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MERITÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DO X JUIZADO ESPECIAL CÍVEL da Comarca

de... – XX
Processo nº:
IMPUGNANTE:
IMPUGNADO:
..., já devidamente qualificado nos autos em epigrafe, vem, respeitosamente,
através de seu Advogado abaixo assinado, em cumprimento ao despacho de fl. E
certidã o de Fl. Dos autos, IMPUGNAR AS CONTESTAÇÕES E DOCUMENTOSde Fls.
XX , respectivamente, apresentada pelo XX , também todos devidamente
qualificados, o que faz nos seguintes termos:
1. DA TEMPESTIVIDADE DA PRESENTE IMPUGNAÇÃO
Conforme certidã o de fl. Dos autos, a publicaçã o do despacho de Vossa Excelência
foi em..., para apresentar Impugnaçã o as Contestaçõ es no prazo de 10 dias e
especificar provas que pretendesse produzir.
Sendo assim, o prazo para manifestar nos autos iniciou em..., haja vista que dia...
(...) foi feriado, logo, a presente Impugnaçã o é tempestiva.
2. DOS ESCLARECIMENTOS INICIAIS
2.1 Preliminarmente – DA INTEMPESTIVIDADE DA CONTESTAÇÃ O DO XX-
Aplicaçã o da Revelia
Conforme consta dos autos, o despacho de Vossa Excelência foi publicado em... e o
ultimo mandado de intimaçã o juntado aos autos foi em... Conforme fls..., logo, o
prazo para contestar esgotar-se-ia em...
Vejamos:
O Art. 335 do CPC dispõ e que o prazo para oferecer contestaçã o é de 15 dias, cujo
termo inicial será a data prevista no art.231 do CPC.
O Art. 231 do CPC diz que considera-se dia do começo do prazo a data de juntada
aos autos do mandado cumprido, quando a intimaçã o for por oficial de justiça e no
§ 1o diz que quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para
contestar corresponderá à ú ltima das datas a que se referem os incisos I a VI do
caput e ainda que, havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado
individualmente.
Pois bem, considerando o despacho de fl. 70 publicado em..., o ultimo mandado de
intimaçã o de fl... Juntado aos autos em... e a contestaçã o oferecida somente em..., a
contestaçã o de fls... dos autos é clara e inequivocamente INTEMPESTIVA.
Ademais, apresentada fora do prazo a Contestação, é como se a mesma não
tivesse sido apresentada, por força do Art. 218, § 4º do CPC, sendo devida a
decretaçã o da revelia no caso.
O artigo 344 do CPC, aplicado subsidiariamente no presente caso por força do Art.
318, § ú nico do CPC, disciplina sobre a hipó tese de aplicaçã o da revelia, sendo que
o referido dispositivo é redigido no imperativo, ou seja, se o réu nã o contestar a
açã o, necessariamente os fatos afirmados pelo autor serã o considerados como
verdade, sob pena de configurar violaçã o ao Princípio da Legalidade, esculpido no
art. 5º inciso II da Constituiçã o Federal.
A intensã o do legislador em impor ao demandado sansõ es por nã o obedecer o
chamado jurisdicional, culmina também na presunçã o de veracidade dos fatos
alegados na inicial.
Assim, como se observa, a contestaçã o não apresentada em tempo e modo
determinados, já sã o elementos suficientes para a decretaçã o da revelia, e como
consequência a aplicaçã o dos seus efeitos.
Ademais, considerando que os prazos processuais sã o questã o de ordem pú blica e
devem ser cumpridos nos prazos estabelecidos, conforme art. 218 do CPC, pois, no
caso, a contestaçã o é um prazo previsto em lei (CPC - no prazo de 15 dias).
Veja que a rigidez dos prazos peremptó rios é explicitada e o acolhimento da
contestação fora do prazo estatuído, traduz em dilação de prazo
peremptório, o que claramente é vedado pelo ordenamento jurídico.
Ademais alega o Estado de Minas Gerais a tempestividade da contestaçã o com base
no enunciado nº. 10 do XX, contudo, tal conclusã o resta equivocada, ainda mais se
analisada em confronto com os critérios que norteiam o sistema processual
aplicado na Justiça Comum e no Juizado Especial Cível, este, notadamente os da
celeridade e da economia processual previsto no Art. 2 da Lei 9099/95.
Apenas com fim de argumentaçã o, hipoteticamente, sendo a lei omissa nesse
sentido, o Art. 218, § 1º do CPC c/c com a prerrogativa legal constante do art. 6º da
Lei 9099/95 permite ao juíz estabelecer entendimento no sentido de que o
momento processual oportuno para entrega da contestaçã o é o da sessã o de
conciliaçã o, em obediência ao Art. 2 da Lei 9099/95 ou no ultimo caso no prazo de
15 dias (CPC) e não quase 01 mês depois do inicio do prazo legal.
Por fim, diante do exposto desde já Requer a Vossa Excelência que seja
reconhecida a intempestividade da contestaçã o apresentada pelo Estado Minas
Gerais e por consequência que seja deferido o seu desentranhamento dos autos.
2.2 DA LEGITIMIDADE PASSIVA E RESPONSABILIDADE SOLIDÁ RIA DO MUNICÍPIO
DE... E ESTADO
Preliminarmente Requereu o Município de... A sua exclusã o do polo passiva da
demanda, alegando nã o possuir legitimidade.
Todavia, conforme já cristalinamente exposto na exordial, um dos princípios que
regem a saú de pú blica, além da universalidade da cobertura e do atendimento e da
igualdade, é o princípio da solidariedade financeira, uma vez que a saú de é
financiada por toda a sociedade.
Assim, a responsabilidade dos Estados e Municípios É SOLIDÁRIA, no sentido de
prestar o atendimento necessá rio na á rea da saú de, incluindo os serviços de
assistência ao pú blico, o fornecimento de medicamentos, procedimentos
médicos/cirú rgicos, exames e tratamentos aos que deles comprovadamente
necessitem.
Neste sentido, volto a colacionar:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS. POLO PASSIVO. COMPOSIÇÃO
ISOLADA OU CONJUNTA. POSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA NO
STF. 1. O estado. As três esferas de governo. Tem o dever de assegurar a todos os
cidadã os, indistintamente, os direitos à dignidade humana, à vida e à saú de,
conforme inteligência dos arts. 1º, 5º, caput, 6º, 196 e 198, I, da Constituiçã o da
Repú blica. 2. Trata-se de obrigaçã o solidá ria decorrente da pró pria Constituiçã o
Federal, razã o pela qual a divisã o de atribuiçõ es feita pela Lei n. 8.080/1990, que
constituiu o Sistema Ú nico de Saú de. SUS., nã o afasta a responsabilidade do ora
demandado de fornecer medicamentos e/ou tratamentos médicos a quem deles
necessite. 3. A solidariedade obrigacional entre os entes federados nã o enseja a
formaçã o litisconsorcial passiva necessá ria, cabendo à parte autora escolher
contra quem deseja litigar para obter o fornecimento do fá rmaco pleiteado. 4. O
fato de o medicamento nã o integrar a lista bá sica do SUS nã o tem o condã o de
eximir o estado do dever imposto pela ordem constitucional, sendo sua a
responsabilidade de atender à queles que, como o ora agravado, nã o possuem
condiçõ es financeiras de adquirir o tratamento adequado por meios pró prios. 5.
Nã o se pode admitir, consoante reiterada jurisprudência desta casa de justiça, que
regras burocrá ticas, previstas em portarias ou normas de inferior hierarquia,
prevaleçam sobre direitos fundamentais como a vida e a saú de. 6. "o tratamento
médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do estado,
porquanto responsabilidade solidá ria dos entes federados. O polo passivo pode ser
composto por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente" (re
855.178/pe, relator Min. Luiz fux, julgamento: 05/03/2015, repercussão
geral. Mérito, dje 16/03/2015). 7. Agravo regimental a que se nega
provimento. (STJ; AgRg-REsp 1.574.021; Proc. 2015/0312488-5; PI; Primeira
Turma; Rel. Min. Gurgel de Faria; DJE 12/05/2016) (grifo sobre o texto
original)
No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou jurisprudência
sobre a responsabilidade solidá ria dos entes federados no dever de prestar
assistência à saú de. A decisã o foi tomada na aná lise do Recurso Extraordiná rio
(RE) 855178, de relatoria do ministro Luiz Fux, que teve repercussã o geral
reconhecida, por meio do Plená rio Virtual.
Conforme o ministro, o financiamento do Sistema Ú nico de Saú de, nos termos do
artigo 195, opera-se com recursos do orçamento da seguridade social, da Uniã o,
dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Ele
lembrou que a Emenda Constitucional 29/2000, “com vistas a dar maior
estabilidade para os recursos de saú de, consolidou um mecanismo de
cofinanciamento das políticas de saú de pelos entes da federaçã o”. Esta emenda
acrescentou dois novos pará grafos ao artigo 198 da Constituiçã o, assegurando
percentuais mínimos a serem destinados pela Uniã o, estados, Distrito Federal e
municípios para a saú de, visando a um aumento e a uma maior estabilidade dos
recursos.
Logo, ante a solidariedade existente entre os entes federativos no que tange a
obrigaçã o de fornecer e prestar todo e qualquer atendimento, inclusive a
realizaçã o do procedimento CIRURGICO e fornecimento do medicamento... aos
cidadã os, é imperioso reconhecer a legitimidade do Município de... no presente
feito.
No mesmo sentido:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSTITUCIONAL.
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. LEGITIMIDADE PASSIVA DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL. OBRIGAÇÃ O SOLÍDARIA ENTRE OS ENTES DA FEDERAÇÃ O
EM MATÉ RIA DE SAÚ DE. AGRAVO IMPROVIDO. I - O Supremo Tribunal Federal,
em sua composiçã o plena, no julgamento da Suspensã o de Segurança
3.355-AgR/RN, fixou entendimento no sentido de que a obrigaçã o dos entes da
federaçã o no que tange ao dever fundamental de prestaçã o de saú de é solidá ria. II -
Ao contrá rio do alegado pelo impugnante, a matéria da solidariedade nã o será
discutida no RE 566.471-RG/RN, Rel. Min. Marco Aurélio. III - Agravo regimental
improvido (1ª Turma, AI 808059 AgR / RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.
02.12.2010, DJe 01.02.2011) (Destaques meus).
Pede-se a devida vênia, ainda, para colacionar julgados do pró prio tribunal de
Justiça de Minas Gerais, o qual firma entendimento em total harmonia com o
posicionamento do STF:
REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL - MEDICAMENTO - CÂNCER -
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES ESTATAIS - TRATAMENTO
REALIZADO EM UNIDADE DE ASSISTÊNCIA DE ALTA COMPLEXIDADE EM
ONCOLOGIA (UNACON) - DROGA NÃO FORNECIDA PELO SUS - DIREITO À
SAÚDE - AUSÊNCIA DE LISTAGEM DOS FÁRMACOS DISPENSADOS
GRATUITAMENTE - COMPROVAÇÃO DA IMPRESCINDIBILIDADE DA DROGA
PRESCRITA - NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DO RECEITUÁRIO MÉDICO
ATUALIZADO 1. O Estado de Minas Gerais pode ser compelido a fornecer o
medicamento necessá rio ao tratamento de seus cidadã os, porquanto a obrigaçã o
de fornecimento de medicamentos, de forma gratuita, é de qualquer dos entes
federativos, conjunta e solidariamente. 2. Demonstradas a gravidade da doença, a
necessidade do medicamento requerido, indicado por médico de Unidade de
Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), e a ausência de
listagem de drogas previamente selecionadas pela Administraçã o Pú blica para o
tratamento da doença, é de se manter a sentença que determina o fornecimento do
fá rmaco à autora. 3. A exigência de apresentaçã o de receituá rio médico atualizado,
a ser retido no ó rgã o de saú de, é o meio razoá vel de se comprovar, no decorrer do
tratamento, o período pelo qual a paciente necessitará fazer uso da droga,
permitindo, à Administraçã o, o adequado controle do fornecimento e da
quantidade de produtos a serem adquiridos. 4. Sentença reformada parcialmente,
em reexame necessá rio. Recurso voluntá rio prejudicado. (Apelação Cível/Reex
Necessário 1.0024.11.114334-3/002, Relatora, Des.(a) Áurea Brasil, Data de
Julgamento 20/09/2012) (grifo sobre o texto original)
Veja que o Sistema Ú nico de Saú de consubstancia-se no conjunto de açõ es e
serviços fornecidos pelo ESTADO DE MINAS GERAIS, de forma gratuita, a qualquer
cidadã o, sendo seu financiamento realizado por meio de recursos arrecadados
através de impostos e contribuiçõ es sociais instituídos pelas três esferas
governamentais, quais sejam, governo federal, estadual e municipal.
Portanto, fica desde logo impugnados todos os argumentos no que se refere a
legitimidade passiva dos Réus.
Nã o obstante a isso, hipoteticamente, caso Vossa Excelência entenda pela
ilegitimidade do Município de..., o mesmo ao alegar preliminarmente sua
ilegitimidade e exclusã o do polo passivo da demanda, se quer indicou o sujeito a
integrar o polo passivo, portanto, devendo ser levado em consideraçã o a aplicaçã o
do Art. 339 do CPC.
3. SINTESE DAS CONTESTAÇÕES
3.1 CONTESTAÇÃ O DO MUNICÍPIO DE...
Preliminarmente alegou sua ilegitimidade e requereu a sua exclusã o do polo
passivo da demanda;
No mérito alegou que é o Estado de Minas Gerais o responsá vel pela autorizaçã o,
regulaçã o e pelo controle de disponibilidade de exames, consultas e
procedimentos, cabendo-lhe a marcaçã o dos mesmos.
Ato continuo, alegou nã o ter competência para cumprir determinaçõ es judiciais
que impõ em a realizaçã o de exames nã o pactuados e/ou procedimentos cirú rgicos
a serem realizados em outros centros.
Em síntese é a contestaçã o.
3.2 CONTESTAÇÃ O DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Inicialmente alegou tempestividade no oferecimento da contestaçã o.
Liminarmente, requereu que fosse mantido o indeferimento da tutela de urgência,
face a ausência dos seus pressupostos legais.
No mérito, alega que o atendimento a pacientes portadores de
distú rbios/complicaçõ es oftalmoló gicas deve ser verificado junto ao município
onde reside o paciente, sobre a possibilidade de encaminhamento do mesmo a
algum centro de referencia em oftalmologia credenciado junto ao SUS.
Ato continuo, alega que o município onde reside o paciente tem seus
procedimentos de média e alta complexidade devidamente pactuados, estando ai
incluído os tratamentos através de vitrectomia, fotocoagulaçã o a laser e consulta
médica especializada com oftalmologista.
Logo, segundo o Estado de Minas Gerais, apó s a solicitaçã o dos procedimentos pelo
médico especialista em Oftalmologia, credenciado do SUS, cabe a secretaria
Municipal de Saú de do Municipio de residência do paciente proceder ao
agendamento do exame solicitado.
Ato continuo, alega ainda o Estado de Minas Gerais que é mero executor,
recebendo recursos da Uniã o Federal para aquisiçã o e fornecimento de
determinados medicamentos em cará ter excepcional, nã o podendo utilizar a verba
recebida a esse titulo para a aquisiçã o de outros remédios nã o descritos na lista.
Portanto, diz que nã o se sustenta do ponto de vista jurídico qualquer pedido de
medicamento fora dos protocolos clínicos.
Ato continuo, aduz também que relató rios médicos produzidos unilateralmente
nã o podem ser considerado provas suficientes a embasar a procedência do pedido
formulado na exordial.
Alega ainda que é imprescindível que se exija do paciente a apresentaçã o de
receita atualizada, que deverá ficar retida para recebimento mensal do
medicamento.
Alegou que nã o há que se falar em impor verdadeira penalidade ao Estado, visto
que este, como pessoa abstrata é a pró pria coletividade.
Ato continuo, requereu que a condenaçã o recaia sobre o principio ativo do
medicamento, de forma a respeitar a legislaçã o de regência e sobretudo, o
principio da economicidade.
Alegou com base na fixaçã o de prazo razoá vel para cumprimento da medida, que a
administraçã o, mormente quando do manejo de dinheiro pú blico, deve atender a
preceitos e exigências legais para aquisiçã o de bens e serviços.
Por fim, alegou a impossibilidade de condenaçã o ao pagamento de honorá rios em
sentença de primeiro grau do juizado especial.
Em síntese é a contestaçã o.
4. da impugnação à contestação E DOCUMENTOS
Inicialmente vale esclarecer que em razã o das contestaçõ es apresentadas se
tratarem do mesmo assunto quanto ao objeto/mérito do processo, bem como as
teses de tratarem de imputaçã o de responsabilidade um do outro, a Impugnaçã o
que versará sobre todos os pontos apresentados, será exposta de forma a
impugnar definitivamente e conjuntamente ambas contestaçõ es.
De plano o Requerente impugna in totum, todas as alegaçõ es constante das
contestaçõ es de Fls. 82/88 e 97/110 dos autos, apresentado pelo Município de... E
Estado de Minas Gerais, respectivamente, haja vista o minguado suporte
probató rio que cada um dos Impugnados apresentaram, bem como a insuficiência
de fundamentos jurídicos capazes de sustentar as teses levantadas.
Outrossim, em que pese o respeito aos argumentos expendidos pelos Impugnados,
insta esclarecer que os mesmos jamais poderiam encontrar guarida perante o
poder judiciá rio, pois, tais argumentos se apresentam na realidade desprovidos de
fundamentos jurídicos aptos a embasá -lo, senã o vejamos:
Introdutoriamente, cumpre arguir sobre a malograda tentativa dos Impugnados
em se desvencilharem das suas responsabilidades, dos seus deveres em garantir o
direito a saú de ao Impugnante, imputando responsabilidade um ao outro, com
argumentos que foge totalmente da verdade e que afronta absurdamente os
direitos sociais constitucionalmente garantidos.
Pois bem, o objeto tutelado é um dos maiores bens jurídicos da vida (artigos 6º e
196 da CF), isto é, a saú de, nã o sendo aceitá vel, diante do caso concreto, a recusa
tanto do Município de... Como do Estado em assegurar ao cidadã o os meios
necessá rios para uma vida mais digna. No presente caso, resta comprovado pelos
documentos, a necessidade do tratamento do Impugnante e o dever dos
Impugnados de fornecerem e realizarem o tratamento.
Ademais é fato incontroverso nos autos a responsabilidade em prestar todo e
qualquer atendimento necessá rio para o tratamento do paciente.
Veja que, o fato de o Sistema Ú nico de Saú de ter descentralizado os serviços e
conjugado os recursos financeiros dos entes da Federaçã o, com o objetivo de
aumentar a qualidade e o acesso aos serviços de saú de, apenas reforça a
obrigatoriedade solidá ria e subsidiá ria entre eles, nã o devendo existir no caso
imputaçã o de responsabilidade de um a outro.
O direito à saú de, em razã o de sua natureza - direito fundamental - se sobrepõ e a
qualquer tipo de regulamentaçã o ou burocracia a inviabilizar o seu pleno exercício,
nã o podendo, o ente pú blico, se eximir do cumprimento de seu dever como tenta
fazer os Impugnados, utilizando do seu momento de manifestaçã o para, numa
tentativa absurda e inadmissível, levar esse juízo a erro.
Nesse sentido:
EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO À SAÚDE -
DEVER CONSTITUCIONAL DE TODOS OS ENTES FEDERATIVOS,
SOLIDARIAMENTE - ARTS. 196 E 198 DA CF/88 Face à responsabilidade
solidá ria dos entes componentes da Federaçã o, que se dá verticalmente, e com
direçã o ú nica do SUS em cada esfera de governo, cabe tanto ao Município como ao
Estado e à Uniã o garantir a todos o direito à saú de, podendo, o cidadã o, escolher e
exigir assistência à saú de de qualquer dos entes pú blicos, ou de todos
conjuntamente.
- O art. 196, da CF/88 assegura que "a saú de é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econô micas que visem à reduçã o do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitá rio à s açõ es e serviços
para sua promoçã o, proteçã o e recuperaçã o". - O direito à saú de, em razã o de sua
natureza - direito fundamental - se sobrepõ e a qualquer tipo de regulamentaçã o ou
burocracia a inviabilizar o seu pleno exercício, nã o podendo, o ente pú blico, se
eximir do cumprimento de seu dever.
- Dentro dos critérios de organizaçã o regionalizada do sistema de saú de no â mbito
do Estado de Minas Gerais, o município de Governador Valadares constitui um dos
59 (cinquenta e nove) municípios mineiros habilitados em Gestã o de Sistema
Municipal (gestã o plena), com capacidade para o atendimento e execuçã o de média
e de alta complexidade. - A responsabilidade imposta aos entes pú blicos, nos casos
de tratamento médico, procedimento cirú rgico, fornecimento de medicamento,
deve ser analisada sob a ó tica da subsidiariedade, respondendo o Estado apenas
em caso de negativa do município - que também integra o polo passivo da lide - em
fornecer o tratamento pleiteado pelo paciente, ou vice-versa. - Comprovada a
gravidade e urgência do quadro de saú de do paciente, a ensejar o atendimento
prioritá rio, há que ser confirmada a sentença que deferiu a realizaçã o do
procedimento cirú rgico indicado. (TJMG> Processo: Ap Cível/Rem Necessária.
1.0105.15.004351-8/003. Relator (a): Des.(a) Lílian Maciel Santos (JD
Convocada). Data de Julgamento: 23/02/2017) (grifo sobre o texto original)
4.1 DO DEFERIMENTO DA TUTELA DE URGENCIA
Conforme consta exaustivamente na exordial, subsidiado pelos documentos de fls...
dos autos, os quais comprovam inequivocamente a eficá cia do tratamento, a
gravidade da doença, o método adequado e a medicaçã o correta a ser utilizada
para o tratamento ser eficiente.
Perceba ainda que os documentos médicos anexados aos autos constituem prova
inequívoca de que o Impugnante necessita do tratamento na forma já descrita.
Cumpre lembrar que nã o basta a prestaçã o de qualquer atendimento médico, mas
sim daquele mais adequado e eficiente, que possa cumprir o fim a que se destina.
Assim, somente o fiel cumprimento da prescriçã o médica garantirá o respeito ao
direito à saú de do Impugnante.
É imperioso ressaltar que, caso o medicamento pleiteado pudesse ser substituído
por outros medicamentos, o médico, como é comum de acontecer, prescreveria
apenas o princípio ativo, com a consciência de que a troca por outro medicamento
ou por um genérico poderia acontecer.
No entanto, conforme se pode constatar, o médico além de nã o ter orientado de
modo diverso ou feito qualquer ressalva quanto a medicaçã o, a utilizaçã o de
medicaçã o diversa da receitada poderá colocar a vida do Impugnante em risco,
haja vista que cada paciente reage de uma forma.
Ademais, o medicamento pleiteado, qual seja, aplicaçã o..., trata-se de um
medicamento exclusivo para tratamento de doença do tipo... (hipó tese dos autos),
em razã o da sua eficá cia, tempo de reaçã o e estabilidade, conforme já bem exposto
nos autos.
Tanto é assim que, o Dr..., quanto o Dr..., indicaram o mesmo procedimento e
medicaçã o, qual seja, a aplicaçã o intravitrea de..., haja vista a urgência no
procedimento e a eficá cia do tratamento.
Portanto, o Impugnante atende todos os requisitos exigidos pela lei para o
deferimento da tutela de urgência pleiteada.
4.2 DO FORNECIMENTO DO MEDICAMENTO
O Estado alega, em contestaçã o, que o medicamento receitado pelo médico para o
tratamento do Impugnante, nã o se encontra no rol dos disponibilizados pelo
Estado de Minas Gerais, portanto, o Estado nã o tem obrigaçã o em fornece-los.
Ora Excelência, é plenamente absurda, desumana e infundada essas alegaçõ es.
O Egregio Tribunal de Justiça já decidiu sobre o assunto, vejamos:
“Só o fato de o medicamento ter sido receitado conduz à presunçã o de ser
necessá rio ao tratamento do paciente; apenas prova ou fortes indícios poderiam
elidi-la"(AI n. 2007.060614-0, Des. Newton Trisotto).
Ato continuo,
"a prescriçã o feita por um ú nico profissional da medicina, que esteve com o
paciente, acompanhou os exames, e diagnosticou a doença, comprova sim sua real
necessidade. Estudos científicos, embora vá lidos, nã o analisam e nem examinam as
pessoas em cada caso concreto, nã o podendo servir de base para indicaçã o ou
contraindicaçã o de medicamentos, desconsiderando a receita médica prescrita,
haja vista a variedade de reaçõ es que cada ser humano pode apresentar ao longo
dotratamento"(AC n. 2006.040617-6, Cid Goulart; AI n. 2009.000812-0, Des. Cesar
Abreu).
Ademais, os Tribunais têm entendido também que a busca pela cura da
enfermidade do paciente, por meio dos métodos mais sofisticados, eficientes e
modernos, indicados pelo profissional médico que assiste o paciente, deve
sobrepor-se a quaisquer outras consideraçõ es, inclusive sobre ausência de
previsã o no rol de procedimentos da ANS, mostrando-se abusiva a negativa
injustificada.
Noutro lado, o Poder Judiciá rio tem entendido ainda que a inexistência de registro
do medicamento no ó rgã o regulador nã o é ó bice para seu fornecimento, caso tenha
sido devidamente prescrito pelo médico responsá vel pelo tratamento.
Já assentou o Supremo Tribunal Federal:
Esta Presidência já destacou que nã o constar entre os medicamentos listados pelas
Portarias do SUS nã o é motivo, por si só , para o seu nã o fornecimento, uma vez que
a Política de Assistência Farmacêutica fixa completar justamente a integralidade
das políticas de saú de a todos os usuá rios do sistema (STA n. 260/SC, rel. Min.
Gilmar Mendes).
O Estado pode até estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o
tipo de tratamento para a cura de cada uma.
Vale ainda citar:
O medicamento, ainda que nã o padronizado, uma vez demonstrada a necessidade
do paciente, deve ser fornecido gratuitamente pelo Estado, entendendo-se este em
todos os seus níveis - federal, estadual e municipal (Ap. Cível n. 2005.000306-3, rel.
Des. Luiz Cezar Medeiros)"(AI n. 2009.021000-0, rel. Des. Pedro Manoel Abreu, j.
13-4-2010, sem grife no original)
Ademais, veja que a disponibilizaçã o de medicamentos e de insumos pela rede
pú blica de saú de nã o se restringe à queles elencados nas listas dos Programas de
Assistência Farmacêutica, conforme julgado abaixo:
EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA - TUTELA DE DIREITO INDIVIDUAL E
INDISPONÍVEL - SAÚDE - MENOR - POSSIBILIDADE - ADEQUAÇÃO DA VIA
PROCESSUAL - INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA E SISTEMÁTICA DOS ARTIGOS
6º e 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - LEI N. 8.080/90 - RELATÓRIO MÉDICO
SUBSCRITO POR PROFISSIONAL QUE INTEGRA A REDE PÚBLICA DE SAÚDE -
NECESSIDADE E EFICÁCIA ATESTADAS - MULTA COMINATÓRIA CONTRA
FAZENDA PÚBLICA - POSSIBILIDADE - VALOR QUE OBSERVA OS PRINCÍPIOS
DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. - A Constituiçã o da Repú blica
prevê o dever de prestar os serviços de saú de de forma solidá ria aos entes
federativos, de modo que qualquer deles tem legitimidade para responder à s
demandas que visam ao fornecimento de tratamentos médicos. - A
disponibilizaçã o de medicamentos e de insumos pela rede pú blica de saú de nã o se
restringe à queles elencados nas listas dos Programas de Assistência Farmacêutica,
visto que a promoçã o e proteçã o da saú de dos cidadã os devem ser realizadas de
maneira ampla pelo Estado. - A saú de constitui um direito de todos os indivíduos e
um dever do Estado, a quem compete implementar políticas sociais e econô micas
visando ao acesso universal e igualitá rio à s açõ es e serviços para sua promoçã o,
proteçã o e recuperaçã o, em conformidade com o disposto pelos artigos 6º e 196,
da Constituiçã o Federal. - O fornecimento da medicaçã o deve ser condicionado à
apresentaçã o de receita médica atualizada pelo requerente, a fim de que o fá rmaco
seja fornecido apenas durante o período necessá rio ao tratamento prescrito, além
de impedir a perpetuaçã o do gasto pú blico. - É cabível a cominaçã o de multa contra
a Fazenda Pú blica por descumprimento de obrigaçã o de fazer.(TJMG> Processo:
Ap Cível/Reex Necessário. 1.0317.15.002252-1/002. Relator (a): Des.(a)
Paulo Balbino. Data de Julgamento: 22/11/2016)
Portanto, vale dizer também que os relató rio médicos possuem eficá cia e podem
ser considerados provas suficientes a embasar a procedência do pedido formulado
nos autos, conforme já visto alhures.
4.3 DO DIREITO E GARANTIA FUNDAMENTAL À VIDA
O Poder Pú blico, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuaçã o no plano
da organizaçã o federativa brasileira, nã o pode mostrar-se indiferente ao problema
da saú de da populaçã o, sob pena de incidir, ainda que por censurá vel omissã o, em
grave comportamento inconstitucional.
Urge salientar, ainda, que o artigo 197 da Constituiçã o Federal de 1988 reconheceu
que as açõ es e serviços de saú de sã o de relevâ ncia pú blica, atribuindo, ainda, ao
Poder Pú blico dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentaçã o, fiscalizaçã o e
controle, devendo sua execuçã o ser feita diretamente ou por intermédio de
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Cumpre ressaltar que este direito à saú de deve ser efetivado mediante
atendimento integral, conforme dispõ e o comando constitucional do artigo 198,
inciso II.
O direito fundamental à saú de foi ainda regulado pela Lei 8.080/90, Arts. 2º e 6º,
inciso I, alínea d conhecida como Lei Orgâ nica da Saú de, a qual estabelece que cabe
ao Estado promover os meios para a realizaçã o do direito à saú de, fornecendo
todas as condiçõ es necessá rias para o seu pleno exercício, inclusive assistência
farmaceutica integral.
Tais dispositivos obrigam o Estado a disponibilizar para a populaçã o a execuçã o de
todas as açõ es indispensá veis ao tratamento médico de enfermos, dentre as quais
se inclui expressamente a assistência farmacêutica integral aos que dela
necessitarem, em todos os níveis de complexidade do sistema, conforme
dispõe ainda o Art. 7, inciso I e II da Lei 8.080/90.
Assim, comprovada a necessidade dos medicamentos para a garantia da vida do
Impugnante, eles deverã o ser fornecidos.
Nesse sentido, vale trazer à colaçã o posiçã o do Superior Tribunal de Justiça acerca
do tema, proferido em caso em que o paciente era portador de doença grave, tal
qual a autora:
“CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA
OBJETIVANDO O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO (RILUZOL/RILUTEK)
POR ENTE PÚBLICO À PESSOA PORTADORA DE DOENÇA GRAVE: ESCLEROSE
LATERAL AMIOTRÓFICA - ELA. PROTEÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS.
DIREITO À VIDA (ART. 5º, CAPUT, CF/88) E DIREITO À SAÚDE (ARTS. 6º E
196, CF/88). ILEGALIDADE DA AUTORIDADE COATORA NA EXIGÊNCIA DE
CUMPRIMENTO DE FORMALIDADE BUROCRÁTICA.
1 – A existência, a validade, a eficá cia e a efetividade da Democracia está na prá tica
dos atos administrativos do Estado voltados para o homem. A eventual ausência
de cumprimento de uma formalidade burocrática exigida não pode ser óbice
suficiente para impedir a concessão da medida porque não retira, de forma
alguma, a gravidade e a urgência da situação da recorrente: a busca para
garantia do maior de todos os bens, que é a própria vida.
2 - É dever do Estado assegurar a todos os cidadã os, indistintamente, o direito à
saú de, que é fundamental e está consagrado na Constituiçã o da Repú blica nos
artigos 6º e 196.
3 - Diante da negativa/omissão do Estado em prestar atendimento à
população carente, que não possui meios para a compra de medicamentos
necessários à sua sobrevivência, a jurisprudência vem se fortalecendo no
sentido de emitir preceitos pelos quais os necessitados podem alcançar o
benefício almejado.
4 - Despicienda de quaisquer comentá rios a discussã o a respeito de ser ou nã o a
regra dos arts. 6º e 196, da CF/88, normas programá ticas ou de eficá cia imediata.
Nenhuma regra hermenêutica pode sobrepor-se ao princípio maior estabelecido,
em 1988, na Constituiçã o Brasileira, de que "a saú de é direito de todos e dever do
Estado" (art. 196).
5 - Tendo em vista as particularidades do caso concreto, faz-se
imprescindível interpretar a lei de forma mais humana, teleológica, em que
princípios de ordem ético-jurídica conduzam ao único desfecho justo: decidir
pela preservação da vida. (...)(ROMS 11183 / PR; RECURSO ORDINARIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA 1999/0083884-0 – Relator Ministro José Delgado -
grifamos)
Portanto, não se pode admitir que, em razão de ausência de expressa
previsão do medicamento ora pleiteado “...”, haja risco de vulneração ao
maior direito fundamental, que é o direito à vida.
4.4 DA POSSIBILIDADE DA APLICAÇÃ O DA MULTA
A aplicaçã o de multa diá ria tem pleno amparo legal, conforme disciplina os Arts.
500, 536 e § 1º, 537 e § 4º todo do CPC. A multa será devida desde o dia em que se
configurar o descumprimento da decisã o e incidirá enquanto nã o for cumprida a
decisã o.
Ademais, caso o Estado se comporte de forma omissiva, nã o cumprindo futura
ordem judicial, a qual deveria agir com lealdade e respeito, constitui sim ato
atentató rio à dignidade da justiça conforme dispõ e o Art. 77, inciso IV e § 2º do CPC
e merece ser punido.
Portanto, inú meros julgados sã o favorá veis à possibilidade de se punir os ó rgã os
ou seus responsá veis que nã o cumprirem os mandados judiciais com multas
diá rias. Vimos que diversos dispositivos legais dã o amparo aos juízes para
estipularem as multas pelo descumprimento das ordens judiciais concedidas.
A obrigaçã o de fornecer um medicamento é, em linha de princípio, de dar coisa
certa, mas envolve também a obrigaçã o de disponibilizaçã o, que em ú ltima aná lise
é de fazer algo.
Nesse sentido:
EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO E APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA -
TUTELA AO DIREITO À SAÚDE - PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ORTOPÉDICO -
TRANSFERÊNCIA - COMPETÊNCIA - JUSTIÇA COMUM - RESOLUÇÃO N. 700/12,
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA - INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA E SISTEMÁTICA
DOS ARTIGOS 6º e 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - LEI N. 8.080/90 -
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS - RELATÓRIO
ELABORADO POR MÉDICO CONVENIADO AO SUS - NECESSIDADE E
INDISPENSABILIDADE COMPROVADAS - MULTA COMINATÓRIA CONTRA A
FAZENDA PÚBLICA - POSSIBILIDADE - SENTENÇA CONFIRMADA. - Inda que o
Ministério Pú blico tenha atribuído à açã o civil pú blica o valor de R$ 2.000,00 (dois
mil reais), a circunstâ ncia do ajuizamento dela ocorrer na vigência da Resoluçã o n.
700/12, deste Tribunal de Justiça, atrelada ao fato de que o pedido inicial tem por
objeto a transferência do interessado para hospital especializado em procedimento
cirú rgico constituem fundamentos aptos para afastar a competência das Turmas
Recursais do Juizado Especial para conhecimento e julgamento do recurso, na
forma prevista pelo artigo 23, da Lei n. 12.153/09. - A saú de constitui um direito
de todos os indivíduos e um dever do Estado, a quem compete implementar
políticas sociais e econô micas visando ao acesso universal e igualitá rio à s açõ es e
serviços para sua promoçã o, proteçã o e recuperaçã o, em conformidade com o
disposto pelos artigos 6º e 196, da Constituiçã o Federal. - Os entes federados
possuem responsabilidade solidá ria no fornecimento de procedimento cirú rgico
necessá rio à convalescença do requerente. - Neste contexto, demonstrada a
hipossuficiência financeira do interessado, a necessidade e a eficá cia da pretendida
transferência para hospital especializado para lhe dispensar o procedimento
cirú rgico ortopédico denota-se evidenciada a procedência do pedido inicial de açã o
civil pú blica para tanto aviada. - É cabível a cominaçã o de multa contra a Fazenda
Pú blica por descumprimento de obrigaçã o de fazer. (TJMG. Processo: Ap
Cível/Rem Necessária. 1.0443.15.000324-4/002. Relator (a): Des.(a) Paulo
Balbino. Data de Julgamento: 24/03/2017) (grifo sobre o texto original)
5. DA PRODUÇÃO DE PROVAS
Requer a produçã o da seguinte prova:
1. Documental: Protesta, ainda, pela juntada ulterior de documentos, decorrentes
de fatos novos, desde que existentes e necessá rios para o deslinde da presente
demanda.
Por oportuno, mister se faz esclarecer que as provas acima especificadas se
revestem de cará ter de imprescindibilidade e irrenunciabilidade para a perfeita
elucidaçã o dos fatos ora apurados.
6. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante do exposto, tudo suprido pelo notá vel saber jurídico de Vossa Excelência
requer-se:
a) Que seja deferimento a Preliminar de intempestividade da contestaçã o acima
arguida;
b) Ratificando na íntegra o contido na exordial, requer digne-se Vossa Excelência
em considerar TOTALMENTE IMPROCEDENTES OS PEDIDOS E ALEGAÇÕ ES
formulados pelos Impugnados em suas contestaçõ es, julgando TOTALMENTE
PROCEDENTE a presente medida judicial nos termos da inicial, com a decretaçã o
da ordem de fornecimento do medicamento e da realizaçã o do procedimento
cirú rgico, bem como demais pedidos constantes na peça inaugural.
Por fim, reitera o pedido do tó pico 5 da presente manifestaçã o.
Termos em que,
Pede deferimento.
(...) - MG, 20 de...

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