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Semana do Edital | 39º Exame de Ordem

Direito do Consumidor na OAB

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Semana do Edital | 39º Exame de Ordem
Direito do Consumidor na OAB

Queridos alunos,

Cada material da Semana do Edital foi preparado com


muito carinho para que você possa conhecer os
conteúdos queridinhos da FGV!

Nós deciframos os principais mistérios da prova!


Não conte com a sorte, conte com o Ceisc.

Esperamos você durante as aulas da Semana do


Edital!

Com carinho,
Equipe Ceisc ♥

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Direito do Consumidor na OAB

1ª FASE OAB | 39° EXAME

Direito do Consumidor
2 conteúdos favoritos da FGV

Sumário

1. Relação de Consumo ............................................................................................ 4


2. Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo .............................................. 7

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1. Relação de Consumo

Situação 1:
*Para todos verem: esquema

Contrato de
Patrícia compra
compra e venda -
bicicleta de Maitê
Código Civil

Situação 2:
*Para todos verem: esquema

Patrícia compra
bicicleta de uma loja Relação de
como destinatária Consumo - CDC
final

Qual a diferença?
Situação 1: Trata-se de uma relação civil, regulada/normatizada pelo Código Civil. Ainda
que Patrícia tenha comprado como uma destinatária final, Maitê não é considerada fornecedora,
visto que não faz isso como sendo sua atividade.
Situação 2: Ao comprar da loja como destinatária final, Patrícia é consumidora e a loja
é fornecedora, configurando-se a relação de consumo.
Neste caso (situação 2) qual legislação incidirá? Código de Defesa do Consumidor.

*Para todos verem: esquema

É importante entender em qual situação


é aplicável o Código Civil e em qual é
aplicável o Código de Defesa do
Consumidor, visto que os regramentos
vão ser aplicados de forma diversa.

O Código de Defesa do Consumidor não conceitua o que é uma relação de consumo,


apenas indica quem é o consumidor e, em seguida, quem é o fornecedor. Quando preenchidos
os requisitos dos artigos 2º e 3 do CDC, haverá a aplicação do código consumerista.

1.1. Consumidor

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1.1.2. Consumidor Padrão


O CDC é uma lei especial em razão dos seus destinatários, já que somente é aplicável
aos consumidores e fornecedores. Assim, para que se possa ter a aplicação do CDC é
necessária a existência do binômio fornecedor/consumidor.

O consumidor padrão, assim, é aquele que adquire não profissionalmente produtos ou


serviços como destinatário final. Está consagrado no art. 2, “caput” do CDC.

1.1.3. Consumidor Equiparado


O CDC também se aplica a terceiros que não seriam consumidores padrão, mas que
foram equiparados a consumidores.
O ponto de partida do parágrafo é a observação de que muitas pessoas, que mesmo sem
ter adquirido produtos/serviços, podem ser consideradas como consumidores. Temos três
situações de consumidor e s equiparados:
A) Art 2°, parágrafo único: “Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda
que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”.
O parágrafo demonstra o caráter coletivo da proteção ao consumidor. Tem por objetivo
dar eficácia para a tutela coletiva de direitos e interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos, previstos nos artigos 81e seguintes do CDC.
Importante lembrar que o artigo 81 e seguintes tratam sobre interesses coletivos.
Atenção:
Súmula 601 STJ: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa dos
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que
decorrentes da prestação de serviços públicos.”

B) Art. 17: “Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as
vítimas do evento” (refere-se à seção II, que trata da responsabilidade pelo fato do produto e do
serviço).
Equipara a consumidor todas as vítimas de um acidente de consumo. Assim, o artigo 17
estende a proteção do CDC para qualquer pessoa eventualmente atingida por um acidente de
consumo, ainda que nada tenha adquirido do fornecedor.
C) Art. 29: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores
todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas” (refere-se ao
capítulo que trata de práticas comerciais e contratos).

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A parte de práticas comerciais e contratos se encontra nos artigos 30-54 o CDC. Um


exemplo de consumidor por equiparação é quando terceiros são expostas a ofertas/publicidade
do fornecedor. Podemos pensar aqui, também em pessoas que ainda não realizaram contratos,
mas que foram expostos à práticas comerciais, tais como: pessoa que teve seu nome colocado
em cadastros de restrição sem nunca ter comprado em determinada loja, poderá ser enquadrada
em consumidor por equiparação do artigo 29.

1.2. Fornecedor
Sua previsão está tipificada no art. 3º do CDC, qual seja:

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,salvo
as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

1.2.1. Características do Fornecedor


Pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional, estrangeira, ente
despersonalizado.
Desenvolve atividade com habitualidade, como sendo o ofício, a profissão ou uma de
suas profissões.
Temos aqui ideias de atividades profissionais, habituais e com finalidade econômica.
Importante lembrar que fornecedor se enquadra como sendo gênero. Desta forma, não
somente o fabricante, por exemplo, mas também transformadores, intervenientes e até
comerciantes poderão ser responsabilizados. Não importa se regularizado ou não, com CNPJ
ou não.

1.3. Objeto da Relação de Consumo


1.3.1. Produto
O produto pode ser todo bem móvel ou imóvel, material ou imaterial. Também tempos
produtos duráveis (bens que não se extinguem após uso regular, ainda que sofram desgastes,
tais como carro, mesa, brinquedos etc.) e produtos não duráveis (tais como alimentos e

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remédios.)

1.3.2. Serviços
Segundo o parágrafo segundo serviço é: “qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
Assim, as atividades de serviço podem ser de natureza material, financeira ou intelectual,
prestadas por entidades públicas ou privadas, mediante remuneração.

2. Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo

2.1. Responsabilidade civil por fato


2.1.1. Fato de produto
Acontecimento que causa danos, mas que decorre de um defeito de produto.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador


respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causadosaos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus
produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequados sobre sua utilização
e riscos.

O que seria o DEFEITO? O primeiro parágrafo do artigo 12 nos informa: “o produto é


defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera”.
Quem são os responsáveis por fato de produto? Como regra será o fabricante,
produtor, construtor e importador (artigo 12, “caput”).
Regra: Eles serão responsáveis (fabricante, produtor, construtor e importador)
Exceção: Não serão responsabilizados se provarem:

Art. 13, §3. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será


responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.”

E o comerciante?
Importante: O comerciante possui responsabilidade quando se fala de fato de produto:

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Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador;
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis [...]
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito
de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do
evento danoso.

2.1.2. Fato de serviço


Consoante o “caput” do artigo 14:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

Também aqui temos como fundamento o dever de segurança e com responsabilidade


objetiva.
O que seria serviço defeituoso, que trará um fato de serviço? O primeiro parágrafo do
artigo 14 nos responde:

Art. 14, §1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.

Também já nos fala o parágrafo segundo do artigo 14 que o serviço não é considerado
defeituoso pela adoção de novas técnicas.
Em decorrência da dificuldade em se saber quem são os eventuais agentes da cadeia de
fornecimento, o CDC fala em fornecedor. Assim, todos os participantes da cadeia de serviços
são fornecedores e poderão responder para com o consumidor.
Importante: A responsabilidade dos profissionais liberais está prevista no art. 14, §4 do
CDC e é uma exceção à responsabilidade objetiva. Assim, para que haja a configuração do
dever de indenizar do profissional liberal é necessário que consumidor demonstre que este
profissional agiu com culpa.
Prazo prescricional: 5 anos, a contar do conhecimento do dano e da autoria (artigo 27).

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2.2. Responsabilidade civil por vício


2.2.1. Responsabilidade por vício de produto
O vício pode ser de qualidade ou de quantidade.

2.2.1.1. Vício de qualidade


Impróprios ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como
aqueles decorrentes da disparidade, com indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária.
No caso de vício de qualidade do produto, o consumidor poderá:

*Para todos verem: esquema

Substituição do
produto

30 dias para Restituição da


Não sanou
sanar o vício quantia paga

Abatimento do
preço

• Fornecedor terá o prazo de 30 dias para sanar o vício. Este prazo é para sanar,
quando for possível. Caso não seja possível, o consumidor poderá exigir, a sua
escolha;
• Substituição do produto por outro da mesma espécie;
• Restituição da quantia paga (atualizada), podendo também pedir perdas e danos ou
abatimento proporcional do preço.

Art. 18, § 3°. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste
artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas
puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se
tratar de produto essencial.

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2.2.1.2. Vício de quantidade


O vício de quantidade é, em especial, tratado no Art. 19 do CDC:

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do


produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente
e à sua escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os
aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.

*Para todos verem: esquema

Substituição do produto

Restituição da quantia
paga
Consumidor
pode exigir
Abatimento do preço

Complementação do peso
ou medida

2.2.2. Responsabilidade por vício de serviço

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes
da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária,
podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.

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*Para todos verem: esquema

Reexecução do serviço

Consumidor pode exigir Restituição da quantia paga

Abatimento do preço

2.3. Prazos para reclamar dos vícios de produto e serviço

*Para todos verem: esquema

Fornecimento de
30 90
produtos não Produtos duráveis
dias dias
duráveis

A partir de quando começam a contar os prazos?


• Vício aparente: entrega do bem ao consumidor (tanto durável quanto não durável);
• Vício oculto: a partir do momento em que fica evidenciado o problema.

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