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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

Numeração Única: 265537920144019199


APELAÇÃO CÍVEL 0026553-79.2014.4.01.9199/MT
Processo na Origem: 52552620068110040

RELATOR(A) : JUIZ FEDERAL POMPEU DE SOUSA BRASIL


APELANTE : PATRICIA ELIESER SOSA ROSSONI - MENOR E OUTROS(AS)
ADVOGADO : MT00003938 - AIRTON CELLA E OUTROS(AS)
APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR : PROCURADORIA REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

EMENTA
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS ATENDIDOS.
FALECIMENTO DA SEGURADA NO CURSO DO PROCESSO. HABILITAÇÃO DOS
SUCESSORES. CONVERSÃO EM PENSÃO POR MORTE. RMI DA PENSÃO (ART. 75
DA LEI 8.213/91). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ENCARGOS MORATÓRIOS.
REMESSA NECESSÁRIA, TIDA POR INTERPOSTA, NÃO PROVIDA. APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA.
1. Sentença que se sujeita ao duplo grau obrigatório, uma vez que não verificada qualquer das
excludentes do art. 475 do CPC/73 (estatuto vigente à época da prolação). Remessa necessária tida
por interposta.
2. A legislação previdenciária prevê o direito do trabalhador a benefícios por incapacidade
decorrentes de doenças do qual acometido após o ingresso no RGPS, ou de agravamento de
moléstia anteriormente adquirida, sendo o auxílio-doença devido ao segurado que, tendo cumprido,
quando for o caso, a carência legal, ficar incapaz por mais de 15(quinze) dias para o trabalho ou
para suas atividades habituais (art. 59 da Lei 8.213/91). Já a aposentadoria por invalidez, de acordo
com o art.42 da Lei 8.213/91, é devida “ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-
doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição”.
3. A qualidade de segurada da autora original (falecida) e a satisfação da carência legal encontram-
se demonstradas pela documentação carreada aos fólios, que evidencia que a trabalhadora manteve
vínculo de emprego entre setembro/2004 a julho/2006 (poucos meses antes do ajuizamento da
demanda, ocorrido em novembro/2006).
4. Quanto à incapacidade laboral, o Relatório de fl. 09, emitido em 13/setembro/2006 pelo médico
assistente, atesta que a segurada era portadora da doença identificada pelo CID 10 – C 50.9
(Neoplasia maligna da mama, não especificada), moléstia cuja evolução culminou, em março/2008,
no seu óbito, conforme informações constantes da Certidão de fl. 91. Nesse contexto, a falta da
perícia judicial – cuja realização restou inviabilizada pelo falecimento da postulante original – não
constitui óbice ao reconhecimento da incapacidade ensejadora da cobertura previdenciária, e, via de
consequência, do direito à aposentadoria por invalidez postulada na inicial.
5. Conforme jurisprudência deste Tribunal, falecendo o segurado no curso do processo, é possível a
conversão do benefício em pensão por morte a partir do óbito, uma vez verificado o preenchimento
dos requisitos legais, pelo que os filhos da segurada falecida (sucessores habilitados) fazem jus à
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percepção da pensão a partir de 13/março/2008, devendo a estipulação da respectiva RMI respeitar


a norma inserta no art. 75 da Lei 8.213/91.
6. O INSS deve arcar com o pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% do total
devido até a sentença (Súmula 111 do STJ).
7. Tal como estabelecido em primeiro grau, sobre as parcelas pretéritas deve incidir correção
monetária de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça Federal, além de juros moratórios, estes
desde a citação quanto às diferenças a ela anteriores, e, em relação às vencidas posteriormente, a
partir de cada mês de referência, conforme o referido manual, cujos parâmetros se harmonizam com
a orientação que se extrai do julgamento do RE 870.947/SE (Tema 810 da repercussão geral) e do
REsp Rep. 1.495.146-MG (Tema 905). Considera-se, ainda, de acordo com precedente do STJ
(RESP 201700158919, Relator Min. HERMAN BENJAMIN, STJ, SEGUNDA TURMA, DJE
24/04/2017), que a matéria relativa a juros e correção monetária é de ordem pública e cognoscível,
portanto, de ofício, razão por que se afasta a tese de reformatio in pejus nesses casos.
8. Remessa Necessária, tida por interposta, a que se nega provimento. Apelação da parte autora
parcialmente provida para determinar que o cálculo da RMI da pensão por morte observe o disposto
no art.75 da Lei 8.213/91, bem como para condenar o INSS ao pagamento de honorários
sucumbenciais.

ACÓRDÃO

Decide a Câmara Regional Previdenciária da Bahia, por unanimidade, negar


provimento à Remessa Necessária, esta tida por interposta, dando parcial provimento à
Apelação.

Salvador/BA, 29 de março de 2019.

Juiz Federal POMPEU DE SOUSA BRASIL


Relator convocado

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