Urgente: Com Pedido de Antecipação Dos Efeitos Da Tutela

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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) de Direito da __ Vara Cível da Comarca

de Valparaíso, Estado de Goiás

URGENTE

LÊDA BORGES DE MOURA, brasileira, casada, Deputada


Estadual por Goiás, inscrita no CPF sob o nº 576.951.806-53, encontradiça
à Alameda dos Buritis, nº 231, Palácio Alfredo Nasser, Gabinete 37, Setor
Oeste, Goiânia – Goiás, CEP: 74.115-900, vem, à presença de V. Exa., por
intermédio de seu advogado, Julio Meirelles, devidamente inscrito na Seção
de Goiás da Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº 16.800 (procuração
adiante juntada), com fundamento nos artigos 319 e seguintes e artigos 300
e seguintes, todos do Código de Processo Civil, vêm a ínclita presença de
Vossa Excelência, com o respeito e o acatamento devidos, propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA PARA CONDENAÇÃO EM OBRIGAÇÃO DE


FAZER E NÃO FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
com pedido de antecipação dos efeitos da tutela

em face de GEAN PEREIRA DOS SANTOS, empresário,


inscrito no CPF nº 982.720.981-72, domiciliado na Rua 76, Qd. 124, Lt. 11,
Jardim Céu Azul, Valparaíso – Goiás, CEP: 72.871-076 e FACEBOOK
SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, CNPJ 13.347.016/0001-17 ,
com sede a Rua Leopoldo Couto Magalhães Júnior, 700, 5º andar, Itaem
Bibi, CEP 04.542-000, São Paulo – SP o que o faz com base nos fatos e
fundamentos a seguir expendidos:
1) DOS FATOS

A Requerente, é detentora de mandato eletivo, ocupando o cargo


público de Deputada Estadual por Goiás. Diante do cargo público ocupado,
muitas vezes é alvo de críticas pelos opositores políticos, o que é plenamente
admissível e tolerável, em razão da liberdade de expressão.

Contudo, em algumas situações, há a divulgação de conteúdos que


não se tratam de relato de fatos ou críticas, mas sim de inverdades,
especulações e ofensas, o que não pode ser admitido em razão da necessidade
de proteção aos direitos da personalidade, garantidos constitucionalmente. É
exatamente essa a situação posta nos presentes autos, como se passa a
demonstrar.

Conforme denota-se da rede mundial de computadores (internet),


na rede social Facebook, com o seguinte endereço eletrônico:
https://www.facebook.com/profile.php?id=100006854626725, o 1º Requerido vem
reiteradamente atacando a honra e moral da Requerente, utilizando-se de
mensagens ofensivas e levianas.

No referido endereço eletrônico, o 1º Requerido, em evidente má-


fé e com o objetivo de difundir suspeitas sobre a honestidade e competência
da Requerente, conforme telas, segue postando as seguintes mensagens:
De forma insensível e sem a devida apuração aos fatos, nas
referidas publicações o Requerido, afirma, sem qualquer fundamento, o que
segue transcrito abaixo:

“Lêda Borges: um casamento de fachada. De dia com


Francisco. A noite com amantes”1

“Quem defende bandido é cumplice, então povo de


Valparaíso, basta.”2

“Cuidado com a Vampira.”

Excelência, de forma cristalina as postagens do 1º réu possui


cunho ofensivo e acusações infundadas sobre o matrimonio da Requerente.
Devendo ele, ser responsabilizado civilmente pelo ilícito praticado, levando
em consideração que tais atos não observaram a razoabilidade e
proporcionalidade. Ressalta-se que tal atitude lesiva do réu, foi comunicada
as autoridades competentes, entretanto, deve-se pleitear uma compensação
justa pelo sofrimento experimentado, e ao ofensor, um desestímulo à
reiteração do ato lesivo.

1
Tela 1: Acesso em 31/08/2020 – 15h54min -
https://www.facebook.com/100006854626725/posts/2692947827610345/?app=fbl
2
Tela 2: Acesso em 31/08/2020 – 15h56min -
https://www.facebook.com/100006854626725/posts/2694435520794909/?app=fbl
Ressalta-se, que pelo consagrado direito da liberdade de
expressão e pela Requerida ter cargo público, é tolerável críticas sobre
sua atuação, porém, é inadmissível tais acusações de sua vida pessoal.

Do mesmo modo, com características levianas, o 1º Requerido no


dia 11 de agosto do corrente ano às 21h34min3, publica duas imagens,
tratando-se de um verdadeiro factoide, denominado “Galo de Briga”,
novamente, sem qualquer fundamento, afirma:

“Lêda Borges é arrogante e prepotente.”


“Para a psiquiatria, a deputada estadual Lêda Borges
tem o perfil de uma doente mental, perversa,
esquizofrênica: uma psicopata e maníaca.”

Destarte, a conduta do 1º Requerido não pode ser chamada de


simples manifestação de opinião, tampouco possui cunho jornalístico,
portanto trata de um meio de ataque a honra pessoal da Requerente.

Com efeito, as mensagens postadas pelo 1º Requerido no


Facebook são irresponsáveis e pueris, uma vez que possuem conteúdos
ofensivos à pessoa da Requerente, uma vez que cria um contexto pejorativo,

3
https://web.facebook.com/100006854626725/posts/2677569449148183/?app=fbl&_rdc=1&_rdr
afirmando que a Requerente é desonesta e estaria envolvida em condutas
ilícitas e imorais.

A internet é o espaço da liberdade, o que não significa que seja um


universo sem lei, devendo ser ponderados os princípios constitucionais, e
havendo a veiculação de conteúdo ofensivo e injurioso, capaz de atentar
contra a moral de outrem, como no presente caso, deve-se prevalecer a
inviolabilidade da imagem e honra da pessoa em detrimento da liberdade de
expressão.

De forma desmedida e irresponsável o Requerido veiculou


informações inverídicas estão fortemente relacionadas com a
disseminação de falsas informações. Inclusive, Excelência, tais ataques
e notícias difamatórias já foram registradas na 1ª Delegacia Distrital de
Polícia de Valparaíso de Goiás, através do Boletim de Ocorrência
nº15970149.

Excelência, fica clara a tentativa do 1º Requerido em criar um


quadro de confusão e desconfiança na população, descredibilizando todo um
histórico de trabalho desempenhado pela parlamentar. E mais, na atual
situação em que vivemos, de evidente crise política, o 1º Réu claramente
promove o discurso do ódio.

Além de atingir todo um trabalho seriamente desenvolvido pela


Deputada Estadual perante a sociedade, as publicações contribuem para a
propagação de notícias falsas (Fake News) e para o verdadeiro caos
social. Aliás, este assunto (Fake News), tem merecido especial atenção
no debate atual, eis que se destaca como um dos fenômenos mais
abomináveis ocorridos diante de tamanho drama mundial.

O site Significados classifica as Fakes News com a seguinte


denominação:
São as informações noticiosas que não representam a
realidade, mas que são compartilhadas na internet como
se fossem verídicas, principalmente através das redes
sociais. Normalmente, o objetivo de uma fake news é
criar uma polêmica em torno de uma situação ou pessoa,
contribuindo para o denegrimento da sua imagem.4

Verifica-se, a bem da verdade, que a matéria jornalística e as


publicações nada mais são que as famosas fake news (notícia-falsa), com o
intuito claro de ferir gravemente a honra, a intimidade e a lisura da prática
do papel de Deputada Estadual. Assim, diante do gravíssimo dano à imagem
e a reputação da autora, não resta outra alternativa senão buscar a tutela
jurisdicional para estancar os abusos e resguardar o direto a imagem e ao
bom nome, construído ao longo de toda sua trajetória.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

2.1 DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO 2º REQUERIDO

De antemão, faz-se oportuno esclarecer que o 2º Requerido tem


legitimidade passiva para responder a todos os pleitos da presente demanda.

Os Padrões da Comunidade Facebook5 estabelecem o seguinte:

12. Discurso de ódio


Não permitimos discurso de ódio no Facebook, pois ele
cria um ambiente de intimidação e de exclusão que, em
alguns casos, pode promover violência no mundo real.
Definimos discurso de ódio como um ataque direto a
pessoas com base no que chamamos de características
protegidas: raça, etnia, nacionalidade, filiação religiosa,
orientação sexual, casta, sexo, gênero, identidade de
gênero e doença grave ou deficiência.
21. Notícias falsas
Reduzir a disseminação de notícias falsas no Facebook
é uma responsabilidade que levamos a sério. Também
reconhecemos que essa é uma questão desafiadora e
4
https://www.significados.com.br/fake-news/
5
https://web.facebook.com/communitystandards/
delicada. Queremos ajudar as pessoas a se manter bem
informadas sem dificultar o discurso público produtivo.
Existe uma linha tênue entre notícias falsas e sátiras ou
opiniões. Por esse motivo, não removemos notícias
falsas do Facebook, mas, em vez disso, reduzimos
significativamente sua distribuição, mostrando-as mais
abaixo no Feed de Notícias

Como se vê, os Padrões da Comunidade Facebook corroboram o


entendimento de que não se deve tolerar na ferramenta em questão, qualquer
tipo de ataque, ameaça, injuria ou discurso de ódio.

Ressalta-se a possibilidade da remoção das ofensas e identificação


dos ofensores à luz do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), que no
artigo 19 estabelece o seguinte:

“Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de


expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações
de internet somente poderá ser responsabilizado
civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado
por terceiros se, após ordem judicial específica, não
tomar as providências para, no âmbito e nos limites
técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado,
tornar indisponível o conteúdo apontado como
infringente, ressalvadas as disposições legais em
contrário.” (g.f.).
Já o artigo do 22 do mesmo diploma legal reza que:

“Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de


formar conjunto probatório em processo judicial cível
ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer
ao juiz que ordene ao responsável pela guarda o
fornecimento de registros de conexão ou de registros de
acesso a aplicações de internet.
Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais requisitos
legais, o requerimento deverá conter, sob pena de
inadmissibilidade:
I - fundados indícios da ocorrência do ilícito;
II - justificativa motivada da utilidade dos registros
solicitados para fins de investigação ou instrução
probatória; e
III - período ao qual se referem os registros.”
Considerando o que estabelecem os transcritos dispositivos, e
como restou suficientemente demonstrado nos tópicos antecedentes, o
interesse de agir da presente demanda se justifica na medida em que a Autora
inequivocamente sofrera - e permaneça sofrendo - danos de gravíssimas
proporções em razão de ilícitos praticados por terceiros no âmbito da
aplicação de Internet “Facebook”.

Diante do exposto, é inequívoca a legitimidade passiva do 2º


Requerido, em razão do controle da rede social Facebook, a qual opera em
português e também é destinada ao público brasileiro.

2.2. LIMITAÇÕES AO PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE


EXPRESSÃO – “FAKE NEWS” – NECESSIDADE DE EXCLUSÃO
DO PERFIL

É bem verdade que o princípio da liberdade de expressão é um


direito fundamental assegurado constitucionalmente no art. 5º, inciso IV, da
Carta Magna. Contudo, é cediço que não se pode atribuir valor absoluto a
esse princípio, sob pena de se violarem outros princípios e direitos também
assegurados constitucionalmente, in casu, o direito à da honra e da imagem,
contemplados nos arts. 5º, caput, e inciso X da Constituição Federal, os quais
certamente seriam ofendidos, caso se permitisse a divulgação de notícias
falsas como a vertente.

Nessa senda, considerando que inexiste hierarquia e antinomias


entre normas produzidas pelo poder constituinte originário, tem-se que a
solução ao caso deva ser pela aplicação do critério da ponderação dos valores
em questão, com o predomínio do maior peso (direito da honra e da imagem),
em detrimento do de menor (liberdade de expressão individual através de
notícias falsas sobre a vida pública e pessoal da Requerida).
A respeito da necessidade da adoção do critério da ponderação
para a solução de caso relacionado à colisão entre dois princípios
constitucionais individuais, tem-se o exemplo citado por Guilherme Peña
Moraes:

[...] Exemplo de confronto entre princípios


constitucionais é estabelecido entre os veiculados pelo
art. 5º, inc. IX – princípio da liberdade de informação
jornalística – e art. 5º, inc. X – princípio da
inviolabilidade da intimidade, ambos da CRFB, sobre o
qual a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, com fundamento no critério da ponderação, é
dirigida no sentido da restrição daquele em proveito
deste, a menos que se trate de acontecimento de caráter
público, isto é, de um evento que toda pessoa tem
interesse de conhecer para formar a sua opinião como
membro da coletividade: “na temática atinente aos
direitos e garantias fundamentais, dois princípios
constitucionais se confrontam e devem ser conciliados.
De um lado, a livre expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação,
independentemente da censura ou licença. De outro
artística, científica e de comunicação,
independentemente da censura ou licença. De outro
lado, a inviolabilidade da intimidade, da vida privada,
da honra e de imagem das pessoas. Sempre que
princípios constitucionais aparentam colidir, deve o
intérprete procurar as recíprocas implicações existentes
entre eles, até chegar a uma inteligência harmoniosa,
porquanto, em face do princípio da unidade
constitucional, a Constituição não pode estar em
conflito consigo mesma, não obstante a diversidade de
normas e princípios que contêm. Assim, se ao direito à
livre expressão da atividade intelectual e de
comunicação contrapõe-se o direito à inviolabilidade
da intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem, segue-se como consequência lógica que este
último condiciona o exercício do primeiro, atuando
como limite estabelecido pela própria Lei Maior
para impedir excessos e abusos”. (grifou-se)
(Guilherme Peña de Moares. Curso de Direito
Constitucional, 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2019. p. 41-42)

Aliás, a própria legislação infraconstitucional impõe limites à


liberdade de expressão ao prever como infrações penais, por exemplo, os
chamados crimes contra a honra (arts. 138, 139 e 140, todos do Código
Penal6); a contravenção penal de provocar alarma, anunciando desastre ou
perigo inexistente (art. 41 da LCP7), o crime de denunciação caluniosa com
finalidade eleitoral (art. 326-A da Lei nº 4.737/1.965 – Código Eleitoral8) e
etc.

Nesse sentido, colhe-se ainda a jurisprudência do Tribunal de


Justiça do Estado de Goiás:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. TUTELA PROVISÓRIA DE
URGÊNCIA. MENSAGEM VEICULADA EM REDE
SOCIAL (?FACEBOOK?). LIVRE MANIFESTAÇÃO
DO PENSAMENTO. OFENSA À HONRA E
IMAGEM. EXCLUSÃO DA POSTAGEM.
MANUTENÇÃO DO PROCESSO EM SEGREDO DE
JUSTIÇA. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA
PUBLICIDADE. DECISÃO PARCIALMENTE
REFORMADA. 1. O direito de liberdade de
expressão não é absoluto, vedando-se a divulgação de
conteúdos falaciosos e manifestamente ofensivos,
aptos a ocasionarem danos a direitos personalíssimos

6
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
7
Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz
de produzir pânico ou tumulto:
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
8
Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação
administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a prática
de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
dos indivíduos, tais como a honra e imagem, em
ofensa ao princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana. 2. Ao veicular informações e
opiniões na internet, o usuário assume a
responsabilidade pelas consequências de eventual
excesso no exercício de seu direito de livre
manifestação do pensamento, sujeitando-se aos ônus
decorrentes de abusos que eventualmente venha a
praticar contra terceiros. 3. No caso concreto, exsurge
evidenciada a probabilidade do direito em que funda-se
o pedido acautelatório inicialmente requerido (art. 300,
CPC), na medida em que a publicação inserida no
localizador (URL) indicado na exordial possui, em seu
conteúdo, aparente imputação da prática de condutas
desabonadoras e lesivas à honra e imagem do recorrido,
ministro religioso, desbordando, a priori, dos limites do
exercício do direito de livre manifestação do
pensamento, conferido constitucionalmente ao
agravado. 4. Na espécie, emerge o perigo de dano
decorrente da demora no oferecimento da prestação
jurisdicional (art. 300, CPC), uma vez que a
manutenção da postagem possui o potencial de
atingir um número cada vez maior de pessoas diante
da alta rapidez com que se propagam as ideias
transmitidas através da internet, bem como resta
demonstrada a reversibilidade da medida (art. 300,
§ 3º, CPC), ante a possibilidade de, a qualquer
momento, autorizar-se a republicação do conteúdo
suprimido. 5. Em consagração ao princípio
constitucional da publicidade (arts. 5º, inc. LX, e 93,
inciso IX, CRF), inexistem razões para se resguardar o
processo pelo segredo de justiça, pois sua natureza não
se insere dentre as hipóteses legais elencadas no artigo
189 do CPC. AGRAVO DE INSTRUMENTO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJGO, Agravo de Instrumento (CPC) 5225958-
29.2019.8.09.0000, Rel. CARLOS ROBERTO
FAVARO, 1ª Câmara Cível, julgado em 03/03/2020,
DJe de 03/03/2020)

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


OFENSAS VEICULADAS EM PROGRAMA DE
RÁDIO. AGENTE POLÍTICO. LIBERDADE DE
INFORMAÇÃO. DIREITO DE CRÍTICA. EXCESSO
PRATICADO. OFENSA À HONRA OU À IMAGEM.
DANO MORAL CONFIGURADO. SENTENÇA
REFORMADA. 1. A Constituição Federal protege a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, enquanto atributos da personalidade. No
entanto, também assegura a livre expressão da atividade
intelectual, artística, científica e de comunicação, a
liberdade de manifestação do pensamento e a plena
liberdade de informação jornalística em qualquer
veículo de comunicação social. Exige-se, para que se
configure o dever de indenizar do órgão de imprensa e
do jornalista, a demonstração do abuso de direito. 2. A
crítica que os meios de comunicação social dirigem às
pessoas públicas, por mais dura e veemente que possa
ser, deixa de sofrer, quanto ao seu concreto exercício, as
limitações externas que ordinariamente resultam dos
direitos de personalidade. Precedentes do STF. 3. O
agente político, à época Governador do Estado, como
pessoa pública, eis que possui notória atuação no seio
da coletividade, está suscetível a receber críticas e
elogios, desde que realizados dentro dos limites legais
e morais. 4. Todavia, restando evidenciado o ânimo
de ofender a dignidade do agente político, macula-se
o direito constitucional de crítica, gerando dano
moral indenizável. APELAÇÃO CÍVEL
CONHECIDA E PROVIDA.
(TJGO, Apelação (CPC) 0330709-38.2015.8.09.0051,
Rel. ITAMAR DE LIMA, 3ª Câmara Cível, julgado em
08/08/2019, DJe de 08/08/2019)

Como a liberdade de expressão não é garantia constitucional


absoluta no caso em concreto, deve prevalecer o princípio da dignidade da
pessoa humana, devido às manifestações apresentadas possuir conteúdo
calunioso e que até o presente momento ainda estão circulando, motivo pelo
qual requer a imediata exclusão do perfil abaixo destacado:

 https://www.facebook.com/profile.php?id=10000685462
6725
No âmbito infraconstitucional, os artigos 17 e 20 do Código Civil
Brasileiro estabelecem o seguinte:

Art. 17.O nome da pessoa não pode ser empregado por


outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem
pública, a divulgação de escritos, a transmissão da
palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização
da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa
fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.

Considerando o que estabelecem os transcritos dispositivos, e


como restou suficientemente demonstrado nos tópicos antecedentes, o
interesse de agir da presente demanda se justifica na medida em que a
autora inequivocamente sofreu – e permanece sofrendo – danos de
gravíssimas proporções em razão de ilícitos praticados no âmbito do
Facebook, além do Whatsapp.

Sobre a determinação de retirada de conteúdo ofensivo, colaciona-


se a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA INDEFERIDA.
REQUISITOS ENSEJADORES DA PRETENSÃO
COMPROVADOS. CONDUTA ANTIJURÍDICA
DEMONSTRADA DE PRONTO. EMISSÃO DE
OPINIÕES E CRÍTICAS. PESSOA PÚBLICA. 1 - O
agravo de instrumento é recurso secundum eventum litis
e deve se ater ao acerto ou desacerto da decisão
hostilizada. 2 - No caso versado, está devidamente
demonstrada a verossimilhança do direito rogado,
considerando que a publicação, supostamente
ofensiva, a priori, representa conteúdo lesivo à
imagem. 3 - Tratando-se o insurgente, de pessoa
pública, estando sujeito a exposições, na crença
coletiva do ambiente político, sobretudo em ano
eleitoral, esse tipo de notícia se impermeabiliza a
qualquer dado que a contradiga, mesmo tendo
acesso a fortes argumentos que demonstrem sua
falsidade. 4 - Decisão reformada para determinar a
retirada imediata da mensagem veiculada do site do
agravado, bem como de suas redes sociais (facebook,
twitter, instagram e youtube) em que tenha havido o
compartilhamento, sob pena de multa diária de R$
2.000,00 (dois mil reais). RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
(TJGO, Agravo de Instrumento (CPC) 5454233-
72.2017.8.09.0000, Rel. FAUSTO MOREIRA DINIZ,
6ª Câmara Cível, julgado em 01/08/2018, DJe de
01/08/2018)

Consoante os dispositivos legais supracitados, bem como o


entendimento jurisprudencial, urge que ao 2º réu seja compelido a retirar
IMEDIATAMENTE o perfil do 1º réu, pelos constantes conteúdos ofensivos
publicado e compartilhado pelo perfil.

3. DA CONFIGURAÇÃO DO DANO

As constantes publicações do 1º Requerido não está dentro das


balizas da liberdade de expressão, pois emitiu informações falsas e que não
passam de mera especulação com a nítida intenção de difamar a Requerente,
que, por ser pessoa pública, teve a sua imagem e a sua honra maculadas
profundamente.

Constantemente, sendo publicada posts no Facebook com


conteúdo mentiroso e difamatório, a informação ali contida foi pulverizada
e o mal efetivado. Em outras palavras, o dano foi ocasionado no momento
em que tais publicações foram divulgadas, até pela rápida pulverização por
intermédio das redes sociais. Portanto, a dimensão do dano à imagem da
Requerente é algo imensurável.

Se para uma pessoa comum o dano causado por uma informação


difamatória é extreme de dúvidas, o que dizer de uma pessoa pública que
exerce uma importante função para uma unidade da Federação?

Destaca-se que esse dano supera a atuação política da


Requerente, afinal, antes de ser Deputada Estadual, ela é mulher,
esposa, mãe e avó.

Nesse caso e diante das constantes publicações, o dano em questão


é presumido, visto que não necessita de prova, conforme estabelece a
jurisprudência:

“É fora de dúvida que a ofensa à honra por meio da


imprensa, por sua maior divulgação, acaba
repercutindo mais largamente na coletividade, afetando
a estima e o conceito perante seus membros. Além de
eventuais danos materiais, o ofendido padece,
indubitavelmente, de danos de natureza moral,
consistentes no sofrimento, no desgosto, no
aborrecimento. A jurisprudência tem afirmado que, em
tais casos, o dano moral é presumido”9.

E nem se diga que o Requerente, por ser pessoa pública, está


sujeito a esse tipo de exposição, pois, uma coisa é o perfil veicular,
publicar, divulgar fatos verídicos e fazer críticas, e outra bem diferente
é divulgar inverdades, sem sequer ouvir os envolvidos. Nesse sentido, o
e. STJ entende que:

“As pessoas públicas, malgrado mais suscetíveis a


críticas, não perdem o direito à honra. Alguns aspectos
da vida particular de pessoas notórias podem ser
noticiados. No entanto, o limite para a informação é o
da honra da pessoa. Com efeito, as notícias que têm

9
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. v. IV. 4ª ed. São Paulo: Saraiva 2009. Pg. 4
como objeto pessoas de notoriedade não podem refletir
críticas indiscriminadas e levianas, pois existe uma
esfera íntima do indivíduo, como pessoa humana, que
não pode ser ultrapassada”. (REsp 706769/RN, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 14/04/2009, DJe 27/04/2009).

Portanto, ao publicar informações falsas e difamatórias, o 1º


Requerido causou inegável dano a Requerente, que teve a sua honra e
imagem pública violadas frontalmente, o que enseja a condenação ao
dano moral.

4. DA NECESSIDADE DA CONCESSÃO DA TUTELA DE


URGÊNCIA

Até a tramitação desta ação, incluindo a concessão de prazo para


defesa, eventual fase probatória e decisão final, certamente decorrerá lapso
temporal que, pela não retratação da falsa notícia de utilização de emenda
parlamentar para pagamento de dívidas e pela reiteração de envio de notícias
falsas relacionadas, implicando prejuízos irreparáveis à atuação da
Parlamentar. Com efeito, as inverdades prolatadas em tela tem grande
potencial de causar desinformação às pessoas e, por consequência, incutir
nelas uma insegurança sobre o trabalho prestado pela Deputa Estadual.

Ressalta-se sobre a possibilidade exponencial de


compartilhamentos das postagens do referido perfil, levando em
consideração que a autora sofreu – e permanece sofrendo – danos de
gravíssimas proporções em razão de ilícitos praticados no âmbito
do Facebook, além da possibilidade de tais atos no Whatsapp.

Por seu turno, o perigo de dano consiste no comprometimento de


direitos personalíssimos da Requerente, tais como a honra e imagem, em
ofensa ao princípio constitucional da dignidade humana, que poderá ocorrer
caso as publicações desinformadas e desacreditadas com notícias falsas a
respeito da Requerida não seja removida.
Nessa medida, pugna pela concessão de medida liminar, por meio
de tutela específica (obrigação de fazer e de não fazer), por ser medida
necessária à preservação do direito à honra e imagem da Requerida.

A tutela antecipada, prevista nos artigos 300 e seguintes do Código


de Processo Civil, possibilita que o juiz conceda à parte provimento que
assegure o bem jurídico da prestação do direito material objeto da ação,
desde que haja elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Como assinala Luiz Guilherme Marinoni10:

A morosidade não só significa um peso muito grande


para o litigante, como também inibe o acesso à justiça.
A lentidão leva o cidadão a desacreditar no Poder
Judiciário, o que é altamente nocivo aos fins de
pacificação social da jurisdição, podendo até mesmo
conduzir à deslegitimação do poder. Portanto, é tarefa
da dogmática – preocupada com a construção do
processo justo e isonômico – pensar em técnicas que
justifiquem, racionalmente, a distribuição do tempo do
processo

Sob este prisma, eventual demora da prestação jurisdicional não


pode ser prejudicial à autora, de modo que se deve garantir a eficácia de
futura decisão, sob pena de violar o direito fundamental à decisão urgente.

Dentro desse sistema, em se tratando de obrigação de fazer, onde


se busca a concessão de decisão judicial de caráter mandamental, o art. 297
do CPC prevê expressamente que “o juiz poderá determinar as medidas que
considerar adequadas para a efetivação da tutela de urgência”.

No presente caso, estão presentes os requisitos e pressupostos para


a concessão da tutela requerida, existindo verossimilhança das alegações,

10
Tutela Antecipatória e Julgamento Antecipado,p. 30.
pois é evidente que o perfil constantemente distribui conteúdo calunioso
atingindo diretamente a honra objetiva da Requerente e que o número de
alcance das publicações e visualizações do post é imensurável.

Evidenciado igualmente se encontra o periculum in mora, eis que


a demora no andamento natural do processo certamente postergará os danos
que vem sofrendo a autora pela existência de sérias alegações caluniosas.

Quanto à reversibilidade, observa-se que não haverá qualquer


prejuízo ao réu na exclusão/suspensão do post, eis que são completamente
falsas. A única parte que suporta os danos é a autora.

5. DO PEDIDO

Ante ao exposto requer:

a) A concessão da antecipação dos efeitos da decisão, nos termos


acima requeridos, a condenação do 2º Requerido na obrigação de fazer que
consiste em remover o perfil na rede social do 1º Requerido, por conter
alegações criminosas. Como também, determinar ao 1º Requerido se
abstenha de fazer tais alegações criminosas em seu perfil do Facebook ou
qualquer outro meio de comunicação, bem como determinar a retirada das
mensagens ofensivas publicadas no site, até julgamento final.

b) Caso não seja acatado o pedido acima exposto, requer-se a


imediata remoção das publicações ofensivas do 1º Requerido.

c) Requer que seja, ao final, julgado totalmente procedente o


pedido levado a efeito, mediante a condenação do 1º Requerido ao
pagamento de indenização pelo danos morais experimentados em valos a ser
arbitrados por Vossa Excelência;

d) Citação dos réus, para caso queiram contestar a presente ação


no prazo designado, nos termos legais;
e) Requer a condenação dos Requeridos ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios, calculados à base de 20% (vinte por
cento) sobre o valor da condenação;

f) Na eventualidade de não concedida a liminar, para que seja, no


mérito, julgado totalmente procedente o pedido;

g) Protesta provar o alegado, por todos os meios em direito


admitidos

h) Requer, por fim, que todas as publicações sejam realizadas


exclusivamente em nome do signatário da presente peça.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Pede-se deferimento.

Goiânia, 8 de setembro de 2020.

JULIO CESAR MEIRELLES


OAB-GO 16.800

MAÍCE ANDRADE GLAUCO BORGES


OAB-GO 49.684 OAB-GO 55.427

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