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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


DEPARTAMENTO DE DIREITO
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I

Professor Dr. Augusto Passamani Bufulin

Orientações importantes:

Este resumo NÃO substitui a leitura semanal do conteúdo na doutrina de


seu interesse.
Trata-se de um material de orientação com as principais questões da
matéria, mas é importante o aprofundamento doutrinário sobre o tema.

PONTO 7: CESSÃO DE CRÉDITO. CESSÃO DE DÉBITO.

1. NOÇÕES GERAIS

A obrigação é dinâmica e pode ser transferida nas formas ativa ou passiva, quando se
tratar, respectivamente, de crédito ou débito.
As cessões de crédito e de débito compõem o instituto no direito obrigacional
denominado “Transmissão das obrigações”, trazido pela Codificação de 2002, inovando em
relação ao regime anterior, que apenas disciplinava sobre a cessão de crédito.
Em resumo, cessões de crédito e de débito referem-se ao negócio jurídico por meio
do qual há transmissão a um terceiro do respectivo crédito ou do débito. Vejamos
detalhadamente os regramentos de cada uma delas.

2. CESSÃO DE CRÉDITO

Conforme explicitado acima, a cessão de crédito é um negócio jurídico no qual o credor


transfere a outrem, total ou parcialmente, o crédito que lhe era devido. Temos três polos na
relação: cedente é aquele que cede o crédito; cessionário é aquele que recebe o direito do
credor; cedido é o devedor. Embora a doutrina use a expressão “cedido”, Flávio Tartuce1

1
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020, [Livro digital].
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adverte que referida nomenclatura não é recomendável, pois apenas a dívida é transmissível,
mas não a pessoa. Vejamos a representação gráfica da relação jurídica:

Flávio Tartuce2 traz uma classificação em relação é cessão de crédito, dividindo-a de


acordo com a origem, com as obrigações geradas, com a extensão, e quanto à
responsabilidade. Vejamos:

i) Classificação da cessão de crédito quanto à origem:

▪ Cessão legal: decorre da lei, tendo origem na norma jurídica. É a que ocorre
em relação aos acessórios da obrigação, no caso da cessão de crédito (art.
287 do CC).
▪ Cessão judicial: é aquela oriunda de decisão judicial após processo civil
regular, como é o caso de decisão que atribui ao herdeiro um crédito do falecido
▪ Cessão convencional: é a mais comum de ocorrer na prática, constituindo a
cessão decorrente de acordo firmado entre cedente e cessionário por
instrumento negocial.

ii) Classificação da cessão de crédito quanto às obrigações geradas:

2
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020, [Livro digital].
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▪ Cessão a título oneroso: assemelha-se ao contrato de compra e venda, diante
da presença de uma remuneração. Pelo fato de poder ser onerosa, a cessão
de crédito difere-se da sub-rogação.
▪ Cessão a título gratuito: assemelha-se ao contrato de doação, pela ausência
de caráter oneroso. Nesse ponto até pode se confundir com o pagamento com
sub-rogação. Entretanto, no plano conceitual, a cessão de crédito é forma de
transmissão da obrigação, enquanto a subrogação é uma regra especial de
pagamento ou forma de pagamento indireto.

iii) Classificação da cessão de crédito quanto à extensão:

▪ Cessão total: é aquela em que o cedente transfere todo o crédito objeto da


relação obrigacional.
▪ Cessão parcial: é aquela em que o cedente retém parte do crédito consigo.

iv) Classificação da cessão de crédito quanto à responsabilidade do cedente:

▪ Cessão pro soluto: é aquela que confere quitação plena e imediata do débito
do cedente para com o cessionário, exonerando o cedente. Constitui a regra
geral, não havendo responsabilidade do cedente pela solvência do cedido (art.
296 do CC).
▪ Cessão pro solvendo: é aquela em que a transferência do crédito é feita com
intuito de extinguir a obrigação apenas quando o crédito for efetivamente
cobrado. Deve estar prevista pelas partes, situação em que o cedente
responde perante o cessionário pela solvência do cedido (art. 297 do CC).

Regra geral, além da obrigação principal, também são transferidos todos os acessórios
e as garantias da dívida, conforme artigo 287 do Código Civil:

Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-


se todos os seus acessórios.

A cessão dos acessórios cessão desses acessórios é caso de cessão legal e segue o
chamado princípio da gravitação jurídica, segundo o qual o acessório segue o principal.
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A cessão independe de anuência do devedor, ou seja, ele não precisa consentir com
a transmissão da obrigação.

ATENÇÃO! A cessão não se confunde com a novação, nem com a sub-rogação legal.

Conforme veremos nas próximas aulas, a novação é modalidade de pagamento na qual


os envolvidos extinguem uma obrigação e criam uma nova, substituindo a anterior. Na
distinção entre cessão e novação, é importante esclarecer que naquela não haverá
extinção da obrigação.

Já a sub-rogação legal consiste na substituição do sujeito ou do objeto em determinada


relação jurídica obrigacional. Em um comparativo entre esta modalidade de pagamento
e a cessão de crédito, o sub-rogado não poderá exercer os direitos e ações do credor
além dos limites do desembolso. Referido regramento não se aplica à cessão de crédito.

Destaca-se, no entanto, que, no caso da sub-rogação convencional, o tratamento é o


mesmo dado à cessão de crédito nos termos do artigo 348 do Código Civil.

O artigo 286 traz regramentos importantes sobre a cessão de crédito, vejamos:

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a
natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não
constar do instrumento da obrigação.

Em regra, a lei permite a cessão de crédito e prevê três hipóteses em que não ocorrerá:
a) se a natureza da obrigação for incompatível com a cessão; b) se houver vedação legal; e
c) se houver cláusula contratual proibitiva.
Quanto à primeira hipótese, é possível exemplificar a impossibilidade de cessão de
crédito nos casos de obrigação de alimentos ou de direitos da personalidade.

Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito
a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação
ou penhora.

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade
são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer
limitação voluntária.

Em relação à segunda hipótese, não há cessão se houver previsão legal, como no


caso do artigo 520 do Código Civil, que proíbe cessão do direito de previdência a terceiro ou
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do inciso III do artigo 1.749 do Código Civil, que proíbe que o tutor seja cessionário de direito
contra o tutelado.

Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.

Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de
nulidade:
[...]
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.

Quanto à terceira hipótese, a previsão de impossibilidade de cessão por convenção


entre as partes deve constar no contrato celebrado. A cláusula de impossibilidade de cessão
só poderá ser oposta ao terceiro de boa-fé a quem se transmitiu o crédito (cessionário) se
estiver expressamente previsto no instrumento da obrigação. Se o contrato for silente, deve-
se presumir que a cessão era possível.
O regramento ressalta o princípio da boa-fé prevista no Código Civil, devendo ser
destacado, neste ponto, o Enunciado n. 363 do CJF:

Enunciado n. 363, CJF. Os princípios da probidade e da confiança são de


ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a demonstrar a
existência da violação.

Em regra, a cessão não exige documento escrito e tem eficácia inter partes. No
entanto, referida transmissão só terá eficácia perante terceiros mediante a celebração de
instrumento público ou particular, com as formalidades previstas no § 1º do artigo 654 do
Código Civil.

Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se


não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular
revestido das solenidades do § 1 o do art. 654.

Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante
instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do
outorgante.
§ 1 o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi
passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da
outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos.

Para fins da aplicação do artigo 288 do Código Civil, o devedor (cedido) não é
considerado como terceiro, bastando a sua ciência mediante a notificação prevista no artigo
290 do diploma civil. Sobre a questão, eis o Enunciado n. 618 da Jornada de Direito Civil:

Enunciado 618. O devedor não é terceiro para fins de aplicação do art. 288
do Código Civil, bastando a notificação prevista no art. 290 para que a cessão
de crédito seja eficaz perante ele.
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A cessão de direitos hipotecários só é admitida mediante instrumento público e o


cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do
imóvel.

Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a


cessão no registro do imóvel.

Conforme já afirmado, o devedor não precisa concordar com a cessão, mas deve ser
cientificado desta para ter eficácia. A legislação não exige uma forma específica: ela pode ser
judicial, extrajudicial ou até mesmo pode haver a notificação presumida, quando o devedor se
declara ciente da cessão realizada.

Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão
quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito
público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.

Quando ocorrerem várias cessões do mesmo crédito, valerá aquela que se completar
com a entrega do título de crédito cedido. Assim, se Pedro cedeu seu crédito para João, José
e Manoel, mas entregou o título apenas a este último, Manoel será o credor e cessionário. Se
a cessão tiver sido onerosa, João e José poderão tomar as devidas providências contra Pedro,
aplicando-se as regras do pagamento indevido e do enriquecimento sem causa previstas nos
arts. 876 a 886 do CC.

Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se


completar com a tradição do título do crédito cedido.

Se o devedor pagar ao credor primitivo antes de ter conhecimento da cessão, fica


desobrigado a pagar ao novo credor. Caso haja mais de uma cessão, o devedor deve pagar
ao cessionário que lhe apresentar o título de cessão ou da obrigação cedida, porém, se o
crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.

Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da


cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão
notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o
da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública,
prevalecerá a prioridade da notificação.

Independente de notificação do devedor, o cessionário pode exercer os atos


necessários a conservar o crédito objeto da cessão podendo, por exemplo, ajuizar ação de
cobrança ou de execução, nos termos do artigo 293:
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Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode


o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido.

Conforme dispõe o artigo 294, o devedor pode opor ao cessionário as exceções que
lhe competirem ou as que apresentaria contra o cedente. Se o crédito for obtido, por exemplo,
por erro ou lesão, poderá apresentar essas defesas em relação à cessão de crédito.

Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe


competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento
da cessão, tinha contra o cedente.

Se a cessão de crédito for onerosa, o cedente fica responsável pela existência do


crédito ao tempo que lhe cedeu, mesmo que o contrato não trate expressamente dessa
questão. Por outro lado, se a cessão for gratuita, apenas permanece a responsabilidade pela
existência do crédito se o cedente tiver agido de má-fé. Isso porque, em regra, o cedente não
responde pela solvência do devedor ou cedido, nos termos do artigo 296 do Código Civil. A
regra do Direito Civil é que a cessão de crédito seja “pro soluto”, ou seja, o cedente responde
pela existência e legalidade do crédito, mas não responde pela solvência do devedor.

Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao
tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões
por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela


solvência do devedor.

É possível que, no ato da transmissão do crédito, seja pactuado que o cedente será
responsabilizado pela solvência do devedor, devendo, neste caso: i) garantir a existência do
crédito; ii) ser corresponsável pelo pagamento da dívida, até o limite do que recebeu do
cessionário, com acréscimo de juros, bem como a obrigação de ressarcimento das despesas
da cessão e as que o cessionário houver feito para a cobrança da dívida. Eis a literalidade do
artigo 297:

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor,


não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros;
mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário
houver feito com a cobrança.
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EM RESUMO:
Cessão de crédito pro soluto: o cedente garante a existência do débito, mas não
responde pela solvência do devedor.

Cessão de crédito pro solvendo: o cedente se obriga a pagar, caso o devedor (Cedido)
for insolvente. O cedente assume o risco da insolvência do devedor.

Se o crédito for penhorado, não mais poderá ser transferido pelo credor que tiver
conhecimento da penhora. Por outro lado, se o devedor o pagar e não tiver conhecimento da
penhora, fica exonerado, subsistindo contra o credor os direitos de terceiro. O artigo 298,
portanto, veda a transferência do crédito penhorado e, caso o devedor pague a dívida
penhorada, está exonerado totalmente.

Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo
credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não
tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor
os direitos de terceiro.

Fixadas as principais premissas da cessão de crédito, passemos agora ao estudo da


cessão de débito.

3. CESSÃO DE DÉBITO (ASSUNÇÃO DE DÍVIDA)

A cessão de débito consiste em um negócio no qual o devedor, com expressa anuência


do credor, transmite a um terceiro sua obrigação. Cuida-se de uma transferência de débito,
permanecendo a mesma relação obrigacional objetiva. Diferentemente da codificação
anterior, o Código Civil atual trouxe um capítulo específico sobre a cessão de débito. Eis a
definição de cessão de débito:

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o


consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo,
salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que
consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
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Tal qual na cessão de crédito, não é possível confundir a cessão de débito com a
novação subjetiva passiva, pois, naquela, a relação obrigacional permanece a mesa. Na
novação, a dívida anterior se extingue e é substituída por uma nova.
Sobre o entendimento desse artigo, eis o Enunciado 16 do CJF:

Enunciado n. 16, CJF. O art. 299 do Código Civil não exclui a possibilidade
da assunção cumulativa da dívida quando dois ou mais devedores se tornam
responsáveis pelo débito com a concordância do credor.

Na assunção cumulativa ou coassunção trazida pelo enunciado, dois novos devedores


responsabilizam-se pela dívida ou o antigo devedor continua responsável, em conjunto com
o novo devedor.
Na assunção de dívida, temos os seguintes sujeitos: cedente (o antigo devedor),
cessionário (o novo devedor) e cedido (credor). O novo devedor que assume a dívida
também é denominado “terceiro assuntor”.
Flávio Tartuce3 trouxe as seguintes classificações da assunção de dívida:

▪ Assunção por expromissão: terceira pessoa assume espontaneamente o débito da


outra, sendo que o devedor originário não toma parte nessa operação. Essa forma de
assunção pode ser: liberatória, quando o devedor primitivo se exonera da obrigação;
e cumulativa, quando o expromitente entra na relação como novo devedor, ao lado do
devedor primitivo, conforme tratamento dado pelo outrora comentado Enunciado n. 16
do CJF/STJ.
▪ Assunção por delegação: o devedor originário, denominado delegante, transfere o
débito a terceiro (delegatário), com anuência do credor (delegado).

No entanto, embora trate das classificações, Tartuce4 entende como pertinente aplica-
la apenas somente para a novação subjetiva passiva.

Salvo consentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir


da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor, na
forma do artigo 300 do Código Civil:

Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se


extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele
originariamente dadas ao credor.

3
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020, [Livro digital].
4
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MÉTODO, 2020, [Livro digital].
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Sobre a questão, eis o Enunciado n. 352 do CJF:

Enunciado n. 352, CJF. Salvo expressa concordância dos terceiros, as


garantias por eles prestadas se extinguem com a assunção da dívida; já as
garantias prestadas pelo devedor primitivo somente serão mantidas se este
concordar com a assunção.

Se anulada a assunção da dívida, o débito é restaurado em relação ao devedor


primitivo, com todas as suas garantias, salvo as prestadas por terceiros, exceto se o terceiro
conhecia o vício da obrigação.

Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito,


com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros,
exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.

Aplica-se o Enunciado n. 423 do CJF:

Enunciado n. 423, CJF. O art. 301 do CC deve ser interpretado de forma a


também abranger os negócios jurídicos nulos e a significar a continuidade da
relação obrigacional originária em vez de "restauração", porque, envolvendo
hipótese de transmissão, aquela relação nunca deixou de existir.

O novo devedor não pode opor ao credor as exceções (defesas) pessoais que
competiam ao devedor primitivo, como incapacidade, dolo, coação etc. Por outro lado, é
possível que oponha defesas não pessoais, como o pagamento da dívida ou a exceção de
contrato não cumprido.

Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que
competiam ao devedor primitivo.

O adquirente de um imóvel hipotecado pode assumir o débito garantido pelo imóvel e


se o credor hipotecário, notificado, não impugnar a cessão, entender-se-á válido o
consentimento. Vejamos o artigo 303 do Código Civil:

Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o


pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em
trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.

Aplicam-se a esse dispositivo os Enunciados n. 353 e 424 do CJF:


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Enunciado n. 353, CJF. A recusa do credor, quando notificado pelo


adquirente de imóvel hipotecado comunicando-lhe o interesse em assumir a
obrigação, deve ser justificada.

Enunciado n. 424, CJF. A comprovada ciência de que o reiterado pagamento


é feito por terceiro no interesse próprio produz efeitos equivalentes aos da
notificação de que trata o art. 303, segunda parte.

4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE CESSÃO DE CONTRATO

A cessão de contrato é uma hipótese trazida pela doutrina que, embora não trazida
por lei, pode ser visualizada a partir do artigo 425, que trata da criação de contratos atípicos:

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas


gerais fixadas neste Código.

A cessão de contrato é a transferência da inteira posição ativa ou passiva da relação


contratual e, geralmente, está relacionada a um negócio jurídico cuja execução ainda não foi
concluída. Exige-se, para tanto, a autorização do outro contratante para que a cessão do
contrato seja perfeita.
A título exemplificativo, temos os casos do contrato de locação nos casos em que se
admite a sublocação, no contrato com a pessoa a declarar do compromisso de compra e
venda (CC, arts. 467 a 471) e no mandato, com a previsão de substabelecimento.
Outro exemplo é o chamado "contrato de gaveta", no qual o comprador cede a sua
posição contratual a outrem, sem a ciência ou concordância do vendedor. Geralmente esses
contratos ocorrem na hipótese de incorporação imobiliária. O Superior Tribunal de Justiça
ainda se divide sobre a validade ou não dessa cessão contratual em razão da ausência de
concordância da outra parte.

5. APLICABILIDADE PRÁTICA
a. Jurisprudência

CESSÃO DE CRÉDITO

CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
CESSÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR.
FALTA DE PREJUÍZO. PRECEDENTE.
1. A ausência de notificação quanto à cessão de crédito não enseja a
liberação do devedor do adimplemento da obrigação, bem como não impede
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o cessionário da prática dos atos necessários à conservação do seu crédito.
Precedente.
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1482670/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 17/03/2015, DJe 27/03/2015)

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CESSÃO


DO CRÉDITO.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO AO DEVEDOR. EXIGIBILIDADE DA DÍVIDA.
ART.
290 DO CÓDIGO CIVIL. CITAÇÃO. CIÊNCIA DA CESSÃO. AGRAVO
IMPROVIDO.
1. O objetivo da notificação prevista no artigo 290 do Código Civil é informar
ao devedor quem é o seu novo credor, a fim de evitar que se pague o débito
perante o credor originário, impossibilitando o credor derivado de exigir do
devedor a obrigação então adimplida.
2. A falta de notificação não destitui o novo credor de proceder aos atos que
julgar necessários para a conservação do direito cedido.
3. A partir da citação, a parte devedora toma ciência da cessão de crédito e
daquele a quem deve pagar.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 104.435/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 20/11/2014, DJe 18/12/2014)

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CESSÃO DE CRÉDITO. AUSÊNCIA


DE NOTIFICAÇÃO AO DEVEDOR. CONSEQUÊNCIAS.
I - A cessão de crédito não vale em relação ao devedor, senão quando a este
notificada.
II - Isso não significa, porém, que a dívida não possa ser exigida quando faltar
a notificação. Não se pode admitir que o devedor, citado em ação de cobrança
pelo cessionário da dívida, oponha resistência fundada na ausência de
notificação. Afinal, com a citação, ele toma ciência da cessão de crédito e
daquele a quem deve pagar.
III - O objetivo da notificação é informar ao devedor quem é o seu novo credor,
isto é, a quem deve ser dirigida a prestação. A ausência da notificação traz
essencialmente duas consequências: Em primeiro lugar dispensa o devedor
que tenha prestado a obrigação diretamente ao cedente de pagá-la
novamente ao cessionário. Em segundo lugar permite que devedor oponha
ao cessionário as exceções de caráter pessoal que teria em relação ao
cedente, anteriores à transferência do crédito e também posteriores, até o
momento da cobrança (inteligência do artigo 294 do CC/02).
IV - Recurso Especial a que se nega provimento.
(REsp 936.589/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 08/02/2011, DJe 22/02/2011)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FACTORING. COMPRA E VENDA EM


PRESTAÇÕES.
CESSÃO DO CONTRATO. ANUÊNCIA DO DEVEDOR. LEGITIMIDADE
PASSIVA DA CESSIONÁRIA. REEXAME DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS.
INVIABILIDADE. SÚMULA N. 5/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
1. Se a empresa de factoring figura como cessionária dos direitos e
obrigações estabelecidos em contrato de compra e venda em prestações, de
cuja cessão foi regularmente cientificado o devedor, é legítima para
responder a demanda que visa à revisão das condições contratuais.
2. O recurso especial não comporta a interpretação de cláusulas contratuais
ou o exame de questões cuja solução exija o revolvimento de elementos
fático-probatórios dos autos, a teor do que dispõem as Súmulas n. 5 e 7 do
STJ.
3. Recurso especial parcialmente conhecido e, na parte conhecida,
desprovido.
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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I
(REsp 1343313/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão
Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em
01/06/2017, DJe 01/08/2017)

CESSÃO DE DÉBITO

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO


AGRAVO REGIMENTAL. SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO.
"CONTRATO DE GAVETA".
LEGITIMIDADE ATIVA DO CESSIONÁRIO. ANUÊNCIA DO AGENTE
FINANCEIRO.
LEI N. 10.150/2000. AGRAVO IMPROVIDO.
(AgRg no REsp 712.315/PR, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR,
QUARTA TURMA, julgado em 18/05/2006, DJ 19/06/2006, p. 144)

ALIENAÇÃO DE IMÓVEL FINANCIADO PELO SFH. MÚTUO


HIPOTECÁRIO.
CONHECIMENTO DO AGENTE FINANCEIRO - PRESUNÇÃO DE
CONSENTIMENTO TÁCITO.
1. É cediço na Corte que "passando o agente financeiro a receber do
cessionário as prestações amortizadoras do financiamento, após tomar
conhecimento da transferência do imóvel financiado a termo, presume-se que
ele consentiu tacitamente com a alienação." (EREsp 70.684, Rel. Min. Garcia
Vieira, DJ de 14/02/2000) 2. A alienação do imóvel objeto do contrato de
mútuo operou-se em 1989, quando ainda inexistia exigência legal de que o
agente financeiro participasse da transferência do imóvel, não estando a
mesma vedada por nenhum dispositivo legal. Consequentemente,
inaplicáveis as regras contidas na lei 8.004/90, que obriga a interveniência do
credor hipotecário e a assunção, pelo novo adquirente, do saldo devedor
existente na data da venda.
3. Situação fática em que o credor (Banco Itaú) foi notificado em três ocasiões
sobre a transferência do contrato. Embora tenha manifestado sua
discordância com o negócio realizado, permaneceu recebendo as prestações
até o mês de abril de 1995, ensejando a anuência tácita da transferência do
mútuo.
4. Consoante o princípio pacta sunt servanda, a força obrigatória dos
contratos há de prevalecer, porquanto é a base de sustentação da segurança
jurídica, segundo o vetusto Código Civil de 1916, de feição individualista, que
privilegiava a autonomia da vontade e a força obrigatória das manifestações
volitivas. Não obstante, esse princípio sofre mitigação, uma vez que sua
aplicação prática está condicionada a outros fatores, como v.g., a função
social, as regras que beneficiam o aderente nos contratos de adesão e a
onerosidade excessiva.
5. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl no REsp 573.059/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 03/05/2005, DJ 30/05/2005, p. 216)

ADMINISTRATIVO. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. FCVS.


CESSÃO DE OBRIGAÇÕES E DIREITOS. "CONTRATO DE GAVETA".
TRANSFERÊNCIA DE FINANCIAMENTO. NECESSIDADE DE
CONCORDÂNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA MUTUANTE. LEI Nº
10.150, DE 2000 (ART. 20).
1. A cessão de mútuo hipotecário carece da anuência da instituição financeira
mutuante, mediante comprovação de que o cessionário atende aos requisitos
estabelecidos pelo Sistema Financeiro de Habitação-SFH. Precedente da
Corte Especial: REsp 783389/RO, Rel.
Ministro ARI PARGENDLER, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/05/2008, DJ
de 30/10/2008.
2. Consectariamente, o cessionário de mútuo habitacional, cuja transferência
se deu sem a intervenção do agente financeiro, não possui legitimidade ad
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causam para demandar em juízo questões pertinentes às obrigações
assumidas no contrato ab origine.
3. Ressalva do ponto de vista do Relator no sentido de que, a despeito de a
jurisprudência da Corte Especial entender pela necessidade de anuência da
instituição financeira mutuante, como condição para a substituição do
mutuário, a hipótese sub judice envolve aspectos sociais que devem ser
considerados.
4. A Lei n.º 8.004/90 estabelece como requisito para a alienação a
interveniência do credor hipotecário e a assunção, pelo novo adquirente, do
saldo devedor existente na data da venda.
5. A Lei n.º 10.150/2000, por seu turno, prevê a possibilidade de regularização
das transferências efetuadas sem a anuência da instituição financeira até
25/10/96, à exceção daquelas que envolvam contratos enquadrados nos
planos de reajustamento definidos pela Lei n.º 8.692/93, o que revela a
intenção do legislador de possibilitar a regularização dos cognominados
?contratos de gaveta?, originários da celeridade do comércio imobiliário e da
negativa do agente financeiro em aceitar transferências de titularidade do
mútuo sem renegociar o saldo devedor.
6. Deveras, consoante cediço, o princípio pacta sunt servanda, a força
obrigatória dos contratos, porquanto sustentáculo do postulado da segurança
jurídica, é princípio mitigado, posto sua aplicação prática estar condicionada
a outros fatores, como, por v.g., a função social, as regras que beneficiam o
aderente nos contratos de adesão e a onerosidade excessiva.
7. O Código Civil de 1916, de feição individualista, privilegiava a autonomia
da vontade e o princípio da força obrigatória dos vínculos. Por seu turno, o
Código Civil de 2002 inverteu os valores e sobrepõe o social em face do
individual. Dessa sorte, por força do Código de 1916, prevalecia o elemento
subjetivo, o que obrigava o juiz a identificar a intenção das partes para
interpretar o contrato. Hodiernamente, prevalece na interpretação o elemento
objetivo, vale dizer, o contrato deve ser interpretado segundo os padrões
socialmente reconhecíveis para aquela modalidade de negócio.
8. Sob esse enfoque, o art. 1.475 do diploma civil vigente considera nula a
cláusula que veda a alienação do imóvel hipotecado, admitindo, entretanto,
que a referida transmissão importe no vencimento antecipado da dívida.
Dispensa-se, assim, a anuência do credor para alienação do imóvel
hipotecado em enunciação explícita de um princípio fundamental dos direitos
reais.
9. Deveras, jamais houve vedação de alienação do imóvel hipotecado, ou
gravado com qualquer outra garantia real, porquanto função da seqüela. O
titular do direito real tem o direito de seguir o imóvel em poder de quem quer
que o detenha, podendo excuti-lo mesmo que tenha sido transferido para o
patrimônio de outrem distinto da pessoa do devedor.
10. Dessarte, referida regra não alcança as hipotecas vinculadas ao Sistema
Financeiro da Habitação ? SFH, posto que para esse fim há lei especial ? Lei
n° 8.004/90 ?, a qual não veda a alienação, mas apenas estabelece como
requisito a interveniência do credor hipotecário e a assunção, pelo novo
adquirente, do saldo devedor existente na data da venda, em sintonia com a
regra do art. 303, do Código Civil de 2002.
11. Com efeito, associada à questão da dispensa de anuência do credor
hipotecário está a notificação dirigida ao credor, relativamente à alienação do
imóvel hipotecado e à assunção da respectiva dívida pelo novo titular do
imóvel. A matéria está regulada nos arts. 299 a 303 do Novel Código Civil ?
da assunção de dívida ?, dispondo o art. 303 que "o adquirente do imóvel
hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o
credor, notificado, não impugnar em 30 (trinta) dias a transferência do débito,
entender-se-á dado o assentimento." 12. Ad argumentandum tantum, a Lei
n.º 10.150/2000 permite a regularização da transferência do imóvel, além de
a aceitação dos pagamentos por parte da Caixa Econômica Federal revelar
verdadeira aceitação tácita. Precedentes do STJ: EDcl no Resp 573.059 /RS
e REsp 189.350 - SP, DJ de 14.10.2002.
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13. Agravo Regimental desprovido.
(AgRg no REsp 838.127/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 17/02/2009, DJe 30/03/2009)

b. Questões de prova

(Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: IMBEL Prova: FGV - 2021 - IMBEL - Advogado) A
Sociedade X, fabricante de produtos para a construção civil, forneceu materiais para a
Sociedade Y. Alguns dias após a entrega dos produtos, mas antes da data acordada para que
a Sociedade Y pagasse pelo recebimento, a Sociedade X notificou a Sociedade Y acerca da
transmissão do crédito, advindo daquele contrato, para a Sociedade Z. Porém, a Sociedade
Y não concorda em pagar o valor da aquisição à Sociedade Z, embora no contrato com a
Sociedade X não houvesse previsão de qualquer proibição dessa prática.

Sobre a situação, segundo o Código Civil, assinale a afirmativa correta.

a) A Sociedade X pretende realizar uma novação da obrigação, que não é admitida sem
autorização do devedor.
b) A Sociedade X realizou uma cessão de crédito à Sociedade Z, admitida, pois não há
vedação legal, contratual e a natureza da obrigação a permite.
c) A Sociedade X imputou a Sociedade Z no pagamento, o que não pode ser impugnada pela
Sociedade Y, ainda que haja cláusula proibitiva.
d) Operou-se, entre as Sociedades X e Z, uma compensação de crédito, pelo que a Sociedade
Y não possui meios para excepcionar o pagamento.
e) A consignação do crédito efetuada pela Sociedade X junto à Sociedade Z, a qual somente
pode ser proibida por lei, determina que a Sociedade Y pague a Z.

RESPOSTA: B

(Ano: 2009 Banca: FCC Órgão: TRE-AL) Considere as seguintes assertivas a respeito da
transmissão das obrigações:
I. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a primeira cessão formalmente e
legalmente realizada independentemente da tradição.
II. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer
os atos conservatórios do direito cedido.
III. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
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IV. Em regra, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais
originariamente dadas pelo devedor primitivo ao credor.

De acordo com o Código Civil Brasileiro está correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e III.
b) I e IV
c) II e III.
d) II e IV.
e) II, III e IV.

RESPOSTA: E

(Ano: 2019 Banca: IESES Órgão: Prefeitura de São José - SC Prova: IESES - 2019 -
Prefeitura de São José - SC - Procurador Municipal) Sobre a transmissão das obrigações,
responda as questões:
I. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
II. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer
os atos conservatórios do direito cedido.
III. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus
acessórios. Assinale a correta:

a) Todas as assertivas são falsas.


b) Apenas a assertiva II é verdadeira.
c) Todas as assertivas são verdadeiras.
d) Apenas as assertivas I e II são verdadeiras.

RESPOSTA: C

(Ano: 2005 Banca: FCC Órgão: PGE-RR) Na transmissão das obrigações vigora a seguinte
regra:

a) o cedente sempre responderá pela existência do crédito e pela solvência do devedor, nas
cessões a título oneroso.
b) qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida,
interpretando-se o seu silêncio como aceitação.
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c) a cessão de crédito, salvo disposição em contrário, não abrange os seus acessórios, porque
deve ser interpretada restritivamente.
d) o devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como aquelas
que vier a ter contra o cedente, mesmo depois de ter conhecimento da cessão.
e) é facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do
credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era
insolvente e o credor o ignorava.

RESPOSTA: E

6. REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria geral das obrigações. 8. ed. São Paulo: RT, 2000.

FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito das obrigações. 4. ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2009. p. 11.

FRANÇA, Rubens Limongi. Instituições de direito civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p.
591.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 8. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. v. II.

HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes; MORAES, Renato Duarte Franco de. Direito
das obrigações. São Paulo: RT, 2008. v. 2, p. 32.

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1979.
v. IV.

TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2020, [Livro digital].

VENOSA, Silvio de Sávio. Direito civil: obrigações e responsabilidade civil, 18. ed. São Paulo:
Atlas, 2018 [Livro Digital].

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