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2.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

2.1 Espécies de obrigação

Quanto ao objeto pode ser obrigação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa,
isolada ou conjuntamente.

Quanto aos efeitos podem ser obrigações positivas (obrigação de dar ou de fazer)
e obrigações negativas (obrigação de não fazer)

Também, quanto ao objeto podem ser obrigações simples (importa único ato ou
única coisa, singular ou coletiva, art. 89) ou obrigações conjuntas (importa mais de
um ato ou mais de uma coisa, devendo todos ser cumpridos).

Existem obrigações instantâneas, que se exaurem em um só ato e obrigações que


se prolongam no tempo, obrigações periódicas.

Quanto ao sujeito pode ser obrigação única, quando há um só credor ou um só


devedor ou obrigações múltiplas ou plúrimas, quando há vários credores ou
devedores.

As obrigações múltiplas ou plúrimas podem ser conjuntas ( cada titular responde


ou só tem direito a sua quota-parte na prestação) ou solidárias (cada credor pode
exigir a dívida por inteiro e cada devedor pode ser obrigado na dívida por inteiro).

No âmbito das obrigações solidárias pode ser obrigação solidárias divisíveis ou


indivisíveis, dependendo do objeto se o objeto pode ser dividido ou não.

Ex. devo 100 kg de graus a 4 credores, ou um cavalo a dois credores.

Quanto ao modo de execução as obrigações podem ser simples (aparece sem


qualquer cláusula restritiva), conjuntivas (ligadas pela aditiva – duas obrigações
Ex. pagarei um boi e um cavalo), alternativas (ligadas pela partícula ou) e
facultativas (embora o objeto seja um dá a faculdade de cumprir com outro objeto).
2.2 Obrigação de meio e obrigação de resultado

Na obrigação do resultado, o que importa é a aferição se o resultado colimado foi


alcançado, só assim a obrigação se dará como cumprida.

Ex. contrato de transporte, contrato de reparação de defeito.

A inexecução da obrigação implica falta contratual, presumindo a culpa sendo


irrelevante ao cumprimento da obrigação. (art. 389)

Na obrigação meio deve ser aferido se o devedor empregou boa diligência no


cumprimento da obrigação.
Ex. Advogado que não pode prometer o resultado da ação.
O descumprimento deve ser examinado na conduta do devedor, de forma que a
culpa não é presumida.

2.3 Obrigações de garantia

È aquela que elimina um risco que pesa sobre o credor. A simples assunção do
risco pelo devedor da garantia representa, por si só, o adimplemento da
prestação.

A obrigação de garantia pode ser subespécie de obrigação de meio pois o


inadimplemento depende de prova da falta de prestação do serviço.

Ex. contrato de segurança.

Há obrigações tipicamente de garantia como a do contrato do seguro e de fiança e


outras que combinam a obrigação de meios, como acima exposto.

Nos casos de obrigação de garantia puro, nem mesmo a ocorrência de caso


fortuito ou de força maior isenta o devedor de sua prestação, pois a obrigação é a
eliminação de um risco.

2.4 Obrigação de dar

Para nosso ordenamento jurídico é o compromisso de entregar uma coisa, a


obrigação de dar gera apenas um crédito , um direito á coisa e não um direito real.

A obrigação de dar é aquela em que o devedor compromete-se a entregar uma


coisa móvel ou imóvel ao credor, que para constituir novo direito, quer para
restituir a mesma coisa a seu titular.

2.4.1 Obrigação de dar coisa certa

Certa é a coisa determinada, perfeitamente caracterizada e individualizada,


deferente de todas as demais da mesma espécie.

O artigo 313 do C.C. prevê que o credor não é obrigado a receber prestação
diversa da que acordou, como também não pode exigir coisa diversa da acordada.

Segue-se a regra (pacta sunt servanda), princípio pelo qual os contratos devem
ser cumpridos tal qual foram ajustados.

Na dação em pagamento (art. 356 a 359) para extinção da obrigação aceita-se


uma outra coisa no lugar da acordada, mas desde que tenha o consentimento do
credor.
O devedor não pode substituir sua obrigação sem o consentimento do credor
(unilateralmente) e considerar adimplida a mesma.

Da mesma forma que o parcelamento da dívida somente é aceitável se


expressamente convencionado.

O princípio da acessoriedade aplica-se á obrigação de dar coisa certa (art. 233),


limitada ao contrato (benfeitorias voluptuárias e necessárias) e com o direito
indenizatório das benfeitorias necessárias (art. 237).

A responsabilidade pela perda da coisa, desaparecimento por completo da coisa


para fins jurídicos e patrimoniais (EX. incêndio ou furto) ou pela deteriorização da
mesma, danos parcial da coisa que diminui sua valoração, são vista pelo nosso
ordenamento dependendo da existência ou não da culpa do devedor.

Conforme regra o artigo 234, se a coisa se perder antes da tradição ou suspensa


a tradição, sem culpa do devedor a obrigação fica resolvida para ambas as partes.

Ex. entregar um cavalo e este morre atingido por um raio.

No mesmo ordenamento, se, a perda resultar de culpa do devedor, este responde


pelo equivalente mais perdas e danos (art. 402 c.c. 944)

No artigo 235 trata-se dos casos de deteriorização não sendo culpa do devedor
que se resolve da seguinte forma: com a entrega da coisa no estado que está
abatendo-se em seu preço o valor da depreciação ou a devolução do valor pago
pela coisa.

No caso de culpa do devedor pela deteriorização, haverá a possibilidade de


indenização por perdas e danos e de receber ou não a coisa, artigo 236.

Até a tradição cabe ao devedor a obrigação geral de diligência e prudência em


manutenção da coisa, devendo velar por sua conservação e defendê-la contra
ataque de terceiros.

Com a tradição cessa a responsabilidade do devedor, se a coisa perece após a


entrega os riscos são do credor.

Então antes da entrega da coisa vale a aplicação do princípio res perit domino (a
coisa perece com o dono), art. 234 e 235.

2.4.1.1 Obrigação de restituir

A obrigação de restituir abrangida pela obrigação de dar coisa certa são aquelas
em que o credor está recebendo de volta o que já lhe pertencia.

Ex. Locação, comodato e depósito.


Nas obrigações de restituir no caso de perda da coisa, sem culpa do devedor,
aplica-se a regra do artigo 238, resolve a obrigação por que desaparece seu
objeto resguardando o direito do credor até o dia da perda.

Ex. locação até o dia da perda.

Se a coisa se perder por culpa do devedor aplica-se o artigo 239 condenando o


devedor ao valor da coisa mais perdas e danos.

ex. Comodato (empréstimo) art. 583.

No caso de deteriorização da coisa sem culpa do devedor, o credor receberá a


coisa de volta sem o direito á indenização, art. 240, e, se culpado o devedor
responderá pela coisa e por perdas e danos aplicando-se os preceitos do artigo
239, podendo o devedor receber a coisa de volta no estado que se encontra e
pleitear perdas e danos.

Caso ocorra o melhoramento, acréscimos e frutos na obrigação de restituir o


credor lucrará, uma vez que o devedor não concorreu para o acréscimo, art. 241.

Caso a valoração existiu diante do dispêncio do devedor, o regime será o das


benfeitorias (art. 242):

O devedor de boa-fé tem direito a retenção enquanto que o devedor de má-fe não
assiste tal direito art. 1214 e seguintes do C.C.

2.4.1.2 Execução da obrigação de dar coisa certa

Nas obrigações de restituir, como a coisa pertence ao credor a restituição se dará


pela reintegração de posse (comodato) ou ação de despejo (Locação)

Nas obrigações de dar coisa certa a regra geral é ação de execução propriamente
dita, pois ainda não existe domínio sobre a coisa, não houve a tradição.
2.4.1.3 Obrigações pecuniárias (art. 313 e ss)

É a que tem como objeto certa quantia em dinheiro tendo como regra geral do
disposto no artigo 315 do C.C.

O artigo 316 deixa lícita a convenção das partes do aumento progressivo das
prestações sucessivas e no caso de desvalorização possibilita a revisão, artigo
317.

O ordenamento jurídico veda as convenções da partes no pagamento em moeda


estrangeira ou ouro, art. 318 do C.C, salvo se a legislação e o mercado financeiro
permitir.
2.4.2 Obrigação de dar coisa incerta

Tem como objetivo a entrega de uma quantidade de certo gênero e não uma coisa
especificada, art. 243 do C.C, a incerteza é a determinação genérica da coisa a
ser entregue. A coisa é indicada pelas suas características gerais, por seu gênero.

Ex. entregar uma safra de trigo.

Na obrigação de dar coisa incerta, há um momento precedente á entrega da coisa


que é o ato de escolher o que vai ser entregue. (art. 245) Uma vez feita à escolha,
de acordo com o contratado, ou conforme estabelece a lei (trata-se do que a lei
denomina concentração), a obrigação passa a ser regida pelos princípios da
obrigação de dar coisa certa.

A posição do devedor na obrigação de dar coisa incerta é mais favorável porque


se desvencilha do vínculo com a entrega de uma das coisas ou de um conjunto de
coisas compreendidas no gênero indicado.

No entanto, sua responsabilidade pelos riscos será maior, como o gênero nunca
perece, antes da escolha não se pode alegar a perda ou deteriorização da coisa
(art. 246 do C.C.)

O poder de escolha, portanto, é o marco da obrigação de dar coisa incerta para


torná-la certa e deve ser sempre exercida pelo devedor, quando não descrita em
contrato de forma diversa, art. 244.

A execução da entrega de coisa incerta vem regulado pelos artigos 629/631 do


CPC e prevê a citação do devedor para entregar a coisa individualizada ou
requerer a indicação do credor, em 48 horas poderá apresentar impugnação a
escolha feita podendo o Juiz decidir de plano ou nomear perito, vindo
posteriormente a seguir o rito da obrigação de entregar coisa certa.

A obrigação de pagar, obrigação pecuniária, é regida pelos princípios da


obrigação de dar coisa incerta.
Se o gênero da obrigação de dar coisa incerta é limitado (vinho raro), a invalidade
do atendimento da obrigação será examinada a cada caso concreto.

São objetos das obrigações ditas genéricas as coisas fungíveis que se podem
determinar pelo peso, número e medida.

Enquanto a coisa não é efetivamente entregue, ou, pelo menos, posta á


disposição do credor, impossível a exoneração do devedor.

2.5. Obrigação de fazer


É a obrigação de executar uma atividade ou conduta em prol do devedor, tanto
pode ser a prestação de uma atividade física ou material, como a prestação de
uma atividade intelectual, artística ou científica.

Pode ainda, constituir numa atividade que pouco aparece externamente, mas cujo
conteúdo é essencialmente jurídico, como a obrigação de locar ou emprestar
imóvel, de realizar outro contrato, etc.

A obrigação de fazer pode ser contraída tendo em vista a figura do devedor para
prestar uma obrigação, não admitindo substituição, isto em razão de o devedor ser
um técnico especializado, um artista, ou porque o credor veja no obrigado
qualidades essenciais para cumprir a obrigação.

A obrigação de fazer pode ser:

Obrigação de fazer de natureza infungível (intuitu personae), ou seja, a obrigação


pessoal do obrigado que não cabe substituição. O C.C. prevê no artigo 247 o
dever de indenização ao credor, caso o devedor se recusar a cumprir a prestação.

Caso a obrigação infungível não esteja prevista em contrato, a discussão da


adimplência da obrigação contraída será apreciada caso á caso, levando em
.considerações a natureza e as circunstâncias da obrigação

2.6. A diferença entre a obrigação de dar e da obrigação de fazer

Ambas as espécies constituem-se nas obrigações positivas em contraposição das


obrigações negativas (obrigação de não fazer).

Se a obrigação do devedor é de dar ou entregar alguma coisa, não tendo que


fazê-la previamente, a obrigação é de dar.

Se o devedor necessitar fazer, confeccionar a coisa para entregá-la


posteriormente, tecnicamente a obrigação é de fazer.

Na obrigação de dar, a tradição (entrega) é imprescindível, enquanto, que na


maioria das obrigações de fazer enfatiza-se que a pessoa do devedor é quem
preponderante no cumprimento da obrigação.

Muitas vezes haverá em um único negócio e a existência das duas espécies.

Ex. Na compra e venda o vendedor contrai a obrigação de entregar a coisa (de


dar), bem como de responder pela evicção e vícios redibitórios (obrigação de
fazer).

Na execução da obrigação de dar autoriza-se a execução coativa direta, enquanto


que, na obrigação de fazer a execução coativa é indireta.
2.7 Obrigação de fazer fungível e não fungível

Há obrigações de fazer para as quais existem uns números indeterminados de


pessoas hábeis a completá-la e outras obrigações de fazer que são contraídas
exclusivamente pela fama ou habilidades próprias da pessoa do obrigado.

Quando a pessoa do devedor é facilmente substituível, como é o caso de um


pintor de parede, dizemos que a obrigação é fungível. Quando a obrigação é
contraída tendo em mira exclusivamente a pessoa do devedor, como é o caso da
contratação de um restaurador de obra de arte ou equipe esportiva, a obrigação
de fazer é não fungível.

Prevê o artigo 249 do C.C. a possibilidade, no caso de recusa ou mora no


cumprimento da obrigação de fazer não fungível, que o credor contrate terceiro
para executar o serviço garantindo a posterior indenização e ressarcimento pelo
devedor inadimplente.

Também prevê, no parágrafo único do mesmo artigo, que em caso de urgência, o


credor, de plano, pode executar o serviço por terceiro e requerer a indenização e o
ressarcimento.

Nos casos de obrigações de fazer fungíveis não cabe a aplicação do artigo 249 do
C.C., cabendo apenas se o credor requerer desta forma, ou seja, transformar a
obrigação não fungível em fungível.

2.8 Descumprimento das obrigações de fazer

A regra é a aplicação do pacta sunt servanta, que as obrigações devem ser


cumpridas, no entanto, a doutrina prevê três possibilidades de descumprimento da
obrigação: no caso de tornar a prestação impossível por culpa do devedor ou sem
culpa do devedor, ou, por recusa no cumprimento da obrigação contraída.

Nas obrigações de fazer, o descumprimento, pela recusa, não pode ser exigido da
forma coercitiva da obrigação de dar, tendo em vista o caráter pessoal da
atividade que atinge a liberdade individual.

Sendo assim, o cumprimento coativo da obrigação de fazer vem previsto no artigo


632 e seguintes do C.P.C..

Art. 632. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor


será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe assinar, se outro não
estiver determinado no título executivo.
Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é
lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja
executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que
ela se converte em indenização.
Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em
liquidação, seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.
Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a
requerimento do exeqüente, decidir que aquele o realize à custa do
executado.
Parágrafo único. O exeqüente adiantará as quantias previstas na
proposta que, ouvidas as partes, o juiz houver aprovado
Art. 635. Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez)
dias; não havendo impugnação, dará por cumprida a obrigação; em caso
contrário, decidirá a impugnação.
Art. 636. Se o contratante não prestar o fato no prazo, ou se o praticar
de modo incompleto ou defeituoso, poderá o credor requerer ao juiz, no
prazo de 10 (dez) dias, que o autorize a concluí-lo, ou a repará-lo, por
conta do contratante.
Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz
mandará avaliar o custo das despesas necessárias e condenará o
contratante a pagá-lo.
Art. 637. Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua
direção e vigilância, as obras e trabalhos necessários à prestação do
fato, terá preferência, em igualdade de condições de oferta, ao terceiro.
Parágrafo único. O direito de preferência será exercido no prazo de 5
(cinco) dias, contados da apresentação da proposta pelo terceiro (art.
634, parágrafo único).
Art. 638. Nas obrigações de fazer, quando for convencionado que o
devedor a faça pessoalmente, o credor poderá requerer ao juiz que lhe
assine prazo para cumpri-la.
Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação
pessoal do devedor converter-se-á em perdas e danos, aplicando-se
outrossim o disposto no art. 633.
Art. 639. (Revogado conforme determinado na Lei nº 11.232, de
22.12.2005, DOU 23.12.2005, em vigor 6 (seis) meses após a
publicação)
Art. 640. (Revogado conforme determinado na Lei nº 11.232, de
22.12.2005, DOU 23.12.2005, em vigor 6 (seis) meses após a
publicação)
Art. 641. (Revogado conforme determinado na Lei nº 11.232, de
22.12.2005, DOU 23.12.2005, em vigor 6 (seis) meses após a
publicação)

A antecipação do adimplemento pode ser ssolicitado pelo credor com base no


artigo 461 do C.P.C, com a aplicação de multa (astreintes) em favor do credor,
sem prejuízo na perdas e danos.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de


fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou,
se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1º A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o
requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado
prático correspondente.
§ 2º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa
(art. 287).
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida
liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em
decisão fundamentada.
§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença,
impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável
para o cumprimento do preceito.
§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado
prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento,
determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por
tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se
necessário com requisição de força policial.
§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da
multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.

A multa imposta deve ser suficiente a coibia a execução da obrigação de fazer


inadimplida e pode ser determinada de ofício.

O campo de maior atuação da multa diária ou periódica é o das obrigações


infungíveis. Nas obrigações infungíveis, embora não seja excluída a imposição
diária, o credor pode obter seu cumprimento por meio de terceiro (art. 634 do
C.P.C.).

Falar sobre a obrigação de fazer no que tange a registro do imóvel e a


transferência da propriedade (art. 466-B do CPC)

No caso do cumprimento da obrigação de fazer ser impossível, sem culpa do


devedor, aplica-se a regra do artigo 248 do C.C. e resolve-se a obrigação.

Caso o devedor seja culpado da impossibilidade no cumprimento da obrigação,


responderá este por perdas e danos.

Ex. Formatura

2.9 Obrigação de não fazer


As obrigações de dar e de fazer são as obrigações positivas e as obrigações de
não fazer são as obrigações negativas, que comprometem o devedor a uma
abstenção.

Ex. a obrigação do locador de não perturbar o locatário, do locatário não sublocar


a coisa.

A abstenção do devedor pode ser limitada ou não, como no caso de venda do


estabelecimento comercial em que o vendedor não pode abrir, na mesma região o
mesmo tipo de negócio.

Normalmente o objeto das obrigações de não fazer caracteriza-se por uma


omissão autônoma, ou ligada à outra obrigação positiva, tendo seu cumprimento a
ser analisado conforme o caso concreto.
Em geral, a extinção da obrigação de não fazer rege-se pelo artigo 250 do C.C. e
depende da caracterização ou não da culpa do devedor.

Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
praticar.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o
credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua
custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou
mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem
prejuízo do ressarcimento devido.

A impossibilidade da execução da obrigação de não fazer pode ser dar, por


exemplo pela obrigatoriedade dos órgão públicos em fazer o que fora acordado a
se abster. Ex. muro divisa.

Caso o devedor descumpra o acordado por culpa exclusivamente sua, pode o


credor requerer o desfazimento sob pena de ser desfeito pelo credor e cobrado do
devedor juntamente com as perdas e danos.

O procedimento a ser adotado, no descumprimento, são os mesmos da obrigação


de fazer no que tange a urgência, tutela antecipatória (art. 461 do CPC), sendo, na
execução, utilizado os procedimento dos art. 642 e seguintes do CPC que reafirma
a norma do Código Civil.

Art. 642. Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado


pela lei ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo
para desfazê-lo.
Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao
juiz que mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por
perdas e danos.
Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação
resolve-se em perdas e danos.
2.10 Das Obrigações Alternativas e Facultativas

2.10.1 – Obrigações cumulativas e alternativas

As obrigações podem ter um único objeto ou ter vários objetos.

As obrigações compostas com vários objetos, ligados pela partícula “e” são
chamadas de obrigações conjuntiva ou cumulativa.

Mais de uma prestação é devida em conjunto dando ao credor o direito de cobrar


todas as obrigações contraídas.

São regidas pelas normas aplicáveis as obrigações de dar.


Quando os objetos das obrigações são ligados pela partícula “ou” são chamadas
de obrigações disjuntiva ou alternativa, neste caso, o devedor está obrigado a
entregar apenas uma das coisas objeto da obrigação.

De acordo com o artigo 252 do C.C. a escolha do objeto a ser entregue cabe ao
devedor se não acordado diversamente.

Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se


outra coisa não se estipulou.
§ 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma
prestação e parte em outra.
§ 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de
opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime
entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a
deliberação.
§ 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não
puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as
partes.

Enquanto não for efetivada a concentração (escolha) o credor não terá qualquer
direito sobre os objetos, não podendo exigir as coisas específicadamente.

As obrigações alternativas possuem as seguintes caracterísiticas:

a) seu objeto é plural ou composto;


b) as prestações são independentes entre si;
c) concedem um direito de opção que pode estar a cargo do devedor, do credor ou
de terceiro e enquanto este direito não for exercido pesa sobre a obrigação uma
incerteza acerca de seu objeto;
d) feita à escolha, a obrigação concentra-se na prestação escolhida.

Como cada objeto alternativo é individual não pode o devedor fracioná-lo e


entregar parte de cada um deles (art. 252 § 1º) e nem o credor pagar o valor de
parte de cada obrigação.

Se uma das obrigações alternativas tornar-se inexiquível ou impossível subsistirá


o débito quanto à outra obrigação (art. 253 do C.C.)

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra .

Quando a obrigação for prestação periódica (mensal, anual, diária e etc.) haverá o
direito do devedor, em cada período, exercer a sua opção. (art. 252, § 2º do CC).

Pode existir ainda, pluralidade de credores e devedores cabendo a estes


acertarem a escolha do objeto, e, caso seja necessária a imposição jurisdicional
será obedecida a regra do artigo 252 § 3 do CPC.
Caso, o devedor não apresente no prazo pactuado a escolha do objeto, será
notificado para fazer em 10 dias, ficando constituído em mora, art. 571 do C.P.C.

Art. 571. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao


devedor, este será citado para exercer a opção e realizar a prestação
dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei,
no contrato, ou na sentença.
§ 1º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no
prazo marcado.
§ 2º Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da
execução.

Se a opção for do credor, este deverá apresentá-la na petição inicial, art. 571 § 2º
do CPC.

Após escolhido o objeto a execução obrigacional será do procedimento simples,


portanto, teremos na execução de obrigação alternativa uma fase processual de
conhecimento para posteriormente a execução propriamente dita.

A obrigação alternativa permite combinar obrigações de dar, fazer e não fazer,


permitindo obrigações múltiplas.

Pode ocorrer ainda, sem que haja solidariedade, que a obrigação seja
subjetivamente alternativa, isto é, que o devedor se libere da obrigação pagando a
um ou a outro credor.

Quando a escolha for determinada a ser feita por terceiro e este não quiser ou não
puder exercer a escolha, ela será deferida pelo Juiz (art. 252, § 4º do CC), não
existindo hipótese de nulidade da obrigação no ordenamento jurídico.

No caso de ambas as prestações se perecerem sem culpa do devedor e antes de


qualquer constituição em mora, extinguem-se a obrigação, art. 256 do C.C.

Se houver culpa do devedor quanto o perecimento das coisas haverá a


indenização por perdas e danos e o credor poderá reclamar o valor de qualquer
das duas.

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações


tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir
a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por
culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis,
poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da
indenização por perdas e danos.

Caso, a culpa pelo perecimento for do credor, embora a regra legal não descreva
a punição, aplicará analogicamente o dever de indenização ao credor.

Quando o perecimento de uma das coisas for por culpa do devedor e outra por
culpa do credor fará a compensação de danos.
Após feita a concentração, escolha, pelo determinado em contrato ou legalmente
não pode haver retratabilidade da escolha.

2.10.2 Das obrigações Facultativas

É aquela obrigação que, tendo por objeto apenas uma obrigação principal, confere
ao devedor a possibilidade de liberar-se mediante o pagamento de outra
prestação prevista no acordo/contrato com caráter subsidiário. Esta obrigação,
embora reconhecida sua existência, não vem regulada no C.C.

Ex. a entrega de 100 sacas de café e sua desobrigação se efetuar a entrega da


cotação do café em soja.

Se diferencia da dação em pagamento ante a desnecessidade na concordância


por parte do credor, a faculdade é do devedor.

Também não é a mesma coisa que a obrigação alternativa que possui dois objetos
principais, na obrigação facultativa há uma obrigação principal e outra facultativa,
que possibilita a substituição do objeto principal.

Na obrigação alternativa a escolha da coisa a ser entregue pode ser de ambas as


partes, credor ou devedor, enquanto que, na obrigação facultativa. a escolha é
sempre do devedor, não existe uma concentração (escolha) da obrigação, mas o
exercício de uma opção.

Ao cobrar a obrigação facultativa, o credor somente pode pedir a obrigação


principal, enquanto que na obrigação alternativa pode fazer pedido alternativo.

As fontes da obrigação alternativas são a vontade das partes e a lei.

No caso de perda da coisa principal, sem culpa do devedor, extingue-se a


obrigação, sendo que o credor somente pode reclamar perda e danos se a
impossibilidade ocorreu após a constituição da mora, não podendo requerer o
pagamento da prestação subsidiária.

Se a perda ou impossibilidade se deu por culpa do devedor o credor pode pedir o


valor da coisa e perdas e danos.

2.11 Obrigações divisíveis e indivisíveis (art. 257 a 263 do C.C.)

Quando o sujeito ativo, ou o sujeito passivo, ou ambos, forem múltiplas pessoas, o


fenômeno da obrigação denomina-se divisibilidade ou solidariedade. (art. 257 do
C.C.)
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas,
quantos os credores ou devedores.

A divisibilidade e indivisibilidade tem como mira a ocorrência de pluralidade de


sujeitos e a forma de cumprimento da prestação da obrigação. (art. 87 e 88 do
C.C.)

Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se
destinam.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes.

As obrigações divisíveis são as obrigações possíveis de cumprimento fracionado e


indivisíveis são aquelas que só podem cumprir em sua integralidade.

Desse modo, havendo mais de um credor, ou mais de um devedor, devemos


observar a prestação: se ela for suscetível de cumprimento fracionado, a
obrigação é divisível, caso contrário, estaremos perante uma obrigação indivisível.

As obrigações indivisíveis possuem os seguintes aspectos:

1) Indivisibilidade material – quando o aspecto do objeto da prestação é indivisível.


Ex. um cavalo.

2) Indivisibilidade jurídica – quando a norma legal não permite a divisão do objeto.


Ex. área de zoneamento do imóvel.

3) Indivisível por determinação das partes – quando as partes convencionam que


a obrigação só poderá ser cumprida por inteiro. (art. 314 do C.C.)

Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode
o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim
não se ajustou.

Quanto aos sujeitos obrigados o ordenamento jurídico regra:

1) Quando há vários devedores, sendo a obrigação indivisível não pode um dos


devedores saldar parte da dívida, art. 259 do C.C.

Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível,
cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor
em relação aos outros coobrigados.
Desta forma, o credor pode acionar todos os devedores, sendo que, a execução
final (penhora) poderá recair sobre os bens de um só com direito á regresso contra
os demais.

2) Podem os devedores ser responsáveis cada um por parte da prestação,


determinada em contrato, desta forma caberá o exame de cada caso concreto
para a solução.

3) Quando os credores forem vários, portanto, solidários e a obrigação indivisível


cada um pode exigir a dívida por inteiro do devedor ou dos devedores.

Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a
dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.

4) O devedor se desobriga se efetuar o pagamento a todos conjuntamente ou a


um deles que garante, através de caução, o pagamento dos demais credores, que
possuem o direito de cobrança deste.

Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos
outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.

5) Se um dos credores remir a dívida (perdoar, transacionar, novar, compensar ou


confundir a dívida) cabe aos demais a cobrança de seu proporcional da dívida.

Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para
com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente.
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação,
compensação ou confusão.

6) Quando uma obrigação se resumir em perdas e danos, perderá o caráter de


indivisível (art. 263 do C.C.) e será cumprida em dinheiro, bem divisível.

Se a culpa da indenização for de todos os devedores responderão por partes


iguais (art. 263 § 1º do C.C.) e se a culpa for de um só apenas este responderá
pelas perdas e danos (art. 263, § 2º do C.C.) e todos responderão pelo
cumprimento da prestação.

7) A suspensão, prescrição, interrupção, nulidade ou defeito da obrigação aplica-


se a todos os devedores.

8) A insolvência de um dos devedores não prejudica o credor que poderá exigir o


cumprimento da obrigação integral pelos demais devedores.

2.12 Obrigações solidárias


São aquelas que o seu objeto pode ser reclamado para qualquer dos devedores
(passiva) ou qualquer dos credores (ativa).

Característica própria da obrigação indivisível, pode ser acordada entre as partes


(vontade das partes) ou prevista em lei.

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de


um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à
dívida toda.
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das
partes.

Existem casos que vários agentes aparecem devendo a totalidade como o


motorista particular que atropela pedestre, agindo com culpa. O proprietário do
veículo responde pela culpa indireta sendo que ambos estão obrigados pela
indenização (obrigação solidum).

Nas obrigações em solidum os liames que unem os devedores ao credor são


totalmente independentes, embora ligados pelos mesmos fatos, podendo a
indenização ser especificada para cada devedor.

As características principais da solidariedade são a unidade de prestação e a


pluralidade e independência de vínculos.

A independência do vínculo dá margens a algumas conseqüências:

a) a obrigação pode ser pura e simples pára alguns dos devedores e pode estar
sujeita á condição, ao prazo ou ao encargo para outros (art. 266 do C.C.)

Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-
credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar
diferente, para o outro.

b) se uma obrigação é nula porque um dos credores é incapaz, por exemplo,


conserva sua validade quanto aos demais.
c) um dos devedores pode ser exonerado de sua parte da dívida, permanecendo a
obrigação para com os demais. Contudo, não devemos ver uma independência
total de vínculos, caso em que haveria somente uma obrigação composta ou
mancomunada, e nunca solidariedade.

A obrigação solidária pode ser ativa (credor) ou passiva (devedor)

Solidariedade ativa vem prevista nos artigos 267/274 que rege as seguintes
regras:

a) Cada credor pode exigir o cumprimento da prestação integral do devedor(es),


art. 267 do C.C.
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro.

b) Enquanto o devedor não for cobrado, pode cumprir a obrigação acordada a


qualquer um deles (art. 268 do C.C)

Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o


devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.

c) O pagamento feito a um dos credores (a compensação, novação e a remissão


da dívida) extingue a dívida até o valor que foi pago (art. 269 do C.C.), sem
prejuízo aos demais credores que poderão aplicar o artigo 272 do C.C.

Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida


até o montante do que foi pago.

Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento


responderá aos outros pela parte que lhes caiba.

d) A constituição em mora feita por um dos cocredores favorece a todos os


demais.

e) A interrupção da prescrição por um dos credores beneficia os demais (art. 204,


§ 1º do C.C.). Já a suspensão da prescrição em favor de um dos credores
solidários só aproveitará aos outrosse o objeto da obrigação for indivisível (art. 201
do C.C). A renúncia da prescrição em face de um dos credores aproveitará aos
demais.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só


aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos
outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou
seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros;
assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os
demais e seus herdeiros.

f) Qualquer credor poderá propor ação para a cobrança de crédito. Outro credor
poderá ingressar na ação na condição de assistente (art. 54 do C.P.C.)

Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez


que a sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário
do assistido.

g) A incapacidade de um dos credores não obsta que a obrigação mantenha seu


caráter solidário a respeito dos demais.

h) Se o credor falecer e deixar herdeiros, caberá a cada herdeiro a cobrança de


sua quota parte do quinhão hereditário.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um
destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder
ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.

i) A constituição em mora do credor solidário, pela oferta de pagamento feita pelo


devedor comum, prejudicará a todos os demais, que passarão a responder, todos,
pelos juros, riscos e deteriorações da coisa.

j) Se a prestação for convertidas em perdas e dano à solidariedade será


preservado, art. 271 do C.C, correndo em proveito de todos os juros de mora.

Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para


todos os efeitos, a solidariedade.

k) O credor que perdoar a dívida ou receber parte do pagamento responde aos


demais credores pela parte que lhes cabia, art. 272 do .C.C, com direito á ação
regressiva.

Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento


responderá aos outros pela parte que lhes caiba.

l) Quando um dos credores possuir débito ao devedor não pode o devedor


ingressar com exceções pessoais perante os demais credores.(art. 273 do C.C.)

Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções
pessoais oponíveis aos outros.
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os
demais; o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em
exceção pessoal ao credor que o obteve.

A extinção da solidariedade ativa termina com o pagamento perante qualquer dos


credores, pela novação (art. 360/367 do C.C.), pela compensação (art. 368/380) e
pela remissão (art. 385/388 do C.C.)

Novação:
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e
substituir a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao
antigo, ficando o devedor quite com este.
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a
segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.
Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada
independentemente de consentimento deste.
Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou,
ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a
substituição.
Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre
que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao
credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em
garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação.
Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários,
somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as
preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários
ficam por esse fato exonerados.
Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso
com o devedor principal.
Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto
de novação obrigações nulas ou extintas.

Compensação:
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da
outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de
coisas fungíveis.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das
duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na
qualidade, quando especificada no contrato.
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe
dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao
afiançado.
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não
obstam a compensação.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação,
exceto:
I - se provier de esbulho, furto ou roubo;
II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;
III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Art. 374. (Revogado conforme determinado na Lei nº 10.677, de 22.5.2003,
DOU 23.5.2003)
Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a
excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas.
Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa
dívida com a que o credor dele lhe dever.
Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a
terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação,
que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe
não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do
crédito que antes tinha contra o cedente.
Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se
podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis,
serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à
imputação do pagamento.
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O
devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito
deste, não pode opor ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio
credor disporia.

Remissão da dívida:
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação,
mas sem prejuízo de terceiro.
Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito
particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor
for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.
Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do
credor à garantia real, não a extinção da dívida.
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na
parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a
solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem
dedução da parte remitida.

Também é forma de extinção da solidariedade o pagamento por consignação (art.


334/345, a confusão quando uma pessoa figura tanto na qualidade de credor e de
devedor (art. 381/384) e a transação que se caracteriza pela extinção do débito
mediante concessões recíprocas (art. 840/850)

Consignação
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito
judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma
legais.
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente,
ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister
concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os
requisitos sem os quais não é válido o pagamento.
Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto
que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for
julgado improcedente.
Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as
respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as
conseqüências de direito.
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo,
embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e
fiadores.
Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito,
aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe
competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados
os co-devedores e fiadores que não tenham anuído.
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue
no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou
mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele
citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada
a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á
como no artigo antecedente.
Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão
à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.
Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante
consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo
conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se
pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a
consignação.

Confusão
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se
confundam as qualidades de credor e devedor.
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de
parte dela.
Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só
extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na
dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.
Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus
acessórios, a obrigação anterior.

Transação
Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio
mediante concessões mútuas.
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a
transação.
Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a
lei o exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair
sobre direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por
termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se
transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.
Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela
intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível.
§ 1º Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.
§ 2º Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação
deste para com os outros credores.
§ 3º Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida
em relação aos co-devedores.
Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou
por ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela
transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo
direito sobre a coisa renunciada ou transferida, a transação feita não o inibirá
de exercê-lo.
Art. 846. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não
extingue a ação penal pública.
Art. 847. É admissível, na transação, a pena convencional.
Art. 848. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.
Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos
contestados, independentes entre si, o fato de não prevalecer em relação a
um não prejudicará os demais.
Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto
à pessoa ou coisa controversa.
Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito das
questões que foram objeto de controvérsia entre as partes.
Art. 850. É nula a transação a respeito do litígio decidido por sentença
passada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos transatores, ou
quando, por título ulteriormente descoberto, se verificar que nenhum deles
tinha direito sobre o objeto da transação.
A solidariedade passiva é aquela que obriga todos os devedores ao pagamento
total da dívida e vem prevista nos artigo 275/285 que regulam:

a) O credor(es) tem autonomia para reclamar para qualquer dos devedores a


totalidade da dívida, art. 275 do C.C.

Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos


devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido
parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo
resto.
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.

No caso do artigo 127 da lei 11.101/05 (falência), os credores da obrigação


solidária concorrerão solidariamente pela totalidade do crédito ás massas dos
respectivos coobrigados falidos até o pagamento integral.

A mesma regra se aplica nos processos de insolvência civil.

Quando o devedor é solidário aceita-se a intervenção no processo como


assistente (art. 54 do C.P.C.)

b) O falecimento de um dos devedores solidários não extingue a solidariedade, os


herdeiros serão obrigados somente na quota da herança, art. 276 do C.C.

Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros,


nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos
reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos
demais devedores.

c) O pagamento parcial também pode ser efetuado, assim como a remissão, art.
277 do C.C.

Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por
ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência
da quantia paga ou relevada.

Recebido parcialmente a dívida o credor somente pode cobrar a diferença, desde


que, com concordância do credor em receber a parcialidade da dívida.

Quando o credor perdoa a dívida em relação a um dos devedores solidários, isso


não faz com que a dívida desapareça com relação aos demais devedores, que
permanecem vinculados á solução da dívida.

d) Ninguém será obrigado a mais do que desejou, a não ser que concorde
expressamente, art. 278 do C.C.
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada
entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição
dos outros sem consentimento destes.

e) Se a impossibilidade do cumprimento da obrigação decorrer da culpa (art. 908


do C.C.) de um dos devedores solidário, todos terão o encargo de pagar o
equivalente com juros da mora, caso exista, no entanto, a perdas e danos restará
somente ao culpado que poderá ser cobrado em ação regressiva. (art. 279/280 do
C.C.)

No caso fortuito e de força maior, na prestação já em mora, os devedores


respondem pelos riscos. (art. 399 do C.C.)

Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores


solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas
perdas e danos só responde o culpado.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a
ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos
outros pela obrigação acrescida.
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação,
embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se
estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que
o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente
desempenhada.
Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem direito a
obter do emitente a substituição do anterior, mediante a restituição do
primeiro e o pagamento das despesas.

f) As exceções pessoais não se aproveitam aos demais codevedores.

Exceção – forma e meio de defesa


Exceção comuns ou reais – situações de inexistência da obrigação, quitação,
ilicitude da obrigação, ausência de forma prescrita, prescrição, extinção da
obrigação.
Exceções pessoais – que não atingem nem contaminam o vínculo dos demais
devedores.
Ex. alegações de erro do negócio jurídico

Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe
forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções
pessoais a outro co-devedor.

g) O credor pode renunciar a solidariedade em favor de alguns ou de todos os devedores,


subsistindo contra os demais.

Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns


ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais
devedores, subsistirá a dos demais.

O devedor que satisfazer a dívida inteira tem o direito de regresso contra os


demais devedores, dividindo-se igualmente por todos, mesmo os insolventes.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de
cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a
do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de
todos os co-devedores.
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os
exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação
incumbia ao insolvente.

Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos


devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.

A solidariedade ativa ou passiva pode desaparecer da seguinte forma:

Na solidariedade ativa, os credores podem abrir mão da solidariedade, da mesma


forma que criaram, através de convenção das partes.

No caso da solidariedade passiva, na hipótese de falecimento do devedor aplica-


se o art. 276 do C.C. respondendo os herdeiros pelo quinhão da herança.

2.13 – Obrigações Principais e Acessórias

A noção de acessória e principal vem descrita no artigo 92 do C.C.

Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente;
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.

As obrigações que nascem e existem por si mesma são chamadas de obrigação


principal e aquelas que surgem unicamente para se agregar a outras, são
obrigações acessórias.

As obrigações acessórias e principal podem existir por vontade das partes ou pela
lei, existindo ou não no instrumento.

São comuns as obrigações acessórias convencionadas: de direito de garantia


(fiança), de garantia pessoal, de penhor, de hipoteca e garantias reais

Quanto às garantias legais destaca-se a evicção (riscos da compra – art. 447 do


C.C.), os juros entre outras.

As obrigações acessórias se extinguem com a obrigação principal e sua eficácia


também extingue com a decretação da nulidade do negócio jurídico.

Ex. contrato nulo por incapacidade do contratante.


Quando há transferência da obrigação principal, transfere-se a obrigação
acessória, com a ressalva da fiança que não admite interpretação extensiva por
ter como base a confiança.

2.14 Obrigações líquidas e ilíquidas

Líquida - é a obrigação certa e determinada, ou seja, certa quanto à sua existência


e determinada quanto à sua qualidade, quantidade, natureza e objeto. É aquela
cuja existência é certa e cujo valor é conhecido.

Ex. Ações de execução que só é possível quando a obrigação é líquida.

Ilíquida - é a obrigação que depende de prévia apuração para a verificação de seu


exato objeto, para posterior liquidez e execução.

A liquidação das obrigações pode ser:

a) liquidação por cálculos (art. 475-B do CPC) - é aquela realizada por simples
cálculo aritmético.

b) liquidação por arbitramento (art. 475-D do CPC) - é aquela que depende de


conhecimento técnico para sua apuração (pericia) ou decorre de determinação da
sentença ou convenção das partes.
Ex. condena o réu a pagar o valor de uma máquina que se perdeu.

c) liquidação por artigos (art. 475-E do CPC) para determinar o valor da


condenação, houver a necessidade de alegar e provar fato novo.
Ex. prova de prejuízo causado.

2.15 Obrigações condicionais

São condicionais as obrigações cujo efeito está subordinado a um evento futuro e


incerto. Já que condição é evento futuro e incerto, de que depende a eficácia do
negócio jurídico, (art. 121), da sua ocorrência é que depende o nascimento ou a
extinção de um direito.

Ex. No direito de família é que vamos encontrar a maioria dos direitos puros,
aqueles que admitem condições (o casamento, o reconhecimento de filiação).
Ex. Obrigação de dar uma viagem a alguém quando esta pessoa passar no
vestibular (condição)

2.16 Obrigações Modais

É a obrigação que se encontra onerada com um modo ou encargo, isto é, por


cláusula acessória, que impõe um ônus à pessoa natural ou jurídica contemplada
pela relação creditória.
Ex. obrigação imposta ao donatário de construir no terreno doado um prédio para
escola; pode ter por objeto uma ação (dar ou fazer) ou uma abstenção (não fazer).

2.17 Obrigações a Termo

É aquela em que as partes subordinam os efeitos do ato negocial a um


acontecimento futuro e certo, o termo é o dia em que começa ou se extingue a
eficácia do negocio jurídico.
O termo pode ser iniciais, finais, certos e incertos, se a execução tiver de ser feita
em local diverso ou depender de tempo à obrigação só poderá ser exigida depois
de espirado o termo.

2.18 - Obrigações de juros

Juros são a remuneração que o credor pode exigir do devedor por se privar de
uma quantia em dinheiro.

Os juros podem ser:

Convencionais - acordados entre as partes;


legais - previstos na legislação;
Moratórios ou compensatórios - pelo inadimplemento da obrigação em
compensação de prejuízos.

A Constituição federal estabeleceu o limite anual de 12% para os juros (art. 192, §
3º), no entanto, a Suprema Corte entende, para o controle da economia do país,
que esta norma não é autoaplicável, tendo os juros norma em branco a se
aplicável conforme a conjuntura econômica da época de fixação.

O princípio de juros aplicável vem descrito no artigo 406 do C.C.

Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem


sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão
fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de
impostos devidos à Fazenda Nacional.

Os juros nos casos de obrigações líquidas e certas serão aplicáveis á partir da


interpelação ou notificação, art. 397 do C.C.

Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo,


constitui de pleno direito em mora o devedor.

Nos casos de obrigações negativas, deixar de fazer algo, os juros iniciam á partir
do momento que o obrigado deixou de cumprir com sua obrigação. (art. 390 do
C.C)

Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente


desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Em casos de ato ilícito, os juros são desde o cometimento do ato ilícito (art. 398 do
C.C.).

Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor


em mora, desde que o praticou.

Nas obrigações que não eram originariamente em dinheiros, mas se transformam,


os juros serão desde a fixação do valor na sentença ou acordo. (art. 405 do C.C.)

Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

Nas obrigações ilíquidas os juros serão aplicados desde a citação da peça


exordial.

2.19 Anatocismo

Constitui-se na contagem de juros sobre juros (ana = repetição, tokos = juros)

Em regra é proibido pelo ordenamento jurídico, Decreto n.º 22.626/33.

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