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PARECER JURÍDICO

Requerente: Renato Teixeira

Assunto: Direito Sucessório.

EMENTA: SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA – UNIÃO ESTÁVEL – MEAÇÃO –


LEGÍTIMA –– INDIGNIDADE – DOAÇÃO – POSSIBILIDADE

Parecer:

Trata-se o presente expediente de resposta a consulta sobre a forma como que


o testador pretende dispor do seu patrimônio, e o quantitativo que ficará para
os herdeiros.

É fundamental, a princípio, aclarar quem serão os herdeiros do patrimônio do


sr. Renato.

Conforme preceitua o art. 1.829 do Código Civil, que são os herdeiros


legítimos do requerente na seguinte ordem:
I – os descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo nos
casos previstos em lei;
II – os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente;
III – o cônjuge sobrevivente;
IV – os colaterais.

Notamos então, que no caso em questão, temos em princípio a presença de 4


herdeiros legítimos, os descendentes, ou seja, os dois filhos com a falecida; um
filho em gestação da atual companheira; e um filho de um relacionamento
paralelo.
Sabe-se que um dos filhos tentou contra a vida do Sr. Renato, logo, orientamos
pela exclusão do mesmo da sucessão, pela declaração de indignidade,
conforme o artigo 1.814, inciso I, do Código Civil. Art. 1.814. São excluídos da
sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-
autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a
pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro,
ascendente ou descendente;

Em seguida, compreende-se que mesmo não mencionado no caso, o regime


de casamento do caso em questão se enquadra nos moldes da união estável,
conforme preceitua o artigo 1.723 do Código Civil.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família.

Diante disso, considera-se que o regime legal dessa união será o regime de
comunhão parcial de bens, conforme o artigo 1.725 CC, que diz que será o
regime de comunhão parcial de bens, o regime legal aplicado na ausência de
outro devidamente expresso.
Nesse caso, os bens adquiridos durante esse relacionamento, será
considerada a namorada como meeira dos bens adquiridos em conjunto, além
disso, na comunhão parcial, será herdeiro dos bens particulares adquiridos
antes da união, bens adquiridos pelo Sr. Renato.

Com a exclusão do herdeiro indigno, resta como herdeiros legítimos apenas 3


(três) descendentes e a cônjuge sobrevivente como meeira, no caso de bens
adquiridos na constância do casamento, ou herdeira concorrendo com os
descendnetes, no caso de o requerente possuir bens adquiridos por ele antes
do início do relacionamento.

Passamos agora ao testamento, considerando a declaração de última vontade


que 10% dos seus bens fique para a igreja e que o filho do relacionamento
paralelo seja mais beneficiado que os outros por ter vivido sem pai.

Conforme o artigo 1.857 do Código Civil, toda pessoa capaz pode dispor, por
testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua
morte. Conforme a vontade do requerente em deixar mais para o filho da
relação paralela, informamos que isso deva ser feito através de Testamento
Público, em Cartório para dar maior credibilidade, conforme termos do artigo
1.864 do Código Civil.

Por fim, o patrimônio ficará assim dividido:

Situação 1 – Se o Sr. Renato só possuir bens adquiridos na constância do


relacionamento.

A namorada será considerada MEEIRA, ficando com 50% do patrimônio total.


Os herdeiros legítimos serão os descendentes, excluído o indigno, que
dividirão 25% da HERANÇA em 3 (três), sendo 8,33% para cada.
25% - Será feito através do Testamento Público, o qual deixará 10% para a
igreja (divide-se por todas as igrejas da localidade) e 90% para o filho preferido,
ou seja, aquele do relacionamento paralelo.

Situação 2 – Se o Sr. Renato somente possuir bens adquiridos por ele antes do
início do relacionamento com a namorada.

Nesse caso a namorada não será considerada meeira, mas sim, HERDEIRA
em concorrência com os descendentes, conforme art. 1.829, I. CC. Ou seja:

Patrimônio total – 100%


Herança – 50% - dividido por 4 herdeiros, (3 descendentes + 1 conjuge
sobrevivente) - sendo 12,50% para cada

Testamento – 50% sendo dividido da seguinte forma: 10% para a igreja e 90%
para o filho do relacionamento paralelo.
Ainda se o Sr. Renato possuir bens adquiridos antes e na constância do
relacionamento, a namorada passa a ser meeira (dos bens adquiridos na
constância do relacionamento) e herdeira concorrendo com os descendentes
(dos bens adquiridos pelo requerente antes do relacionamento).

É o parecer.

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