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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA CÍVEL DO FORO DE

Por dependência ao processo n. XXXXX-00.0000.0.00.0000

Nome, brasileira, solteira, publicitária, portadora do RG n.° 00000-00 e inscrita no CPF/MF n.°
000.000.000-00, com o endereço eletrônico: email@email.com, residente e domiciliada na
Endereço, vem, respeitosamente, por seus Advogados (fls. 8), à presença de V. Exa., com fulcro
nos no artigo 227, § 6° da Constituição Federal e no artigo 1.593 do Código Civil, propor a
presente:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE SOCIOAFETIVA

em face de Nome, brasileiro, separado judicialmente, advogado, portador do RG n°. 00000-00,


inscrito no CPF/MF n°. 000.000.000-00, representado por sua Curadora Sra. Nome, nomeada
nos autos de Interdição (1a Vara Cível desta Comarca, sob o n° 0004305- 05.2014.8.26.0659),
sem endereço eletrônico, ambos residentes e domiciliados na Al. Eldorado n. 14, Condomínio
Endereço, Vinhedo/SP, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

I - DA TEMPESTIVIDADE DA AÇÃO

O artigo 308, caput do novo Código de Processo Civil dispõe que, efetivada a tutela cautelar, o
pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias, caso em que será
apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, sem necessidade
de novas custas processuais.

Na Ação de Produção Antecipada de Provas n. XXXXX-00.0000.0.00.0000 (2a Vara Cível do Foro


de Vinhedo/SP), este d. Juízo deferiu a liminar pleiteada para a oitiva, em depoimento pessoal,
de Nome. A tutela foi efetivada em 20/04/2016, data em que ocorreu a audiência, na qual se
ouviu Nome.

Desse modo, é tempestivo o pedido principal (reconhecimento de paternidade socioafetiva),


que se apresenta nestes autos de tutela cautelar, considerando o prazo de 30 dias do artigo
308, o qual é computado em dias úteis (artigo 219 do CPC).

II - DOS FATOS

A Requerente nasceu em 16 de abril de 1977. É filha de Nome e Nome (fls. 12/13). Quando
tinha aproximadamente três anos de idade, seu pai biológico abandonou a família e, a partir de
então, nunca houve qualquer contato entre eles. Pouquíssimo se lembra dele e, em razão
deste episódio, a Autora nunca o considerou como verdadeiro pai.

Em 1991, quanto a Autora tinha 14 (quatorze) anos de idade, sua mãe casou-se com o
Requerido (cf. fls. 14 - certidão de casamento), com ele vivendo durante aproximadamente 4
(quatro) anos. Antes desse matrimônio, ele teve 2 (dois) filhos, Ana Cecília e Nome, oriundos
de um casamento anterior.

Durante o casamento com sua mãe, Maria Lucia, a convivência do então padrasto com a
Autora foi tão afetuosa e dedicada, que a lacuna provocada pela ausência de seu pai biológico
foi rapidamente preenchida. Por terem se identificado desde o início e por desfrutarem de
inúmeros bons momentos juntos, o Requerido desde então se tornou "afetivamente" o pai que
a adolescente nunca tivera (cf. fotos - fls. 15/21). Em seu 17° aniversário, ele lhe escreveu um
carinhoso cartão, em cujo final se lê: "Do pai, Nome" (cf. fls. 22). Por ocasião da Páscoa, a
Autora também recebe bilhete afetuoso (fls. 23).

Com a separação da mãe da Autora, em 1994, Nome e seu pai sofreram, mas por uma escolha
recíproca, ambos buscaram manter o contato por meio de bilhetes, cartas e encontros
familiares. Em carta que data do início de 1995 (fls. 24), percebe-se o carinho que este tinha
por Nome, a começar por chamá-la de "segunda filha". Nesta carta, fica evidente a tristeza pela
separação, porém, aos poucos, foram consolidando essa relação filial.

Basta dizer que por ocasião de sua formatura, a Autora o escolheu para dançarem a valsa
juntos (fls. 25/28), cabendo apontar o bilhete de 1999, em que o Requerido descreve o laço
entre eles como um "relacionamento de pai e filha" (cf. fls. 29).

No ano seguinte, em 2000, Nome e a mãe da Autora se reconciliaram e viveram em união


estável mais alguns anos. As fotos desta época comprovam a união e carinhosa convivência
entre os três (cf. fls. 30/51). O relacionamento de amizade entre a Autora e a primeira filha de
Nome, que já existia, também se estreitou a partir de então (cf. cartões postais - fls. 52/53).

Em 2002, o Requerido fez testamento público (fls. 54/55), na qual, logo após as informações
pessoais e de seus herdeiros necessários, contempla em primeiro lugar a Autora, destinando-
lhe um imóvel e seu terreno no Guarujá "tendo em vista que a mesma sempre lhe dispensou o
maior carinho e mesmo após a separação consensual com sua mãe Nome, portou-se como
uma verdadeira filha."

Não resta dúvida, após todas estas informações, de que a relação socioafetiva entre ambos se
equipara, em termos jurídicos, ao vínculo biológico entre pais e filhos.
Posteriormente, Nome contraiu nova união, com a Sra. Nome, atual Curadora, e, por iniciativa
desta, mudou-se em julho de 2004 para um condomínio em Vinhedo/SP. A partir de então, o
contato entre pai e filha ficou muito comprometido, porque Nome constantemente opunha
óbices para manter o Requerido isolado do resto da família. Há um bilhete singelo que data de
2006, que, por ocasião do Ano Novo, o Requerido enviou a ela (fls. 61).

Com o tempo, a Autora manteve a relação com o Requerido por meio de visitas e telefonemas.
Contudo, a partir de meados de 2013, a Sra. Nome começou a dificultar a comunicação de
ambos. A saúde do Requerido começou a piorar. Ajuizada ação de interdição, sobreveio o laudo
médico, apontando ser portador de Alzheimer, doença permanente e progressiva, que teve
início em meados de 2009 (fls. 62/65).

Em setembro p.p., a Autora ingressou com Ação de Regulamentação de Visitas em face da Sra.
Nome, em razão da dificuldade no contato e visitas com o Requerido. A ação tramita na 2a Vara
Cível desta Comarca sob o n° XXXXX-19.2015.8.26.0659.

A MM. Juíza logo concedeu liminar, estabelecendo regime de visitas pleiteado na exordial (fls.
66). Apesar de ter sido designada audiência de conciliação para o dia 30 de novembro p.p., a
Curadora Sra. Nome não o levou à audiência, redesignada para o dia 03 de dezembro p.f.,
restando infrutífera, pois Nome não deseja a proximidade de Nome com o Requerido, pelo
mero fato de a mãe da Autora ter sido casada com ele por anos .

Embora em todas as visitas - conseguidas devido à liminar - o Requerido trate Nome por filha -
D. Nome evita que o mesmo vá a juízo, pois não tem interesse que ele ali demonstre a
afetividade de Nome por Nome. Tanto que nas audiências realizadas, ela nunca o levou e
sempre junta atestados médicos sucessivos, contando com que o agravamento do Mal de
Alzheimer comprometa esse liame. Ele somente compareceu na última, por ser a de produção
antecipada de prova para ser tomado o seu depoimento.

De fato, em razão do agravamento de seu quadro, a Autora ingressou com Cautelar de


Produção Antecipada de Prova, sob o n° XXXXX-00.0000.0.00.0000 para realização de
interrogatório do Requerido (fls. 1 a 7). A liminar foi deferida, às fls. 71, para sua oitiva, em
depoimento pessoal:

III - DA PROVA ANTECIPADA PRODUZIDA

A audiência de Nome se realizou em 20/04/2016 no Foro de Vinhedo, SP (fls. 71/72), gravada


em mídia, vinculada aos autos de produção antecipada de prova.
Durante a oitiva, Nome indica várias vezes Nome como filha (1min33s; 4min20s; 5min23s e
11min39s). Afirma que a Autora é sua enteada, mas é como se fosse filha (5min23s e
11min39s).

O Requerido categoricamente demonstra o desejo de ver Nome (8min06s), bem como manter
contato telefônico com esta (9min48s). Não se opõe ao fato de Nome continuar morando em
seu apartamento (10min34s).

Aos ver as fotos juntadas às fls. 25 e 27, nos autos de produção antecipada de prova, em que
estão juntos Nome e Nome, o Requerido reconhece um restaurante frequentado por
advogados (8min55s), no qual ia com ela e os amigos dele.

Após a separação de Nome e Maria Lúcia, mãe de Nome, afirma o depoente que via a Autora
uma vez por semana pelo menos, a qual ia a sua casa por alguns meses após a separação
(5min18s e 5min32s).

Nome se recorda de momentos juntos com a Nome, como o restaurante ("Paulistano"), perto
do escritório que tinha em São Paulo/SP, ao qual iam juntos (7min22s).

Portanto, a oitiva realizada comprova o reconhecimento do vínculo de pai e filha existente


entre Nome e Nome.

IV - DO DIREITO

A presente ação encontra fundamento no artigo 1.593 do Código Civil e no artigo 227, § 6° da
Constituição Federal, os quais preceituam:

Art. 1.593 do Código Civil. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de


consanguinidade ou outra origem.

Art. 227, §6° da Constituição Federal. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.

Como descrito anteriormente, a Autora e o Requerido possuem um forte vínculo de parentesco


pela história comum.
Segundo MARCELO SOLAROLI DE OLIVEIRA , em "O reconhecimento voluntário de filho
socioafetivo", a socioafetividade é um modo de estabelecer a filiação de acordo com
entendimento pacificado do Superior Tribunal de Justiça. O Código Civil e a Constituição
dispõem que o reconhecimento de filho não se limita à condição de filho biológico, proibindo
designações discriminatórias referentes à filiação.

Outrossim, relata o d. Promotor de Justiça BELMIRO PEDRO WELTER , no artigo "Teoria


Tridimensional no Direito de Família: reconhecimento de todos os direitos das filiações
genética e socioafetiva", que, em julgamento, o STJ afirmou a validade do reconhecimento de
paternidade desde que revele um vínculo socioafetivo permanente entre pais e filhos.

Nesse sentido, menciona-se o Recurso Especial n° 878.941 infra :

RECONHECIMENTO DE FILIAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE


RELAÇÃO SANGÜÍNEA ENTRE AS PARTES. IRRELEVÂNCIA DIANTE DO VÍNCULO SÓCIO-AFETIVO.

- Merece reforma o acórdão que, ao julgar embargos de declaração, impõe multa com amparo
no art. 538, par. único, CPC se o recurso não apresenta caráter modificativo e se foi interposto
com expressa finalidade de prequestionar. Inteligência da Súmula 98, STJ.

- O reconhecimento de paternidade é válido se reflete a existência duradoura do vínculo sócio-


afetivo entre pais e filhos. A ausência de vínculo biológico é fato que por si só não revela a
falsidade da declaração de vontade consubstanciada no ato do reconhecimento. A relação
sócio-afetiva é fato que não pode ser, e não é, desconhecido pelo Direito. Inexistência de
nulidade do assento lançado em registro civil.

- O STJ vem dando prioridade ao critério biológico para o reconhecimento da filiação naquelas
circunstâncias em que há dissenso familiar, onde a relação sócio-afetiva desapareceu ou nunca
existiu. Não se pode impor os deveres de cuidado, de carinho e de sustento a alguém que, não
sendo o pai biológico, também não deseja ser pai sócio-afetivo. A contrario sensu , se o afeto
persiste de forma que pais e filhos constroem uma relação de mútuo auxílio, respeito e
amparo, é acertado desconsiderar o vínculo meramente sanguíneo, para reconhecer a
existência de filiação jurídica.

Recurso conhecido e provido.

(Superior Tribunal de Justiça, REsp n° 878.941 - DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, J. em: 21 ago.
2007) (negrito nosso).
O REsp n° 1.352.529, julgado em 24/02/2015, também aponta o reconhecimento da
paternidade voluntariamente, mesmo sabendo que não era seu filho biológico:

DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. EXAME DE DNA. AUSÊNCIA DE


VÍNCULO BIOLÓGICO. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. RECONHECIMENTO. "ADOÇÃO À
BRASILEIRA". IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

1. A chamada "adoção à brasileira", muito embora seja expediente à margem do ordenamento


pátrio, quando se fizer fonte de vínculo socioafetivo entre o pai de registro e o filho registrado,
não consubstancia negócio jurídico vulgar sujeito a distrato por mera liberalidade, tampouco
avença submetida a condição resolutiva consistente no término do relacionamento com a
genitora.

2. Em conformidade com os princípios do Código Civil de 2002 e da Constituição Federal de


1988, o êxito em ação negatória de paternidade depende da demonstração, a um só tempo, da
inexistência de origem biológica e também de que não tenha sido constituído o estado de
filiação, fortemente marcado pelas relações socioafetivas e edificado na convivência familiar.
Vale dizer que a pretensão voltada à impugnação da paternidade não pode prosperar quando
fundada apenas na origem genética, mas em aberto conflito com a paternidade socioafetiva.

3. No caso, ficou claro que o autor reconheceu a paternidade do recorrido voluntariamente,


mesmo sabendo que não era seu filho biológico, e desse reconhecimento estabeleceu-se
vínculo afetivo que só cessou com o término da relação com a genitora da criança reconhecida.
De tudo que consta nas decisões anteriormente proferidas, dessume-se que o autor, imbuído
de propósito manifestamente nobre na origem, por ocasião do registro de nascimento,
pretende negá-lo agora, por razões patrimoniais declaradas.

4. Com efeito, tal providência ofende, na letra e no espírito, o art. 1.604 do Código Civil,
segundo o qual não se pode "vindicar estado contrário ao que resulta do registro de
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro", do que efetivamente não se
cuida no caso em apreço. Se a declaração realizada pelo autor, por ocasião do registro, foi uma
inverdade no que concerne à origem genética, certamente não o foi no que toca ao desígnio de
estabelecer com o infante vínculos afetivos próprios do estado de filho, verdade social em si
bastante à manutenção do registro de nascimento e ao afastamento da alegação de falsidade
ou erro.

5. A manutenção do registro de nascimento não retira da criança o direito de buscar sua


identidade biológica e de ter, em seus assentos civis, o nome do verdadeiro pai. É sempre
possível o desfazimento da adoção à brasileira mesmo nos casos de vínculo socioafetivo, se
assim decidir o menor por ocasião da maioridade; assim como não decai seu direito de buscar
a identidade biológica em qualquer caso, mesmo na hipótese de adoção regular. Precedentes.

6. Recurso especial não provido. (Superior Tribunal de Justiça, REsp n° 1.352.529 - SP, Rel. Min.

Luis Felipe Salomão, J. em: 24 fev. 2015) (negrito nosso).

O Desembargador aposentado do TJRS Nome GIORAIS aponta que o ajuizamento de ação


declaratória de paternidade socioafetiva é norteado pelos princípios da dignidade da pessoa,
da solidariedade humana e do melhor interesse da criança e do adolescente.

Nesse âmbito de valorização da paternidade socioafetiva, CLARICE MORAES , na dissertação "O


poder familiar na nova realidade jurídico-social", ressalta que o Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul se delineia como o mais avançado.

Assim tem entendido o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

APELAÇÃO CÍVEL. NEGATÓRIA DE PATERNIDADE.

Não obstante ter o exame de DNA afastado a paternidade, deve prevalecer a realidade
socioafetiva sobre a biológica, diante da relação formada entre pai e filha ao longo de anos .
RECURSO DESPROVIDO.

(Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, AC n° (00)00000-0000, 8a Câmara Cível, Rel. Des.
Alfredo Guilherme Englert, J. em: 18 mar. 2004) (negrito nosso).

O referido acórdão destaca:

[...] a paternidade não pode ser vista puramente pelo enfoque biológico, que dá especial
relevância à relação genética, mas sim analisada através da relação socioafetiva, conforme
amplamente manifestado pela jurisprudência.

[...]
No presente caso, não vejo como afastar a relação socioafetiva existente entre o apelante e
Poliana, pois, registrada em 1984 (fl. 07), sempre foi tratada como filha, conforme evidenciam
as fotos de fls. 09/10, relação que perdurou até o ajuizamento da ação, em 1996, ou seja, por
mais de dez anos, tempo suficiente para solidificar o afeto mútuo entre ambos, constituindo-se
verdadeira relação de pai e filha (RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça, 2004, p. 3-4).

No mesmo sentido, cita-se o julgado a seguir:

APELAÇÃO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. RELAÇÃO DE PARENTESCO. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE


PATERNIDADE. DNA. RETIFICAÇÃO DO REGISTRO CIVIL. IMPOSSIBILIDADE. PREVALÊNCIA DA
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. Estando demonstrada nos autos a filiação socioafetiva, esta
relação impera sobre a verdade biológica. Incabível, assim, alteração no registro civil e
qualquer repercussão patrimonial decorrentes da investigatória. RECURSO DESPROVIDO.

(Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, AC n° (00)00000-0000, 7a Câmara Cível, Rel. Des.
Liselena Schifino Robles Ribeiro, J. em: 29 jul. 2015) (negrito nosso).

O Tribunal também entendeu, nessa apelação, que as relações parentais de filiação pautadas
e/ou edificadas pela afetividade devem prevalecer sobre a filiação biológica ou registral.

No caso em questão, embora não esteja presente a filiação biológica, os fatos demonstram que
a paternidade existe na relação entre Nome e Nome, a qual deve ser reconhecida
juridicamente, pedido esse requerido na presente ação.

V - DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

O Novo Código de Processo Civil prevê, em seu artigo 300, caput, que a tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Portanto, presentes os requisitos para a tutela de urgência são o fumus boni iuris e o periculum
in mora.

No caso em questão, vislumbra-se o fumus boni iuris no vínculo paternal existente entre Nome
e Nome, demonstrado pelos documentos anexados (fotos e bilhetes trocados entre o pai e a
filha) e a mídia obtida na produção antecipada de provas.
Tal vínculo fático encontra amparo jurídico no Código Civil e na Constituição Federal, como
supramencionado.

O periculum in mora também se encontra presente, visto que Nome tem 87 anos, além de ser
portador de doença de Alzheimer, cuja doença tende à degeneração de suas faculdades
mentais. Outrossim, Nome, curadora de Nome, também possui idade avançada.

Ademais, em razão dessa doença, Nome deseja acompanhar Nome em seu tratamento, o qual
é urgente por se tratar de uma enfermidade degenerativa.

Diante da idade avançada e da doença de Alzheimer, a demora na concessão da tutela


pleiteada pode resultar em dano irreparável, uma vez que há o grande risco de a Autora não
ver reconhecida juridicamente a relação de paternidade enquanto Nome está vivo.

Sendo concedida a tutela antecipada, de acordo com o artigo 304 do CPC, requer a
estabilização da tutela, se não for revista, reformada ou invalidade por decisão de mérito
proferida na ação (artigo 304, §3° do CPC).

Desse modo, pleiteia-se a concessão da tutela de urgência antecipada para o reconhecimento


da relação de paternidade socioafetiva entre a Requerente e o Requerido.

VI - DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, a Autora requer integral procedência da presente nos seguintes termos:

a) a concessão da tutela de urgência

antecipada para o reconhecimento da paternidade socioafetiva de Nome em relação à Nome,


sendo garantidos os direitos decorrentes dessa filiação;

b) Concedida a tutela antecipada, a

incidência dos efeitos da estabilização dessa tutela, conforme o art. 304 do CPC;

c) Ao final, a procedência da ação para o


reconhecimento da paternidade socioafetiva de Nome e Nome, sendo garantidos os direitos
decorrentes dessa filiação;

d) A designação de audiência de conciliação

com o auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento (psicólogo), por se tratar de


ação de família, conforme art. 694, caput do CPC;

e) A intimação do Réu para comparecer à

audiência designada, sem necessidade de nova citação conforme o art. 308, §3° do CPC e

f) A intimação do representante do Ministério

Público estadual com atribuições perante esse Juízo para intervir no feito.

Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos.

Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 00.000,00.

Protestando pela juntada de procuração específica em 48 horas.

Termos em que,

Pede Deferimento.

São Paulo, 24 de maio de 2016.

Nome

00.000 OAB/UF

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