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discussão, Vaz Serra, cit., pp. 152-153, propôs um artigo que resolvia o problema
de uma forma geral.
Acontece, porém, que, face ao art. 286.º, este afigura-se pleonástico: havendo
interesse de um credor (terceiro interessado), tem este legitimidade para inter-
por a ação de nulidade.
2. O termo insolvência usado neste preceito não o está no seu senfido téc-
nico: não se em'ge que o devedor “se encontre impossibilitado de cumprir as
suas obrigações vencidas” (art. 3.º, n.º l, CIRE), apenas se exprimindo a ideia de
que a situação patrimonial do devedor tende a apresentar um passivo superior
a0 ativo.
SUBSECÇÃO ll
- Suh-rogaçãn do credor ao devedor
Bibliografia geral: A. VAZ SERRA, “Responsabilidade patrimonial” in BM] n.° 75, 1958,
pp. S a 410; M. LIMA REGO, “As partes processuais numa ação em sub-rogação” in Themis
mº 13, 2006, pp. 13 63 a 108.
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Não obstante a sua designação mais popular, esta figura é na verdade uma
competência jurídica de direito substantivo passível de ser judicial ou extraju-
mas enquanto naquela sub-rogação é o próprio direito que transita entre esferas
jurídicas, na figura ora em análise a substituição não atinge a titularidade, res-
peitando apenas ao exercício o direito.
Por força do princípio da par candido credítorum (art. 604.º), a atuação em
sub-rogação assume uma natureza indireta ou Oblíqua. Não se permite, em caso
algum, a existência de deslocações patrimoniais diretas entre a esfera jurídica
do terceiro e a do credor. O resultado do seu exercício, pelo credor, terá como
destino imediato, ainda que porventura transitório, a esfera jurídica do devedor
(art. 609.°).
do CC italiano de 1942.
2. A atuação em sub-rogação envolve uma ingerência não autorizada em
esfera alheia, configurando uma resuição ao direito fundamental de livre desen-
volvimento da personalidade CRP), base da tutela constitucional
(art. 26.”, n.° 1,
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gações nos casos em que o credor tem em vista, simplesmente, facilitar uma
futura penhora fazendo entrar no património do seu devedor bens mais facil-
mente executáveis.
Quando a atuação em sub-rogação visa assegurar, diretamente, a possibili-
a prazo”. Tendo o prazo sido fixado em beneficio do credor, nada obsta a uma
atuação em sub-rogação. Sendo a obrigação pura, a obrigação é exigível a todo o
tempo (art. 777.º, n.° 1), não dependendo a faculdade de atuar em sub-rogação
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da prévia ocorrência da interpelação, visto que esta apenas releva para efeito de
entrada do devedor em mora, e não para a exig‘bilidade da obrigação.
Quer a obrigação seja pu.ta, quer seja a prazo, pode ainda dar-se o caso de
o negócio em que a obrigação se insere se subordinar, no todo ou em parte, a
uma condição suspensiva, caso em que os seus efeitos ainda não se produziram
(art. 270.º). Na pendência da condição, as obrigações aínda não se constituí-
ram na esfera das respetivas partes, não sendo, obviamente, exigveis, pelo que
o seu titular, que verdadeiramente aínda não o é, não pode, em regra, atuar em
sub-rogação.
Esta regra apenas será afastada, permiu'ndo-se ao credor uma atuação em
sub—rogação, se este mostrar “ter interesse em não aguardar a veriãcação da
condição ou o vencimento do crédito”. Significa isto que, para atuar em sub-
-rogação, o credor terá de demonstrar que a espera lhe causaria um prejuízo
irremediável, retirando ou diminuindo visivelmente a utilidade prática da sua
intervenção.
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celebração de um conuato, ainda que por intermédio do m'bunal, que não seja
imediatamente oponível a ambos os contraentes.
2. Este litisconsórcio corresponde a um litisconsórcio recíproco, uma vez
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ceiro e a do credor. Por conseguinte, este instituto não põe em causa o princípio
dapar candido creditorum.
Na eventualidade de um credor exercer, em sub—rogação, o direito do devedor
a reclamar o pagamento de uma dívida de terceiro, e em resposta a essa exigência
o terceiro cumprir a obrigação a que estava adstrito, pagando o que devia, o bem
em causa passa a integrar o património do devedor, podendo vir a ser aproveitado,
quer pelo credor sub-rogante, quer pelos restantes credores daquele devedor.
Note-se que, em concreto, o resultado da atuação em sub—rogação não aproveita,
necessariamente, a todos os credores, e muito menos a todos por igual. O pre-
ceito em análise não altera nem reforça ou antecipa o fimcionamento do disposto
no art. 604.°. Apenas esclarece que o protagonismo assumido pelo credor sub-
-rogante no processo causal que originou a entrada de um bem no património do
devedor não lhe confere nenhuma vantagem, não alterando a sua posição relafiva
perante os demais em eventual procedimento de graduação de créditos.
2. Atendendo à natureza indireta da atuação em sub-rogação, é inteiramente
possível o credor sub-rogante acabar por não conseguir fazer-se pagar com o
resultado do seu esforço, tendo o bem que fez entrar no património do devedor
outro destino último que não o seu património. Assim é, desde logo, porque
com a atuação em sub-rogação o credor sub-rogante não paralisa a faculdade,
genericamente reconhecida ao devedor, de dispor do seu património, nele se
incluindo o que nele haja entrado em resultado da atuação em sub-rogação.
Não existe neste reg‘me nada de semelhante ao disposto no art. 622.º, n.º 1. Mas
também porque pode qualquer outro credor adiantar—se-lhe, propondo uma
ação executiva contra aquele devedor e passando a gozar da preferência que lhe
advém de uma penhora, ou de eventual arresto que a haja precedido (art. 822.º).
ou o credor sub-rogante cumula a sua atuação em sub-roga-
Isto significa que,
SUBSECÇÃO III
— Impugnação pauliana
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