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Revisão Turbo | 36º Exame de Ordem

Direito do Trabalho

Prof.ª Patricia Strauss

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Queridos alunos,

Cada material da Revisão Turbo foi preparado com


muito carinho para que você possa absorver, de forma
rápida, conteúdos de qualidade!

Lembre-se: o seu sonho também é o nosso!


Esperamos você durante as aulas da Revisão Turbo!

Com carinho,
Equipe Ceisc ♥
Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem
Direito do Consumidor

1. Relação de Consumo

Situação 1:
*Para todos verem: esquema

Patrícia compra bicicleta de Maitê Contrato de compra e venda -


Código Civil

Situação 2:

*Para todos verem: esquema

Patrícia compra bicicleta de uma Relação de consumo - CDC


loja como destinatária final

Qual a diferença?
Situação 1: Trata-se de uma relação civil, regulada/normatizada pelo Código Civil. Ainda que
Patrícia tenha comprado como uma destinatária final, Maitê não é considerada fornecedora, visto que
não faz isso como sendo sua atividade.
Situação 2: Ao comprar da loja como destinatária final, Patrícia é consumidora e a loja é
fornecedora, configurando-se a relação de consumo.
Neste caso (situação 2) qual legislação incidirá? Código de Defesa do Consumidor.

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Direito do Consumidor

*Para todos verem: esquema

É importante entender em qual situação é


aplicável o Código Civil e em qual é
aplicável o Código de Defesa do
Consumidor, visto que os regramentos vão
ser aplicados de forma diversa.

O Código de Defesa do Consumidor não conceitua o que é uma relação de consumo,


apenas indica quem é o consumidor e, em seguida, quem é o fornecedor. Quando preenchidos
os requisitos dos artigos 2º e 3 do CDC, haverá a aplicação do código consumerista.

2. Consumidor

2.1 Consumidor Padrão


O CDC é uma lei especial em razão dos seus destinatários, já que somente é aplicável
aos consumidores e fornecedores. Assim, para que se possa ter a aplicação do CDC énecessária
a existência do binômio fornecedor/consumidor.
O consumidor padrão, assim, é aquele que adquire não profissionalmente produtos ou
serviços como destinatário final. Está consagrado no Art. 2, “caput” do CDC.

2.2 Consumidor Equiparado


O CDC também se aplica a terceiros que não seriam consumidores padrão, mas que
foram equiparados a consumidores.
O ponto de partida do parágrafo é a observação de que muitas pessoas, que mesmo sem
ter adquirido produtos/serviços, podem ser consideradas como consumidores. Temos três
situações de consumidor e s equiparados:

A) Art 2°, parágrafo único: Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda


que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
O parágrafo demonstra o caráter coletivo da proteção ao consumidor. Tem por objetivo
dar eficácia para a tutela coletiva de direitos e interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos, previstos nos artigos 81e seguintes do CDC.
Importante lembrar que o artigo 81 e seguintes tratam sobre interesses coletivos.

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Atenção: Súmula 601 STJ: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na
defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que
decorrentes da prestação de serviços públicos.”

B) Art. 17: Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas
do evento (refere-se à seção II, que trata da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço).
Equipara a consumidor todas as vítimas de um acidente de consumo. Assim, o artigo 17
estende a proteção do CDC para qualquer pessoa eventualmente atingida por um acidente de
consumo, ainda que nada tenha adquirido do fornecedor.
Alguém é atropelado por um veículo devido a um defeito do freio. A pessoa atropelada
será consumidora por equiparação e teremos aqui a aplicação do CDC. Alguém é atropelado
porque o condutor se distraiu, teremos então a aplicação do CC.

C) Art. 29: Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores
todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas (refere-se ao
capítulo que trata de práticas comerciais e contratos).
A parte de práticas comerciais e contratos se encontra nos artigos 30-54 o CDC. Um
exemplo de consumidor por equiparação é quando terceiros são expostas a ofertas/publicidade
do fornecedor. Podemos pensar aqui, também em pessoas que ainda não realizaram contratos,
mas que foram expostos à práticas comerciais, tais como: pessoa que teve seu nome colocado
em cadastros de restrição sem nunca ter comprado em determinada loja, poderá ser enquadrada
em consumidor por equiparação do artigo 29.

Obs.: Teoria finalista mitigada ou aprofundada


• Pessoa jurídica e profissionais não são consumidores, já que adquirem
produtos/serviços parauso profissionalmente.
• Pessoa jurídica e profissionais PODEM ser consumidores, se demonstrada a
situação devulnerabilidade, a ser analisada “in concreto”.
• Dentre os tipos de vulnerabilidade, temos que a mais comum é a vulnerabilidade
técnica (forado domínio de atuação da PJ).

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3. Fornecedor

Sua previsão está tipificada no art. 3º do CDC, qual seja:

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional


ouestrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária,salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

3.1 Características do Fornecedor


Pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional, estrangeira, ente despersonalizado.
Desenvolve atividade com habitualidade, como sendo o ofício, a profissão ou uma de suas
profissões.
Temos aqui ideias de atividades profissionais, habituais e com finalidade econômica.
Importante lembrar que fornecedor se enquadra como sendo gênero. Desta forma, não
somente o fabricante, por exemplo, mas também transformadores, intervenientes e até
comerciantes poderão ser responsabilizados. Não importa se regularizado ou não, comCNPJ ou
não.

4. Objeto da Relação de Consumo

4.1 Produto
O produto pode ser todo bem móvel ou imóvel, material ou imaterial (muito raro, já que,
em geral, se atrela ao conceito de serviço). Também tempos produtos duráveis (bens que não
se extinguem após uso regular, ainda que sofram desgastes, tais como carro, mesa, brinquedos
etc.) e produtos não duráveis (tais como alimentos, remédios, cosméticos, canetas, sabonetes
etc.).

4.2 Serviços
Segundo o parágrafo segundo serviço é: “qualquer atividade fornecida no mercado de

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consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e


securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
Assim, as atividades de serviço podem ser de natureza material, financeira ou intelectual,
prestadas por entidades públicas ou privadas, mediante remuneração.

5. Responsabilidade Civil por Fato

5.1 Fato de Produto


Acontecimento que causa danos, mas que decorre de um defeito de produto.
Artigo 12: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados
aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequados sobre sua utilização e riscos.”
O que seria o DEFEITO? O primeiro parágrafo do artigo 12 nos informa: “o produto é
defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera”.
Quem são os responsáveis por fato de produto? Como regra será o fabricante,
produtor, construtor e importador (artigo12, “caput”).
Regra: Eles serão responsáveis (fabricante, produtor, construtor e importador)
Exceção: Não serão responsabilizados se provarem:

§3°, artigo 13: “O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será


responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito
inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.”

E o comerciante?
Importante: O comerciante possui responsabilidade quando se fala de fato de produto:

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador;
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis [...]
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito
de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do
evento danoso.

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Prazo Prescricional: 5 anos, a contar do conhecimento do dano e da autoria (Artigo 27).

5.2 Fato de serviço (Artigos 14 e 17, CDC)


Consoante o “caput” do artigo 14: “O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
Também aqui temos como fundamento o dever de segurança e com responsabilidade
objetiva.
O que seria serviço defeituoso, que trará um fato de serviço? O primeiro parágrafo do
artigo 14 nos responde:
“O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.”
Também já nos fala o parágrafo segundo do artigo 14 que o serviço não é considerado
defeituoso pela adoção de novas técnicas.
Em decorrência da dificuldade em se saber quem são os eventuais agentes da cadeia de
fornecimento, o CDC fala em fornecedor. Assim, todos os participantes da cadeia de serviços
são fornecedores e poderão responder para com o consumidor.

6. Responsabilidade Civil por Vício

6.1 Responsabilidade por vício de produto:


O vício pode ser de qualidade ou de quantidade.

6.1.1 Vício de qualidade:


Impróprios ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como aqueles
decorrentes da disparidade, com indicações constantes do recipiente, da embalagem,rotulagem
ou mensagem publicitária.
No caso de vício de qualidade do produto, o consumidor poderá:

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• Fornecedor terá o prazo de 30 dias para sanar o vício. Este prazo é para sanar, quando
for possível. Caso não seja possível, o consumidor poderá exigir, a sua escolha;
• Substituição do produto por outro da mesma espécie;
• Restituição da quantia paga (atualizada), podendo também pedir perdas e danos ou
• Abatimento proporcional do preço.
*Para todos verem: esquema
produ

Substituição do
produto

30 dias para sanar Restituição da


Não sanou
o vício quantia paga

Abatimento do
preço

Artigo 18, § 3° do CDC. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste
artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder
comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de
produto essencial.

6.1.2 Vício de quantidade:


O vício de quantidade é, em especial, tratado no Art. 19 do CDC:

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto


sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for
inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos
vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.

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*Para todos verem: esquema

Substituição do produto

Restituição da quantia
paga
Consumidor
pode exigir
Abatimento do preço

Complementação do
peso ou medida

6.2 Responsabilidade por vício de serviço:

Artigo 20 do CDC. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os


tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.

*Para todos verem: esquema

Reexecução do
serviço

Consumidor pode Restituição da


exigir quantia paga

Abatimento do preço

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6.3 Prazos para reclamar dos vícios de produto e serviço:

*Para todos verem: esquema

30 90
dias Fornecimento dias
Produtos
de produtos
duráveis
não duráveis

A partir de quando começam a contar os prazos?


• Vício aparente: entrega do bem ao consumidor (tanto durável quanto não durável).
• Vício oculto: a partir do momento em que fica evidenciado o problema.

7. Das Práticas Comerciais

7.1 Das Práticas abusivas: Artigo 39 - 41


No artigo 39 do CDC está elencado um rol de condutas consideradas como sendo
PRÁTICAS ABUSIVAS, que seriam ações, condutas do fornecedor que não estariam de acordo
com os padrões e as regras do jogo do CDC. Podem, frequentemente, caracterizar abuso de
direito (artigo 187 do CC). Muito importante que não é a mesma coisa que CLÁUSULAS abusivas
(estas estão dentro dos contratos).
As práticas abusivas são vedadas ao fornecedor de produtos e serviços.
Tais práticas podem ser pré-contratuais, contratuais ou pós-contratuais. A maioria das
práticas abusivas estão na fase pré-contratual, e são exemplificativas, tais como:
Inciso I – Venda casada: condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;“
Normalmente tais produtos/serviços são vendidos separados. Se para comprar a escova de
dentes, eu preciso comprar a pasta, então temos venda casada.
Exemplo: Serviços bancários. Obrigam a fazer seguro, título de capitalização etc.
Súmula 473 STJ: O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro
habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela
indicada.

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Inciso II – Recusa de atendimento à demanda do consumidor: “Recusar atendimento


às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda,
de conformidade com os usos e costumes.”
Inciso III – Fornecimento de produto ou serviço não solicitado: “Enviar ou entregar ao
consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto ou fornecer qualquer serviço.” Também o
parágrafo único: “Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor,
na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de
pagamento.
Súmula 532 STJ: ” Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à
aplicação de multa administrativa”.
Inciso VI – Orçamento prévio: “Executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento
e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre
as partes.
A obrigação de fornecer orçamento prévio não é absoluta, já que há casos de urgência
em que o orçamento nem sempre é possível, tais como atendimento médico/hospitalar.

Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem
empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos
serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias,
contado de seu recebimento pelo consumidor.

Caso não seja nada estipulado em contrário, a validade do orçamento é de 10 dias.

§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente


pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da
contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.

Inciso VII: repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo


consumidor no exercício de seus direitos.
Vedação de uma “lista negra” de consumidores que reclamam e vão atrás de seus direitos.
Há outros artigos que também trazem práticas abusivas (publicidade enganosa, cobrança
vexatória etc.).

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8. Da Proteção Contratual

8.1 Cláusulas abusivas


O art. 51 do CDC elenca situações de cláusulas abusivas, são elas:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de
direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos
neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo
consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o
consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira
unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito
seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que
igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do
contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder
Judiciário;
XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações
mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus
meios de pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores;

8.2 Direito de arrependimento


Previsto no Art. 49 do CDC:

Art. 49 do CDC. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de


sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação
de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio.

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Requisitos: contratação fora do estabelecimento comercial, especialmente, por meio


eletrônico.
Prazo: 7 (sete) dias a contar da assinatura ou do recebimento do produto ou serviço.

8.3 Planos de Saúde – Súmulas Importantes


Súmula 597 STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para
utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência ou de urgência é
considerada abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data da
contratação.
Súmula 608 STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
desaúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
Súmula 609 STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença
preexistente, éilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios à contratação ou a
demonstração de má-fé do segurado.

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1) FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXV - Primeira Fase


Pratice Ltda. configura-se como um clube de pontos que se realiza mediante a aquisição de título. Os pontos
são convertidos em bônus para uso nas redes de restaurantes, hotéis e diversos outros segmentos de
consumo regularmente conveniados. Nas redes sociais, a empresa destaca que os convênios são precedidos de
rigoroso controle e aferição do padrão de atendimento e de qualidade dos serviços prestados. Tomás havia aderido
à Pratice Ltda. e, nas férias, viajou com sua família para uma pousada da rede conveniada. Ao chegar ao local, ele
verificou que as acomodações cheiravam a mofo e a limpeza era precária. Sem poder sair do local em razão do
horário avançado, viu-se obrigado a pernoitar naquele ambiente insalubre e sair somente no dia seguinte.
Aborrecido com a desagradável situação vivenciada e com o prejuízo financeiro por ter que arcar com outro serviço
de hotelaria na cidade, Tomás procurou você, como advogado(a), para ingressar com a medida judicial cabível.
Diante disso, assinale a única opção correta.

A) Pratice Ltda. funciona como mera intermediadora entre os hotéis e os adquirentes do título do clube de
pontos, não respondendo pelo evento danoso.
B) Há legitimidade passiva da Pratice Ltda. para responder pela inadequada prestação de serviço do hotel
conveniado que gerou dano ao consumidor, por integrar a cadeia de consumo referente ao serviço que
introduziu no mercado.
C) Trata-se de culpa exclusiva de terceiro, não podendo a intermediária Pratice Ltda. responder pelos danos
suportados pelo portador título do clube de pontos.
D) Cuida-se de hipótese de responsabilidade subjetiva e subsidiária da Pratice Ltda. em relação ao hotel
conveniado.

2) FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase


Mara adquiriu, diretamente pelo site da fabricante, o creme depilatório Belle et Belle, da empresa Bela Cosméticos
Ltda. Antes de iniciar o uso, Mara leu atentamente o rótulo e as instruções, essas unicamente voltadas para a forma
de aplicação do produto. Assim que iniciou a aplicação, Mara sentiu queimação na pele e removeu imediatamente
o produto, mas, ainda assim, sofreu lesões nos locais de aplicação. A adquirente entrou em contato com a central
de atendimento da fornecedora, que lhe explicou ter sido a reação alérgica provocada por uma característica do
organismo da consumidora, o que poderia acontecer pela própria natureza química do produto. Não se dando por
satisfeita, Mara procurou você, como advogado(a), a fim de saber se é possível buscar a compensação pelos danos
sofridos. Nesse caso de clara relação de consumo, assinale a opção que apresenta a orientação a ser dada a Mara.

A) Poderá ser afastada a responsabilidade civil da fabricante, se esta comprovar que o dano decorreu
exclusivamente de reação alérgica da consumidora, fator característico daquela destinatária final, não
havendo, assim, qualquer ilícito praticado pela ré.
B) Existe a hipótese de culpa exclusiva da vítima, na medida em que o CDC descreve que os produtos não
colocarão em risco a saúde e a segurança do consumidor, excetuando aqueles de cuja natureza e fruição
sejam extraídas a previsibilidade e a possibilidade de riscos perceptíveis pelo homem médio.
C) O fornecedor está obrigado, necessariamente, a retirá-lo de circulação, por estar presente defeito no
produto, sob pena de prática de crime contra o consumidor.
D) Cuida-se da hipótese de violação ao dever de oferecer informações claras ao consumidor, na medida em
que a periculosidade do uso de produto químico, quando composto por substâncias com potenciais
alergênicos, deve ser apresentada em destaque ao consumidor.

3) FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase


Adriano, por meio de um site especializado, efetuou reserva de hotel para estadia com sua família em
praia caribenha. A reserva foi imediatamente confirmada pelo site, um mês antes das suas férias, quando fariam
a viagem. Ocorre que, dez dias antes do embarque, o site especializado comunicou a Adriano que o hotel
havia informado o cancelamento da contratação por erro no parcelamento com o cartão de crédito. Ao retornar
de viagem, Adriano procurou você, como advogado(a), a fim de saber se seria possível a restituição dessa diferença
de valores. Neste caso, é correto afirmar que o ressarcimento da diferença arcada pelo consumidor

A) poderá ser buscado em face exclusivamente do hotel, fornecedor que cancelou a contratação.
B) poderá ser buscado em face do site de viagens e do hotel, que respondem solidariamente, por comporem
a cadeia de fornecimento do serviço.
C) não poderá ser revisto, porque o consumidor tinha o dever de confirmar a compra em sua fatura de cartão de
crédito.

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D) poderá ser revisto, sendo a responsabilidade exclusiva do site de viagens, com base na teoria da aparência,
respondendo o hotel apenas subsidiariamente.

4) FGV - 2022 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIV - Primeira Fase


José procurou a instituição financeira Banco Bom com o objetivo de firmar contrato de penhor. Para tanto, depositou
um colar de pérolas raras, adquirido por seus ascendentes e que passara por gerações até tornar-se sua pertença
através de herança. O negócio deu-se na modalidade contrato de adesão, contendo cláusulas claras a respeito das
obrigações pactuadas, inclusive com redação em destaque quanto à limitação do valor da indenização em caso de
furto ou roubo, o que foi compreendido por José. Posteriormente, José procurou você, como advogado(a),
apresentando dúvidas a respeito de diferentes pontos. Sobre os temas indagados, de acordo com o Código de
Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.

A) A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do bem empenhado é abusiva e nula, ainda
que redigida com redação clara e compreensível por José e em destaque no texto, pois o que a vicia não é
a compreensão redacional e sim o direito material indevidamente limitado.
B) A cláusula que limita os direitos de José em caso de furto ou roubo é lícita, uma vez que redigida em
destaque e com termos compreensíveis pelo consumidor, impondo-se a responsabilidade subjetiva da
instituição financeira em caso de roubo ou furto por se tratar de ato praticado por terceiro, revelando fortuito
externo.
C) O negócio realizado não configura relação consumerista devendo ser afastada a incidência do Código de
Defesa do Consumidor e aplicado o Código Civil em matéria de contratos de mútuo e de depósito, uma vez
que inquestionável o dever de guarda e restituição do bem mediante pagamento do valor acordado no
empréstimo.
D) A cláusula que limita o valor da indenização pelo furto ou roubo do bem empenhado é lícita, desde que
redigida com redação clara e compreensível e, em caso de furto ou roubo do colar, isso será considerado
inadimplemento contratual e não falha na prestação do serviço, incidindo o prazo prescricional de 2 (dois)
anos, caso seja necessário ajuizar eventual pleito indenizatório.

5) FGV - 2021 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXIII - Primeira Fase


A era digital vem revolucionando o Direito, que busca se adequar aos mais diversos canais de realização da
vida inserida ou tangenciada por elementos virtuais. Nesse cenário, consagram-se avanços normativos a fim de
atender às situações jurídicas que se apresentam, sendo ponto importante a recorrência dos chamados
youtubers, atividade não rara realizada por crianças e destinada ao público infantil. Nesse contexto, os youtubers
mirins vêm desenvolvendo atividades que necessitam de intervenção jurídica, notadamente quando se mostram
portadores de prática publicitária. A esse respeito, instrumentos normativos que visam a salvaguardar interesses na
publicidade infantil estão em vigor e outros previstos em projetos de lei. Sobre o fato narrado, de acordo com o CDC,
assinale a afirmativa correta.
A) A comunicação mercadológica realizada por youtubers mirins para o público infantil não pode ser
considerada abusiva em razão da deficiência de julgamento e experiência das crianças, porque é realizada
igualmente por crianças.
B) A publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança ou se prevaleça da
sua idade e conhecimento imaturo para lhe impingir produtos ou serviços é considerada abusiva.
C) A publicidade não pode ser considerada abusiva ou enganosa se o público para a qual foi destinado, de
forma fácil e imediata, identifica a mensagem mercadológica como tal.
D) A publicidade dirigida às crianças, que se aproveite da sua deficiência de julgamento para lhe impingir
produtos ou serviços, é considerada enganosa.

6) FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase


O Ministério Público ajuizou ação coletiva em face de Vaquinha Laticínios, em função do descumprimento de
normas para o transporte de alimentos lácteos. A sentença condenou a ré ao pagamento de indenização a ser
revertida em favor de um fundo específico, bem como a indenizar os consumidores genericamente considerados,
além de determinar a publicação da parte dispositiva da sentença em jornais de grande circulação, a fim de que
os consumidores tomassem ciência do ato judicial. João, leitor de um dos jornais, procurou você como advogado(a)
para saber de seus direitos, uma vez que era consumidor daqueles produtos. Nesse caso, à luz do Código do
Consumidor, trata-se de hipótese

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Direito do Consumidor

A) de interesse difuso; por esse motivo, as indenizações pelos prejuízos individuais de João perderão
preferência no concurso de crédito frente às condenações decorrentes das ações civis públicas derivadas
do mesmo evento danoso.
B) de interesses individuais homogêneos; nesses casos, tem-se, por inviável, a liquidação e execução
individual, devendo João aguardar que o Ministério Público, autor da ação, receba a verba indenizatória
genérica para, então, habilitar-se como interessado junto ao referido órgão.
C) de interesses coletivos; em razão disso, João poderá liquidar e executar a sentença individualmente, mas o
mesmo direito não poderia ser exercido por seus sucessores, sendo inviável a sucessão processual na
hipótese.
D) de interesses individuais homogêneos; João pode, em legitimidade originária ou por seus sucessores, por
meio de processo de liquidação, provar a existência do seu dano pessoal e do nexo causal, a fim de
quantificá-lo e promover a execução.

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Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem
Direito do Consumidor

Gabaritos das questões:

1-B 2-D 3-B 4-A 5-B 6-D

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