Você está na página 1de 7

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito do Juizado das Fazendas Públicas da C

omarca de Inhumas, Estado de Goiás.

Processo nº 5590490-09.2022.8.09.0072

Requerente: Jose Cardoso da Silva

Requerido: Município de Inhumas

MUNICÍPIO DE INHUMAS, pessoa jurídica de direito público interno,


inscrito no CNPJ n° 01.153.030/0001-09, representado na pessoa do Prefeito João
Antônio Ferreira, situado na Rua 23, Qd. B, Vila São José, Inhumas - Go, por meio
de seu procurador que esta subscreve, com endereço profissional no rodapé da
presente peça, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência apresentar

CONTESTAÇÃO

nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, que lhe


move JOSE CARDOSO DA SILVA, o que o faz com base nos fatos a seguir
expendidos:
I - SÍNTESE DOS FATOS

Aduziu a parte autora que fora até sua agência bancária do Bando do Brasil
sacar valores e foi surpreendido com um bloqueio judicial em sua conta bancária em
razão de uma execução fiscal de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) em seu
nome, nos autos n. 5658433-14.2020.8.09.0072.

Contudo, o referido imóvel, objeto da cobrança de IPTU não estaria em nome


do requerente, devido a ocorrência de homônimos, sendo que supostamente o imóvel
possuiria a titularidade de pessoa com mesmo nome, porém CPF distinto.

Requereu a anulação do o desbloqueio judicial na conta bancária e danos


morais pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com a incidência juros e correção
monetária.

É a breve síntese do necessário.

II - PRELIMINAR DE MÉRITO

II.I - DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

O autor não apresentou nenhum documento que comprove os fatos alegados


em inicial, não há verossimilhança das alegações, nem nexo de causalidade, sem
laudo pericial que valide as acusações apresentadas.

Não é possível, assim, perante qualquer juízo, que confirme os fatos alegados
sumariamente.

Não há comprovação de erro médico e de nexo de causalidade, por esse motivo


a petição inicial é inepta, nos termos do artigo 330, inciso I do NCPC e nos termos do
artigo 319, inciso VI do CPC, em razão da não apresentação de prova técnica,
imprescindível para sustentar as acusações da requerente.

Pelo exposto, requer a que este douto juízo acolha o pedido de inépcia da
petição inicial e determine a extinção do processo sem julgamento do mérito.

III - DO MERITO
III.I - DA INEXISTÊNCIA DE PRESUNÇÃO DE CULPA

Entre o médico e a paciente havia uma relação de meio, sendo despendido o


emprego de métodos adequados, atenção, zelo necessários, sem a garantia de cura.

O artigo 186 do Código Civil estabelece que o agente somente pode ser
responsabilizado quando, culposamente, não respeita um dever de cuidado
objetivamente devido. (Sua conduta é ilícita). O que não é o caso nesta ação, além de
não ser provado que houve culpa do médico, não há nexo de causalidade entre dano e
a conduta do requerido.

Assim, por mais que o médico seja consciencioso, não pode se responsabilizar
pelos relatos do paciente, até porque cada organismo pode reagir de um modo
diferente a alguma medicação, dentre outras inúmeras variáveis que podem interferir
no trabalho do médico.

Por essas razões, a conduta do profissional e os resultados de sua atividade,


qualquer que seja o resultado, devem ser atribuídos uma dose de flexibilidade, porque
não se pode afirmar uma responsabilidade total do médico, pois em alguns casos
independem de sua vontade ou competência, como, por exemplo, nos casos em que o
paciente tenha uma conduta inadequada em relação ao que foi prescrito, ou no caso
em que omite ou altera sintomas ao médico.

No caso em tela, não se trata de erro grosseiro ou inescusável, o profissional


após examinar o paciente, apenas tirou suas conclusões com relação a sua conduta e
seu histórico no prontuário médico.

Corroboramos o raciocínio, conforme se segue:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
RECURSO ADESIVO. INEXISTÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA DA
PARTE. NÃO CONHECIMENTO. RECURSO PRINCIPAL.
PRELIMINAR: CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEIÇÃO.
MÉRITO: ERRO MÉDICO. NEGLIGÊNCIA E NEXO DE
CAUSALIDADE NÃO COMPROVADOS. AUSÊNCIA DE
FALHA NO SERVIÇO. [...] 3. O contrato de prestação de
serviços médicos é um contrato de meio, e não de resultado,
impondo-se à parte demonstrar que o profissional não
proporcionou ao paciente todos os cuidados relativos ao
emprego dos métodos da ciência médica, agindo com
negligência, imprudência ou imperícia. 4. Deixando a parte
autora de comprovar a ocorrência de negligência médica no
tratamento dispensado, e tampouco o nexo de causalidade entre
os fatos alegados e a morte do paciente, afasta-se a
responsabilidade civil dos réus. 5. Recurso adesivo não
conhecido. Recurso de apelação conhecido e não provido.
(Processo nº 2006.01.1.002437-0 (408170), 3ª Turma Cível do
TJDFT, Rel. Nídia Corrêa Lima. Unânime, DJe 04.03.2010).

Por todo o exposto, não há presunção de culpa, a relação entre as partes é de


obrigação de meio, portanto, requer que a parte autora comprove o erro alegado.

III.II - DA NÃO COMPROVAÇÃO DO DANO

A responsabilidade civil do médico é subjetiva. Logo, somente deve ser


indenizado aquele que, submetido a tratamento médico, venha, por causa deste
tratamento e de culpa do profissional, a sofrer um dano material ou imaterial.

O médico tem o comprometimento de tratar o enfermo com atenção e


diligências adequadas, assumindo uma responsabilidade de meio, e não de resultado.

O profissional referido cumpriu seu papel a todo momento, atendeu o paciente,


tratou, com o que achou adequado para o caso do paciente. Cumpriu todos os
procedimentos, pois é preparado e capacitado para exercer sua profissão, e o fez,
como sempre fez com todos os pacientes que já atendeu durante todo tempo atuando
na medicina e em especial na UPA municipal.

Logo, o médico só deve ser considerado culpado se comprovado que agiu com
imprudência, imperícia ou negligência. O que não ocorreu no presente caso, pois o
médico é experiente, prestou atendimento ao autor a todo momento e agiu com zelo o
tempo todo.
O autor também não foi capaz de provar a culpa do médico, pois o médico não
causou nele dano algum. Se foi as alegações do peciente sobre seu real estado de
saúde perante seu empregador que provocou o evento danoso, tendo o médico sido
somente o instrumento de amparo e socorro, não há que se falar em indenização.

No caso não existe liame de causalidade entre a ação do médico e o resultado


lesivo. Sendo assim, sua responsabilidade deve ser excluída.

Portanto, por todo o exposto até aqui, requer a total improcedência dos pedidos
do autor. Não devendo assim prosperar a alegação de dano gerado pelo médico.

IV - DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL E MATERIAL

Em sede de indenização é essencial para a procedência da pretensão a ação ou


omissão do agente, o resultado lesivo e o nexo causal entre ambos.

Cumpre considerar ainda a necessidade de se comprovar tenha havido violação


de um dever jurídico, e que tenha existido culpa e até mesmo dolo por parte do
infrator.

Assim entendeu o tribunal de justiça, conforme se segue:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS


MORAIS. ERRO MÉDICO. DEMORA NO DIAGNOSTICO DA
ENFERMIDADE. HOSPITAL PRIVADO.
RESPONSABILIDADE CIVIL NÃO VERIFICADA. NÃO
DEMONSTRAÇÃO DE CULPA E DE NEXO CAUSAL.
RECURSO NÃO PROVIDO. I - O presente casotrata-se de ação
de indenização por danos morais fundada na alegação de erro
médico por imperícia com demora na prestação dos cuidados
necessários ao tratamento da patologia, resultando no óbito
prematuro do paciente. II - De forma diversa ao sustentado pelos
Apelantes em suas razões, os laudos médicos periciais acostados
aos autos demonstram a impossibilidade de diagnostico preciso
da enfermidade do paciente em um primeiro momento devido à
preexistência de outras doenças; pelo histórico do paciente e
pelas próprias queixas prestadas pelo paciente, restando
demonstrado que o atendimento prestado foi satisfatório. III -
Aplica-se a espécie, entendimento firmado no âmbito do STJ,
no sentido de que a responsabilidade dos hospitais, no que
tange à atuação dos médicos contratados que neles laboram, é
subjetiva, dependendo da demonstração de culpa do preposto,
não se podendo, portanto, excluir a culpa do médico e
responsabilizar objetivamente o hospital IV - Apelo conhecido e
não provido. (TJ-MA - AC: XXXXX20098100001 MA XXXXX,
Relator: LUIZ GONZAGA ALMEIDA FILHO, Data de
Julgamento: 21/11/2019, SEXTA CÂMARA CÍVEL)

Portanto, a falta de um diagnóstico preciso e imediato não caracteriza um dano


moral, e deve-se levar em consideração que o médico requerido não é especialista.
Incompatível, portanto, a alegação de negligência, imprudência ou imperícia.

Diante dos fatos, requer a improcedência do pedido de reparação por danos


morais e materiais.

V - DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer:

1. O RECEBIMENTO DESTA CONTESTAÇÃO, por ser tempestiva,


conforme arts. 219, 229 e 335, do CPC;

2. Acolher a preliminar de mérito, EXTINGUINDO O PROCESSO SEM


RESOLUÇÃO DE MÉRITO;

3. Na hipótese remota de superação da preliminar, e por todos os fatos e


fundamentos expostos, requer deste douto Juízo, JULGUE
TOTALMENTE IMPROCEDENTE todos pedidos expostos na inicial,
pela não configuração de erro no atendimento médico e pela inexistência de
nexo de causalidade, com a consequente extinção do processo com
resolução de mérito, nos moldes do art. 487, I, CPC;

4. no mérito, IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO em relação a


responsabilidade do Município de Inhumas-GO;

5. em tempo, requer o REGISTRO DA PROCURAÇÃO nos assentamentos


do presente feito e que todas as PUBLICAÇÕES, INTIMAÇÕES e outros
atos de interesse da parte sejam realizados EXCLUSIVAMENTE em
nome do advogado JULIO CESAR MEIRELLES, inscrito na OAB-GO
nº 16.800, sob pena de nulidade, nos termos do artigo 272, § 5º, do Código
de Processo Civil.

Nesses termos, pede-se deferimento.

Inhumas-GO, 13 de dezembro de 2022.

JULIO CESAR MEIRELLES


OAB-GO 16.800

EVELYN MENDONÇA
OAB/PA 15.002

NATHANNE CAROLLINA FERREIRA ROMUALDO


OAB/GO Nº 51.443

Você também pode gostar