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Narram os autos que "A parte autora é portadora de neoplasia maligna de fígado estágio
Tipo IV (localmente avançado) – HEPATOCARCINOMA, com indicação para uso do
medicamento SORAFENIBE.
Contestações Impugnadas.
É, em síntese, o relatório.
Passo a decidir.
Pelo que verifico do álbum processual, mercê dos documentos colacionados, o autor é
portador de neoplasia maligna de fígado estágio Tipo IV (localmente avançado) –
HEPATOCARCINOMA, com a necessidade de utilização de fármaco específico para
prosseguir com o tratamento indicado e necessário à preservação da sua saúde.
Em proêmio, cinge-se a questão acerca da responsabilidade do requerido no
fornecimento de medicamentos não incorporados ao SUS. Pois bem. Diante da
dificuldade do equacionamento entre a máxima efetividade do direito fundamental à
saúde e a barreira intransponível oriunda da reserva do possível, o Superior Tribunal de
Justiça, em sede de julgamento de recurso especial repetitivo (Tema 106), fixou três
parâmetros objetivos que conferem validade à exigência de medicamentos não
incorporados em atos normativos expedidos pelo Sistema Único de Saúde:
De início é bom ressaltar que o direito à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível,
assegurada a todas as pessoas indistintamente pela própria Constituição da República,
independente da condição financeira, conforme dispõe o artigo 196, in verbis:
Por sua vez, o artigo 198 da CF, que trata das ações e serviços públicos de saúde, informa,
em seu inciso II, que o atendimento deverá ser integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços sociais.
Art. 152 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, assegurada mediante políticas
sociais e econômicas que visem à eliminação do risco de doenças, à prevenção de
deficiências e a outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
para a sua promoção, proteção e recuperação.
Dessarte, as ações e serviços na área da saúde têm por diretriz o atendimento integral do
indivíduo, onde se inclui, sem sombra de dúvida, a realização do procedimento cirúrgico
necessário à preservação da saúde e da vida.
Clenio Jair Shulze (p.29, 2015) leciona que “a necessidade de concretização dos direitos
fundamentais sociais como promessa da (pós) modernidade, a crise do estado-legislador e
a crise do Estado-administrador, o excesso de burocratismo são alguns dos fatores que
ensejam a ascensão institucional do Poder Judiciário brasileiro nos últimos vinte anos”.
É certo, que o Judiciário deve prestar vigilância para que não incorra nos
extremos, de um lado a rejeição da mera programaticidade, e de outro, a banalização das
decisões de fornecimento de medicamento sem passar anteriormente por um crivo de
razoabilidade e proporcionalidade.
Com fulcro no artigo 85, § 3º, inciso I, combinado com o § 8º do Código de Processo Civil,
condeno o requerido ao pagamento de honorários advocatícios que arbitro em 10% (dez
por cento) sobre o valor da causa.
P.R.I.