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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ...................

............................................, vem, por seus patronos adiante


identificados, respeitosamente, perante V. Exa., propor a presente

AÇÃO DE COBRANÇA DE PENSÃO POR MORTE CUMULADA COM PEDIDO


DE TUTELA DE URGÊNCIA

em desfavor do INSS (INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL), por


intermédio do representante legal deste, cuja agência de atendimento situa-se nesta cidade
de ................................................, para o que expõe e requer:

I - DOS FATOS

O autor viveu em regime de união estável com a Sra. Sara Carboni


de Matos, durante um período de mais de 14 anos até a data do falecimento da Sra. Sara em
23/02/2020 – conforme certidão de óbito anexa.

A união estável era de conhecimento público e notável, sendo que


moraram na mesma residência por todos esses anos, conforme faz prova através de fotos,
comprovante de endereços em conjunto e demais documentos anexados.

Tal relação sempre foi pautada pelo respeito, consideração mútua e


lealdade.

1
Tratava-se de uma convivência pública, contínua e duradora,
assumindo o status de marido e mulher, vivendo sob o mesmo teto, dando assim
notoriedade, estabilidade e unicidade a união, o que pode ser comprovado pelos documentos
em anexo.

A vista disso, o casal formalizou a união em 25/02/2019, vez que era o


sonho da companheira do autor e principalmente por terem sido fiéis companheiros durante
esses longos anos, passando por diversos momentos de alegria, mas também por momentos
de desalento.

Dos momentos de felicidade do casal, o maior deles ocorreu logo


depois do início do relacionamento amoroso, qual seja o nascimento de seu filho, ocorrido
na data de 23/07/2007, conforme a certidão de nascimento anexa.

Em contrapartida, dos momentos de desolação, o pior se mostrou


presente em novembro de 2019, quando a Sra. Sara obteve o malfadado diagnóstico: câncer
ósseo.

Em curto período de tempo, cerca de 3 meses do diagnóstico, a


doença se tornou devastadora e tomou conta de todo o corpo da então cônjuge do autor,
vindo a falecer em 23/02/2020, devido a “ insuficiência respiratória, câncer secundária de
outras localizações, câncer ósseo” como se denota da certidão de óbito colacionada aos
autos.

Destarte, com profunda tristeza, o autor realizou o requerimento do


benefício de pensão por morte.

Ocorre que o INSS concedeu o benefício de pensão por morte de n.º


194.548.328-5 ao autor por apenas 4 (quatro) meses, fazendo se valer do parágrafo 2º,
inciso V, alínea “b”, do Art. 77:

“§2º O direito à percepção da cota individual cessará:

V - para cônjuge ou companheiro:

b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha


vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a
união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes
do óbito do segurado”;

2
O INSS apenas se baseou na certidão de casamento anexada às fls. 9
do processo administrativo, que correspondem às fls. 17 do evento 2. Ocorre que a análise
deveria ter sido mais completa, ou seja, tratava-se no caso de COMPANHEIRO.

As provas serão todas aqui descritas e seguidamente anexadas, porém,


algumas delas se encontram no processo administrativo que também se encontra anexo.

Acosta-se à presente, INÚMEROS DOCUMENTOS que roboram


a união estável mantida entre ambos, a exemplo:

- da certidão de óbito a qual consta o endereço Rua José Marques


Garcia, 999, como o endereço da falecida, documento datado em
24/02/2020; fls. 08 do P.A. que corresponde às fls. 16 do evento 2;

- dos documentos pessoais do de cujus, que estavam e ficaram com o


autor, presentes nas fls. 10 do P.A. que corresponde às fls. 18 do
evento 2;

- da conta mensal de serviços de água e esgoto, referente ao mês de


fevereiro de 2020, em nome de Sara Carboni de Matos, a falecida, e
que consta o seu endereço na Rua José Marques Garcia, 999,
endereço do casal, fls. 12 do P.A., que corresponde às fls.20 do evento
2;

- demais contas de serviços de água e esgoto, referentes ao mês de


fevereiro de 2017 e em seguida, referentes aos meses de novembro e
dezembro de 2019, todas em nome da falecida, e que consta o seu
endereço Rua José Marques Garcia, 999, endereço do casal,
presentes às fls. 75 e 76 do evento 2;
- contas mensais de serviços de telefonia, também no nome da
falecida e que consta o seu endereço na Rua José Marques Garcia,
999, endereço do casal, com vencimentos em 01/06/2020 e
01/02/2021, respectivamente, presentes às fls. 77 e 78 do evento 2;

- carta do banco Santander, do mês de novembro de 2020 e que


consta o seu endereço na Rua José Marques Garcia, 999, endereço do
casal, fls. 79 do evento 2;
- conta mensal de serviços de internet, datado de 20/09/2013 que
consta o endereço na Rua José Marques Garcia, 999, endereço do
casal, em nome do autor, constante às fls. 80 do evento 2;

- nota fiscal de serviços, da mesma empresa fornecedora de internet,


com data de emissão em 06/05/2014 em nome do autor e que consta o
seu endereço na Rua José Marques Garcia, 999, endereço do casal,
fls. 81 do evento 2;

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- termo de rescisão de contrato de trabalho, em nome do autor, Sr.
Xerxes Mateus, cuja data é de 21/01/2013 e que consta o seu
endereço na Rua José Marques Garcia, 999, endereço do casal, fls.
85 e 86 do evento 2;

- documentos médicos em nome da falecida, Sra. Sara Carboni de


Matos, datados do ano de 2020, assim como termo de doação de
tecido ocular e declaração de óbito, que constam seu endereço na
Rua José Marques Garcia, 999, endereço do casal, às fls. 86/90 do
evento 2;

- faturas de mecânica quando da realização de conserto de veículo,


datados de 04/11/2019, 05/11/2019 e 21/05/2020, respectivamente, no
nome do autor e que consta o endereço na Rua José Marques Garcia,
999, endereço do casal, às fls 91 e 92 do evento 2.

- certificado de condição de microeemprendedor individual, com data


de início de situação cadastral em 02/07/2003, e que consta o seu
endereço na Rua José Marques Garcia, 999, endereço do casal; fls.
93 do evento 2;

- documentos referentes à compra de produto da empresa Casas


Bahia, no ano de 2010, em nome da Sra. Sara Carboni Matos, a
falecida, e que consta o seu endereço na Rua José Marques Garcia,
999, endereço do casal, fls. 95/102 do evento 2;

documentos referentes à compra de produto da empresa Lojas Cem,


no ano de 2018, em nome da Sr. Xerxes Mateus Teixeira Alves, o
autor, e que consta o seu endereço na Rua José Marques Garcia, 999,
endereço do casal, fls. 103/106 do evento 2;

- fotografias que demonstram o casal sempre juntos e ainda quando


bem mais novos, quando dos diversos momentos de alegria vividos
por ambos, como aniversários, reuniões em família, formatura do
filho do casal, aniversário da neta da falecida e outros diversos
momento, como se faz prova às fls. 107/122 do evento 2;

Infelizmente, obteve como resposta do INSS o deferimento do


benefício somente pelo período de 4 meses, sob a justificativa de que o casamento teria
ocorrido por um período menor que 2 anos, fazendo se valer do parágrafo 2º, inciso V,
alínea “b”, do Art. 77, da lei 8.213/91.

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Ocorre que, o autor tem direito a pensão por morte vitalícia, por ter
acima de com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade, por ter convivido com a
falecida há mais de 14 anos e não menos de 2 anos conforme quis entender o INSS (conf. do
parágrafo 2º, inciso V, alínea “c”, “6”, do Art. 77, da lei 8.213/91 Incluído pela Lei nº
13.135, de 2015)

Inadmissível é essa cessação do INSS, à luz do que dispõe o inciso I,


do art. 26 , da LBPS.

Não se sustenta também essa posição da autarquia-ré, à vista da


documentação que instrui a presente inicial e demais provas que poderão ser coligidas em
tempo oportuno e se necessário se fizer no sentir desse d. juízo.

São inúmeras as privações suportadas pelo autor desde o falecimento


de sua companheira, da qual dependia para o atendimento de suas necessidades.

DO DIREITO

Como já destacado, o direito do autor ao recebimento de pensão por


morte da Sra. Sara é evidente e encontra respaldo na Constituição Federal, em seu artigo
226, § 3º, no artigo 16, I, da Lei 8213/91, na Lei 9278/96, artigo 1º; no Decreto 3048/99,
artigo 16, § 6º, além de estar assentado na jurisprudência pátria, conforme comprovam os
julgados abaixo colacionados, extraídos do Egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Região,
exemplificativamente:

Classe: AC - APELAÇÃO CÍVEL - 911041


Processo: 2003.61.20.001219-0
UF: SP
Órgão Julgador: SÉTIMA TURMA
Data do Julgamento: 10/03/2008
Fonte: DJF3 DATA:05/11/2008
Relator: JUIZA EVA REGINA
PREVIDENCIÁRIO. REMESSA OFICIAL. PENSÃO POR MORTE.
QUALIDADE DE SEGURADO. COMPANHEIRO. COMPROVADA
A UNIÃO ESTÁVEL. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. JUROS DE
MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUSTAS. - Não está
sujeita ao duplo grau de jurisdição a sentença em que a condenação
não exceder a 60 salários mínimos (art. 475, parágrafo 2º, CPC,
acrescentado pela Lei nº 10.352 de 26.12.2001). - Demonstrado, nos
autos, que o de cujus detinha a condição de segurado da Previdência,
quando de seu óbito, conforme previsto no artigo 15, inciso I, da Lei
8.213/91. - Comprovada a união estável, segundo o disposto no
artigo 226, parágrafo 3o da Constituição Federal Brasileira, o artigo

5
1o da Lei 9.278/96 e ainda o artigo 16, parágrafo 6o do Decreto
3.048/99. - Termo inicial do benefício e, conseqüentemente, dos juros
de mora, fixado em 16.07.2006, quando da cessação do benefício até
então recebido pelo filho menor, em razão de sua maioridade. - As
custas não são devidas, tendo em vista que a Autarquia é isenta de seu
pagamento. - Honorários advocatícios devidos, porque decorrentes
da sucumbência da autarquia, mas, fixados no valor de R$ 400,00
(quatrocentos reais), em conformidade com o disposto no artigo 20,
parágrafo 4ºdo Código de Processo Civil. - Apelação conhecida, em
parte, na parte conhecida parcialmente provida.

Classe: AC - APELAÇÃO CÍVEL - 1159263


Processo: 2006.03.99.044963-4
UF: SP
Órgão Julgador: SÉTIMA TURMA
Data do Julgamento: 06/10/2008
Fonte: DJF3 DATA:22/10/2008
Relator: JUIZ HERBERT DE BRUYN
PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. COMPANHEIRO.
DEMONSTRADA A QUALIDADE DE SEGURADA. COMPROVADA
A UNIÃO ESTÁVEL. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APELAÇÃO NÃO CONHECIDA
EM PARTE E, NA PARTE CONHECIDA, IMPROVIDA. 1. Para
obtenção do benefício de pensão por morte são necessários dois
requisitos: condição de segurado do falecido e dependência (art. 74,
Lei n. 8.213/91). Está dispensado o cumprimento de prazo de
carência (art. 26, I, da Lei n. 8.213/91). 3. Demonstrado, nos autos,
que o de cujus detinha a condição de segurada da Previdência,
quando de seu óbito. 4. Comprovada a união estável através de
provas suficientes e presente a condição de dependência econômica,
tomando-se por critério o estabelecido no inciso I, artigo 16 da Lei
8.213/91, que a confere por presumida nessas circunstâncias. 5.
Apelação não conhecida na parte concernente ao estabelecimento do
termo inicial do benefício a partir da citação, posto que fixado na
sentença conforme o requerido. 6. Mantidos os honorários
advocatícios da autarquia, fixados em sentença no percentual de 10%
(dez por cento) do montante das prestações, na forma da Súmula nº
111 do E. STJ, corrigidos monetariamente. 7. Apelação em parte não
conhecida e, na parte conhecida, improvida.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

6
Ainda bem que, a teor do art. 300 do CPC, desde que expressamente
requerido, poderá o juiz antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida na
inicial, havendo prova inequívoca e se convencendo da verossimilhança da alegação.

Para a concessão da tutela de urgência, exige a lei uma das duas


situações alternativas:

a) ou a existência do periculum in mora;

b) ou a existência do abuso do direito de defesa do réu ou seu


manifesto propósito protelatório, independentemente da existência do periculum in mora.

A verdade, embora constrangedora, é que as condições de vida do


autor se agravaram com o falecimento de sua companheira, vez que, os proventos deste
eram necessários para custear o sustento de ambos.

Flagrante nem o fumus boni juris, mas o indenegável direito


propriamente dito do autor de perceber do instituto securitário o benefício de pensão por
morte de sua companheira, a Sra. Sara Carboni de Matos, visto que, nos dias que correm,
vê-se desprovido de meios indispensáveis ao sustento pessoal e de seu filho, prejudicado
depois do óbito deste.

O periculum in mora salta aos olhos no caso ora aforado, posto que
até o julgamento desta ação, o autor continuará a, indevidamente, sofrer as privações que lhe
sobrevieram depois do óbito da companheira, caso não seja deferida a tutela de urgência
postulada.

Não se sustenta, destarte, a posição da autarquia-ré, à vista da


documentação que instrui a presente inicial e demais provas que poderão ser coligidas, em
tempo oportuno e se necessário no entender desse d. Juizado Especial, volta a insistir.

DOS PEDIDOS

DIANTE DO EXPOSTO, mediante os favores do art. 212 do CPC,


sob pena da ocorrência dos efeitos da revelia e de confissão quanto à matéria de fato,
requer-se:

a) sem a oitiva da parte adversa, conceder ao autor a tutela de


urgência dos efeitos de seu pedido adiante formulados, para que, desde logo, seja o INSS
compelido a retornar os pagamentos mensais da PENSÃO POR MORTE requerido
em 28/02/2020, com numero ........................................., ESPECIE (21) PENSAO POR
MORTE, que foi concedido com inicio de vigência em 23/02/2020 e final de vigência

7
em 23/06/2020, com Renda Mensal Inicial de um salário, qual recebeu em razão do
falecimento de sua companheira de mais de 14 anos, Sra. Sara Carboni de Matos;

CABE RESSALTAR, NESSES PEDIDOS, QUE O FILHO DO


CASAL JÁ ESTÁ RECEBENDO A PENSÃO, PORTANTO, O INTUITO É FAZER
CONSTAR O COMPANHEIRO DA FALECIDA PARA QUE POSSA RECEBER DE
FORMA VITALÍCIA, TENDO EM VISTA QUE O BENEFÍCIO QUE É PAGO AO
FILHO DO CASAL SERÁ CESSADO QUANDO ELE COMPLETAR 21 ANOS DE
IDADE;

b) a citação do INSS para responder aos termos da presente ação que,


ao final, deverá ser julgada procedente para condená-lo na concessão de PENSÃO POR
MORTE VITALÍCIA de Sara Carboni de Matos em prol do autor, retroativamente à
data da cessação do benefício nº .............................., cessada em 23/06/2020, a qual
recebia em razão do falecimento de sua companheira de mais de 14 anos, Sra. Sara
Carboni de Matos, com os devidos abonos, pagando os valores em atraso de uma só vez,
acrescidos de juros de mora, correção monetária e honorária advocatícia de 20% (em
havendo recurso improvido) sobre o valor da condenação e nas demais cominações legais e
de estilo.

Protesta-se provar o alegado por todos os meios de prova em Direito


admitidos, máxime pela oitiva de testemunhas que serão arroladas quando do agendamento
da audiência, se for o caso.

Requer-se, ainda e expressamente, a V. Exa., que se digne:

a) contemplar ao autor com os benefícios da gratuidade judiciária, já


por força da expressa disposição do art. 54, da Lei n.º 9.099/95, aplicável à espécie,
combinada com o art. 1.º, da Lei n.º 10.259, de 12 de julho de 2001;

d) ordenar que publicações de todos os atos do processo, na


imprensa oficial, sejam realizadas em nome de todos os advogados que firmam a
presente petição inicial.

Atribui-se à causa o valor de 13.200,00, tendo em vista que não terá


atrasados para receber, visto que o filho do casal já recebeu toda a pensão retroativa, mas
deve ser contada 12 parcelas futuras, tendo em vista o pedido para que se faça constar o
companheiro como beneficiário, no sentido de receber a pensão vitalícia.

TERMOS EM QUE
P. E. DEFERIMENTO.

8
............................................. de 2021.

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