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Direito Das Obrigações – Aula 6

Prof. Nilton Medeiros


Obrigação civil e obrigação natural
A partir do que foi estudado, vimos as mais diversas obrigações. Não havendo
o cumprimento, existe a responsabilidade patrimonial, podendo agir
coercitivamente através do Poder Judiciário, se necessário.
Quando não há responsabilidade do credor, diz-se que a obrigação é natural
(também chamada de imperfeita). É uma obrigação sem garantia, sem ação
para ser exigível. O credor não tem o direito de exigir a prestação, e o devedor
não está obrigado a pagar. Se, voluntariamente, efetua o pagamento, não tem
direito de repeti-lo.
1 Obrigação natural
Em dois momentos o Código Civil trata das obrigações naturais:
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida
prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento;
mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou,
salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.

Art. 564. Não se revogam por ingratidão:

III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;

As duas obrigações naturais típica no Código Civil são as dívidas prescritas


(art. 882) e dívidas de jogo (art. 814), sendo inexigíveis.

Não se confundem com as obrigações morais ou obrigações nulas (inválida e


sem eficácia jurídica).

Efeitos da obrigação natural: admite a validade do seu pagamento ao indicar


que não se pode repetir o que se pagou. A dívida existe, apenas não podia ser
judicialmente exigida.

DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

A relação obrigacional admite alterações na composição de seus elementos


essenciais: conteúdo ou objeto e sujeitos ativo e passivo.

1 DA CESSÃO DE CRÉDITO

Negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na
relação obrigacional. Tem natureza contratual, muito presente em modalidade
de desconto bancário, ao qual o comerciante transfere seus créditos a uma
instituição financeira.

O devedor (também chamado de cedido) não participa necessariamente da


cessão, que pode ser realizada sem a sua anuência, mas deve ser comunicado
da cessão.

Pode ocorrer a título gratuito ou oneroso (sendo esta a mais comum). “Quando
o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos
os direitos”, art. 347, I e 348, CC.

O cedente assume, em regra, a responsabilidade pela existência do crédito


cedido; o cessionário só será considerado como credor a partir da notificação
da cessão.

1.1 Requisitos da cessão de crédito

Em regra, todos os créditos podem ser objeto de titulo ou não, vencidos ou por
vencer. As partes podem convencionar pela impossibilidade da cessão.

A cessão pode ser total ou parcial, e abrange todos os acessórios, como os


juros e os direitos de garantia.

Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a
natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a
cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de
boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito


abrangem-se todos os seus acessórios.

Alguns créditos, por sua natureza não podem ser transmissíveis, como relação
jurídica de caráter personalíssimo e as de direito de família (direito a alimentos,
a nome...).

Algumas limitações ocorrer em relação a tutores, curadores; os pais no


exercício da administração dos bens dos filhos menores, não podem efetuar a
cessão sem prévia autorização do juiz (art. 1691, CC), por se tratar de ato que
ultrapassa os limitas da mera administração.

1.2 Notificação do devedor

Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor,


senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor
que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão
feita.

Serve para preservar o devedor do cumprimento indevido da obrigação.

1.3 Responsabilidade do cedente


Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do
crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe
cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

A responsabilidade não se refere à solvência do devedor. Por esta o cedente


não responde, correndo os riscos por conta do cessionário, salvo estipulação
em contrário.

Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde


pela solvência do devedor.

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do


devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e
as que o cessionário houver feito com a cobrança.

Exemplo: um crédito de R$ 25.000,00, recebido por R$ 20.000,00 que o


devedor restou inadimplente. O valor a ser cobrado será os R$ 20.000,00 mais
o acréscimo de juros.

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