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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _______ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE

____________/___,

Nome........, nacionalidade......., estado civil........, profissão.........., portador da cédula de identidade RG


nº .......... e inscrito no CPF sob o nº ..................., residente e domiciliado no Endereço .................CEP:
00000-000, na cidade de ........./.., por intermédio do seu Advogado que digitalmente subscreve, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência propor

QUEIXA CRIME - CRIMES CONTRA A HONRA

em face de nome.........., nacionalidade........, estado civil........, profissão........, portador do RG n.º


............ e CPF n.º ................... - residente e domiciliado no Endereço..............................CEP: 00000-000,
pelos seguintes fatos e fundamentos abaixo aduzidos:

1. DA JUSTIÇA GRATUITA

O querelante é professor da rede estadual de ensino e percebe como remuneração o valor mensal de
R$ 00.000,00 de acordo com o comprovante de holerite anexo e, por este motivo não tem condições
de arcar com custas e honorários advocatícios.

Estando o querelante dentro do patamar indicado pela Defensoria Pública do Estado ......., requer de
acordo com o artigo 98 do CPC a concessão dos benefícios da justiça gratuita.

2. DOS FATOS

O querelante foi síndico do condomínio residencial onde reside e naquela ocasião o querelado criou
um grupo para trabalhar contra as atividades exercidas pelo querelante dentro do condomínio, tendo
em vista que o querelado era síndico e perdeu a eleição para o querelante e sua chapa.

Desde então o querelado passou a fazer intrigas e fofocas dentro do condomínio contra o querelante.
Desde meados do mês de março do ano de 2020, o querelante passou a ser violado em seus direitos
da personalidade, com o uso indevido da sua imagem, pelo aparecimento de cartazes afixados no
mural de avisos do condomínio, senão vejamos algumas imagens extraídas:

Os cartazes afixados por meses no mural do condomínio que fica na porta de entrada para todos os
moradores olharem os avisos e recados, tinha os dizeres "Síndico agressor de Mulheres".

Além dos cartazes afixados nas dependências públicas do condomínio, houve também a distribuição
dos cartazes pela calçada do condomínio, senão vejamos as fotos:

O querelante, após o primeiro cartaz afixado no mês de março passou a ficar transtornado com a
situação, se sentiu humilhado e covardemente atacado para que sua imagem e boa fama fossem
aniquiladas com os cartazes caluniosos e difamatórios de que ele era agressor de mulher.

O querelante já angariou 13 cartazes que foram afixados no mural e nas áreas comuns do condomínio,
tendo sido afixado o último cartaz pelos querelados na data de 11/09/2020.

Denota-se da conduta dos querelados, que praticaram o ato ilícito por vários meses ininterruptos na
tentativa de violar os direitos da personalidade do querelante, ofendendo-lhe a moral.

Câmeras de segurança foram instaladas nas áreas comuns do condomínio no intuito de descobrir quem
estava afixando os cartazes e, para a surpresa do querelante descobriu-se ser o querelado, senão
vejamos:

De acordo com a cópia do Inquérito Policial RDO nº 00000-00, houve a identificação dos querelados
nas imagens, senão vejamos:

Para piorar a situação degradante a que foi inserido, o querelante passou a ser alvo de fofocas e
comentários na academia do bairro, onde o assunto "agressor de mulheres" passou a fazer parte dos
comentários de alguns frequentadores do local, acabando por ser propagada a calúnia e a difamação
feita contra ele.

Por fim, houve a afixação do mesmo cartaz no posto de gasolina do bairro, onde a ex cônjuge do
querelante trabalha, tendo sido tirado pelo funcionário quando viu que se tratava do querelante.

De toda a maldade praticada contra o querelante, restou danos de ordem moral e psicológica, pois o
requerente passou a se sentir ameaçado e perseguido, por vezes tem medo de ser atacado em seu
próprio local de moradia, bem como a vergonha e a depressão por notar os comentários dos
condôminos sobre a sua honra.
Por este motivo, o querelante se tornou uma pessoa depressiva, entristecida e reclusa em seu
apartamento.

A conduta do querelado não só propagou calúnias, injúrias e difamações contra o querelante, mas
também ofendeu-lhe os direitos da personalidade de forma brutal, vindo a causar-lhe enormes
prejuízos de ordem moral e psicológica e, por este motivo é que vem solicitar o acolhimento do Poder
Judiciário para que o querelado seja condenado pelo ato ilícito caracterizado como crime contra a
honra.

3. DA JUSTA CAUSA

A justa causa para o processamento da presente queixa crime está presente, tendo em vista que fora
identificado o autor do crime contra a honra.

Para tanto e, além do relatório do inquérito policial onde determina a identificação do autor, junta-se
aos autos o link de acesso para os vídeos onde é possível verificar a atividade delituosa pelos
querelados, senão vejamos:

https://drive.google.com/drive/folders/1uiruo8-DeuMJwdwimMaxHqkn44rQCLvI?usp=sharing

4. DA COMPETÊNCIA

Verifica-se que as colocações fáticas feitas pelo querelante tendem a atribuir ao querelado a
concorrência para o crime de calúnia ( CP, art. 138), difamação ( CP, art. 139) e crime de injúria ( CP,
art. 140). As penas máximas cominadas a esses delitos correspondem, respectivamente, a 02 anos, 01
ano e 06 meses respectivamente, mais a cumulação com a pena de multa.

Além do mais, necessário o adicional do artigo 141, III do CP, já que a conduta delituosa foi praticada
mediante cartazes nas dependências coletivas do condomínio e áreas adjacentes, bem como
estabelecimentos público como a academia do bairro e o posto de gasolina.

Em sendo assim, a pena ultrapassará a estipulada para os crimes da lei 9099/95, qual seja a de 02 anos
cumulada ou não com multa, já que temos a agravante do artigo 141, III do CP.

Por este motivo, os autos do processo deverão tramitar perante a vara criminal comum.

5. DECADÊNCIA

Segundo consta da narrativa, o primeiro episódio delitivo ocorrera no ano de 2020, mas devido a
continuidade da conduta delitiva, sendo que os cartazes começaram a aparecer em outros locais fora
do condomínio, como na academia e no posto de gasolina, o querelante registrou boletim de
ocorrência, tendo tomado conhecimento da autoria em março de 2021, com a retirada da cópia do
relatório do RDO1513564-20.

Destarte, a contar da data do ocorrido (momento em que o querelante tomou conhecimento da


autoria dos crimes) ( CP, art. 10), vê-se que a pretensão punitiva fora apresentada dentro do interregno
legal. Não ocorrendo, por isso, a figura jurídica da decadência.

CÓDIGO PENAL, Art. 38 - Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá
do direito de queixa ou representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do
dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o
prazo para oferecimento da denúncia.

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

(..)

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

Nesse contexto, este é o pensamento de Norberto Avena :

"Como regra geral, o direito de queixa deverá ser exercido no prazo de seis meses, contados do dia em
que o ofendido, seu representante legal ou cada uma das pessoas do art. 31 do CPP (no caso de morte
da vítima ou de sua ausência) vierem a saber quem foi o autor do crime, conforme reza o art. 38 do
CPP...

Em sendo assim, o querelante ainda está dentro do prazo de 06 meses para o ajuizamento da queixa
crime em desfavor do querelado.

6. DOS CRIMES CONTRA A HONRA

6.1 DA CALÚNIA

Nos delitos contra a honra o propósito do agente é sempre prejudicar o próximo de qualquer forma:
em sua fama, nome, honra, etc.

Na calúnia, ocorre a imputação de determinado fato previsto como crime, sabidamente ser falso.

No caso dos autos, foi imputado ao querelante "agressor de mulheres" sendo que a Lei 11.340/2006
identifica a conduta de agressão como violência doméstica.

CÓDIGO PENAL, Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.
O querelado ofendeu a honra objetiva do querelante, isto é, sua reputação perante terceiros, tendo
afixado cartazes com tais dizeres nos quadros de aviso do condomínio para que todos os moradores
pudessem ter acesso.

6.2 DA DIFAMAÇÃO

Nesse passo, o querelado ofendeu a honra do querelante, quando aludiu fato inverídico e, além disso,
imputando a esse como pessoa "agressora de mulheres”.

Na verdade, o querelante é homem de bem, honesto, respeitado no condomínio onde ocorreu o


episódio. Não responde a nenhum crime e, mais, exerce cargo público na cidade, sendo professor de
escola estadual.

Diante disso, é inescusável que o querelado incorreu no crime de difamação.

CÓDIGO PENAL, Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Válidas as
colocações de Cleber Rogério Masson , quando, no tocante ao crime de difamação, leciona que:

"Constitui-se a difamação em crime que ofende a honra objetiva e, da mesma forma que a calúnia,
depende da imputação de algum fato a alguém. Esse fato, todavia, não precisa ser criminoso. Basta
que tenha a capacidade de macular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela desfruta na
coletividade, pouco importando se verdadeiro ou falso...

6.3 DA INJÚRIA

Há, ainda, previsão legal nesse prisma (crime de injúria):

CÓDIGO PENAL, Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade e o decoro:

Acerca do crime de injúria, ensina Nomeque:

" A nota característica da injúria é a exteriorização do desprezo e desrespeito, ou seja, consiste em um


juízo de valor negativo, apto a ofender o sentimento e dignidade da vítima. Pode fazer referências às
condições pessoais do ofendido (v. g., corpo, bagagem cultural, moral) ou à sua qualificação social ou
capacidade profissional. Distingue-se a injúria da calúnia e da difamação por não significar a imputação
de fato determinado - criminoso ou desonroso --, mas sim a atribuição de vícios ou defeitos morais,
intelectuais ou físicos...

Entrementes, há que se aplicar a causa de aumento de pena, já que o querelado praticou o crime
mediante a afixação de cartazes, os quais acabaram sendo afixados não só nas dependências do
condomínio como também fora dele, quando do aparecimento dos cartazes na academia e no posto
de gasolina, ambos no bairro.

"Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
cometido:

(...)

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
da injúria."

Outro não é o entendimento jurisprudencial, consoante se verifica da ementa abaixo transcrita, do


Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:

CALÚNIA, INJÚRIA E DIFAMAÇÀO. CONFIGURA OFENSA À HONRA OBJETIVA E SUBJETIVA DO


QUERELANTE. EXORBITÂNCIA AO ANIMUS INFORMAM. VEICULAÇÃO DE ATOS OFENSIVOS POR
MEIO DE BLOG NA INTERNET. INJÚRIA. INEXISTÊNCIA DE RETORSÃO IMEDIATA FALTA DA
IMEDIATIVIDADE. CAUSA DE AUMENTO (ART. 141. III. DO CP, INTERNET. MEIO QUE FACILITOU A
PROPAGAÇÃO DAS OFENSAS PENAS. ELEVAÇÃO & PENA-BASE COM FUNDAMENTO NA FOLHA DE
ANTECEDENTES DO ACUSADO. INADMISSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N. 444 DO STJ.
PENAS REDUZIDAS. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. (PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE SÃO PAULO 16. CÁMARA CRIMINAL APELAÇÃO CRIMINAL Nº 0054890-552008.8.26.0050
COMARCA: SÃO PAULO APELANTE: PAULO CEZAR DE ANDRADE PRADO APELADO: ARTUR EUGÊNIO
MATHIAS VOTO)

Dessa forma, requer a condenação do Querelado na forma dos artigos 138, 139, 140, caput c/c 141,
III, todos do Código Penal, em razão da prática de crime de difamação, com causa de aumento de pena
de 1/3, devido à afixação de cartazes com intenção de ofender a honra do querelante através dos
murais das áreas coletivas e comuns do condomínio, meio de fácil propagação da ofensa.

7. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, tendo o querelado infringido os artigos 138, 139, 140 , caput e 141 , III do Código Penal,
requer que seja recebida a presente queixa-crime, sendo o querelado citado para defender-se da
presente ação penal, e, ao final, seja condenado às penas previstas nos precitados dispositivos legais.

Requer-se, outrossim, seja arbitrado por V. Exa. o valor dos danos causados pelo crime, nos termos do
art. 387, IV, do CPP.
O querelante adianta não ter interesse em conceder ao querelado o benefício da suspensão
condicional do processo, transação penal ou acordo de não persecução penal, por entender que tal
medida não será suficiente para impedir que ele repita a conduta delitiva em outras oportunidades, já
que tem costume de proceder desta forma em relação aos demais vizinhos que são contrários ao
pensamento dele.

Ademais, por residirem no mesmo condomínio, tal benefício poderá ser visto como "falta de aplicação
da justiça" reforçando a conduta delitiva e as perseguições e ameaças sofridas pelo querelante.

Local, data

Advogado

00.000 OAB/UF

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