O autor processa o Estado e Município para realização urgente de cirurgia de próstata. Alega que aguarda há mais de 6 meses e seu quadro se agrava. Os réus alegam perda de objeto e ilegalidade de custear tratamento em hospital privado, mas a Defensoria rebate que o direito à saúde deve prevalecer.
O autor processa o Estado e Município para realização urgente de cirurgia de próstata. Alega que aguarda há mais de 6 meses e seu quadro se agrava. Os réus alegam perda de objeto e ilegalidade de custear tratamento em hospital privado, mas a Defensoria rebate que o direito à saúde deve prevalecer.
O autor processa o Estado e Município para realização urgente de cirurgia de próstata. Alega que aguarda há mais de 6 meses e seu quadro se agrava. Os réus alegam perda de objeto e ilegalidade de custear tratamento em hospital privado, mas a Defensoria rebate que o direito à saúde deve prevalecer.
MERITÍSSIMO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE NOVA IGUAÇU
Processo nº: 0044057-18.2022.8.19.0038
MARCOS MORAES, já qualificado nos autos da Ação de
Obrigação de Fazer, em face do Estado do Rio de Janeiro e do Município de Nova Iguaçu, vem, pela Defensora Pública em atuação junto a esse órgão, apresentar RÉPLICA, em relação às contestações de fls. 62/69 e 87/94, expondo e requerendo o que se segue:
Cuida-se de ação de obrigação de fazer através da qual pretende
a autora sejam os réus condenados a realizarem os Procedimentos Cirúrgicos (com urgência) de Ressecção Transuretral de Próstata (RTU de próstata), para tratamento de Hiperplasia. O autor foi inserido no sistema de regulação (SISREG) em 18/04/2022 com classificação de risco vermelho, ou seja, “COM URGÊNCIA”, com o prazo para regulação de 30 dias, porém até a presente data não fora realizada.
DA SUPOSTA PERDA DO OBJETO
Alega o Estado em sua contestação, que o pleito ora aqui
acostado se depara em uma ordem cronológica estabelecida pelos sistemas de regulação (SISREG) buscando obter decisão judicial que favoreça a parte autora em detrimento de outros cidadãos, no entanto, cabe aqui destacar o caráter de urgência da demanda pois faz mais de 6 meses que o paciente vem fazendo uso de sonda pelo fato de não conseguir urinar.
O Município alega perda do objeto sob o argumento de que a
tutela foi cumprida vez que realizou procedimentos no Hospital Geral de Nova Iguaçu e saiu à revelia no dia 20/05/2019. Compete dizer que não há perda do objeto, tendo em vista que não foi realizada a cirurgia requerida na inicial em 26/05/2022.
DA LEGALIDADE DA INTERNAÇÃO EM UNIDADE PRIVADA DE SAÚDE
O Estado sustenta a ilegalidade do custeio da internação do autor
em hospital particular, com o custeio dos réus, caso não haja hospitais na rede pública capazes de realizar o tratamento.
Com a devida vênia ao demandado, a argumentação por ele
aduzida vem de encontro ao direito do autor, pois se nem o Município e nem o Estado tiverem a capacidade de realizar a cirurgia em um dos seus hospitais, patente é o direito do demandante em ter custeada a internação vital em um hospital particular pelos entes federativos referidos.
Mais adiante, a peça de bloqueio do Estado cita artigos
infraconstitucionais, porém olvida a supremacia normativa da constituição, mormente quando se está sub judice o direito à saúde e a dignidade da pessoa humana.
Ademais, a lei referida pelo Estado é descumprida pelo próprio,
quando falha in concreto em cumpri-la, e no presente processo estamos diante de mais um caso em que o poder público fracassa em uma das suas atividades administrativas positivas mais importante: a prestação de serviço de saúde para os administrados.
O Estado, em contestação, nos traz uma decisão referente a uma
moléstia de catarata
Portanto, se o Estado falha em seu mister, é de sua
responsabilidade pagar o tratamento necessário à sobrevivência de um ser humano, mesmo se realizada em um hospital particular.
Em outro momento da contestação, afirma o Estado só pode haver
complementação da prestação de serviço de saúde por hospitais particulares quando conveniados com a rede pública e, nesta linha de raciocínio, não pode o autor escolher o hospital privado responsável pelo tratamento. Primeiramente, o autor não escolheu nenhum hospital privado para a realização do tratamento, mas pleiteia-se sua realização, ou pelos entes federativos que integram o polo passivo da demanda, ou por um hospital da rede privada, e os custos da cirurgia a serem custeados por ambos os réus.
Secundariamente, a lei infraconstitucional não tem o condão de
impedir a realização de normas constitucionais plenas, como o direito a saúde e a proteção da dignidade da pessoa humana.
DO CABIMENTO DA FIXAÇÃO DE ASTREINTES
Alega o Estado a impossibilidade de fixação de astreintes em seu
desfavor. Não há nada no ordenamento jurídico que impeça a fixação de multa diária contra os entes públicos, na hipótese de descumprimento de obrigação de fazer, nos termos do art. 536, §1º do CPC, sendo relevante notar que no Estado Democrático de Direito, todos, inclusive os entes federativos, devem obediência à lei.
A fixação de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer
por parte de ente público é largamente utilizada e aceita pela jurisprudência.
Cumpre consignar, ainda, que o Juízo concedeu prazo razoável
para o cumprimento da obrigação.
Destaca-se que o autor se encontra em uma situação de alto risco
onde envolve órgãos vitais bem como a iminência de agravar seu quadro de diagnóstico numa eventual recusa ou até mesmo a demora dos procedimentos cirúrgicos.
Outrossim, fica configurado o descaso com a saúde do cidadão
indo de contra aos ditames constitucionais, arts. 195 inciso II , 196 e 198 inciso I e II todos da Constituição Federal, já que até a presente data segundo o parecer do NAT não existe nem se quer o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêutica do paciente.
Nos traz também o referido Parecer que os pacientes que sofrem
por esta moléstia têm bastante dores no dia a dia interferindo diretamente nas atividades qualquer que seja em sincronismo na perturbação do sono. Diante do exposto, requer a Defensoria Pública a procedência do pedido autoral.