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Direito do Consumidor
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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
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Revisão Turbo | 39° Exame da OAB
Sumário
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1. Relação de consumo
Situação 1:
*Para todos verem: esquema.
Situação 2:
*Para todos verem: esquema.
Patrícia compra
bicicleta de uma loja Relação de consumo
como destinatária - CDC
final
Qual a diferença?
Situação 1: trata-se de uma relação civil, regulada/normatizada pelo Código Civil. Ainda
que Patrícia tenha comprado como destinatária final, Maitê não é considerada fornecedora, visto
que não faz isso como sendo sua atividade.
Situação 2: ao comprar da loja como destinatária final, Patrícia é consumidora e a loja é
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2. Consumidor
2.1. Consumidor padrão
O CDC é uma lei especial em razão dos seus destinatários, já que somente é aplicável
aos consumidores e fornecedores. Assim, para que se possa ter a aplicação do CDC é
necessária a existência do binômio fornecedor/consumidor.
O consumidor padrão, assim, é aquele que adquire não profissionalmente produtos ou
serviços como destinatário final. Está consagrado no art. 2º, “caput”, do CDC.
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B) Art. 17: “Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as
vítimas do evento” (refere-se à seção II, que trata da responsabilidade pelo fato do produto e do
serviço).
Equipara a consumidor todas as vítimas de um acidente de consumo. Assim, o artigo 17
estende a proteção do CDC para qualquer pessoa eventualmente atingida por um acidente de
consumo, ainda que nada tenha adquirido do fornecedor.
C) Art. 29: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores
todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas” (refere-se ao
capítulo que trata de práticas comerciais e contratos).
A parte de práticas comerciais e contratos se encontra nos artigos 30-54 do CDC. Um
exemplo de consumidor por equiparação é quando terceiros são expostos à publicidade
enganosa ou abusiva por parte do fornecedor. Podemos pensar aqui, também em pessoas que
ainda não realizaram contratos,mas que foram expostos à práticas comerciais, tais como: pessoa
que teve seu nome colocadoem cadastros de restrição sem nunca ter comprado em determinada
loja, poderá ser enquadradaem consumidor por equiparação do artigo 29.
3. Fornecedor
Sua previsão está tipificada no art. 3º do CDC, qual seja:
Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo
as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
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comerciantes poderão ser responsabilizados. Não importa se regularizado ou não, com CNPJ ou
não.
4.2. Serviços
Segundo o parágrafo segundo serviço é: “qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
Assim, as atividades de serviço podem ser de natureza material, financeira ou intelectual,
prestadas por entidades públicas ou privadas, mediante remuneração.
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VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção
e tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos
termos da regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras
medidas;
XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação
de dívidas e na concessão de crédito;
XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por
quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser
acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.
Tais direitos vão ser usados, em especial, em favor do consumidor, a parte vulnerável da
relação de consumo.
E o comerciante?
Importante: o comerciante possui responsabilidade quando se fala de fato de produto:
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Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador;
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis [...]
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito
de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do
evento danoso.
Art. 14, §1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
Também já nos fala o parágrafo segundo do artigo 14 que o serviço não é considerado
defeituoso pela adoção de novas técnicas.
Importante: a responsabilidade dos profissionais liberais está prevista no art. 14, §4 do
CDC e é uma exceção à responsabilidade objetiva. Assim, para que haja a configuração do dever
de indenizar do profissional liberal é necessário que consumidor demonstre que este profissional
agiu com culpa.
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Substituição do
produto
Abatimento do
preço
Art. 18, § 3°. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo
sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder
comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar
de produto essencial.
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Substituição do produto
Complementação do peso
ou medida
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo
o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
Reexecução do
serviço
Abatimento do
preço
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30 90
dias Fornecimento dias
Produtos
de produtos
duráveis
não duráveis
A) Pratice Ltda. funciona como mera intermediadora entre os hotéis e os adquirentes do título do clube
de pontos, não respondendo pelo evento danoso.
B) Há legitimidade passiva da Pratice Ltda. para responder pela inadequada prestação de serviço do hotel
conveniado que gerou dano ao consumidor, por integrar a cadeia de consumo referente ao serviço que
introduziu no mercado.
C) Trata-se de culpa exclusiva de terceiro, não podendo a intermediária Pratice Ltda. responder pelos
danos suportados pelo portador título do clube de pontos.
D) Cuida-se de hipótese de responsabilidade subjetiva e subsidiária da Pratice Ltda. em relação ao hotel
conveniado.
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Art. 37, §2°. É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza,
a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de
julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz
de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou
segurança.
A) A comunicação mercadológica realizada por youtubers mirins para o público infantil não pode ser
considerada abusiva em razão da deficiência de julgamento e experiência das crianças, porque é
realizada igualmente por crianças.
B) A publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança ou se prevaleça
da sua idade e conhecimento imaturo para lhe impingir produtos ou serviços é considerada abusiva.
C) A publicidade não pode ser considerada abusiva ou enganosa se o público para a qual foi destinado,
de forma fácil e imediata, identifica a mensagem mercadológica como tal.
D) A publicidade dirigida às crianças, que se aproveite da sua deficiência de julgamento para lhe impingir
produtos ou serviços, é considerada enganosa.
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com os padrões e as regras do jogo do CDC. Muito importante que não é a mesma coisa que
CLÁUSULAS abusivas (estas estão dentro dos contratos).
As práticas abusivas são vedadas ao fornecedor de produtos e serviços.
Tais práticas podem ser pré-contratuais, contratuais ou pós-contratuais. A maioria das
práticas abusivas estão na fase pré-contratual, e são exemplificativas, tais como:
Inciso I – Venda casada: “condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”.
Normalmente tais produtos/serviços são vendidos separados.
Inciso II – Recusa de atendimento à demanda do consumidor: “recusar atendimento
às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda,
de conformidade com os usos e costumes.”
Inciso III – Fornecimento de produto ou serviço não solicitado: “enviar ou entregar ao
consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto ou fornecer qualquer serviço.” Também o
parágrafo único: “Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor,
na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de
pagamento.”
Súmula 532 do STJ: Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e
sujeito à aplicação de multa administrativa.
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem
empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos
serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias,
contado de seu recebimento pelo consumidor.
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Inciso VII: “repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor
no exercício de seus direitos.”
Vedação de uma lista de consumidores que reclamam e vão atrás de seus direitos.
Há outros artigos que também trazem práticas abusivas (publicidade enganosa, cobrança
vexatória etc.).
Obs.: planos de saúde – súmulas importantes:
Súmula 597 do STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para
utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência ou de urgência
é considerada abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data da
contratação.
Súmula 608 do STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
Súmula 609 do STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença
preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação
ou a demonstração de má-fé do segurado.
9. Da proteção contratual
9.1. Cláusulas abusivas
O art. 51 do CDC elenca situações de cláusulas abusivas. Quando há cláusula abusiva no
contrato, elas serão nulas de pleno direito:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de
direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos
neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo
consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o
consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira
unilateral;
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Obs.: há limite para a cláusula penal moratória em casos de contrato de consumo e não
pode passar de 2% conforme o art. 52 § 1°:
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contrataçãode
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio.
A) Maria pode exercer direito de arrependimento, já que a compra realizada por ela foi feita fora de seu
domicílio. Além disso, o prazo para que Maria possa reclamar é de 30 dias a contar da entrega do produto.
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B) Maria não pode se arrepender, já que realizou a compra por livre e espontânea vontade, não tendo
ocorrido nenhum vício de vontade capaz de invalidar o contrato celebrado entre Maria e a empresa
Roupas Lindas.
C) Por expressa previsão no CDC é possível que Maria utilize do seu direito de arrependimento, já que a
compra foi realizada fora do estabelecimento comercial da fornecedora, de forma online. O prazo para o
exercício do direito de arrependimento é de até 7 dias do recebimento do produto por Maria.
D) Caso Maria exerça o direito de arrependimento, ela deverá pagar a multa contratada, podendo a
fornecedora Roupas Lindas reter parte do pagamento feito por Maria, para fins de pagamento da multa.
11. Superindividamento
Recentemente ocorreram diversas mudanças no CDC, com a inclusão de dispositivos que
trazem a prevenção e o tratamento do denominado “superendividamento” do consumidor pessoa
natural.
O conceito de superendividamento está no art. 54-A do CDC:
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