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Direito Civil 3
Transmissão das Obrigações
Noções gerais Exceção: obrigação intransmissível
“As alterações podem ser introduzidas no elemento i) Força de lei: decorre da lei que diz que aquela
pessoal (sujeito)., no elemento material prestação não pode ser transmitida (Ex: salário)
(objeto/prestação) e no elemento causal (vínculo) ii) Vontade das partes – “Pactum de non cedendo”
iii) Natureza da relação obrigacional: são as
Verificam-se no elemento pessoal pela substituição de personalíssimas (Ex: prestação de alimentos)
um dos sujeitos da relação. Ocorre, nesse caso, a
sucessão. RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE
Compreende, lato sensu, todas as situações nas quais FAMÍLIA. DISSOLUÇÃO DE UNIÃO
um sujeito de direito toma o lugar de outro em ESTÁVEL. ALIMENTOS PROVISÓRIOS
determinada relação jurídica, seja por negócio inter À EX-COMPANHEIRA. FALECIMENTO
vivos ou mortis causa, a título singular ou título DO ALIMENTANTE NO CURSO DO
PROCESSO. OBRIGAÇÃO
universal. PERSONALÍSSIMA. IMPOSSIBILIDADE DE
No Direito das Obrigações considera-se apenas a TRANSMISSÃO AOS HERDEIROS DO
sucessão inter vivos "DE CUJUS" OU AO SEU ESPÓLIO. 1. A
obrigação de prestar alimentos, por ter
A Transmissão pode ser legal, voluntária ou judicial: lei, natureza personalíssima, extingue-se
vontade das partes,/autonomia privada, judicial com o óbito do alimentante, cabendo ao
espólio recolher, tão somente, eventuais
(sucessões)
débitos não quitados pelo devedor
quando em vida, ressalvada a
Transmissão no elemento irrepetibilidade das importâncias
percebidas pela alimentada. (.. )” (STJ, 3ª
pessoal (Espécies) T., REsp 1835983/PR, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julg. 2.2.2021)
Introdução
Se o devedor não tiver como pagar, o credor pode A - Cessão de crédito: polo ativo
acionar o judiciário para que o devedor responda com (CC, Arts. 286-298)
seu patrimônio.
Se eu altero a figura do devedor isso altera pro credor
pois talvez o 1º devedor tivesse um patrimônio maior
Conceito
que o 2º. Chama-se cessão de crédito o negócio jurídico em
virtude do qual o credor transfere a outrem a sua
Na cessão de credito isso não se aplica com a mesma qualidade creditória contra o devedor, recebendo o
intensidade. POUCO IMPORTA AO DEVEDOR A cessionário o direito respectivo, com todos os
QUEM ELE TEM QUE PAGAR X OU Y. acessórios e todas as garantias
Em alguma medida pode fazer uma diferença, mas
em casos raros. Mas o CC atentou-se a isso para A cessão resulta da declaração de vontade entre
proteger de alguma forma o devedor cedente e cessionário. Ela pode ser onerosa ou
gratuita.
Regra: transmissibilidade das obrigações: em regra
todas são transmissíveis
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Partes: Para ter efeito para o devedor tem que ter instrumento
Cedente (credor originário) público? Devedor é terceiro?
Cessionário (terceiro que celebra o negócio jurídico - Enunciado n. 618 da VII JDC: “O
com o credor que assumirá o lugar do credor antigo) devedor não é terceiro para fins de
aplicação do art. 288 do Código Civil,
Objeto: bastando a notificação prevista no art.
Crédito e seus acessórios: Ex: o devedor deve um 290 para que a cessão de crédito
carro, mas já passou tanto tempo que já tem juros. seja eficaz perante ele.”
O novo credor tem direito ao principal (carro) e os
acessórios (juros) - CC, “Art. 289. O cessionário de
crédito hipotecário tem o direito de
CC, “Art. 287. Salvo disposição em fazer averbar a cessão no registro do
contrário, na cessão de um crédito imóvel.”
abrangem-se todos os seus
acessórios.” Eficácia em relação ao devedor (Notificação)
CC, “Art. 290. A cessão do crédito
Transmissibilidade dos créditos não tem eficácia em relação ao
Regra: devedor, senão quando a este
CC, “Art. 286. O credor pode ceder notificada; mas por notificado se tem
o seu crédito, se a isso não se opuser o devedor que, em escrito público ou
a natureza da obrigação, a lei, ou a particular, se declarou ciente da
convenção com o devedor; a cessão feita.”
cláusula proibitiva da cessão não
poderá ser oposta ao cessionário de A notificação do devedor expressamente exigida no
boa-fé, se não constar do artigo 290 é medida destinada a preservá-lo
instrumento da obrigação.” cumprimento indevido da obrigação evitando-se os
que causaria de pagar o credor cedente dessa forma
Exceção: (créditos intransmissíveis) o pagamento seria ineficaz.
- Natureza da obrigação
- Lei (Ex. CC, Art. 298 - crédito penhorado) A notificação não é requisito de validade da cessão de
- Convenção com o devedor (“Pactum de non crédito, mas não é eficaz em relação ao devedor
cedendo”)
Pluralidade de cessões do mesmo crédito
Validade da cessão (entre cedente e cessionário) CC, “Art. 291. Ocorrendo várias
Forma livre: a lei não exige nenhuma forma específica. cessões do mesmo crédito,
Basta vontade sem nenhum vício prevalece a que se completar com a
tradição do título do crédito cedido.”
MAS Para que produza efeitos para terceiros
Se o credor originário cessa o crédito diversas vezes
CC, “Art. 288. É ineficaz, em relação prevalece o credor novo que tem o título(contrato).
a terceiros, a transmissão de um
crédito, se não celebrar-se mediante Se ninguém tiver o título: diz a doutrina que a
instrumento público, ou instrumento prioridade é de quem notificar o devedor primeiro.
particular revestido das solenidades
do § 1 o do art. 654.” E se forem simultâneas: CM > rateio

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Em relação ao devedor ele tem a possibilidade de E assim o cessionário pode exercer os seus direitos
pagar ao juízo o valor da dívida em caso de dúvida de de atual credor para assegurar os direitos de crédito
quem é de fato o credor. (atos conservatórios).

Devedor que, desconhecendo a cessão, paga CC, “Art. 293. Independentemente do


ao credor primitivo (cedente) conhecimento da cessão pelo
CC, “Art. 292. Fica desobrigado o devedor, pode o cessionário exercer
devedor que, antes de ter os atos conservatórios do direito
conhecimento da cessão, paga ao cedido.”
credor primitivo, ou que, no caso de
mais de uma cessão notificada, paga EXEMPLO 1:
ao cessionário que lhe apresenta,
com o título de cessão, o da Angelica Eliza
obrigação cedida; quando o crédito
constar de escritura pública, Credora
Devedora
prevalecerá a prioridade da $10.000
notificação.” Vencim 01/04 $10.000

A - Se o devedor foi notificado: Cedeu o crédito Não foi notificada


para a Agência da cessão de
Ele deve pagar para o novo credor. Se pagar para o LMM crédito
originário deve pagar para o novo também.

B- Se ele não foi notificado: No dia 01/04(vencimento) Eliza não pagou a dívida. E
E ele pagar credor originário ele fica desobrigado, mas no dia 06/04 a Agência LMM escreveu Eliza nos
significa que dívida foi extinta ele só não precisará órgãos de proteção ao crédito SPC e SERASA.
pagar novamente a dívida ao novo credor.
A agência agiu corretamente pois ainda que não
Fica desobrigado também se em caso de várias notificada a dívida de Eliza não se extinguiu com a
cessões de crédito notificadas ele paga o que lhe cessão e o art. 293 permite que o cessionário exerça
mostra o título ou no caso sem título o que lhe notifica os atos conservatórios do direito cedido.
primeiro.
Caso concreto 1:
Ausência de Notificação do devedor e atos “AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO DE
conservatórios do direito do cessionário ABERTURA DE CRÉDITO FIXO COM REPASSE
FINAME. LEGITIMIDADE DA PARTE AUTORA.
O fato de não ter sido notificado da cessão de crédito CESSÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO
isso não extingue a dívida. E o cessionário tem direito DA CESSÃO DE CRÉDITO. NÃO INTERFERÊNCIA NA
de tomar todas as medidas que assegurem seu direito EXIGÊNCIA OU EXISTÊNCIA DA DÍVIDA.
de crédito. CONSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM A
JURISPRUDÊNCIA DO STJ. 1. A jurisprudência desta
Assim que o credor originário cede o crédito para o Corte firmou-se no sentido de que a ausência de
cessionário este assumi a posição de credor na notificação do devedor acerca da cessão do crédito
relação jurídica. E após a cessão de crédito passa a (art. 290 do CC/2002) não torna a dívida inexigível,
ter os mesmos direitos que possuíam o credor tampouco impede o novo credor de praticar os atos
originário (cedente). necessários à preservação dos direitos cedidos, bem
como não exime o devedor da obrigação de arcar
com a dívida contraída. (.. )” (STJ, 3ª T., AgInt no AREsp
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1637202 / MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julg. Pode opor:
24.8.2020) - Exceções gerais;

Caso concreto 2: - Exceções pessoais em relação ao cessionário (pode


“AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO opor exceções que ocorreram antes e depois da
ESPECIAL. CESSÃO DE CRÉDITO. NOTIFICAÇÃO. notificação cessão);
AUSÊNCIA. PAGAMENTO AO CEDENTE. REEXAME
DE PROVA. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Recurso especial - Exceções pessoais em relação ao cedente (pode
interposto contra acórdão publicado na vigência do opor exceções que ocorreram até o momento da
Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados notificação);
Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. A ausência de
notificação da cessão de crédito não tem o condão EXEMPLO 1: (compensação de dívidas - cessionário)
de isentar o devedor do cumprimento da obrigação,
tampouco de impedir o registro do seu nome, se
inadimplente, em órgãos de restrição ao crédito. 3.
Rever a conclusão do acórdão local, no que diz
Alexander Hamilton
respeito à notificação da cessão de crédito à
agravante, esbarra no óbice da Súmula n° 7/STJ. 4. Credor $10.000 Devedor $10.000
Agravo interno não provido.(. .)” (STJ, 3ª T., AgInt no
AREsp 1156325/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Cedeu o crédito
julg. 24.4.2018) para George
(cessionário)
Exceções oponíveis pelo devedor ao cessionário

Hamilton não pagou a dívida no dia do vencimento e


CC, “Art. 294. O devedor pode opor
George ajuíza uma ação para cobrar a dívida de
ao cessionário as exceções que lhe
Hamilton.
competirem, bem como as que, no
momento em que veio a ter
conhecimento da cessão, tinha contra Hamilton opõe uma exceção (defesa) de
compensação de dívidas. Hamilton diz que quer
o cedente.”.
compensar a dívida que George tem com ele. Por que
George também lhe deve $10.000
Exceção é a defesa que cabe contra uma pretensão
em um processo judicial. Quando alego uma defesa,
alego uma exceção. (Exs: Pagamento já realizado, EXEMPLO 2: (em ralação ao cedente)
juros exorbitantes excesso na execução)

RELENDO: Alexander Hamilton


CC, “Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as
exceções que lhe competirem ,(o devedor pode opor
as defesas que tiver contra o próprio cessionário) bem Credor $10.000 Devedor $10.000
como as que, no momento em que veio a ter
conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. (o Cedeu o crédito
devedor pode opor as defesas que tiver em relação para George
ao cedente por fatos corridos até o omento em que (cessionário)
soube da cessão)”.

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Hamilton não pagou a dívida no dia do vencimento e OBS: Se a cessão a gratuita é realizada de má-fé o
George ajuíza uma ação para cobrar a dívida de cedente reponde da mesma forma que a cessão
Hamilton. onerosa.

Hamilton opõe a exceção de pagamento contra Cessão pro soluto vs. Cessão pro solvendo
George (cessionário) alegando que já pagou a dívida
para Alexander (cedente) antes de ter conhecimento CESSÃO PRO SOLUTO: O cedente não responde
da cessão do crédito. pela solvência do devedor, ou seja, se o devedor for
insolvente e não pagar a dívida para o cessionário o
O juiz vai aceitar a exceção oposta ao cedente cedente não será responsável pelo pagamento da
(Alexander) pois o pagamento se deu antes da dívida
notificação da cessão.
CESSÃO PRO SOLVENDO: O cedente responde pela
OBS: Se Hamilton opor exceção alegando que já solvência do devedor, ou seja, se o devedor for
pagou ao cedente (Alexander) após a notificação o insolvente e não pagar a dívida para o cessionário o
juiz não poderá aceitar pois diz respeito a fatos cedente terá responsabilidade pelo pagamento da
ocorridos após a notificação da cessão do crédito. dívida.

Responsabilidade do cedente CC, “Art. 296. Salvo estipulação em


CC, “Art. 295. Na cessão por título contrário, o cedente não responde
oneroso, o cedente, ainda que não se pela solvência do devedor.”
responsabilize, fica responsável ao
cessionário pela existência do crédito O contrato nada de ser quanto à responsabilidade do
ao tempo em que lhe cedeu; a cedente pela solvência do devedor o cedente não
mesma responsabilidade lhe cabe nas será responsável consequentemente responsável
cessões por título gratuito, se tiver pelo pagamento da dívida.
procedido de má-fé.”
A responsabilidade pela solvência deve estar expressa
- Cessão onerosa: responde pela existência do crédito no negócio jurídico firmado entre cedente e
Se o cessionário pagou o cedente pelo crédito > o cessionário.
cedente fica responsável sempre pela existência do
crédito. CC, “Art. 297. O cedente, responsável
ao cessionário pela solvência do
Então se o cessionário fica sabendo que a dívida não devedor, não responde por mais do
era exigível ou não existia no momento da cessão o que daquele recebeu, com os
cedente vai responder e o cessionário tem o direito respectivos juros; mas tem de
de receber o valor que pagou. Isso pois o ressarcir-lhe as despesas da cessão e
ordenamento jurídico veda o enriquecimento sem as que o cessionário houver feito
causa. com a cobrança.”

- Cessão gratuita (quando há boa-fé): não responde Assim na cessão de crédito pro-solvendo em que o
pela existência do crédito devedor é insolvente, o cedente deverá devolver para
Se há transferência gratuita, ou seja, o cessionário não o dicionário o valor que recebeu pela cessão do
paga nada ao cedente, ele só ganha. O cedente não crédito salvo se no contrato constar um valor menor,
responde pela existência do crédito pois o cessionário + juros + despesas com a sessão + despesas com a
nem sequer sacrificou (QUANDO DE BOA FÉ) cobrança.

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EX. CONCRETO: Forma: predomina a opinião de que é livre mas se a


“(.. ) 3. A cessão de crédito, como modo de prestação consiste na entrega de coisa imóvel a
transmissão da obrigação, implica a alteração subjetiva Escritura pública é necessária
no polo ativo da relação obrigacional, ou seja, a
titularidade do crédito, mantendo-se, todavia, o vínculo Partes: cedente devedor e cessionário assuntor
jurídico com o devedor. Não enseja, portanto,
alteração no polo passivo da relação jurídica, que, na Classificação doutrinária
hipótese dos autos, permanece ocupado pela União. 1) Assunção liberatória
4. Sendo onerosa a cessão, o cedente se é aquela em que o devedor é exonerado completa e
responsabiliza perante o cessionário pela existência do absolutamente da relação obrigacional, restando lá o
crédito ao tempo da cessão, a teor do disposto no vínculo a cargo do novo devedor.
art. 295 do Código Civil de 2002. Ainda, pode também
o cedente responder pela solvência do devedor, 2) Assunção cumulativa
desde que nesse sentido tenham pactuado as A assunção também poderia ser cumulativa, que é
partes (cláusula pro solvendo), conforme determina marcada pela hipótese em que o novo devedor não
o art. 296 do CC.” (STJ, 3ª T., REsp 1643013/DF, Rel. substitui o antigo na totalidade daquela dívida, mas ele
Min. Nancy Andrighi, julg. 8.5.2018) vai se somar ao devedor originário

B - Assunção de dívida: polo Necessidade de consentimento expresso do credor


passivo (CC, Arts. 299-303) Assunção de dívida exige o consentimento do credor
para a sua efetivação. Esse requisito se distingue da
Conceito cessão de crédito uma vez que Independente de
“É o negócio jurídico por via do qual terceiro assume quem foram credor a dívida continua inalterada não
a responsabilidade pela dívida contraída pelo devedor fazendo diferença a quem o devedor deverá pagar.
originário, sem que a obrigação deixe de ser ela
própria. A relação obrigacional passa a ter um novo Na Assunção de dívida, contudo, a pessoa do devedor
devedor, liberando-se, ou não, o antigo. Um se exime é de suma importância para o credor não só em
e o outro se obriga, ou um entra sem que o outro relação as suas qualidades como também no que diz
saia.” respeito ao seu patrimônio, podendo não ser
conveniente a substituição de um devedor solvente
Características por outro com menor possibilidade de cumprir a
Que caracteriza a Assunção de dívida é o fato de um prestação. Por isso é necessário que o consentimento
terceiro se obrigar a efetuar a prestação de vida por do credor seja expresso.
outro. A pessoa chama para si a obrigação de outra
ou seja a posição de sujeito passivo que o devedor CC, “Art. 299. É facultado a terceiro
tinha em determinada obrigação. assumir a obrigação do devedor, com
o consentimento expresso do
Diferentemente da cessão, na assunção de dívida não credor, ficando exonerado o devedor
transmite-se os acessótios primitivo, salvo se aquele, ao tempo
da assunção, era insolvente e o
Requisitos e pressupostos credor o ignorava.”
Objeto: pode ser todas as dívidas presentes e futuras,
salvo as que devem ser pessoalmente cumpridas pelo “APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL.
devedor além dos acessórios OBRIGAÇÕES. AÇÃO
DECLARATÓRIA DE NULIDADE
CONTRATUAL C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E COMPENSAÇÃO POR
DANOS MORAIS. SENTENÇA DE
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IMPROCEDÊNCIA. ASSUNÇÃO DE Exceção: CC, “Art. 303. O adquirente


DÍVIDA. FALTA DE de imóvel hipotecado pode tomar a
CONSENTIMENTO EXPRESSO DO seu cargo o pagamento do crédito
CREDOR, REQUISITO DE VALIDADE garantido; se o credor, notificado, não
DO NEGÓCIO JURÍDICO. ARTIGOS impugnar em trinta dias a
104, III, E 299 DO CÓDIGO CIVIL. transferência do débito, entender-se-
NULIDADE DO CONTRATO QUE SE á dado o assentimento.”
DECLARA, MEDIANTE A
DEVOLUÇÃO DOS VALORES Impossibilidade de aceitação tácita
TRANSFERIDOS PELA AUTORA, “Compromisso de compra e venda.
ABATIDAS AS QUANTIAS PAGAS Cessão. Assunção de dívida. Alegada
PELA RÉ, TUDO A SER APURADO concordância tácita do credor à
EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. (.. ) transferência do devedor.
Assim, o contrato de assunção de Inadmissibilidade. Na assunção de
dívida celebrado entre as partes está dívida não se admite supor que a
comprometido em sua essência, por ausência de contranotificação
ausência de consentimento expresso configura aceitação tácita do credor-
do credor, requisito indispensável à cedido ao cessionário ou assuntor,
sua validade, nos termos do artigo com a transferência do polo passivo
104, III, do Código Civil. Impende-se, da relação obrigacional, mas sim
pois, a declaração de nulidade do interpretada como recusa à
contrato de assunção de dívida, com transferência. (.. )”
a restituição dos valores transferidos
pela autora à ré, abatidas as Negação abusiva do consentimento por parte do credor
importâncias pagas por esta última O credor não pode exercer seu direito de recusar a
àquela, tudo a ser apurado em assunção sem motivos plausíveis e utilizar-se desse
liquidação de sentença.” (TJRJ, 2ª C.C., direito como se fosse absoluto.
Ap. Cív. 0276987-61.2018.8.19.0001, Rel.
Des. Luiz Roldão de Freitas Gomes
Filho, julg. 3.2.2020 Acessórios da dívida assumida
CC, “Art. 300. Salvo assentimento
Estipulação de prazo para a manifestação do credor expresso do devedor primitivo,
As partes podem estabelecer um prazo para que o consideram-se extintas, a partir da
credor se oponha ou concorde com a assunção, assunção da dívida, as garantias
interpretando o silêncio deste como uma recusa. especiais por ele originariamente
Excepcionalmente, no caso do imóvel hipotecado, dadas ao credor.”
caso o credor não responda a demanda sobre a
assunção, vai se entender que houve uma aceitação Enunciado n. 352 da IV JDC: “Salvo
tácita expressa concordância dos terceiros,
as garantias por eles prestadas se
extinguem com a assunção da dívida;
Regra: CC, “Art. 299. (.. ) Parágrafo já as garantias prestadas pelo
único. Qualquer das partes pode devedor primitivo somente serão
assinar prazo ao credor para que mantidas se este concordar com a
consinta na assunção da dívida, assunção.”
interpretando-se o seu silêncio como
recusa.” Enunciado n. 422 da V JDC: “A
expressão "garantias especiais"
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constante do art. 300 do CC/2002


refere-se a todas as garantias, Exceções oponíveis ao credor pelo novo devedor
quaisquer delas, reais ou fidejussórias, Exceções
que tenham sido prestadas voluntária i) Gerais - PODE
e originariamente pelo devedor ii) Pessoais do devedor primitivo em relação ao credor
primitivo ou por terceiro, vale dizer, – NÃO PODE
aquelas que dependeram da vontade iii) Pessoais do novo devedor em relação ao credor -
do garantidor, devedor ou terceiro PODE
para se constituírem.” iv) Pessoais do novo devedor em relação ao antigo
devedor – NÃO PODE
Na assunção de dívida transfere-se apenas o o débito
principal, extinguindo-se as garantias originalmente O novo devedor vai poder opor ao credor exceções
dadas pelo devedor. gerais, e pessoais.

Se a garantia foi prestada por um terceiro que não Esse devedor novo não vai poder opor exceções
fazia parte da relação obrigacional (ex: fiador), ela só pessoais que o antigo devedor tinha com o credor. Ele
se mantém se este concordar expressamente com também não pode opor exceções pessoais que tem
isso, caso contrário também será extinta com a contra o devedor antigo, pois o credor não tem nada
mudança do elemento subjetivo no polo passivo. Pois a ver com esse negócio jurídico da assunção.
entende-se o fiador não é obrigado a garantir quem
não conhece. Assim, as únicas exceções pessoais que podem ser
oponíveis pelo novo devedor são apenas aquelas que
Anulação da assunção de dívida este tiver contra o credor.
CC, “Art. 301. Se a substituição do
devedor vier a ser anulada, restaura- CC, “Art. 302. O novo devedor não
se o débito, com todas as suas pode opor ao credor as exceções
garantias, salvo as garantias prestadas pessoais que competiam ao devedor
por terceiros, exceto se este primitivo.”
conhecia o vício que inquinava a
obrigação.” C – Cessão da Posição Contratual
(não regulamentada)
- Enunciado n. 423, da V JDC: “O art.
301 do CC deve ser interpretado de Cessão da posição contratual consiste na
forma a também abranger os transferência dá inteira posição ativa e passiva do
negócios jurídicos nulos e a significar conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma
a continuidade da relação obrigacional pessoa
originária em vez de "restauração",
porque, envolvendo hipótese de O que basicamente distingue a cessão da posição
transmissão, aquela relação nunca contratual da cessão de crédito e da Assunção de
deixou de existir.” dívida é o fato de a transmissão abranger
simultaneamente direitos e deveres de prestar
Anulada a assunção de dívida a renasce a obrigação enquanto a cessão de crédito compreende apenas
para o devedor originário com todas as suas garantias um direito de crédito e Assunção de dívida cobre
exceto as prestadas por terceiro. somente um débito.

Não podem ser restauradas para não prejuízo do Porém a cessão contratual não é mera soma dessas
terceiro que as prestou salvo você tinha duas figuras pois inclui muito mais coisas, ou seja, ela
conhecimento o vício (má fé fecha parentes é muito mais complexa pois existe todo um
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emaranhado de situações que estão envolvidas e que


serão transferidas naquele contrato

Diante da carência de norma, é necessário um


esforço interpretativo muito maior para aplicar os
dispositivos já existentes para esse assunto específico.
O único entendimento mais fixado, é que também
será necessário o consentimento do contratante
cedido, devido a importância que carregava essa
cessão.

Quanto aos efeitos produzidos, haverá uma


transmissão conjunta de todas as situações jurídicas
ligadas àqueles centros de interesse para o
cessionário quando ele adentrar a relação obrigacional.
Ocorre, então, a liberação do cedente em face do
cedido, que terá todos os direitos e deveres que
originariamente competia ao cedente.

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