Você está na página 1de 14

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL

DA COMARCA DE MOGI MIRIM/SP

Processo Judicial sob nº 1001649-92.2022.8.26.0363

LEONARDO LEITE FURINI, já qualificado nos autos em epígrafe,


em trâmite perante este Juízo, através de sua advogada, que a esta subscreve, vem,
respeitosamente, com maxima data venia, perante Vossa Excelência, apresentar

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

Em face de SERVIÇOS AUTÔNOMO DE ÁGUA E ESGOTO DE MOGI MIRIM, já


devidamente qualificado em epígrafe, pelos fatos e fundamentos expostos a seguir, afim de se
opor a manifestação dos réus de fls. (162/176), espelhando-se na verdade dos fatos e no
ordenamento jurídico nacional, ofertar os presentes argumento

I – DA TEMPESTIVIDADE

Salienta-se que a presente réplica é devidamente tempestiva, haja


vista que o prazo para sua apresentação é de 15 (quinze) dias úteis, contados da intimação do
autor, nos moldes dos Arts. 218, e ss. c/c Art. 350, caput do Código de Processo Civil de 2015.

II – DA REALIDADE FÁTICA
1. A autarquia Ré produziu prova contra si mesma, quando confirmou e
ratificou a existência de defeito técnico, proveniente do aparelho medidor, conforme fls. 137
dos autos. Mesmo assim, se mantém inerte, sem solucionar o problema criado pela ingerência,
má administração dos recursos públicos e ineficiência da prestação de serviços. O que
ocasionou enorme prejuízos ao autor;

2. O triste de toda situação fática, é a forma que a autarquia Ré costuma


tratar seus consumidores, de maneira arbitrária, impositiva, se respaldando na presunção do
Princípio da Legalidade, como se a Administração Pública fosse soberana no tratamento
jurídico com relação ao simples consumidor, que por sua vez é um trabalhador e também
contribuinte de impostos. Caberia a Administração à luz dos Princípios da Moralidade e
Eficiência, tratar todo e qualquer cidadão de maneira igualitária e prestando serviços à
população com máxima perícia, cautela e eficiência;

3. Dito isso, fica impossível não dizer que houve falha na prestabilidade
do serviço, uma vez que é fato, notório, irrefutável, incontestável e comprovado nos autos ,
que a empresa não cumpriu as normas Técnicas do INMETRO Portaria sob nº 295/2018;
as normas de serviços dispostas na Agência Reguladora ARES-PCJ, as normas da
legislação consumerista e por fim, as provas cabais e materiais anexas aos autos, que provam o
defeito técnico do aparelho medidor, além da falha na política da empresa em solucionar o
problema;

4. A presunção de legalidade e legitimidade administrativa são


instrumentos que só se consumariam, nas hipóteses dos consumidores não provarem que seu
direito foi lesado em razão da má prestação de serviços da empresa concessionária ou
autarquias. Resta claro que houve abusos e irregularidades cometidas pelo SAAE, que não
cumpriu as disposições legais e

técnicas, e foi responsável por omissão de seus deveres e obrigações, por todo prejuízo
suportado pelo autor;

5. Se não bastassem a cobrança abusiva, que muito se afasta da realidade


de consumo de água do autor, a empresa Ré propõe de maneira argilosa e capciosa, suposições
acerca do que haveria ocorrido, sem qualquer comprovação daquilo que foi dito;

6. Busca insensatamente fugir de suas responsabilidades, apresentando


hipóteses ao juízo, sem provas. A justiça não se move a partir de obscuridades e incertezas, toda
verdade deve ser provada, fato que torna possível concretizar uma resposta jurisdicional justa,
transparente e eficiente;

7. A empresa Ré mesmo tendo conhecimento da suspensão da


exigibilidade das cobranças dos meses de Março e Abril de 2022, seus funcionários foram a
residência do Autor, com notificação de corte de ligação, para pagamento no prazo de 30 dias,
sob pena de corte. Diante da situação, os funcionários do SAAE quiseram destruir a calçado do
Autor e realizar a interrupção forçada do fornecimento de água, fato este não ocorreu em
decorrência da vizinha do Autor, ter intervindo e avisado que não poderiam realizar tal feito,
sem que o proprietário da casa Leonardo, soubesse da ocorrência;

8. É possível entender como a autarquia age sem se preocupar com as


consequências, ignorando toda e qualquer norma e além disso, trata um consumidor e
contribuinte de impostos de forma desumana e covarde, ao exigir que seja interrompido o
fornecimento de água, sem ao menos apurar a questão de mérito da presente ação.

III – DA CONSTRUÇÃO ARGUMENTATIVA

a) DO DEFEITO DO MEDIDOR DE CONSUMO

1. É inegável que o medidor se encontra descalibrado,


inutilizável diante de sua finalidade e com defeitos que lesam o direito do consumidor. Por
inúmeras provas e argumentos incontestáveis, verifica-se a culpa da empresa Ré pelas falhas de
prestabilidade, que por conseguinte causaram enormes prejuízos ao Autor.

2. A empresa Ré alega que o autor declara que o hidrômetro


possui 12 anos desde a sua última instalação. Fato esse inverídico, visto que a afirmação foi
proferida por funcionária do própria Autarquia em face de atendimento no dia
31/03/2022, conforme áudio gravado anexo.
https://drive.google.com/file/d/1SkgUvEucOOxycxkD-rqM1AV6eMARFBr8/view?
usp=sharing
3. A empresa Ré acredita e entende que o medidor possui prazo
certo para manifestação de seu defeito, a ponto de torná-lo totalmente ineficaz. A situação que
se apresenta nesse Juízo, é um claro descumprimento das normas técnicas e de serviços, que
visam a manutenção e integridade do aparelho de medição, que fica inteiramente a
responsabilidade da atuação da empresa Ré.

4. O defeito não tem hora certa para aparecer, muitas vezes um


aparelho, máquina ou equipamento possuem um defeito técnico que não é possível ser detectado
pelo consumidor, em razão do desconhecimento técnico. Esse defeito se arrasta durante um
largo período de tempo, até que em um momento, ele se manifesta de forma agressiva e
aparente, a ponto de prejudicar todas as funções e finalidades, das quais foi programado para
fazer. No caso em tela o problema, se agravou a partir de março e abril de 2022.

5. Da mesma forma, ocorre por exemplo com um veículo, que por


mais que o proprietário saiba ser necessário manutenções periódicas, ele não o faz, até que em
um momento imprevisível, ocorre um acidente devido problemas ordem técnica. Inutilizando o
veículo, a ponto deste ficar sem realizar circulação.

6. O SAAE possui funcionários competentes e técnicos e a


qualquer momento poderiam estar realizando as vistorias e manutenções periódicas.
Ocorre que eles nunca o fizeram, não só com autor, mas com a população em geral. A atitude do
SAAE é esperar o problema acontecer, jogar toda a responsabilidade nas costas do
consumidor e saírem ilesos pela tangente.

7. Além do mais, foi afirmado com veemência pelo técnico do


SAAE, que efetuou a visita, que nos meses de março e abril de 2022, poderia ter ocorrido
aferições acima do normal, muito exorbitantes em razão do aparelho se encontrar
descalibrado, conforme gravação da visita no dia 14 de abril de 2022, conforme áudio gravado
anexo.

8. O SAAE afirma de maneira discriminatória, abusiva e


desrespeitosa, quando se refere ao profissional que efetuou os serviços de verificação e detecção
de vazamentos na casa do autor. Muito admira, uma autarquia do Poder Público ter preferências
sob os profissionais que prestam serviços aos consumidores. Aliás, contratados e pagos pelos
consumidores, pois além de correr às pressas, atrás de profissional que fizesse serviço com
urgência, pois funcionários do SAAE, instigaram e reclamaram que havia um vazamento
enorme em sua residência. Ainda todas as despesas ficam a encargo do consumidor, não apenas
da prestação de serviço, mas também as despesas com cartório para reconhecimento de firma.
Para simplesmente, alegarem que o profissional não é capacitado e especializado.

9. O fato do profissional morar nas proximidades da residência do


Autor, não o desqualifica ou o diminui. Pois bem se o SAAE possui inúmeros profissionais
especializados e competentes, Por Quê nunca se comprometeram a fazer uma visita técnica
para aferir se há ou não vazamentos na residência do Autor ??? (detalhe o Autor
sugestionou tal situação, mas a funcionária do SAAE alegou que a autarquia jamais faria tal
serviço, que era um encargo exclusivo do consumidor).

b) DO SUPOSTO VAZAMENTO

1. A empresa Ré nunca se prontificou de fato em agir com


transparência e eficiência para sanar qualquer problema apresentado pelo Autor. Haja vista que
se duvidou da veracidade das informações prestadas pelo autor, poderia ter encaminhado
profissional de sua confiança para averiguar a situação, além disso a empresa Ré se utilizou de
mecanismo sem eficiência e procrastinatório, que são as verificações de vazamentos, o
consumidor precisa passar dias fazendo anotações para constatar algo que já era visível, que não
há qualquer vazamento na casa do autor.

2. O teste em qualquer momento detectou ou provou a existência


de vazamentos, até porque todos os números apresentados não indicam consumos excessivos,
um teste falho que não condiz a realidade já como dito pelo técnico, o relógio não marcava o
consumo preciso de água, pois estava plenamente descalibrado com defeitos técnicos. O teste só
foi uma grande perda de tempo e frustação para autor, que teve que fazer dois testes sem
necessidade alguma, já que havia contratado profissional, que declarou a inexistência de
vazamentos no local.

3. O absurdo e ridículo é a empresa Ré criar uma celeuma jurídico,


sem qualquer comprovação, sem qualquer fundamentação plausível e propagando uma confusão
lógica-argumentativa. Quando acusa o autor de deixar a torneira aberta ou deixar a privada
ligada por um período de tempo absurdo. Pelo valor da conta deveria nessa hipótese falaciosa o
autor ter deixado o mês inteiro. Não faz sentido nenhuma dessas argumentações, visto que o
autor trabalha de segunda à sábado, todas as semanas e fica em casa durante o período da noite e
poderia ter identificado qualquer situação aparente que esteja irregular, como uma simples
torneira ou um vaso sanitário.
4. Se não bastassem a ré acusar o autor com uma SUPOSIÇÂO
TRANSLOUCADA, admite não saber como ocorreu a situação. É estarrecedor e vergonhoso,
apresentar algo tão leviano que não chega a nenhuma conclusão lógica. O interessante que a
autarquia Ré a todo instante cria teorias sem pé e sem cabeça para se isentar da responsabilidade
que tem com relação ao consumidor. Aliás, Excelência lembra-se que o SAAE deveria ter
trocado o dispositivo de medição em 2017, como segue a Portaria 295/2018 do INMETRO e
realizar manutenções periódicas, que nunca foram cumpridas todos esses anos e dito isso, pode-
se observar que a empresa ré lesiona e ignora todo
e qualquer direito associado aos consumidores no município, já que há diversas ações que a
empresa foi condenada por desrespeitar essas garantias.

5. Outra questão a se pontuar, é o fato da empresa Ré alegar que


caberia ao Autor provar através de Perícia Técnica a comprovação se há ou não vazamento. O
autor dentro de suas possibilidades financeiras agiu com coerência provando o defeito técnico
do Hidrômetro por inclusive constatação da própria empresa Ré e nunca se negou a aceitar
perícia técnica, já que inclusive se prontificou na exordial, ao contrário da empresa Ré que não
produziu prova alguma para sustentar aquilo que alega, mesmo que na relação consumerista esta
se perfaz de posição superior ao consumidor, no que tange a facilidade de produção de provas.

6. Outra farta mentira criada pela empresa Ré, é alegação que o


Autor não autoriza a troca do Hidrômetro e que este nunca se encontra na sua moradia. A
princípio há de esclarecer que o Autor não se encontra em sua residência, pois trabalha, exerce
uma atividade profissional, o que justifica o fato de não estar na casa e justamente o fato de não
ter consumido, aquela quantidade absurda de água. O SAAE tem pleno conhecimento disso,
haja vista o aviso no documento de fls. 83 e a mesma possuir o telefone do Autor.

7. Outra ilação falsa é com relação a autorização do Autor para


troca do hidrômetro, a empresa Ré nunca notificou de fato o autor, visto que os funcionários
jogam as notificações, sem ao mesmo perceber a anuência do Autor. Além disso a medidor com
defeito é prova inequívoca, cabal e judicial, para a comprovação dos defeitos alegados pelo
autor. A empresa ré tenta de maneira demasiada retirar a prova da “cena do crime”, ou seja, a
prova que os condena, pelo fato de que o aparelho está em condições de pura inutilização, por
falta de manutenção e vistorias técnicas, cuja responsabilidade é total da autarquia.

c) DA VISTORIA POR PROFISSIONAL DO SAAE


1. No dia 14 de abril de 2022, o profissional do SAAE que não se
identificou no Laudo de Vistoria, se dirigiu à residência do Autor, já que este tinha combinado a
data e horário com o Autor, através de um telefonema.

2. Quando recepcionado pelo Autor, o funcionário da SAAE


retirou o medidor e falou que iria fazer a vistoria dentro do SAAE, e só depois iria trazer o
aparelho de volta. Estranha situação, pois pela Norma de Serviço da Resolução ARES-PCJ sob
nº 276, de 29/01/2019, no Art. 72, §1º; trata que a vistoria deve ser realizada de maneira que o
consumidor acompanhe todo processo e seja testemunha ocular, da ocorrência. Situação fática
que não ocorrera, haja visto que foi realizada a vistoria às escuras sem presença do consumidor,
conforme gravação em áudio https://drive.google.com/file/d/1RQl36mK4-
WdLmnKNa3dAdHWTArQ7N985/view?usp=sharing

3. Não houve transparência e muito menos boa-fé da empresa Ré


que omitiu a possibilidade do consumidor analisar e verificar os procedimentos que iriam fazer
no hidrômetro. Aliás, após essa vistoria, a autarquia alega que normalizou o medidor, fato
curioso senão controverso, o que garante que a autarquia não modificou, adulterou, consertou
ou alterou a condição do medidor para que este funcionasse de maneira normal. Uma questão é
resta claro, que deveria ser levada em consideração, pois é fato que o medidor foi levado da
residência do consumidor, e este não tem noção do que fizeram com o aparelho nas
dependências do SAAE.

4. São tantas contradições que a Ré se propõe a confundir a


cabeça da Nobre Julgadora, criando uma cortina de fumaça, para mascarar a verossimilhança
dos fatos.
5. Não se pode esconder o fato que nesses 12 anos a empresa Ré
jamais se preocupou a realizar a regular troca dos medidores. Neste período, tinha que ser
trocado pelo menos 2 vezes, pois todos vizinhos ou melhor a vizinhança em geral, tiveram seus
hidrômetros trocados a cada 5 anos, inclusive um funcionário do SAAE que mora nas
proximidades, relatou e confirmou que o SAAE, estava trocando o hidrômetro de todas as casas.
Infelizmente, é indubitável a falta de profissionalismo, seriedade e a má prestação de serviços
da Ré com relação ao Autor. https://drive.google.com/file/d/1uypR-pE-
BifyWEn5fdr3xP4LEN3lcNdU/view?usp=sharing

6. É impossível que neste período de 12 anos, nunca o SAAE


pensou em notificar o autor, ou melhor, colocar um aviso de troca no campo amarelo da
conta, onde é reservado as anotações para o consumidor. O que demonstra completa
ingerência e dificuldade de organização da autarquia, que se preocupa em enriquecer diante do
monopólio do de um recurso essencial, em detrimento de consumidores que são constantemente
lesados pela fornecedora.

7. Uma situação que chama muita atenção que o SAAE só poderia


cobrar taxa de vistoria do consumidor, caso fosse feito nova vistoria em órgão metrológico
oficial, situação essa que nunca foi oferecida ao consumidor, uma vez que a autarquia não
gostaria que certificasse o erro grasso que se encontra no medidor e a possibilidade de a
autarquia arcar com a situação decorrente da constatação do defeito técnico através de órgão
Oficial.

8. O SAAE faz cobrança indevida com relação a conta do mês de


Junho, a qual cobra um valor de R$ 43,61 (quarenta e três reais e sessenta e um centavos),
referente a aferição do Hidrômetro. Detalhe esse valor só seria cobrado, se fosse encaminhado
para o Órgão de Medição Oficial (INMETRO), o que não aconteceu e se não bastasse foi
confirmado pelos funcionários da própria Autarquia, que não seria cobrado tal taxa, se houvesse
constatado defeito, como pode ser verificado no próprio Laudo de Vistoria.

9. A autarquia Ré poderia ter tomado diversas atitudes para


solucionar a situação em questão, mas lamentavelmente sua inércia foi decisiva para causar todo
dano suportado pelo autor e inclusive as ameaças de desligamento de sua água, visto que não se
trata de uma questão normal de inadimplência, mas sim uma situação que está sendo
questionado os métodos e a eficácia da prestação de serviços do SAAE, somados à acurácia e
precisão da aferição do medidor de água da residência do autor.

d) DO DANO MORAL E TUTELA DE URGÊNCIA

1. Resta mais do evidente todo arsenal probatório trazido pelo


Autor, junto aos fatos irrefutáveis na exordial e as confissões da empresa Ré, que houve
prejuízos ao Autor não apenas no aspecto material/patrimonial, mas também com relação ao
sofrimento emocional e psicológico de ser cobrado abusivamente, além de sofrer diversas vezes
pelo medo de ter sua água cortada de maneira injusta e arbitrária.

2. A empresa Ré deixou de cumprir com suas responsabilidades


como autarquia, desrespeitando e violando garantias do consumidor. Assim como já
mencionado na exordial, em nenhum momento em sede de Contestação, a empresa Ré refuta o
fato de descumprir as normas do INMETRO, as normas de Serviços da ARES-PCJ e as normas
do Digesto Material Consumerista.

3. O trinômio do Dano Moral está mais que configurado, visto que


houve o Dano como já comprovado, há um agente causador e o Nexo de Causalidade, está
relacionado ao fato de esse agente possui responsabilidades objetivas da prestabilidade de
serviços, no que se refere a legalidade, cumprimento das normas e leis, eficiência, a
transparência, a morosidade e a falta de medidas satisfatórias para sanar e solucionar os
problemas.

4. Como poderia a empresa Ré alegar que não houve Dolo nos


Danos causados, se a própria autarquia tentou destruir a calçada do autor sem ao menos cumprir
a Decisão judicial que suspende a exigibilidade da cobrança das contas de março e abril. Além
do mais, não respeitando o período de mora de 30 dias da Notificação, que o autor nunca
chegou a assinar. Se não fosse a vizinha, estaria destruído a calçada e desligariam o
encanamento e acesso de água.

5. Todo esse sentimento de frustração, injustiça e indiferença, foi


o gatilho para que Vitor Guglinski, especialista em Direito do Consumidor, trabalhasse na Tese
da Perda do Tempo Útil e do Desvio de Propósito. Tese que espelha a ideia, de que é
inadmissível, que o consumidor enfrente verdadeiras e duradouras batalhas para tentar ver seus
direitos respeitados.

6. Conforme suas palavras: “É um tema que faz parte desde


sempre nas relações de consumo. O tempo que o consumidor desperdiça para poder
solucionar eventuais demandas de consumo, junto aos fornecedores, é algo que já vem
merecendo atenção no Brasil, desde meados dos anos 2000.”

7. Como se pode observar, o tempo desperdiçado tem sido


considerado nos diversos Tribunais espalhados do país, como um agravante nas ações que
envolvem ressarcimento por danos morais. Além do mais, muitos juristas entendem que o
Tempo perdido representa uma lesão autônoma, ou seja, não precisa o consumidor demonstrar o
Dano, somente o fato do tempo desperdiçado configura os Danos Morais.

8. O SAAE não se preocupa com o bem estar dos consumidores, já


que alega que deveria julgar improcedente a Decisão de Tutela de Urgência, que está
comprovado nos autos que há indícios e evidências de Periculum in Mora e Fumus Boni Iuris.

9. Caberia ao procurador do SAAE estudar melhor sobre o novo


Marco Regulatório do Saneamento Básico, que estabelece como Princípio fundamental do
Estado, a garantia da universalidade dos recursos hídricos para qualquer pessoa do povo,
independentemente de sua localidade.

10. O legislador entende que o recurso hídrico é indispensável à


vida e a existência humana, está associado à Saúde Pública. A natureza da ação tem como
objetivo questionar os valores de contas que estão muito acima da normalidade, conforme o
histórico de consumo indica.

11. Triste é o fato do procurador do SAAE não entender que o autor


não nega o pagamento das contas, mas exige proporcionalidade naquilo que realmente foi
consumido. Se tivesse lido a exordial por completo saberia que todos os elementos indicam a
probabilidade do Direito do Autor e o perigo da demora com relação a resposta jurisdicional.

12. A linha argumentativa da autarquia Ré não compreende a


verdadeira realidade dos fatos, o autor não deixou de pagar as contas de maneira proposital, ao
contrário por haver um absurdo de valores,

sendo cobrados que torna abusiva a cobrança e inacessível ao padrão financeiro do requerente,
devendo ser revista por intermediação do Judiciário.

13. Sendo assim, a medida proferida pela Excelentíssima Nobre


Julgadora está correta e pautada nos fundamentos processuais do Código de Processo Civil de
2015.

14. Não é de hoje que a autarquia Ré age de maneira negligente,


quando se trata a prestabilidade de seus serviços. Inclusive ações que tramitaram nesta
Comarca, tiveram suas conclusões favoráveis aos consumidores, visto que o SAAE, em uma
tentativa frustrada de criar empecilhos burocráticos, impedia o fornecimento de água nas
respectivas moradias dos consumidores, conforme Proc. 10003013-70.2020.8.26.0363 e Proc.
1002983 -35.2020.8.26.0.0363. Nas duas ações a autarquia perdeu, visto que o recurso hídrico é
um bem indispensável a vida humana, não podendo simplesmente ser omitido pela fornecedora
por critérios administrativos e abjetos.

15.
IV-DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO

A questão de mérito poderá ser julgada de maneira antecipada, ser


houver esgotado, todas e quaisquer provas a serem produzidas. O Autor conseguiu comprovar
tudo que foi alegado de maneira transparente e com boa fé, ao contrário da Autarquia que não
provou nada o que alegou e se faz munida de apenas suposições, que não buscam evidenciar
a verdade dos fatos, mas apenas obscurece-los e colocar “uma cortina de fumaça” sobre a
responsabilidade objetiva da mesma.
O Código de Processo Civil de 2015, em seu Art. 355, caput e ss., é
muito claro como à luz do dia, quando trata as regras do Julgamento Antecipado do Mérito,
conforme dispõe da sua literalidade:

Como se pode observar em sede de Contestação a autarquia tinha a


oportunidade de apresentar todas as provas sob sua posse para provar aquilo que o autor alega.
No entanto, nada o fez, pois agiu da mesma forma, quando deparou com o problema do Autor,
pois bem com inércia e indiferença. Os motivos que justificam essa Antecipação estão expostos
a seguir:

 A Autarquia Ré confessou que há defeitos técnicos no medidor de consumo de água.


Corroborando na aplicação do Art. 18, caput do Código de Defesa do Consumidor;

 O SAAE em nenhum momento refutou o argumento que não cumpriu as normas


técnicas do INMETRO, as normas de Serviços da ARES-PCJ e as normas legais do
Código de Defesa do Consumidor;

 O Autor provou através do histórico de consumo durante meses e inclusive anos, que seu
consumo de água era o mínimo, pois este mora sozinho e trabalha diariamente, não
coexistindo lógica com o excesso apresentado;

 A Autarquia tendo oportunidade de se opor apresentando provas consistentes, materiais


e persuasivas, não o fez, apenas alegando SUPOSIÇÕES CALAMITOSAS, tendo de
explicar algo que nunca existiu;

 Durante 12 anos, a Autarquia Ré nunca se preocupou em realizar vistorias, inspeções ou


visitas técnicas para manutenção ou troca do aparelho medidor. Aliás nesse tempo,
nunca notificou o Autor para a troca do aparelho, ficando inerte e agindo de forma
pregressa e ineficiente;

 O Laudo de Vistoria demonstra que houve confirmação do defeito, e além disso, o


próprio funcionário designado para aferição, afirmou de maneira categórica que pelo
estado de degradação do medidor, que se encontra obsoleto para o uso, poderia naqueles
meses ter aferido valores que muito excedem a realidade de consumo;

 O SAAE agiu de maneira arbitrária diversas vezes com relação ao Autor ora
consumidor. Tentou destruir a calçada do requerente sem ao menos ter sido cumprida a
Decisão que deferiu a Tutela de Urgência e além do autor nem ter sido notificado
formalmente; o SAAE cobra injustamente taxa de Aferição, sendo que foi afirmado
pelos funcionários que se houvesse defeito não a cobrariam e por fim, a Autarquia exige
que seja trocada às pressas o medidor, sob pena de aplicação de multa. (Observação: A
Ré busca desfazer da prova que a incrimina, para fugir da responsabilidade);

 A vizinhança toda do Autor, reclama da abusividade e arbitrariedade do SAAE


na prestação dos serviços, que de maneira impositiva e invasiva realizou a troca
de todas os hidrômetros da rua, menos do Autor;

 O Autor teve gastos não programados, procurou a autarquia Ré diversas vezes


para solucionar o problema, mas nada foi feito. Apenas houve procrastinação da
Ré, que aplicou cobranças abusivas, somados aos gastos que já teve. Sofrendo
diversas vezes com as ameaças de desligamento forçado, e junto ao Tempo
desperdiçado e o Desvio de Propósito tornando-se uma verdadeira tortura diária.
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com
resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas;
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349 . Seção III Do Julgamento
Antecipado Parcial do Mérito

V-DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, o autor fica à disposição deste


Juízo para prestar eventuais esclarecimentos, e requer e reintera que V.Exa. se
digne a:

a. Que a presente ação possa ter O MÉRITO JULGADO ANTECIPADAMENTE, com


fulcro nos Art(s) 355, caput e ss. do Código de Processo Civil de 2015, por haver
todas as provas que evidenciam o direito do Autor, ao passo da Revelia da Autarquia
Ré em produzir provas . Portanto, resta claro que houve arbitrariedade das cobranças
justificadas pelos defeitos de ordem técnica do medidor, que se encontra descalibrado
e inábil para suas finalidades. Assim, na hipótese de Vossa Excelência, não entender
necessária esta medida, segue os pedidos em complementação;
b. Que julgue PROCEDENTE a presente demanda, para declarar a revisão das contas
referentes aos meses de Março e Abril de 2022, para revisar as contas de consumo de
água referente ao período dos meses de Março e Abril de 2022, aplicando-se o
reajuste com base na média aritmética de consumo dos últimos 12 meses , a contar do
mês de Fevereiro de 2022 até o mês de março de 2021. Sendo assim, reajustados na
importância de R$ 37,16 (trinta e sete reais e dezesseis centavos);
c. Declare revelia sob todos os pontos não contravertidos em sede de Contestação,
considerando-os verdadeiros nos termos do Art. 344, caput do Código de Processo
Civil de 2015.
d. A condenação da autarquia Ré ao ônus de sucumbência, compreendendo
custas processuais e honorários advocatícios, a serem arbitrados por Vossa
Excelência, na importância de 20,00% do valor da causa;

e. A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, bem como os


moralmente legítimos, mas hábeis a provar a verdade dos fatos em que se
funda a ação.

Nesses termos,

Espera e Pede Deferimento.

Mogi Mirim, 10 de agosto de 2022

Renata de Oliveira
OAB/SP 442.134

Você também pode gostar