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JUSTIÇA FEDERAL
1ª TURMA RECURSAL DOS JEFs / PARÁ - AMAPÁ
PROCESSO: 0022762-18.2019.4.01.3900
VOTO-EMENTA
FC245AB3AD1ED7F8E85C052D4379F3F7
PODER JUDICIÁRIO
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1ª TURMA RECURSAL DOS JEFs / PARÁ - AMAPÁ
6. O decreto nº 8.805/2016 alterou o regulamento do benefício da prestação
continuada (Decreto nº 7.999/2013), determinando a obrigatoriedade do
cadastramento no CadÚnico, sendo atualizado a cada dois anos, conforme art. 12, §
2º.
7. Nessa esteira, a parte autora colacionou folha de resumo Cadastro Único
realizado em 23/08/2017, no qual consta renda per capita familiar de R$200,00
(duzentos reais), pelo que considera-se comprovada a hipossuficiência econômica.
8. Prescindível a realização de perícia social, uma vez que constatada a renda per
capita ínfima e a vulnerabilidade social através do CadÚnico realizado. Embora o
CADúnico seja documento de natureza declaratória é certo que é o dado utilizado
pela autarquia para negar ou conceder benefícios administrativamente; em regra,
sem realização de nenhuma perícia social administrativa. Em razão disso, não há
óbice para que seja utilizado, em juízo, em conjunto com outros elementos de prova
para fins de aferição de miserabilidade. Assim, é legítima a dispensa de perícia
judicial socioeconômica diante de quadro favorável do CADúnico e demais
elementos de prova acostados aos autos, como na presente demanda. Com o
registro de que o recorrente não apresentou elementos que elidissem as
informações contidas no referido documento, de sorte a afastar sua presunção
relativa de veracidade.
9. Salienta-se que o Cadastro Único é um instrumento criado pelo Estado cuja
finalidade é verificar as famílias de baixa renda do país e facilitar a inclusão delas
nos programas sociais federais. Portanto, totalmente desnecessária a realização de
perícia social, notadamente porque nos pedidos de benefício de prestação
continuada (LOAS), tendo em vista o advento da Lei 12.470/11, para adequada
valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na
participação da pessoa com deficiência na sociedade, a hipossuficiência
socioeconômica pode ser investigada por outras providências aptas a revelar a
efetiva condição vivida no meio social pelo requerente (Súmula 80, TNU). Ainda, a
partir da vigência do Decreto 8805/2016, não é mais necessária prova da
miserabilidade em juízo de pedidos de benefícios de prestação continuada. No caso,
o requerimento administrativo se deu em 02/2019, portanto, já sob a vigência da
lei. Por fim, o benefício concedido poderá ser revisto a cada biênio para que a
Autarquia Previdenciária possa comprovar que a parte autora ainda permanece com
as mesmas debilidades, como aponta a Lei nº 8.742/93, em seu artigo 21.
10. A DIB deve ser a data do requerimento administrativo (01/02/2019),
considerando que desde esta época já estavam atendidos os requisitos para a
concessão do benefício, porquanto o INSS não trouxe qualquer documento aos
autos que pudesse levar à conclusão contrária. Ademais entre a DER e o
ajuizamento do feito há transcurso de tempo inferior a dois anos, parâmetro
temporal estabelecido pela lei 8.742/93, em seu art.21 caput para revisão dos
requisitos que ensejam a concessão do benefício assistencial.
11. As parcelas retroativas, a serem pagas após o trânsito em julgado, devem ser
apuradas de acordo com o MCCJF, destacando-se que à vista do que restou decidido
pelo STF nas ADIs 4357 e 4425, os juros de mora devem ser fixados com base nos
índices da caderneta de poupança, a partir de 06.2009 e a correção monetária do
crédito autoral deverá se dar pelo IPCA-E.
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12. Considerando a natureza alimentar do benefício ora concedido, impõe-se a
antecipação da tutela obtida, para determinar ao INSS a sua implantação, no prazo
de 60 (sessenta) dias a contar da intimação do julgamento, sob pena de multa
diária de R$100,00 (cem reais), limitada a R$5.000,00 (cinco mil reais).
13. Recurso provido. Sem custas e honorários advocatícios. (art. 46 da lei 9099/95)
ACÓRDÃO
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