Você está na página 1de 3

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Vara de Fazendas Públicas

da C omarca de Inhumas, Estado de Goiás.

Processo nº 5219619-69.2023.8.09.0079,
Autora: SEVERINO LUÍS DOS SANTOS

MUNICÍPIO DE INHUMAS, pessoa jurídica de direito público


interno, inscrito no CNPJ n° 01.153.030/0001-09, representado na pessoa do Prefeito João
Antônio Ferreira, situado na Rua 23, Qd. B, Vila São José, Inhumas - Go, por meio de seu
procurador que esta subscreve, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, em
atenção a decisão de movimentação 4, MANIFESTAR-SE nos termos abaixo:

Nobre Julgador, conforme Memorando GAB. SMS N. 211/2023, em anexo,


o Fundo Municipal de Saúde vem esclarecer que o procedimento pleiteado:
RESSONÂNCIA CARDÍACA COM PESQUISA DE ISQUEMIA, de fato não está
cadastrado na tabela SIGTAP, com essas especificações. Razão pela qual, o setor de
regulação Municipal não encontrou o código e, consequentemente, não cadastrou a
demanda no sistema.

No entanto, assim que esclarecido tal equivoco junto a um médico


especialista da área (cardiologista), a Central de Regulação Municipal realizou a inclusão
no sistema, cadastrando como RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE CORAÇÃO, n.
0207020019, semdo que de acordo com o o sistema CRE – Complexo Regulador
Estadual, o paciente está incluído e segue aguardando a liberação de vaga para o
atendimento requerido.

Importante destacar a existência em nosso Estado, do Complexo Regulador


Estadual (CRE) de acordo com política nacional de regulação do sistema único de saúde.
Trata-se de um órgão da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás que tem a função de regular
ou intermediar as vagas em leitos de internações, consultas e exames.

O procedimento requerido pela paciente em nota, é classificado conforme


ficha em anexo, como Prioridade P3, ou seja, categoria aplicada a todos os casos cujo
procedimento seja de rotina, devendo ser atendidos por ordem cronológica de entrada
na fila de espera.
Conforme parecer técmico NATJUS (movimentação 13), destaca-se o
seguinte trecho:

Baseando na análise dos documentos médicos acostados, associado à


revisão da literatura especializada, não temos informações suficientes para caracterizar o
exame solicitado como adequado e indispensável para o caso em comento, pela
insuficiência das informações médicas acostadas e por não ser a única opção de exame
para pesquisa de isquemia miocárdica. Ressaltamos que encontram-se disponíveis no
SUS as opções de exames de Cintilografia de perfusão miocárdica com radionuclídeos
de estresse e a Ecocardiografia de estresse, adequadas para o caso em tela.

Nesta perspectiva, não é razoável admitir -se que a paciente seja privilegiada
em detrimento dos demais usuários do sistema público de saúde. Eventual acolhimento dos
pleitos autorais implicaria violação ao princípio da igualdade, dado que não há dúvidas
de que haverá diferenciação entre a paciente supracitada e os demais pacientes que estão
na fila com a classificação de prioridade maior (P1 e P2).

É importante analisar-se o alcance do artigo 196 da Constituição Federal de


1988.
Referida norma, da Constituição da República, suporte comum às tutelas
antecipadas concedidas para determinar um pronto atendimento pelo Poder Público de
fornecimento incondicional de medicação ou tratamento a quem vier a Juízo buscá- la,
não tem (e não pode ter) o alcance e a dimensão que lhe vem sendo atribuído.

O legislador constituinte, por óbvio, não pretendeu criar um sistema


inviável. Não existe país no mundo que pratique política pública de saúde de forma
irrestrita, principalmente quanto ao fornecimento gratuito de medicação, terapias e
tratamentos.

A prioridade de qualquer política de saúde no fornecimento gratuito de


medicação/terapia /tratamento deve ser criteriosa sob todos os aspectos de custeio e
de resultados.
É bem verdade que o art. 196 da CF impõe o dever ao Estado (entendido
não só como o ente federado, mas também a própria União e os Municípios) em propiciar o
atendimento à saúde da população, mediante políticas sociais e econômicas que garantam o
acesso universal igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação.

Contudo, tal direito não é absoluto, estabelecendo a própria norma


constitucional que o acesso deve ser universal e igualitário, ou seja, ao Poder Público
incumbe traçar a política que compatibilize a oportunidade de todos obterem os benefícios
disponibilizados, sem privilégios ou preterições.

Sendo assim, o gerenciamento da fila de espera para atendimento é realizado


a partir da demanda, partindo da necessidade de atendimento do usuário no município de
origem, tendo a central de regulação ambulatorial municipal como responsável
somente, pelo encaminhamento da solicitação à Central de Regulação Ambulatorial
Estadual, por meio de Sistema Eletrônico, que direciona o agendamento de consultas
especializadas, consultas pré-cirúrgicas e SADT, de acordo com a disponibilização do
serviço ambulatorial de média ou alta complexidade na própria região ou
macrorregião, caso exista, ou onde houver a vaga com logística de transporte
disponível no município de origem.

Nesse sentido a paciente já encontra-se regulada, aguardando a liberação por


meio da unidade que presta o serviço, conforme faz prova documentos em anexo,o que é
prudente o direcionamento desta demanda para a central ( Estado), já que são responsáveis
por gerenciar as unidades de saúde localizadas no município de goiânia.

Logo, o atendimento do caso em concreto deve ser realizado notadamente em


centros de referência, devido a sua natureza, conforme exposto acima, bem como em
consonância, ainda, com o parecer NATJUS.

Em tempo, requer o registro da procuração nos assentamentos do presente


feito e que todas as publicações, intimações e outros atos de interesse da parte sejam
realizados EXCLUSIVAMENTE em nome do advogado JULIO CESAR MEIRELLES,
inscrito na OAB-GO nº 16.800, sob pena de nulidade, nos termos do artigo 272, § 5º, do
Código de Processo Civil.

Nesses termos, pede-se deferimento.

Inhumas, 22 de maio de 2023.

JULIO CESAR MEIRELLES


OAB-GO 16.800

EVELYN MENDONÇA
OAB/PA 15.002

NATHANNE ROMUALDO
OAB/GO 51.443

Você também pode gostar