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DIA MUNDIAL DO CONSUMIDOR

Entendendo
o Direito do
Consumidor
Dr. Jonathan Juvencio
Especialista em Direito Civil
Pontos para discutir:

Conteúdo
Entendendo o direito do consumidor
Consumidor x Fornecedor
Aspectos gerais do CDC
Principais direitos do consumidor
Após o dano, a quem recorrer?
O que é o direito
do consumidor?
O direito do consumidor é o ramo do Direito cujas
diretrizes podem ser aplicadas a qualquer situação
em que aconteça uma relação de consumo entre
duas ou mais partes. Ele está diretamente ligado
ao Código de Defesa do Consumidor, criado para
registrar as regras que regularizam essas
relações.
Comemorado em 15 de março, o Dia mundial de Defesa
do Consumidor é a data para reforçar o compromisso de

Dia mundial do lojas e empresas em respeitar todas as leis relacionadas


às relações de consumo.
consumidor
A data foi criada quando o então presidente dos Estados
Unidos, John Kennedy, fez um discurso no congresso
americano sobre a importância de respeitar os princípios
e direitos do consumidor no país, em 1962. Na ocasião,
Kennedy trouxe quatro princípios fundamentais aos
consumidores:

O direito à segurança;
Direito à informação;
Direito à escolha;
Direito de ser ouvido.
Breve história da direito do
consumidor

1962 1970 1985 1988 1990

Discurso de Surgem os Com o surgimento da Apenas dois anos


A Organização das
Kennedy no primeiros órgãos Constituição Federal, a depois, foi criada no
Nações Unidas
congresso de defesa do defesa do consumidor Brasil a Lei Nº 8.078,
(ONU) aprova
foi oficialmente que estabelece direitos
americano consumidor no diretrizes para as
promovida por meio do e proteções ao
Brasil leis de consumo.
item XXXII do art. 5º. consumidor e diretrizes
para fornecedores.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;


Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
Quem é final.

consumidor? Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a


coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
Quem é os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade

fornecedor? de produção, montagem, criação, construção,


transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores,
o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de
Política vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:
Nacional de I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no

Relações de
mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente

Consumo o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações
representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões
adequados de qualidade, segurança, durabilidade e
desempenho.
Da Art. 8° Os produtos e serviços
colocados no mercado de consumo

Proteção à
não acarretarão riscos à saúde ou
segurança dos consumidores, exceto

Saúde e
os considerados normais e
previsíveis em decorrência de sua

Segurança
natureza e fruição, obrigando-se os
fornecedores, em qualquer hipótese,
a dar as informações necessárias e
adequadas a seu respeito.
Da Responsabilidade pelo Fato do
Produto e do Serviço
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação
ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será


responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos
do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador
não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu
fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao
prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os
demais responsáveis, segundo sua participação na causação do
evento danoso.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca
em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do


produto ou do término da execução dos serviços.

§ 2° Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o


fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que
deve ser transmitida de forma inequívoca;

§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em


que ficar evidenciado o defeito.
Após a reclamação, caso o I – a substituição do produto por outro da mesma
problema não seja espécie, em perfeitas condições de uso;
solucionado dentro de 30
II – a restituição imediata da quantia paga,
dias, o consumidor pode
monetariamente atualizada, sem prejuízo de
exigir uma das seguintes
opções, segundo o artigo eventuais perdas e danos;
18º, § 1°: III – o abatimento proporcional do preço.

As alternativas acima também podem ser acionadas de forma imediata, logo após a
detecção do problema, caso se trate de um produto essencial ou se as partes
defeituosas puderem comprometer a qualidade ou características dele.
Principais
direitos do
consumidor
Segundo o art. 49, o único caso em que o

Direito ao
consumidor tem o direito de desistir de um
produto por arrependimento é quando a

arrependimento
compra é realizada fora do ambiente comercial.
Compras online, por telefone e em domicílio
entram nessa regra.
Nesse caso, o consumidor tem até 7 dias
Não há nenhuma previsão legal que
contados a partir de sua assinatura ou do
proteja o consumidor em caso de recebimento do produto para avisar o
arrependimento de uma compra feita fornecedor sobre a desistência. Não é
presencialmente. Estabelecimentos necessário justificar o motivo do
comerciais só são obrigados a arrependimento.
receber um produto de volta caso ele É obrigação do fornecedor devolver o valor
esteja danificado ou com defeitos, ou integral, incluindo frete. Alguns deles exigem
caso a mesma tenha ofertado a que o produto esteja devidamente embalado
e lacrado para que o estorno do dinheiro seja
devolução por arrependimento.
feito, mas isso não consta no CDC!
Proibição de O art. 39, I, do Código de Defesa do
Consumidor considera a venda casada uma
venda casada prática abusiva:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou


A venda casada é uma prática ilegal, serviços, dentre outras práticas abusivas:
I – condicionar o fornecimento de produto ou de
mas não é difícil encontrar
serviço ao fornecimento de outro produto ou
estabelecimentos que, para fornecer serviço, bem como, sem justa causa, a limites
um produto ou serviço ao cliente, o quantitativos.
obriga a adquirir outro. Alguns
exemplos são cinemas que não Se você foi vítima dessa ação, pode ser
permitem a entrada do público com ressarcido com o dobro do valor pago,
alimentos de outros lugares e bares corrigido monetariamente e acrescido dos
com regra de consumação mínima. juros legais.
Em casos como esse, a Lei n° 10.962/04 é
responsável por regulamentar a forma como

Produtos iguais estabelecimentos e lojas online devem indicar


os valores das mercadorias aos clientes. Ela

com diferente também aponta, em seu artigo 5º, que em caso


de diferença de preços o consumidor pagará o

precificação menor entre eles.

Assim como em vários casos, porém, o cliente é


incentivado a praticar a boa fé e analisar se o erro
É comum encontrar em foi cometido intencionalmente. Se um produto
custa R$200 mas a etiqueta exibe R$20, é de se
supermercados, farmácias ou lojas
entender que foi um engano, e não uma tática
um mesmo produto anunciado com com o propósito de prejudicar o consumidor.
preços diferentes. Muitas vezes isso
O Código de Defesa do Consumidor é feito para
acontece entre itens expostos em
proteger a vulnerabilidade do cliente frente às
vitrines e também em prateleiras no relações de consumo, e não incentivá-lo a
interior do estabelecimento. abusar de seus direitos quando lhe é
conveniente.
Cláusulas Algumas cláusulas contratuais, entretanto, já são
estabelecidas como abusivas pelo CDC e, portanto,
abusivas ou podem ser anuladas. O CDC dispõe sobre o que são
consideradas cláusulas abusivas de contratos. Entre
proibidas em elas estão:

contratos qualquer cláusula que vá contra a disposições já


estabelecidas pelo Código, como tirar do
consumidor seu direito de reembolso ou isentar o
Você tem o hábito de assinar fornecedor da responsabilidade sobre defeitos em
seus produtos ou serviços;
contratos sem ler? Pois saiba que até
autorizar o fornecedor a quebrar um contrato a
a leitura das notas de rodapé são qualquer momento, sem que a mesma opção seja
essenciais para que você não acabe permitida ao consumidor;
permitir que o fornecedor altere o conteúdo do
caindo em uma armadilha ao comprar
contrato após assinado por todas as partes;
um produto ou serviço. transferir responsabilidades a terceiros.
Queda de energia O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor

elétrica
estabelece que órgãos públicos,
concessionárias ou outros empreendimentos
precisam oferecer “serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
Existem situações em que queda ou contínuos”.
oscilações de energia elétrica
O fornecimento de energia elétrica é essencial
causam danos em eletrodomésticos,
e, como prevê o próprio CDC no mesmo artigo:
como televisão, computador ou
geladeira. Caso isso aconteça, a “Nos casos de descumprimento, total ou
concessionária de energia é parcial, das obrigações referidas neste artigo,
responsabilizada pelo problema e serão as pessoas jurídicas compelidas a
cumpri-las e a reparar os danos causados”.
deve reparar os danos.
Fui prejudicado. A quem
recorrer?
Existem várias formas para evitar ficar no prejuízo
Portal consumidor.gov.br: Realiza a interlocução entre consumidores e empresas,
visando a resolução de conflitos.
Procons: Cabe a eles a realização de vistorias em estabelecimentos de comércio e
prestação de serviço para averiguar o cumprimento ou não das leis e regras que
protegem os consumidores.
Defensorias públicas: fazem parte do Poder Judiciário e são importantes aliadas na
defesa dos direitos dos consumidores.
Advogados em geral: Se o problema necessitar de um suporte jurídico mais efetivo, é
a melhor opção para conseguir ter o dano indenizado.
Você tem alguma
dúvida?
instagram.com/jonathanjuvencio.adv

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