do Regime Geral da Previdência Social - RGPS na condição de dependentes do segurado, sendo certo que a dependência econômica daquela em relação a este é presumida, nos termos do art. 16, inciso I, § 4º, da Lei nº 8.213/91:
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de
Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; § 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.
Quanto ao terceiro requisito - qualidade de segurado do falecido à
época do óbito – os documentos em anexo comprovam essa condição.
Diante do quadro que se apresenta, é de se reconhecer que estão
presentes os requisitos que autorizam a concessão do benefício – pensão por morte - na qualidade de dependente do falecido, tendo por comprovado a qualidade de segurado, comprovado o falecimento do instituidor da pensão por morte e comprovada a convivência em união estável e a dependência anterior ao óbito. Nesse contexto, na esteira da sólida jurisprudência é possível a concessão da pensão por morte para a parte autora, senão vejamos:
CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL.
COMPANHEIRO. HABILITAÇÃO. REQUISITOS LEGAIS. SATISFAÇÃO. PROVA DA DEPENDÊNCIA ECONÓMICA. EXISTÊNCIA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. POSSIBILIDADE. EMBARGOS INFRINGENTES ACOLHIDOS. (Embargos Infringentes N° 70053500823, Primeiro Grupo de Câmaras Cíveis, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Amo Werlang, Julgado em 26/04/2013).
PENSÃO POR MORTE. UNIÂO ESTÁVEL COMPROVADA. 1. A
concessão do benefício de pensão por morte depende da ocorrência do evento morte, da demonstração da qualidade de segurado do de cujus e da condição de dependente de quem objetiva a pensão. 2. No que penine à qualidade de companheiro, a Constituição de 1988 estendeu a proteção dada pelo Estado à família para as entidades familiares constituídas a partir da união estável entre homem e mulher, nos termos do disposto no art. 226, § 3°. 3. Restando demonstrada pelo conjunto probatório a união estável entre o instituidor e a parte demandante, e uma vez satisfeitos os demais requisitos legis, impõe-se a concessão do benefício postulado. (APELAÇÃO CIVEL AC 50070253920194049999 5007025-39.2019.4.04.9999 (TRF-4), Data de publicação: 31/07/2019).
3. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1. Conhecer do presente feito determinando as diligências
necessárias;
2. A citação do INSS, na pessoa de seu representante legal), para,
querendo, contestar a presente ação, sob pena de revelia e confissão; 3. Julgar procedente a presente ação de concessão de pensão por morte para:
I – DECLARAR, suficientemente comprovado a qualidade de
segurado pelo instituidor do benefício (falecido), assim como a condição de dependente da parte autora;
II – CONDENAR, por consequência, o INSS a conceder a parte
autora o benefício de pensão por morte e com início na data do óbito, posto que foi postulado em até 30 dias depois, em relação à sua cota parte e desde o óbito em relação a cota parte da filha;
4. Determinar ao INSS para que implante administrativamente o
benefício devido a parte autora e proceda os necessários registros de concessão e manutenção do benefício que a decisão lhe assegurar;
5. Condenar o INSS a pagar a parte autora as prestações vencidas e
as vincendas, relativas ao benefício que lhe for deferido, corrigidos monetariamente, desde o vencimento de cada parcela até a data de sua efetiva liquidação;
6. Pagar à parte autora os valores atrasados via RPV, respeitada a
prescrição quinquenal, com a correção monetária pelo IPCA desde o vencimento de cada parcela, acrescida do índice integral da poupança (TR e juros), a contar da citação, conforme decidido pela Primeira Seção do STJ, em julgamento submetido ao rito dos recursos repetitivos (Resp n. 1.270.439 - DJE 01-08-2013);
7. A concessão do benefício JUSTIÇA GRATUITA, por não ter a
autora como arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento, conforme documentos em anexo;
Dá-se à causa o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais).
Nesses termos, Pede deferimento. Goiânia/GO, 12 de novembro de 2019.