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Prof.

Douglas Azevedo
Queridos alunos,

Cada material da Revisão Turbo foi preparado com


muito carinho para que você possa absorver, de forma
rápida, conteúdos de qualidade!

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Esperamos você durante as aulas da Revisão Turbo!

Com carinho,
Equipe Ceisc ♥

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Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem
Filosofia do Direito

1. Contratualismo

Os autores a seguir analisados (Hobbes, Locke e Rousseau) buscam explicar o surgimento


da entidade estatal ou, mais precisamente, o motivo de os homens abrirem mão de parte de sua
liberdade, conferindo poderes a um grupo seleto de indivíduos – quer dizer, analisam o surgimento
dos Estados e as relações de poder. Para tanto, todos partem de um mesmo ponto: um Estado de
Natureza no qual o homem se encontrava antes do surgimento do Estado.

1.1 Thomas Hobbes


O ponto de partida para Hobbes é o Estado de natureza, quer dizer, um momento anterior ao
surgimento do Estado e da sociedade. Nesse momento, o autor entende que os homens, imbuídos
de um forte senso de autopreservação, viviam num estado de guerra de todos contra todos, no qual
imperava a insegurança e o medo, razão pela qual afirmou ser o homem o lobo do próprio homem.
Para romper esse estado de insegurança, os homens se juntam e, por um ato de vontade,
celebram o contrato social (que, como contrato celebrado, deve ser cumprido), pelo qual transferem
seus direitos e liberdades a outro homem, quepassará a governar todos, criando mecanismos para
proteger o direito à vida.
O Estado, portanto, deveria ser forte e com o poder centralizado. logo, o autor defende a ideia
de um estado absolutista, pois seria o mais apto a impedir o retorno ao Estado de Natureza. Nota-
se, pois, que o direito passa a efetivamentesurgir após a estrutura estatal estar consolidada. Ao
súdito deste poder absoluto caberia, assim, o dever de obedecer aos comandos do soberano (ideia
de liberdade dos súditos).

1.2 John Locke


O Estado de natureza também é o ponto de partida, mas, diferentemente do modelo

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hobbesiano, para Locke o homem tende a ser bom e viver bem. Existem alguns direitos no Estado
de natureza (direitos naturais), a saber: a vida,a propriedade privada, a liberdade. Tem-se, pois, a
adoção de uma visão jusnaturalista, na qual já existiam direitos na natureza derivados da razão
humana,mesmo antes do surgimento do Estado.
O trabalho era o critério para a propriedade de terras. Eventualmente poderia haver disputas,
configurando um estado de guerra temporário. Seria, portanto, interessante haver uma instituição
para julgar as disputas, prevenir abusos, punir os que descumprem as leis naturais etc.
Surge, assim, o contrato social e, com o consentimento das partes, há a cessão de direitos
ao Estado com o intuito de se poder criar as próprias leis, um sistema coercitivo e instituir juízes
imparciais. A ideia, portanto, é a de melhorar algo que já era bom.
Assim, modelo de governo = democracia representativa; papel do Estado = garantia das
liberdades individuais.
Por fim, vale destacar o direito de defesa proposto por Locke. Para o autor, se o governo
representante não garante à população os direitos de liberdade e apropriedade privada, o povo pode
contra ele se insurgir.

1.3 Rousseau
No Estado natural de Rousseau, o homem é bom; ele era solitário (grupo familiar, no máximo)
e os indivíduos respeitavam a liberdade uns dos outros. O eventual crescimento populacional acaba
por instituir o chamado Estado de sociedade, no qual alguns homens tomam para si propriedade,
dando início a umasociedade desigual e corrompida. As leis protegem os ricos etc. Há, portanto, a
corrupção do homem pela sociedade. Não há liberdade, pois só alguns fazem as leis.
O contrato social seria celebrado para se sair desse Estado de sociedade para um novo
modelo. Para isso, seria necessário romper a alienação inicial dos oprimidos e instaurar um modelo
de democracia participativa pautada na ideia devontade geral – entendida como o substrato das
vontades coletivas; o interesse comum “norteando” a sociedade; o que cada homem quer em
comum com seus semelhantes.

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2. Teorias Éticas – Kant e Utilitarismo

2.1 Immanuel Kant


Kant era Iluminista, ou seja, buscava romper com a moralidade anterior quetolhia a liberdade
dos indivíduos. Para tanto, Kant vai tentar elaborar uma teoria da moralidade fundada na razão –
caráter universal (vale para todo o mundo).
Em sua obra, Kant aborda a questão da ética da moral, bem como aspectosjurídicos e políticos,
sobretudo sob a lógica de como orientar nossa ação. Nesse contexto é que o autor apresenta os
imperativos. Estes (que são os princípios) podem ser hipotéticos (inclinações – sede, fome, desejo,
etc) como categóricos (baseados na razão). Nesses últimos, a ação passa a ser um fim em si mesma
–é o certo a ser feito, é o puro dever.
Transcrevendo os imperativos categóricos de Kant temos:
“Age de modo que a tua ação possa se tornar uma lei universal.”
“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como napessoa de qualquer
outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca como meio.”
As coisas possuem preço, as pessoas possuem dignidade.
Ex.: Por que não mentir? Segundo o imperativo hipotético, alguém podecontar uma mentira
buscando evitar sofrimento, ou para se livrar de uma situação negativa. Pela lógica do imperativo
categórico, o indivíduo não deve mentir pois não é o correto; é inviável para uma ordem social que
as pessoas mintam quando acharem que podem o fazer. Logo, o caráter universal – por meio da
razão, o ser humano já consegue chegar a esta conclusão, não importa em qual cultura ele esteja
inserido. Outrossim, a ação só estará conforme a moralidade, para Kant, caso eu não minta por não
querer mentir; se eu não o faço em virtude de minha boa vontade, e não apenas por medo de uma
punição. Logo, a boa vontade é elemento fundamental na ação moral – o indivíduo deve agir daquela
forma pois ela é correta, independentemente dos fins.
Em outras palavras, o agente, ao agir, precisa querer o resultado bom, e não agir apenas por
interesse pessoal. A ação é boa independente dos fins que se alcança com ela. Essa boa vontade,
portanto, não deve ser afetada pelas inclinações, mas sim pela vontade de agir por dever.
Exemplo de boa vontade: O comerciante que pratica preços justos por receio de que, caso

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cobre valores elevados, acabe perdendo clientes para os concorrentes. Embora o resultado seja a
prática dos preços justos e em conformidade com os demais vendedores, a intenção do comerciante
está moralmente maculada, pois não o faz pensando ser o certo, seu dever e obrigação, mas tão
somente para evitar seu prejuízo. Caso esse comerciante exerça preços justos motivado por uma
noção de dever e obrigação moral, estará, portanto, imbuído de boa vontade. Isso não quer dizer
que o homem não deva se preocupar com sua felicidade (os imperativos hipotéticos), a questão é
que esta não pode ser considerada quando a questão permeia a esfera do seu dever moral. É esse
agir que nos tornaria, portanto, dignos da felicidade.
A lei, por sua vez, é algo cumprido pelo medo da coação, logo, é externa ao indivíduo. A boa
vontade, por sua vez, é interna – a vontade de agir de forma ética está dentro do próprio sujeito.
Por fim, temos que, para Kant, a justiça consiste em agir conforme o imperativo categórico,
pois ao assim fazê-lo, estamos adequando nossa conduta a uma máxima universal benéfica para
todos.

2.2 Utilitarismo
O utilitarismo foi uma corrente filosófica pragmática e consequencialista, isto é, estava
preocupada com o resultado das ações, e não com os meios. Em outras palavras, o que importa
são os fins obtidos, e não os meios utilizados parase chegar até eles.

2.3 Jeremy Bentham


Para Bentham, as ações são boas quando promovem a felicidade (ação moralmente correta)
e más quando geram infelicidade (moralmente incorreta). Para melhor representar a teoria do autor,
vale citar o seu princípio da utilidade: toda ação deve ser aprovada/rejeitada conforme tendência de
aumentar oureduzir o bem-estar (seu e geral).
Deve-se, portanto, agir de forma a produzir uma maior quantidade de bem- estar.
Ex.: cinco pessoas estão amarradas em um trilho de trem e uma pessoa em outro. Um
indivíduo, puxando uma alavanca, pode escolher matar um ou cinco. Pela lógica utilitarista,
deveríamos sempre escolher poupar cinco vidas, independentemente de quem fosse essa uma
pessoa a ser sacrificada.
Bentham trabalha a ideia, portanto, de quantidade de bem-estar/felicidade como critério para
a justiça.

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2.4 John Stuart Mill


Trabalha também com a qualidade do prazer, não só a quantidade.
Em outras palavras, entende que alguns prazeres têm mais valor do que outros, como os
prazeres do pensamento, do sentimento e da imaginação, que resultam da experiência de apreciar
a beleza, a verdade, o amor, a liberdade, o conhecimento, a criação artística. Assim, por exemplo,
se uma grande mansão euma pequena biblioteca estivessem pegando fogo, deve-se salvar primeiro
a biblioteca por ser mais importante, mesmo que menor.
Mill também é um crítico da chamada “ditadura das maiorias” – mostra que, num modelo
democrático, muitas vezes é possível que o interesse de grupos majoritários seja prejudicial a
grupos minoritários, os quais devem, portanto, ter seus direitos resguardados pelo direito (ideia de
caráter contra majoritário do âmbito de proteção). Ou seja, mesmo dentro do cálculo utilitarista, Mill
entende que violar direitos de uma minoria é pior para o todo.

3. Positivismo Jurídico e Jusnaturalismo

O positivismo jurídico apresenta-se de diversas formas ao longo dahistória e por meio de


diversas escolas. Para nossa prova, vale a pena destacar a escola da exegese, por ser a pioneira
e por já ter sido diretamente cobrada no exame Positivismo exegético é a tentativa de prever todas
as condutas humanasnos códigos; a simples aplicação da subsunção, ou seja, o fato se amolda ao
textolegal. O papel do juiz era o de “juiz boca de lei”, pois apenas identificava o fato e aplicava a lei
sem qualquer interpretação. Tal modelo, todavia, logo foi entendido como insuficiente, pois
impossível de se prever todas as condutas humanas em códigos.
Para além do positivismo exegético, vale pontuar a ideia central das diversas correntes do
positivismo: a ideia de direito como ciência, o qual recebe validade quando posto pela autoridade
competente. Assim, se a lei foi criada pela autoridade devidamente incumbida de tal tarefa, e
submetida ao devido processolegislativo de elaboração, tal lei é válida e eficaz, mesmo que grande
parte da população a considere injusta ou insuficiente.
Alguns autores, como Bobbio, ainda vão classificar o positivismo como uma espécie de
ideologia, pois além de uma teoria, no sentido em que descreve o direito, o positivismo também é
uma forma de querer o direito - a noção do deverabsoluto de se obedecer às leis.

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Já no que toca ao jusnaturalismo, temos a ideia de leis naturais que independem de leis
positivas, ou seja, que existem regramentos na “natureza” e que o ser humano, sendo dotado de
razão, compreende e segue. Por exemplo, é preciso estar escrito em código penal que matar alguém
é errado ou o ser humano é capas de compreender, naturalmente, que tal prática é incorreta?

3.1 Hans Kelsen


Kelsen abordou o direito como ciência: se existem leis que explicam a natureza e são válidas
em todo o mundo, o direito também deveria ter validade objetiva e uma base universal (notamos
aqui uma certa influência kantiana). Este aspecto é fundamental na compreensão da obra do autor:
a separação do direitoentre o que ele é na prática jurídica (ser) do que ele é como ciência (dever
ser).
Kelsen não se preocupa em trabalhar o conteúdo do direito, pois este é relativo (cada país
tem leis diferentes, logo, impossível de se conceber bases universalmente validas). Logo, direito
não é aquilo que é justo, mas sim o que é posto por uma autoridade competente. O que Kelsen
verifica ser universal é a estrutura do direito; sua manifestação normativa (dever ser); a relação de
imputação que busca tornar válida/inválida uma conduta, entre outros aspectos.
A seguir, alguns pontos importantes de sua teoria que aparecem na prova.

3.1.1 Modelo Escalonado e Norma Fundamental


O ordenamento jurídico, para Kelsen, obedece a uma ordem escalonada de validade. Quer
dizer, as normas inferiores (sentenças, por exemplo) obedecemàs normas (leis) e delas adquirem
sua validade, recebendo, por sua vez, validadeda norma superior (a Constituição).
Assim, o que dá “validade” a um sistema jurídico? Sua Constituição. O que dá validade e
objetividade a uma Constituição? A constituição anterior. Mas como proceder ante esse retorno
infinito? Por meio da norma fundamental.
A norma fundamental é fictícia; pressuposta (pelo intelecto, não pela vontade) – sem ela, o
retorno infinito só seria explicado por questões alheias ao direito. A Constituição, por sua vez, dá
objetividade e validade às normas gerais,que, por sua vez, darão objetividade e validade às normas
individuais. A norma fundamental poderia, por exemplo, ser entendida como o comando de que
“devemos seguir a Constituição Federal”, muito embora isto não esteja positivado em nenhum lugar
– logo, pressuposta.

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3.1.2 Moldura e interpretação


Kelsen aponta existirem duas espécies de indeterminação da lei:

1) Intencional (lei das alternativas a serem escolhidas. Ex.: trabalhocomunitário ou prestação


pecuniária);

2) Não intencional (plurissignificância das palavras). Para enfrentar os limites da interpretação,


Kelsen imagina a figura de uma moldura de quadro, que representa o limite dentro do qual
uma interpretação é válida, limite este estabelecido pelas próprias normas hierarquicamente
superiores.

A norma superior = moldura (esfera de ação da norma inferior). Há, assim,dois momentos:

1) Determinação objetiva da moldura colocada pela norma superior, por meio de um ato
cognoscitivo;
2) Escolha subjetiva, por meio de um ato de vontade, de uma das possíveis opções
apresentadas pela norma superior para transformação em Direito positivo.

Em outras palavras, primeiro o intérprete verificará os limites de aplicação impostos pelas


próprias normas e, assim, decidirá, e qualquer coisa que decidir dentro desses limites configurará
uma decisão válida.
Todavia, caso o magistrado realize uma interpretação fora da moldura, esta também será
direito, pois se trata de intérprete autêntico. O próprio Kelsen deixa claro em sua obra que, pela via
da interpretação autêntica (quer dizer, pelo órgão jurídico que a tem de aplicar), também é possível
se produzir uma norma que se situe completamente fora da moldura que a norma a ser aplicada
representa.
Por meio dessa interpretação, poder-se-ia, então, criar direito não só no caso em que a
interpretação tem caráter geral, em que, portanto, existe interpretação autêntica no sentido usual da
palavra, mas também no caso em queé produzida uma norma jurídica individual por meio de um
órgão aplicador do Direito, desde que o ato deste órgão já não possa ser anulado, desde que ele
tenha transitado em julgado (KELSEN, 2009).

É notório que, pela via de uma interpretação autêntica deste tipo, é muitasvezes criado Direito novo,
especialmente pelos tribunais de última instância.

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3.2 Herbert Hart


O que interessa da teoria de Hart para se enfrentar a prova de filosofia dodireito reside na
distinção apontada pelo autor sobre as normas e na questão da indeterminação legislativa.
Inicialmente, o autor, um dos mais importantes positivistas, entende que um ordenamento jurídico é
composto por um sistema denormas primárias e secundárias:

*Para todos verem: esquema

• São regras de obrigação que impõem condutas ou abstenções.


Normas
primárias

• Surgem para corrigir defeitos das normas primárias. Se dividem


em:
a) Modificação
Normas b) Julgamento
secundárias c) Reconhecimento

As normas secundárias se dividem em:

a) de modificação (disciplinam mecanismos para modificação, revogaçãoou introdução de uma


norma primária);
b) julgamento (que outorgam a determinadas pessoas poder de julgar violações das normas
primárias);

c) reconhecimento → legitima o sistema das normas primárias → aceitação social da norma,


logo, questão fática, não normativa. Atenção especial a esta última informação, pois já foi
cobrada: no momento em que se fala de aceitação social da norma, abre-se espaço para
juízos valorativos no universo dodireito, razão pela qual o positivismo de Hart é chamado de
soft (brando).

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Outro ponto relevante para a prova abordado por Hart é a questão da textura aberta do direito
que ocorrem por dois motivos:
1) imprecisão linguística na descrição de uma norma prejudicando o método da subsunção e
do silogismo;
2) impossibilidade de prever todas as condutas possíveis.

Para o primeiro caso, Hart utiliza como exemplo uma norma que proíbe oingresso de veículos
automotores em determinado local, mas, conforme novas tecnologias se desenvolvem, exsurge a
questão acerca de se novos inventos de locomoção enquadram-se na categoria de veículos
automotores.
Muito embora exista tal indeterminação, ainda há grande margem de segurança na maioria
dos casos, quer dizer, as normas apresentam noção de sentido. Essa noção de sentido é um núcleo
de sentido fixo, o que, segundo Hart,afasta a ideia de que o direito é o que os juízes dizem. Assim, a
discricionariedadeestaria em um plano intermediário entre arbitrariedade e aplicação literal da lei.

4. Outros temas e teorias de Filosofia do Direito

4.1 Norberto Bobbio


Norberto Bobbio, em sua obra Teoria do ordenamento jurídico, destacaque um ordenamento
precisa, para sua devida manutenção, de três elementos:
*Para todos verem: esquema

Unidade
• Norma fundamental que funda e sustenta o sistema.

Coerência
• Ordenamento sistemático - ideia de relação entre as normas.

Completude Coerência
• Possibilidade de que todo caso seja resolvido pelo ordenamento.

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É nesse último ponto que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) tem insistido na prova: nas
lacunas e nas antinomias.
Lacunas podem ser:
1) próprias: espaço vazio no sistema;
2) impróprias: originam-se da comparação do sistema real versus ideal (Ex.: a lei sobre aborto
brasileiro é injusta se comparada com a legislação alemã sobre o tema).

As lacunas próprias podem ser resolvidas por meio da:


1) Heterointegração: busca-se alternativa em ordenamento diverso – direito natural,
internacionais, costume, doutrina etc.;
2) Autointegração: busca-se alternativa dentro do ordenamento (analogia,princípios gerais do
direito, interpretação extensiva).

A analogia é utilizada naquelas situações não reguladas de forma expressa pelo legislador,
momento no qual se devem buscar regras previstas para casos semelhantes, estendendo-se o
alcance.
Princípios gerais de direito são aqueles postulados genéricos que, muitas vezes, dão
fundamento às regras inferiores de um ordenamento jurídico. Importante lembrar que eles fazem
parte do ordenamento, muito embora nem sempre estejam positivados em um texto.
Interpretação extensiva é aquela na qual se parte de uma norma e se procura estabelecer
seu significado e sua abrangência, quer dizer, nos casos em que o legislador disse, no texto, menos
do que tinha a intenção de dizer. A ideia, portanto, é a de se buscar a real intenção do legislador na
hora da aplicação.
As lacunas impróprias só podem ser solucionadas pelo próprio Poder Legislativo, já as
antinomias são duas normas válidas e vigentes incompatíveis entre si.
Elas podem ser:
1) aparentes/solúveis: critérios de solução:
a) critério cronológico: havendo duas normas incompatíveis, prevalece anorma posterior;
b) critério hierárquico: havendo duas normas incompatíveis, prevalece ahierarquicamente
superior;
c) critério da especialidade: havendo duas normas incompatíveis, uma geral e outra

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especial (ou excepcional), prevalece a segunda.

2) reais/insolúveis: incompatibilidade, “impossível” de resolver.

Outro tema trabalhado pelo autor é a questão da sanção no âmbito do direito. Para Bobbio,
a sanção pode ser moral (aquela que obriga a consciência dos destinatários da norma, produzindo
um sentimento de culpa), social (aquela que resulta dos costumes e da vida em sociedade,
objetivando tornar o convívio social mais fácil) e a sanção jurídica (criada para casos de violação de
regras estipuladas pelas leis e aplicada por pessoas já determinadas), ou seja, trata-se de sanção
devidamente institucionalizado.

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1) FGV - 2020 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXXI - Primeira Fase

Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente que a ação justa é
intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um deles é ter demais e o outro é ter demasiado
pouco.Em seu livro Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta a justiça como uma virtude e a diferencia daquilo que é
injusto.
Assinale a opção que define aquilo que, nos termos do livro citado, deve ser entendido como justiça enquanto virtude.

a) Uma espécie de meio-termo, porém não no mesmo sentido que as outras virtudes, e sim porque se relaciona
com uma quantia intermediária, enquanto a injustiça se relaciona com os extremos.
b) Uma maneira de proteger aquilo que é o mais conveniente para o mais forte, uma vez que a justiça como
produto do governo dos homens expressa sempre as forças que conseguem fazer valer seus próprios
interesses.
c) O cumprimento dos pactos que decorrem da vida em sociedade, seja da lei como pacto que vincula todos os
cidadãos da cidade, seja dos contratos que funcionam como pactos celebrados entre particulares e vinculam
as partes contratantes.
d) Um imperativo categórico que define um modelo de ação moralmente desejável para toda e qualquer pessoa
e se expressa da seguinte maneira: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por meio da tua
vontade, uma lei universal”.

2) FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXX - Primeira Fase

Um juiz pode dar uma sentença favorável a uma querelante com um rostinho bonito ou proveniente de determinada
classe social, na realidade porque gosta do rosto ou da classe, mas ostensivamente pelas razões que apresentar para
sua decisão.

Assinale a opção que, segundo Neil MacCormick, em seu livro Argumentação Jurídica e Teoria do Direito, apresenta a
noção essencial daquilo que a fundamentação de uma decisão deve fazer.

a) Dar boas razões ostensivamente justificadoras em defesa da decisão, de modo que o processo de
argumentação seja apresentado como processo de justificação.
b) Realizar uma dedução silogística por intermédio da qual a decisão seja a premissa maior, resultante da lei, que
deve ser considerada a premissa menor do raciocínio lógico.
c) Proceder a um ato de vontade no qual cabe ao juiz escolher uma norma válida contida no ordenamento jurídico
vigente e aplicá-la ao caso concreto.
d) Alinhar-se à jurisprudência dominante em respeito às decisões dos tribunais superiores expressas na firma de
precedentes, enunciados e súmulas.

3) FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase

Em tempos de mudanças e reformas, é comum assistirmos a diferentes tipos de lutas sociais, especialmente visando à
garantia de direitos e à conquista de novos direitos. Em A Luta pelo Direito, o jurista alemão Rudolf Von Ihering afirma
que o fim do Direito é a paz, mas o meio de atingi-lo é a luta. Considerando essa afirmação e de acordo com o livro
citado, assinale a opção que melhor caracteriza o pensamento jusfilosófico de Ihering.

a) O Direito é sempre o produto do espírito do povo, que é passado de geração em geração. Por isso, quando se
fala em Direito é preciso sempre olhar para a história. O Direito romano é a melhor expressão desse processo
social-histórico.
b) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais dela e resulta de uma luta de pessoas e grupos
pelos seus próprios direitos subjetivos. Por isso, o Direito é uma força viva, e não uma ideia.
c) O Direito resulta exclusivamente da ação institucional do Estado. É no parlamento que são travadas as lutas

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políticas que definem os direitos subjetivos presentes no Direito Positivo de uma dada sociedade.
d) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta de classes, no qual a classe
dominante usa o Direito para manter o controle sobre os dominados.

4) FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase

Em seu livro Levando os Direitos a Sério, Ronald Dworkin cita o caso “Riggs contra Palmer” em que um jovem matou o
próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889), ao julgar o caso, deparou-se com o fato de
que a legislação local de então não previa o homicídio como causa de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso,
o Tribunal aplicou o princípio do direito, não legislado, que diz que ninguém pode se beneficiar de sua própria iniquidade
ou ilicitude. Assim, o assassino não recebeu sua herança. Com base na obra citada, assinale a opção que melhor
expressa uma das pretensões fundamentais da jusfilosofia de Ronald Dworkin.

a) Revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um ordenamento jurídico é exclusiva
do legislador, que deve sempre se esforçar por produzir leis justas.
b) Mostrar como as Cortes podem ser ativistas quando decidem com base em princípios, não com base na lei, e
que decidir assim fere o estado de Direito.
c) Defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas características, de forma que
se equivalem; por isso, ambos podem ser aplicados livremente pelos Tribunais.
d) Argumentar que regras e princípios são normas com características distintas, mas igualmente vinculantes e,
em certos casos, os princípios poderão justificar, de forma mais razoável, a decisão judicial.

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Gabaritos das Questões:

1-A 2-A 3-B 4-D

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