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DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO EM ALAGOAS

4º Ofício Geral

AO JUÍZO FEDERAL DA __ VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE ALAGOAS

PAJ 2022/036-00809

JOSE RAIMUNDO DAVI, brasileiro, casado, desempregado, portadora do RG de nº


33000964 SSP/AL, inscrita no CPF sob o nº 062.529.298-75, residente e domiciliada na Rua
Joaquim Távora nº 165, B, Zona Urbana Igreja Nova/AL CEP: 57.280-000, assistido pela
DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, por intermédio da Defensora Pública Federal signatária,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente.

AÇÃO ORDINÁRIA PARA CONCESSÃO DE MEDICAMENTOS C/C PEDIDO DE TUTELA


ANTECIPADA DE URGÊNCIA

Contra a UNIÃO (Av. Moreira e Silva, 863, Farol, Maceió/AL), o ESTADO DE ALAGOAS (Av. Assis
Chateaubriand, 2578, Prado, Maceió/AL) e o MUNICÍPIO DE IGREJA NOVA (Praça prof.
Agnaldo Moreira, nº 06, Igreja Nova/AL), requerendo que estes sejam citados na pessoa de
seus respectivos representantes legais, o que faz pelos motivos de fato e de direito que expõe
a seguir:

I – DO PEDIDO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA


A parte autora faz jus aos benefícios da gratuidade de justiça e da assistência jurídica
gratuita, previstos no artigo 5º, LXXIV, c/c o artigo 98 do novo Código de Processo Civil, por ser
juridicamente necessitada, não tendo como arcar com as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua família.

II – DAS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO


Nos termos do artigo 44, I, da Lei Complementar nº 80/94 (Lei Orgânica da
Defensoria Pública) c/c o artigo 186 do novo Código de Processo Civil, os membros da
Defensoria Pública da União gozam das prerrogativas de intimação pessoal em todos os
processos e graus de jurisdição e contagem em dobro dos prazos processuais, o que espera
sejam observadas por esse d. juízo.

Rua Jangadeiros Alagoanos, nº 1481, Pajuçara, Maceió/AL


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III – DOS FATOS

O autor, 58 anos de idade, foi diagnosticado com doença de PARKINSON (CID10:


G20), é uma doença neurológica que afeta coordenação motora degenerativa, de forma que
causa tremores, rigidez muscular, além de alterações na fala e na escrita. que necessita de
tratamento contínuo para atenuar suas alterações clínicas e evitar agravamento de suas
manifestações.

Em razão da sua condição de saúde, demonstrada no relatório médico para


judicialização do acesso à saúde, anexo aos autos, o tratamento indicado e necessário para a
doença que acomete o autor se dá através da utilização de PROLOPA 100/25mg, 3 capsulas
por dia, 90 Capsulas por mês, e AZILECT 1mg, 1 capsulas por dia, 30 capsulas por mês, por
tempo indeterminado, devendo haver continuação do tratamento até a máxima resposta ou
toxicidade inaceitável, embora o autor já cadastrado conforme orientação do NIJUS para o
recebimento das medicações pelo município de igreja nova, houve dificuldade para receber
conseguindo somente uma caixa de PROLOPA que não contempla o mês de tratamento.
Quanto ao AZILECT não recebeu o devido medicamento. Tais medicações tem alto custo o
que impossibilita o demandante de obtê-los por razão de sua condição financeira.

De acordo com o orçamento de maior valor apresentado pela farmácia DROGALIMA


em anexo aos autos, o medicamento Prolopa 100/25mg possui valor unitário de R$ 74,40 (setenta
e quatro reais e quarenta centavos); logo, as 3 (três) caixas solicitadas totalizam R$ 233,20
(duzentos e trinta e três e vinte centavos); quanto ao Azilect 1mg, o valor unitário é de R$ 213,00
(duzentos e treze reais), 1 (uma) caixa requerida. Portanto, o valor do tratamento MENSAL
totaliza R$ 436,20 (quatrocentos e trinta e seis reais e vinte centavos) por tempo
indeterminado.

Assim, tendo em vista os valores dos medicamentos, o demandante não tem


condições financeiras de arcar com os custos do tratamento na quantidade e frequência
necessária, pelo que se ajuíza a presente ação com o fito de compelir o Estado a fornecer o
tratamento indispensável à saúde do requerente.

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IV – DO DIREITO

Se o sistema é único, a responsabilidade é solidária. Não há, pois, que se falar em


quinhão de responsabilidade da União, do Estado e do Município no fornecimento gratuito
de medicamentos e/ou intervenções cirúrgicas.

Por outro lado, em consonância com o que apregoa a Constituição Federal, a Lei nº
8.080/90, que cuida do Sistema Único de Saúde, é também projeção do direito à assistência
social, destinando-se, ainda, a resguardar a saúde dos cidadãos desprovidos de condições
econômicas ao custeio de seu tratamento.

A lei nº 8.080/90 previu em seu artigo 2º que “a saúde é um direito fundamental do


ser humano”, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício, no
§ 1º é explanado que o dever do Estado é garantir a saúde, consistindo na formulação e
execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos e de outros agravos
e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

A omissão do Estado em fornecer ou disponibilizar os medicamentos/suplementos,


essencial à integral prestação do serviço médico estatal, impossibilita nitidamente o
cumprimento das normas constitucionais e legais que refletem o direitos à vida e a
dignidade humana.

Além disso, cabe frisar, o ordenamento jurídico pátrio albergou convenções


internacionais referentes ao tema, conferindo, assim, direitos aos cidadãos que são
comumente aviltados diante da omissão no fornecimento de medicamentos.

Resta evidente, pois, o direito de o demandante ter acesso ao tratamento de forma


digna e eficiente, forma de efetivar o seu direito à vida e à saúde, direitos devidos a todos os
cidadãos e que devem ser garantidos pelo Poder Público.

V – DA TUTELA DE URGÊNCIA
A tutela de urgência é prevista no artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015.
Este artigo prevê, diferente do antigo Código, apenas dois requisitos para a concessão da

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tutela antecipatória: a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do


processo.

O primeiro requisito, qual seja, a probabilidade do direito é o fumus boni iuris, que se
traduz literalmente como “fumaça do bom direito”. Ou seja, é um sinal ou indício de que o
direito pleiteado de fato existe. Não há, portanto, a necessidade de provar a existência do
direito, bastando um mero sinal ou indício.

No presente caso, a probabilidade do direito é proporcionada pelo relatório médico


anexo, o qual demonstra que o autor possui doença de PARKINSON (CID10:G20), necessitando
urgentemente do tratamento pleiteado.

Já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo é evidente. Se o


demandante não receber o tratamento o mais rápido possível, acarretará riscos para a sua
saúde, uma vez que o fornecimento do medicamento é a única forma de oferecer-lhe um
tratamento efetivo. Desse modo, ele não pode esperar até o final do processo, pois cada
minuto é muito tempo para o estado em que se encontra, podendo o final do processo ser
tarde demais.

A urgência do direito da parte autora não pode aguardar o julgamento de


todo um processo que, como é sabido, infelizmente, é tão demorado, para, ao final, ver
reconhecido um direito que, prima facie, já se mostra tão evidente.

O artigo 300, § 2º, da nova Lei Processual Civil relata a possibilidade de a


tutela de urgência ser concedida liminarmente. No caso exposto, diante da
possibilidade de comprometimento da efetividade de direito fundamental da
requerente, o que não pode ser admitido, demanda-se a concessão da tutela de
urgência liminarmente, ou seja, antes mesmo de ouvida as partes rés.

Enfim, o caso sub judice atende perfeitamente aos requisitos impostos no art.
300 do CPC/2015, pelo que se requer seja concedida liminarmente os efeitos da tutela
jurisdicional, de forma que se determine aos réus que forneçam ao demandante,
imediatamente, o custeio do tratamento com o medicamento PROLOPA, NA

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QUANTIDADE DE 03 CAIXAS DE 100/25MG, E AZILECT QUANTIDADE DE 1 CAIXA DE


1MG, MENSALMENTE POR TEMPO INDETERMINADO.

VI – DAS MEDIDAS NECESSÁRIAS AO CUMPRIMENTO DA DETERMINAÇÃO JUDICIAL

Com o propósito de conferir maior efetividade às decisões, o legislador armou o


julgador com uma série de medidas coercitivas, denominadas na lei de "medidas necessárias",
que têm como objetivo viabilizar o quanto possível o cumprimento daquelas tutelas, é o que se
extrai do artigo 536 da nova Lei Processual Civil:

Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de


obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento,
para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado
prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do
exequente.

Portanto, em caso de descumprimento da determinação judicial a ser exarada na


presente demanda, mostra-se necessária a imposição das medidas judiciais à disposição do
magistrado, nos termos acima expostos, para a efetivação da tutela a ser deferida, e o bloqueio
de valores em caso de descumprimento espontâneo é o que melhor atende aos fins delineados
nesse processo.
Destarte, sabendo-se que tal medida é deveras grave, atento ao princípio da
cooperação, faz-se necessário, e desde já se requer, que esse juízo informe aos demandados
que, se transcorrido o prazo fixado por esse Juízo para cumprimento da antecipação dos
efeitos da tutela e ela não for cumprida, proceder-se-á, sem oitiva deles, ao bloqueio de
verbas públicas como meio de efetivação do direito da parte autora.

VI – DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer:

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(a) a concessão do benefício da gratuidade de justiça, por ser o autor pobre na acepção legal
do termo (Art. 5º, LXXIV, CF c/c o Art. 99 do Novo Código de Processo Civil), não tendo
condições financeiras de pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios;

(b) a observância das prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União,


especialmente intimação pessoal, nos termos do art. 44, I, da Lei Complementar de nº 80/94
c/c o art. 186 do Novo Código de Processo Civil;

(c) a concessão de antecipação dos efeitos da tutela, liminarmente, no sentido de


determinar que os réus forneçam ao autor o medicamento PROLOPA NA QUANTIDADE DE 03
CAIXAS DE 100/25MG E AZILECT NA QUANTIDADE DE 1 CAIXA 1MG, MENSALMENTE
conforme solicitação médica, ou depositem em juízo o valor necessário para a compra do
medicamento. por tempo indeterminado, como forma de efetivar seu direito à saúde e
conceder-lhe o direito a um tratamento digno e eficaz;

(d) a determinação do bloqueio dos valores referentes ao tratamento nas contas dos
entes federados envolvidos, no caso de descumprimento da decisão;
(e) a citação dos réus, por meio de seus representantes legais, nos termos e prazos legais,
para, querendo, contestarem a presente demanda, sob pena de revelia e confissão da matéria
de fato;

(f) ao final, sejam confirmados os efeitos da antecipação dos efeitos da tutela pleiteada
e julgados procedentes o pedido de fornecimento do medicamento PROLOPA e AZILECT na
quantidade e pelo tempo necessário ao tratamento, conforme prescrição médica;

(g) requer, ainda, que, pela eventualidade, havendo qualquer dúvida no caso em apreço,
seja o médico assistente (público) do autor pessoalmente intimado para prestar
esclarecimentos técnicos.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente a realização de perícia médica para comprovar a necessidade de utilização do

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referido medicamento, caso Vossa Excelência entenda não bastar a prova documental já
produzida.

O valor da causa é de R$ 436,20 (quatrocentos e trinta e seis reais e vinte


centavos), conforme orçamento anexado.

Termos em que pede e aguarda deferimento.

Maceió, 09 de setembro de 2022.

Rossana Rodrigues Gomes


Defensora Pública Federal

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