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DOUTO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA REGIONAL DE CAMPO GRANDE – RJ.

MISSAE HATAKEYAMA, brasileira, aposentada, inscrita no CPF sob o nº.


447.837.287-04 e com número de identidade 246936660-3, domiciliado à Rua Alfredo
Azevedo, nº 135, CEP: 23059-060, Inhoaíba, Rio de Janeiro, RJ, vem, por intermédio da
sua advogada in fine assinado, com endereço para fins de comunicação processual sito à
cristina.nogami@junqueiraeroqueadvogados.com.br propor a presente demanda visando
obter

DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS & ANTECIPAÇÃO DE TUTELA INAUDITA ALTERA PARTE

em face de LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A, empresa


concessionária de serviço público de energia elétrica, inscrita no CNPJ/MF Nº
60.444.437/0001-46, com sede na Avenida Marechal Floriano, nº 168, Centro, Rio de
Janeiro/RJ, CEP: 20080-002, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

1. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, MISSAE HATAKEYAMA, ora autora, requer o benefício da


GRATUIDADE DE JUSTIÇA, por não ter condições de arcar com as despesas da ação
judicial sem prejuízo de seu próprio sustento. Para tanto, declaram a hipossuficiência, de
acordo com a Lei 1.060/50, modificada pela Lei 7.510/86, bem como, juntam cópia do
comprovante de pagamento de benefício do INSS.

Vale ressaltar que é ISENTA de custas judiciais, os idosos, que recebem


até 10 salários mínimos, pois assim determina a Portaria n º 54/2008 da Corregedoria
Geral de Justiça do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, bem como a

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Lei Estadual nº 3350 de 1999, em seu artigo 17, inciso X e, ainda, com base do Estatuto
do Idoso, Lei Federal nº 10.741 de 2003, que em seu artigo 1º, estabelece como idosos
aqueles que possuem idade igual ou superior a 60 anos.

2. DOS FATOS

Inicialmente, esclarece que a autora é consumidora dos serviços da ré,


possuindo identificação de instalação sob o número 412072494.

Ressalte-se que no dia 06/10/2018, a autora foi surpreendida com o envio


do Termo de Ocorrência de Irregularidade (número: 9042693), no qual a empresa
demandada efetua cobrança no valor de R$ 9.406,57 (nove mil, quatrocentos e seis reais
e cinquenta e sete centavos) a título de suposto desvio de energia elétrica. Ou seja,
efetuou a ré cobrança de consumo por estimativa.

Observa-se que as faturas mensais de consumo foram devidamente


emitidas pela ré, o que desconstitui a tese da empresa quanto à existência de fraude.

Importante salientar que o autor não foi comunicado da vistoria que seria
realizada pelos prepostos da ré, sendo certo, reafirme-se, que somente teve ciência no
momento do recebimento da injusta cobrança.
Certo, ainda, que não houve realização de perícia a fim de constatar as
irregularidades alegadas.
Frise-se que o autor jamais utilizou-se de técnicas ilegais para o desvio de
energia, ao contrário das alegações não provadas da ré.
Em que pese o comportamento da ré que, unilateralmente, sem a adoção
dos procedimentos corretos e de forma arbitrária, aplicou penalidade ao autor, este
dirigiu-se a uma das agências da demandada com o fim de resolver o impasse (protocolo:
XXXXXXXX), conforme comprovante em anexo. Todavia, a ré mantém-se inerte e

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continua a efetuar cobranças, com ameaça de inscrição nos cadastros restritivos de
crédito e corte no fornecimento do serviço.
Não sendo possível resolver administrativamente a questão, não restou
outra opção ao autor, senão socorrer-se do Judiciário.

3. DA ILEGALIDADE DO TOI

Conforme acima exposto, a ré emitiu, indevidamente, TOI no valor de R$


4.200,00 (quatro mil e duzentos reais) aproximadamente.
Ocorre que a referida emissão é totalmente ilegal, ferindo princípios
constitucionais como o devido processo legal, direito de defesa, contraditório, dentre
outros.
Isto porque o documento emitido, bem como a verificação da suposta
irregularidade foram feitas unilateralmente e sem a realização da devida perícia.
Vale ressaltar que a demandada é empresa privada, concessionária de
serviço público, razão pela qual seus atos não possuem presunção de legitimidade, ao
contrário do que ocorre com aqueles praticados pela Administração Pública.
Neste sentido, o entendimento da melhor jurisprudência, conforme podemos
verificar abaixo:

Apelação. Concessionária de energia elétrica. Termo de Ocorrência


de Irregularidade - TOI e estimativa retroativa de consumo não
faturado. Sua legalidade, in abstracto. Necessidade de elementos
suficientes para caracterizar o procedimento irregular e a idoneidade
da estimativa. Ônus que recai sobre o prestador. Atos seus que não
se presumem verazes nem legítimos. Direito à informação. Prova
insuficiente. Laudo pericial inconclusivo quanto à existência de fraude
no medidor. Cobrança reputada indevida e efetuada por meio
abusivo e coativo. Dano moral. 1. A legalidade em tese dos
procedimentos arrolados no art. 129 da Resolução Aneel nº
414/2010, dentre eles a lavratura do Termo de Ocorrência de
Irregularidade - TOI, só se concretiza caso a caso na hipótese de a

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concessionária o instruir com elementos probatórios suficientes à "fiel
caracterização da irregularidade", na dicção do próprio dispositivo
regulamentar. O mesmo se aplica quanto à estimativa de consumo
não faturado (art. 130 da Resolução). 2. Nos termos da Súmula nº
254 desta Corte de Justiça, "aplica-se o Código de Defesa do
Consumidor à relação jurídica contraída entre usuário e
concessionária". 3. Decorre dos princípios gerais do direito das
obrigações que o devedor faça jus à prestação de contas regular
daquilo que lhe é cobrado; qualificado, ainda, como direito basilar do
consumidor à informação clara e adequada acerca do produto ou
serviço, seu preço, quantidades e características, conforme art. 6º,
inciso III, do CDC, ratificado pelo art. 7º, caput e inciso II, da Lei de
Concessoes (Lei nº 8.987/95). 4. As concessionárias de serviço
público são simples pessoas jurídicas de direito privado, que
não se confundem com a Administração de quem recebem, por
delegação contratual, a incumbência de desempenhar
determinada atividade de interesse público. Seus atos, pois, não
gozam da presunção de legitimidade típica dos atos
administrativos. Seria uma aberração quer às normas de Direito
Administrativo, quer aos mais basilares princípios do direito das
obrigações, quer ainda às normas protetivas do consumidor
(que se presume parte vulnerável no mercado, conforme diretriz
estabelecida pelo art. 4º, inciso I, do CDC), imputar ao usuário o
ônus de provar que a apuração técnica da distribuidora de
energia estivesse equivocada. 5. Os elementos dos autos, ainda
que não indiquem má-fé nem temeridade no procedimento da
concessionária, não são suficientes para a "fiel caracterização" do
ilícito imputado ao usuário, seja porque não há prova apta a
demonstrar que o faturamento a menor decorresse de fraude e não
de defeito no medidor, seja porque a leitura minorada iniciou-se
antes mesmo de a autora entrar na posse do imóvel. 6. O só registro
de consumo mensal inferior ao que se pode estimar pela carga ativa
do imóvel não basta para caracterizar irregularidade na medição,
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muito menos má-fé do consumidor, o qual, sendo leigo, não está
obrigado a deter conhecimentos de engenharia elétrica suficientes
para detectar o equívoco na leitura do consumo de energia. 7.
Quando o faturamento a menor não for imputável ao consumidor, a
cobrança da recuperação de energia só pode retroagir aos três
meses anteriores à detecção da incorreção, nos termos do art. 113, I,
c/c art. 115, § 2º, ambos da Resolução Aneel nº 414/2010. 8. A
imposição de confissão de dívida superior a mais que o décuplo do
devido, sob ameaça de interrupção de fornecimento de serviço
essencial, constitui forma de cobrança abusiva, configurando o
constrangimento de que trata o art. 42, caput, do CDC, o que
caracteriza o dano moral. Se seria ilegal a interrupção do serviço,
que não chegou a concretizar-se, ilícita também foi a ameaça de
efetuá-la. 9. Parcial provimento do recurso (TJ-RJ - APL:
00119814620098190021 RJ 0011981-46.2009.8.19.0021, Relator:
DES. MARCOS ALCINO DE AZEVEDO TORRES, Data de
Julgamento: 05/02/2014, VIGÉSIMA SÉTIMA CÂMARA CIVEL/
CONSUMIDOR, Data de Publicação: 21/03/2014 00:00)

Ademais, a jurisprudência do Tribunal fluminense, em consonância com a


tese sustentada pelo autor entende que, sendo realizada unilateralmente a vistoria que
gerou a lavratura do TOI e diante da inexistência mínima de participação do consumidor,
este é ilegal, verbis:

DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZATÓRIA POR


DANOS MATERIAIS E MORAIS C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
LAVRATURA DE TERMO DE OCORRÊNCIA DE
IRREGULARIDADE - TOI, EFETUADO DE FORMA UNILATERAL
PELA RÉ. PROVA PERICIAL DISPENSADA PELA PARTE RÉ QUE
SERIA CAPAZ DE CONSTATAR A POSSÍVEL EXISTÊNCIA DE
IRREGULARIDADES. INEXISTÊNCIA DE BOLETIM DE
OCORRÊNCIA POLICIAL. TOI QUE DEVE ASSEGURAR AO
CONSUMIDOR AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INERENTES
AO DEVIDO PROCESSO LEGAL EM SEDE ADMINISTRATIVA

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(ARTIGO 5º, LV, CRFB). PAGAMENTO DE DÉBITOS
REFERENTES À DIFERENÇA DE ENERGIA COMPROVADO, DAÍ
NECESSÁRIA A SUA DEVOLUÇÃO. INCONFORMISMO DA RÉ.
Existência de relação de consumo com aplicação do CDC. Ainda
que houvesse a constatação de irregularidade no medidor da
residência do consumidor, esta deveria se demonstrar através
de laudo pericial ou registro de ocorrência policial, o que não se
deu, eis que efetuado apenas termo de ocorrência e de forma
unilateral pela ré. Valor indenizatório fixado em observância os
princípios da proporcionalidade e razoabilidade, pois tal importância
compensa a Autora, e, ao mesmo tempo, desestimula a Ré a
proceder de modo abusivo. Busca da efetividade á teoria do
desestímulo sem que sob a sua invocação se materialize
enriquecimento sem causa. Recurso a que se nega provimento na
forma do art. 557, caput, do CPC (TJ-RJ - APL: 22678 RJ
2009.001.22678, Relator: DES. MARCO AURELIO BEZERRA DE
MELO, Data de Julgamento: 02/06/2009, DECIMA SEXTA CÂMARA
CIVEL, Data de Publicação: 05/06/2009)

Diante de todos os argumentos acima expendidos, deve ser reconhecida a


ilegalidade do termo de ocorrência.

4. DA IMPOSSIBILIDADE DE COBRANÇA POR ESTIMATIVA. DA DECLARAÇÃO DE


INEXISTÊNCIA DO DÉBITO

Ainda que não seja reconhecida a ilegalidade do Termo de Ocorrência, o


que se admite ad argumentandum tantum, mister o reconhecimento da impossibilidade de
cobrança realizada por estimativa. Deve ser cobrado o valor real de consumo.
Imperioso destacar que a ré é responsável pela manutenção da regularidade
da prestação dos serviços, bem como da contraprestação pecuniária no valor devido e na
época correta do vencimento.

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Não pode a concessionária a qualquer momento alegar suposta
irregularidade e cobrar por todo o período em que, segundo seu entendimento, houve
fraude. Ainda mais se esta não foi devidamente comprovada por meios idôneos.
Possui a ré a obrigação de, mensalmente, verificar a possível irregularidade
quanto à variação de valores, se existirem, para, imediatamente, restabelecer a
normalidade. Indubitável de que tal fato não ocorreu. Não foi demonstrado o desvio e não
foi apurado o valor real da suposta diferença de pagamento.
A jurisprudência acolhendo a tese segundo a qual é impossível a cobrança
por estimativa, assim se pronuncia:

ENERGIA ELÉTRICA. CÁLCULO DE RECUPERAÇÃO DE


CONSUMO. ILEGALIDADE DA RESOLUÇÃO Nº 456 DA
ANEEL. Ilegalidade da forma de cálculo adotada, seja porque
embasada em mera resolução emanada da agência reguladora
e, portanto, sem força de lei, seja porque eventual critério de
cálculo que se venha a adotar a fim de alcançar uma decisão
equânime nem sempre a tal conduzirá. Inovação no
ordenamento jurídico que somente pode se dar, como
decorrência do Estado Democrático de Direito (artigo 1º da
Constituição Federal), através de lei, assim entendido o ato
emanado do Poder Legislativo. Tanto é assim que por força do
Princípio da Legalidade ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (inciso II
do artigo 5º da Constituição Federal). Hipótese em que a
posição do fornecedor se revela absolutamente cômoda ao
lançar mão do cálculo de recuperação de consumo, uma
vez que não apenas cria o seu próprio título com base em
critérios sabidamente irreais, seja ao estabelecer o período
de recuperação, seja ao apurar o consumo não medido,
porque a adoção do maior consumo que se verificou nos
últimos doze meses, como ocorre no caso posto em exame é
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sabidamente artificial, notadamente porque o consumo,
conforme as peculiaridades de cada unidade não é uniforme
nas diferentes estações do ano. Como se não bastasse isso,
ainda pode impor o pagamento do denominado custo
administrativo no percentual correspondente a 30%,
submetendo, ao depois, o consumidor ao jugo da autotutela
que, não obstante a condição de mero concessionário do
serviço público exercita sem qualquer pejo. Possibilidade de o
fornecedor buscar, porém na via adequada, indenização por
eventual locupletamento. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO
RECURSO DA AUTORA E IMPROVERAM O DA RÉ. (Recurso
Cível Nº 71000760280, Segunda Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Luiz Antônio Alves Capra, Julgado
em 05/10/2005) (TJ-RS - Recurso Cível: 71000760280 RS ,
Relator: Luiz Antônio Alves Capra, Data de Julgamento:
05/10/2005, Segunda Turma Recursal Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 22/11/2005)

Assim, deve ser considerado ilegal o termo de ocorrência baseado em


estimativas, bem como declarada a inexistência do débito, uma vez que os valores
correspondentes ao consumo foram devidamente pagos.

5. DA CARACTERIZAÇÃO DO DANO MORAL

5.1. Da responsabilidade objetiva

Com efeito, preceitua a norma do art. 14 do CDC, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem

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como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

Conforme é sabido, para que haja a responsabilidade objetiva, necessário


apenas que seja constatado o dano e o nexo de causalidade entre o dano e a ação do
responsável, no caso, a empresa ré.
Logo, caracterizada a responsabilidade objetiva da ré e estando presente a
relação de consumo (arts 2º e 3º do CDC), esta somente se exime nos casos
expressamente previstos no art. 14, § 3º do CDC, quais sejam:

Art. 14...

§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado


quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Uma vez que não se vislumbra, no caso concreto, quaisquer das hipóteses
acima mencionadas, perfeitamente aplicável a responsabilidade objetiva.

5.2.Do dano moral in re ipsa

Quanto ao dano moral, resta claro que a situação ultrapassou, e muito, a


esfera do mero aborrecimento/dissabor.
Preceitua a norma insculpida nos arts. 186 e 927 do C.C:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

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No mesmo sentido, a art. 5º, inciso X da Carta Magna:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

No caso em comento, deve ser aplicada a Teoria do Risco do


Empreendimento, respondendo a ré por eventuais vícios e/ou defeitos dos produtos ou
serviços postos à disposição dos consumidores.
A simples cobrança indevida é capaz de gerar o dever de indenizar. Neste
sentido jurisprudência se posiciona em casos análogos:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COBRANÇA INDEVIDA DE


DÍVIDA. DANO MORAL. INEXISTÊNCIA DE INSCRIÇÃO NOS
SERVIÇOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO OU DE
QUALQUER OUTRA PUBLICIDADE. REDUÇÃO DO
QUANTUM INDENIZATÓRIO, FIXADO EM R$ 87.004,00
PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). 1.- Quem obtém o
encerramento de conta corrente bancária tem direito à
tranquilidade ulterior, de modo que o acréscimo de débitos a
ela e o envio de missivas com ameaças de cobrança
constitui dano moral indenizável. 2.- Na fixação do valor da
indenização por dano moral por ameaça de cobrança tratando-
se de débitos inseridos em conta encerrada deve ser
ponderado o fato da inexistência de publicidade e de anotação
no serviço de proteção ao crédito, circunstâncias que vêm em
desfavor de fixação de valor especialmente elevado, mormente
se considerados os valores que vêm sendo fixados por esta
Corte. 3.- Recurso Especial provido em parte, reduzindo-se
a R$ 10.000,00, em moeda do dia deste julgamento, o valor de
R$ 87.004,00, fixado no caso de cobrança indevida de débito

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de R$ 870,00 (STJ - REsp: 731244 AL 2005/0038841-9,
Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento:
10/11/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
23/11/2009).

A melhor jurisprudência posiciona-se no sentido de responsabilizar as


empesas em casos desta natureza, conforme se observa nas ementas abaixo transcritas:

APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA.


LAVRATURA DE TOI. UNILATERALIDADE. NULIDADE.
DANO MORAL. OCORRÊNCIA. JUROS DE MORA E
CORREÇÃO MONETÁRIA. ENCARGOS DE SUCUMBÊNCIA.
INVERSÃO. 1. A relação jurídica que ora se examina é de
consumo, pois o demandante é o destinatário final da energia
elétrica fornecida pela ré, daí a necessidade de se resolver a
lide dentro da norma consumerista prevista no Código de
Proteçâo e Defesa do Consumidor. 2. Da leitura do art. 14 do
CPDC, verifica-se que a responsabilidade do fornecedor de
serviços é objetiva e somente não responderá pela
reparação dos danos causados ao consumidor se provar
que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste ou o fato é
exclusivo do consumidor ou de terceiro. 3. Outrossim,
segundo a teoria do risco do empreendimento, aquele que se
dispõe a fornecer bens e serviços tem o dever de responder
pelos vícios resultantes dos seus negócios,
independentemente de sua culpa, pois a responsabilidade
decorre do simples fato de alguém se dispor a realizar
atividade de produzir, distribuir e comercializar ou executar
determinados serviços. 4. Dessa forma, incumbe à
concessionária demonstrar que a lavratura do TOI se deu
de forma regular e em plena observância aos critérios e
procedimentos previstos na Resolução 456/2000 da
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ANEEL, ônus do qual não se desincumbiu. 5. Incidência do
enunciado de nº 5 do II Encontro de Desembargadores, com
competência em matéria cível, realizado no dia 16 de junho de
2011, constante no Aviso do Tribunal de Justiça nº 51 de 2011.
6.Nulidade do TOI que decorre da irregularidade de sua
lavratura, fulminando a recuperação do consumo
elaborada. Precedentes do TJRJ. 7. Dano moral in re ipsa.
Fixa-se o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), pois atende
às peculiaridades do caso, as condições do ofensor e do
ofendido, o tipo de ofensa e as repercussões provocadas pelo
ato ilícito da concessionária de energia. 8. Correção monetária
que deverá incidir a contar desse decisum, com juros de mora
fluindo a partir da citação, diante da relação contratual
entabulada entre as partes. 9. Honorários advocatícios fixados
nos termos do artigo 20, § 3º, do Código de Processo Civil.
Precedente. 10. Recurso provido (TJ-RJ - APL:
00281390720118190087 RJ 0028139-07.2011.8.19.0087,
Relator: DES. JOSE CARLOS PAES, Data de Julgamento:
27/03/2015, DÉCIMA QUARTA CÂMARA CIVEL, Data de
Publicação: 31/03/2015 12:19)

DIREITO DO CONSUMIDOR - APELAÇÃO CÍVEL


EXISTÊNCIA DE AGRAVO RETIDO INTERPOSTO PELA
APELANTE EM FACE DA DECISÃO QUE DEFERIU A
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - RELAÇÃO
CONSUMEIRISTA VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES
AUTORAIS - FLAGRANTE HIPOSSUFICIÊNCIA DO
CONSUMIDOR - TERMO DE OCORRÊNCIA DE
IRREGULARIDADE (TOI) - NULIDADE PROVA UNILATERAL
- PACÍFICA JURISPRUDÊNCIA DO TJ/RJ - AMEAÇA DE
SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA
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- ILEGÍTIMAS AS COBRANÇAS PERPETRADAS COM
FULCRO NA LAVRATURA DO TOI- DEVOLUÇÃO EM
DOBRO DA IMPORTÂNCIA DESPENDIDA - PRODUÇÃO DE
PROVA PERICIAL - FRAUDE NÃO CARACTERIZADA -
AMEAÇA DE INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO ESSENCIAL -
DANO MORAL CONFIGURADO. MANUTENÇÃO DA
SENTENÇA. DESPROVIMENTO DO AGRAVO RETIDO E DO
APELO. 1. Trata-se de ação declaratória de inexistência de
débito c/c repetição de indébito c/c indenização por danos
morais com pedido de tutela antecipada promovida por
consumidor em face da concessionária de serviço público
(Light), objetivando a manutenção ou restabelecimento do
fornecimento do serviço de energia elétrica, a devolução em
dobro dos valores cobrados em decorrência da lavratura do
TOI e compensação por danos morais. 2. Decisão interlocutória
deferindo a inversão do ônus da prova. Agravo retido interposto
pela parte ré e reiterado nas razões recursais do presente
apelo. 3. Sentença de parcial procedência, já que não houve
necessidade do restabelecimento do serviço (religação),
declarando, ainda, a inexistência do débito apurado pela parte
ré a título de consumo irregular de energia elétrica decorrente
do TOI e condenando a concessionária a devolver em dobro a
importância cobrada sob a rubrica de "recuperação de
consumo irregular" e ao pagamento de R$ 6.000,00 (seis mil
reais), a título de compensação por danos morais. 4. Apelo da
parte ré requerendo a apreciação do Agravo Retido (fls.
186/189) interposto em face da decisão interlocutória que
deferiu a inversão do ônus da prova (fls. 184). No mérito, repisa
os argumentos trazidos na peça de bloqueio, tais como, a
existência de irregularidade no medidor da unidade

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consumidora, a legalidade da lavratura do TOI, conforme
estabelecido pela ANEEL, e a não configuração de danos
morais. 5. Agravo retido. Inversão do ônus da prova. Relação
de Consumo. Presente a verossimilhança nas alegações
autorais, bem como patente a hipossuficiência do
consumidor, em especial, técnica, impõe-se a inversão do
ônus da prova com fulcro no art. 6º, inciso VIII, do CDC. 6.
Termo de Ocorrência de Irregularidade. A produção de prova
unilateral malfere as garantias constitucionais do devido
processo legal, ampla defesa e contraditório. Eficácia
horizontal dos direitos fundamentais. Impossibilidade de
sobreposição das normas administrativas, redigidas pela
ANEEL, Agência Reguladora, à lei. A prova pericial, nesses
casos, se faz evidentemente necessária, não sendo lícito
permitir a ameaça de interrupção do fornecimento de
energia elétrica sem que seja efetivamente comprovada a
fraude. 7. Ameaça de suspensão do serviço como forma que
causa temor e compelir o consumidor ao pagamento do que
não deve. A impugnação judicial dos valores lançados a débito
impede que a fornecedora retalie o consumidor, ameaçando
cortar-lhe a eletricidade, serviço de natureza essencial,
imprescindível para a fruição de uma vida digna. 8. Laudo
pericial. Fraude não caracterizada. Perito que atestou que o
consumo registrado na unidade consumidora pelo sistema de
medição é compatível com a carga apurada na unidade
residencial. 9. Dano material configurado. Devolução em dobro
da importância despendida em função da lavratura do TOI, nos
moldes do art. 42 do CDC. 10. Dano moral configurado.
Ameaça ilegítima de interrupção do serviço. Indenização
que surge como reflexo da mudança de paradigma da

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responsabilidade civil e possui dois objetivos: a prevenção
(através da dissuasão) e a punição (no sentido de
redistribuição). Ou seja, o dano moral deve ser também a
pena privada, a justa punição contra aquele que atenta contra a
dignidade da vítima ou de um dos bens integrantes da sua
personalidade, pena esta que deve reverter em favor da vítima.
11. Fixação do montante indenizatório que deve atender aos
seus dois aspectos precípuos: o compensatório, nos limites da
lesão suportada pela vítima; e o pedagógico-punitivo, cujo fim é
inibir a contumácia do causador do dano. Analisando-se as
particularidades do caso, ou seja, a extensão do dano e o grau
de reprovabilidade da conduta da apelante, mormente, quando
desconsidera reiteradas decisões dessa Corte, verifica-se que
o quantum fixado a título de compensação por danos morais,
arbitrados em R$ 6.000,00 se coaduna aos princípios da
proporcionalidade, da razoabilidade e aos padrões de fixação
desse E. Tribunal, bem como aos seus dois aspectos
precípuos: o compensatório, nos limites da lesão suportada
pela vítima; e o pedagógico-punitivo, cujo fim é inibir a
contumácia do causador do dano, lavrando TOI's que sabe
ser nulo em virtude de maciça jurisprudência e imputando
levianamente crime de fraude ao consumidor. NEGO
PROVIMENTO AOS RECURSOS, NA FORMA DO ART. 557,
CAPUT, do CPC (TJ-RJ - APL: 171141320068190203 RJ
0017114-13.2006.8.19.0203, Relator: DES. MARCELO LIMA
BUHATEM, Data de Julgamento: 08/10/2010, DECIMA
QUARTA CÂMARA CIVEL, Data de Publicação: 14/10/2010)

DECLARATÓRIA CUMULADA COM INDENIZATÓRIA.


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. COBRANÇA
BASEADA EM TERMO DE OCORRÊNCIA DE
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IRREGULARIDADE - TOI. DOCUMENTO UNILATERAL NÃO
CORROBORADO POR OUTRAS PROVAS. NULIDADE.
DANO MORAL CONFIGURADO NA HIPÓTESE.
MANUTENÇÃO DO JULGADO. 1 - O Termo de Ocorrência
de Irregularidade (TOI), lavrado unilateralmente pela
concessionária, e não corroborado por outras provas nos
autos, não serve de suporte à cobrança da dívida. Ausência
de realização de perícia no local e não participação do usuário
na apuração do alegado débito. Ausência de prova da
existência de irregularidade no medidor ou de efetivo consumo
pelo demandante. Declaração de inexistência do débito objeto
do TOI. Precedentes. 2 -Dano moral configurado. Imputação
de fraude ao consumidor sem mínima prova nesse sentido.
Violação a direitos da personalidade. Verba arbitrada
adequadamente, considerando os princípios atinentes à
matéria e as particularidades do caso concreto. Manutenção.
DECISÃO MONOCRÁTICA. NEGATIVA DE SEGUIMENTO AO
RECURSO (TJ-RJ - APL: 1493565220098190001 RJ 0149356-
52.2009.8.19.0001, Relator: DES. CARLOS SANTOS DE
OLIVEIRA, Data de Julgamento: 25/04/2011, NONA CÂMARA
CIVEL)

Salientamos que o art. 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor diz ser
direito básico a reparação pelos danos materiais e morais sofridos.
Não é demais ressaltar que a indenização por dano moral possui duas
vertentes, a saber: reparar o abalo psicológico causado e servir como punição (natureza
educativa), com o fito de evitar que o causador do dano volte a cometer a infração.
Logo, deve ser a condenada a ré ao pagamento de indenização por dano
moral no importe de R$ 50.000.00 (cinquenta mil reais) ou outro a ser estipulado por este
juízo, com aplicação de juros a partir da inscrição do nome do autor nos cadastros
restritivos.
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5.3. Do dano moral pela perda do tempo

Porém, a nosso viso, nada impede que o dano moral se apresente como
efeito do inadimplemento de uma obrigação... Neste passo, em edificante artigo sobre o
tema, André Gustavo Corrêa de Andrade tranquilamente admite o dano moral contratual e
remete a solução da controvérsia à distinção entre "a patrimonialidade da prestação e a
extrapatrimonialidade do interesse do credor ou dos bens afetados. Embora a prestação
tenha conteúdo patrimonial, o interesse do credor na prestação pode, conforme as
circunstâncias, apresentar um caráter extrapatrimonial porque ligado à sua saúde
ou de pessoas de sua família, ao seu lazer à sua comodidade, ao seu bem-estar, à
sua educação aos seus projetos intelectuais" (FARIAS, Cristiano Chaves de;
ROSENVALD, Nelson. . Curso de Direito Civil- Obrigações. Bahia: Juspodivm, 2012, pag:
612) (grifamos).

Conforme se observa, a mais moderna e autorizada doutrina vislumbra a


possibilidade de indenização por dano moral em casos de descumprimento contratual.
Os consagrados autores vão além, admitindo a caracterização do dano
pela perda de tempo e energia na solução do conflito. Neste sentido defendem que:

... haverá dano moral pelo simples inadimplemento contratual, naqueles


casos em que a mora ou inadimplemento causem ao credor grande perda de tempo e
energiana resolução da questão. Lembra André Gustavo Corrêa de Andrade, que "o
tempo, pela sua escassez, é um bem precioso para o indivíduo, tendo um valor que
extrapola sua dimensão econômica. A menor fração de tempo perdido de nossas
vidas constitui um bem irrecuperável. Por isso afigura-se razoável que a perda
desse bem, ainda que não implique prejuízo econômico ou material, de ensejo a
uma indenização". (grifamos).

Desta forma, tendo sido provada a cobrança indevida, o fato de o autor


tentar solucionar o problema administrativamente sem obter êxito, os danos causados, a

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perda do tempo, dentre outros, é certo que devida a indenização por dano moral nesta
modalidade.

6. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

É sabido que, em se tratando de situações em que uma das partes


encontra-se em posição de desigualdade jurídica, sendo obrigada a submeter-se à
vontade da parte "mais forte", perfeitamente aplicável a inversão do ônus da prova.
Prescreve a norma do art. 4º, I, do CDC:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por


objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de
vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no


mercado de consumo.

Ratificando o entendimento da vulnerabilidade do consumidor, o art. 6º, VIII,


CDC, o qual reproduzimos:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências.

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Por último, ressalte-se que a comprovação da existência do débito cabe à ré.
Entender diferente, é imputar ao autor a responsabilidade de produzir prova
negativa/diabólica, o que é inaceitável.

7. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Requer a condenação da ré ao pagamento de honorários advocatícios no


valor de 20% do valor da condenação.

8. DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Preconiza a norma do art. 300 e parágrafo 2º do CPC:

art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou
após justificação prévia.

Não restam dúvidas de que se trata de caso em que perfeitamente aplicável


a antecipação da tutela in limine litis.

Na antecipação de tutela assecuratória, antecipa-se por segurança, para


impedir que, durante o processo, o bem da vida vindicado sofra um dano irreversível ou
dificilmente reversível (Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de
Oliveira, 2012, pag. 497)

Encontra-se lastreado nos autos as provas inequívocas de que a cobrança é


totalmente descabida, sendo certo que a excessiva demora conduzirá à cessação da

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efetividade do provimento jurisdicional. Ainda deve ser levado em consideração o fato de
o nome constar do rol de bens mais preciosos que o ser humano possui.
O periculum in mora mostra-se evidente, uma vez que, com a restrição do
nome do autor nos cadastros restritivos, este permanece sem crédito, o afastando,
injustamente, do mercado consumidor.
A existência do fumus boni iuris mostra-se clara, considerando que a
documentação ora acostada indica efetivamente que houve exaustivo contato com a ré
para que fosse efetuada a cessação da cobrança, por irregular a lavratura do TOI.
Entendendo cabível a antecipação de tutela, pronuncia-se a jurisprudência:

DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. Agravo


de instrumento interposto por consumidor de decisão que em
ação cognitiva ajuizada em face de concessionária de
energia elétrica, indeferiu a antecipação dos efeitos da
tutela pleiteada para que a ré restabelecesse o serviço, se
abstivesse de suspendê-lo e de cobrar débito apurado em
TOI, bem como de inscrever a autora em cadastros de
restrição creditícia. 1. Não observa o procedimento disposto
na Resolução 456/00 da ANEEL e, portanto, nega direito à
ampla defesa bem como desrespeita o devido processo legal a
suspensão do fornecimento de energia elétrica, a imediata
cobrança de diferença e a inscrição do consumidor em
nominatas de proteção ao crédito como consequências
imediatas da lavratura de TOI. 2. Não sendo de se esperar
que o consumidor prove que não havia irregularidade e
que não lhe foi dado direito à ampla defesa, é de se mitigar
o rigor do art. 273, caput, do CPC, no que concerne à
ministração de prova inequívoca da verossimilhança do
alegado, aplicando-se o art. 83 do CDC não apenas no que
diz respeito ao restabelecimento da entrega da energia e à
não inscrição do consumidor em cadastros de restrição
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creditícia, eis que o fundamento da demanda é relevante, a
saber, a dignidade humana. 3. Recurso ao qual se dá
provimento na forma do art. 557, § 1.º-A, do CPC (TJ-RJ - AI:
385501620108190000 RJ 0038550-16.2010.8.19.0000,
Relator: DES. FERNANDO FOCH LEMOS, Data de
Julgamento: 27/10/2011, TERCEIRA CÂMARA CIVEL)

Sendo assim, deve ser aplicada a antecipação dos efeitos da tutela para que
a ré se abstenha de inserir o nome do autor nos cadastros restritivos de crédito, sob pena
de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais).

9. DOS PEDIDOS

1. Que seja deferida a gratuidade de justiça, nos termos da fundamentação


supra;
2. Antecipação dos efeitos da tutela para obrigar a ré a se abster de inserir o
nome do autor nos cadastros restritivos de crédito, sob pena de multa diária no valor de
R$ 500,00 (quinhentos reais);
2.1. Confirmação, ao final, da tutela acima requerida;
3. Citação da ré para que, querendo, responda às alegações formuladas na
inicial, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;
4. Declaração da ilegalidade da lavratura do TOI, com consequente
declaração de inexistência do débito, por indevido, sob pena de multa de R$ 1.000,00 (um
mil reais) por cobrança efetuada;
5. Condenação em danos morais no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais), com juros a partir da lavratura do TOI;
6. Aplicação de juros e correção monetária;
7. Inversão do ônus probatório, de acordo com fundamentação;
8. Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial
documental suplementar, testemunhal e pericial;

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9. Condenação ao pagamento de honorários advocatícios no importe de
20% sobre o valor da condenação.

10. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 50.000,00

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2019.

CRISTINA MASSUMI NOGAMI FABÍOLA DOS SANTOS


OAB/RJ 170.826 OAB/RJ 198.250-E

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