Você está na página 1de 9

AO JUÍZO DA ___ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL – RECIFE-PE

Associação de Defesa de Beneficiários de Planos de Saúde de


Pernambuco – ADBPP, associação civil legalmente constituída desde 2012,
(documento de constituição e assembleia de autorização de propositura da
presente ação anexas), com sede no endrereço xxxxxxx, representada por seu
advogado inscrito na OAB nº 54321, consoante aneza, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência propor a presente:

AÇÃO CIVIL PÍBLICA


COM PEDIDO LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE

Em face das empresas “Acém Health” pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob o n° xxxxxxx, com sede jurídica no endereço xxxxxxx, e
“SemHelp” pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n°
xxxxxxx, com sede jurídica no endereço xxxxxxx, conforme fatos e
fundamentos que passa a expor:

DOS FATOS

A ADBPP foi procurada por diversas pessoas em janeiro de 2022 e todas elas,
de forma idêntica, reclamaram que seus planos de saúde passaram por uma
grande mudança, sendo a carteira de pessoas mais idosas (todas acima de 55
anos) integralmenete assumida por outra empresa e sob a condição de que
obrigatoriamente se submetessem a novaa cláusulas contratuais para que
permanecessem sendo atendidas, sob pena de imediata cessação de todos os
benefícios.

Todas essa pessoas eram beneficiárias de planos da empresa “Acém Health” e


passaram a compor de forma automática o novo plano da empresa, co-ré
“SemHelp”, que pertence ao mesmo grupo econômico, mas que conta com
uma rede de atendimento muit inferior àquela inicialmente contratada, sem
hospitais importantes que constavam na rede anterior e com um diminuto
número de médicos que se encontram exclusivamente nos hospitais própios do
plano, loccalizados exclusivamente na capital do estado, mesmo tendo no
plano a promessa de um amplo atedimento nacional.

Os beneficiários ainda foram obrogados a aderir a um novo contrato em que há


cláusula de permanência máxima de 15 dias de internação em UTI e carência
para atualização dos serviços de assistência médica nas situações de
emergência por 90 dias a contar da migração para i “SemHelp”.

DO CABIMENTO

É cabível a presente Ação Civil Pública proposta pela Associação de Defesa


de Beneficiários de Planos de Saúde de Pernambuco (ACBPP), associação
civil legalmente constituída desde 2012, pode tutelar os interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos de seus associados, conforme determina o
Lei n° 7347/85, em seu artigo 1° e artigo 81, parágrafo único, do Código de
Defesa do Consumidor:

Art. 1°. Regem-se pelas disposições dest Lei, sem prejuízo da ação popular,
as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: [...]
II – ao consumidor [...]. (BRASIL, 1985, [s.p])

Art. 81. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entedidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível, que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato:
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transsindividuais, de natureza indivisível de que seja titular gupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum. (BRASIL, 1990, [s.p])
DA LEGITIMIDADE ATIVA DA ASSOCIAÇÃO

A legtimidade da associação autora está prevista no artigo 5º, da Lei n°


7.347/85, que disciplina a ação civil pública:

Art. 5° Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelat:


I. Ministério Público
II. Defensoria Pública
III. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV. Autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista; e
V. Associação, que concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menks um ano, nos termos da lei civil;
b) inclua entre suas finalidades institucionais a proteção dos seguintes
direitos difusos e coletivos: o patrimônio público social, meio ambiente,
consumidor, à ordem enocômica , à livre cocorrência, aos direitos de
grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estéticom
histórico, turístico e paisagístico. (Em destaque). (BRASIL, 1985, [s.p.],
grifo nosso)

Estão presentes, assim, todos os requisitos necessários, conforme disposto no


artigo 5° da Lei n° 7.347/85, tendo a APPD legitimidade ativa para propositura
de Ação Civil Pública, inclusive com previsão express no Estatuto Social que,
dentre suas finalidades, está a proteção dos beneficiários de planos de saúde.

DA LEGITIMIDADE PASSIVA

Em se tratando de legitimidade passiva em sede de ACP, será legitimada


qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou provado que seja
responsável por ameaça de dano ou lesão aos direitos metaindividuais
previstos na lei.
Percebe-se da análise dos fatos ocorridos que houve uma tentativa por parte
da empresa Acém Health de, literalmente, livrar-se de seus beneficiários
menos lucrativos, obrigando-os a contratarem a sua empresa sucessora, a
SemHelp com a prestação de serviços, rede credenciada e condições
contratuais muito inferiores qualitaivamente, e de forma patentemente abusiva
por parte das rés.

Clara, portanto, a legitimidade passiva de ambas as empressas de saúde.

DO DIREITO
DA PATENTE ABUSIVIDADE DAS ALTERAÇÕES CONTRATUAIS.

O CDC reconhece a abusividade da cláusulas contratuais que ofendem


princípios fundamentais da relações de consumo, como a liberdade e
aproteção da vulnerabilidade do consumidor, ou quando elas acarretam na
restrição exagerada de direitos, quando implicam em ônus excessivo ao
consumidor ou quando retiram do fornecedor a sua responsabilidade.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de podutod e serviços que: I – impossibilitem ou
atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos
produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos (BRASIL,
1990, [s.p.])

São patentemente abusivas as práticas comerciais de migração forçada dos


beneficiários de um plano de saúde para outro SEM A POSSIBILIDADE DE
ANUÊNCIA OU NEGOCIAÇÃO por parte dos beneficiários que simplismente
deveriam concordar com as novas cláusulas ou se retirarem do rol de
atendimento.

DA DIMINUIÇÃO DA COBERTURA E DA REDE CREDENCIADA

A drástica redução de cobertura do covênio é prática abusiva e ilegal, uma ves


que todos os beneficiários contrataram o plano em razão do rol de pontos de
atendimento e da rede credenciada que lhes foi apresentada quando da
cpntratação, havendo a alteração unilateral E SEM QUALQUER
CONCORDÂNCIA OU ANUÊNCIA, por parte dos consumidores.
Dessa forma, é necessária a manutenção daquela rede original ou comprovada
a substituição de rede de atendimento de mesma qualidade e abragência.
A abusuvidade e descumprimento contratual são tão patentes que, a rede fora
contratada como de abrangência nacional e conta apenas com hospitais e
médicos atendentes na cidade de Recife.

Nesse mesmo sentido da abusividade já decidiram nosso tribunais:

APELAÇÃO. PLANO DE SAÚDE. Ação de obrigação de fazer. Sentença de


parcial procedência, para a requerida a manter rede credenciada equivalente à
disponibilizada pelo plano anteriormente mantifo pela autora junto à operadora
Golden Cross ou custear atendimento em hospitais, clínicas, e laboratórios que
prestavam serviços à autora quando estava vinculada à antiga rede de
assistência médica, confirmado, em parte, a antecipação de tutela
anteriormente concedida. Condenação da ré, ainda, no pagamento de
indenização a título de danos morais, no valor de R$ 5.000,00. Inconformismo.
Não acolhimento. Migração de carteira de clientes da Golden Cross para a
Unimed Rio. Desrespeito às regras da migração e daprevisão do artigo 17 da
Lei n° 9.656/98. Autora impedida de acessar médicos e hospitais até então
credenciados. Dano moral configurado. Fato que extrapolou a esfera do mero
aborrecimento cotidiano. RECURSO ADESIVO DA AUTORA visando à
majoração dos danos morais para R$ 17.600,00. Circunstâncias apontadas que
autorizam a majoração do quantum indenizatório para R$ 10.000,00.
RECURSO DA REQUERIDA DESPROVIDO. RECURSO ADESIVO DA
AUTORA PARCIALMENTE PROVIDO.” (TJ-SP – AC: 10814837020168260100
SP 1081483-70.2016.8.26.0100, Relator: Clara Maria Araújo Xavier, Data de
Julgamento: 05/06/2019, 8ª Câmara de Direito Privado, Data da Publicação:
06/06/2019)

É necessário a concessão imediata da medida liminar para que o atendimento


seja retomado nos moldes iniciais ou, ainda, que sejam os gastos
integralmente custeados pelas empresas rés, mesmo que realizados por
particulares fora da rede credenciada.

Além da aplicação de multa diária, enquanto não for substituída a rede de


atendimento pela abragência anterior, a opreradora de saúde deverá custear
as despesas médicas particulares do beneficiário, diretamente ou por meio de
posterior reembolso.
DA DISCRIMINALIZAÇÃO ABUSIVA EM RAZÃO DA IDADE

Como exposto anteriormente, as rés dividiram as cateiras de beneficiários do


plano original, relegando as pessoas mais idosas (todas acima de 55 anos)
integralmente à nova empresa.

O dolo dessa operação é patente, ainda que não tenha atingido estritamente as
pessoas protegidas pelo Estatuto do Idoso, atingindo uma nova faixa pouco
maior do que aqueles maiores de 60 anos, é evidente a intenção da empresa
de afastar de carteira uma “faixa podre”, rerirando de forma desonesta e
hedionda as pessoas que estatisticamente represetam maiores despesas de
ordem médica.

Assim, mesmo que não atingindo somente idosos na concepção legal do


termo, as rés realizaram prática abusiva de discriminação desse grupo de
pessoas, descumprindo de forma ilegal a obrigação prevista no artigo 15, § 3°,
do Estatuto do Idoso: “é vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”.

Houve patente discriminação, não apenas por meio de cobrança, mas pela
segregação desse grupo a um novo contrato de menor qualidade e diminuta
rede de atendimento, CONTRA A VONTADE DOS BENEFICIÁRIOS.

DA ABUSIVIDADE DA ALTERAÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO E DAS


CLÁUSULAS ABUSIVAS.

Os beneficiários foram obrigados pelas empresas rés a aderirem ao novo


contrato com cláusulas de patente abusividade, como a permanência máxima
de 15 dias de internação em UTI e carência para a utilização dos serviços de
assistência médica nas situações de emergência por 90 dias a contar da
migração para o “SemHelp”.

Essas cláusulas devem ser declaradas nulas de pleno direito, sendo ineficazes
para o consumidor, como se não tivessem sido escritas, mesmo que
formalmente tenha sido colhido a expressa anuência.
Além disso, como garantia do princípio da manutenção daa cláusulas
contratuais, a nulidade de uma cláusula não gera a nulidade de todo o negócio
jurídico, devendo ser mantidos os demais pontos contratuais sem que ocorra
qualquer onerosidade para os beneficiários.

Essa abusividade é evidentemente maior por tratarem-se de contratos de


adesão, que aqueles cujas cláusulas foram estabelecidas unilateralmente pelas
empresas rés, a um número indeterminado de pessoas e, sem que haja a
possibilidade de o consumidor modificar substancialmente seu conteúdo.

DO PEDIDO DE LIMINAR

Diante de todo o exposto, faz-se necessária a concessão de tutela de urgência


garantido a efetividade e utilidade da medida, ves que há risco de não
atendimento de beneficiários no plano de saúde.

Assim, restou a necessidade de concessão de tutela de urgência prevista, nos


modelos do artigo 300 do CPC, pela presença da “fumus boni juris” decorrente
da patente abusividade das alterações unilaterais do contrato de prestação de
serviço de saúde. E, também, do “periculum in mora” consubstanciado no
iminente risco de morte e para as saúdes dos beneficiários que se encontram
em grave risco de não serem atendidos pelos médicos e hospitais que haviam
contratado inicialmente.

Assim, com base nos fundamentos anteriormente expostos, deve ser deferido p
pedido de liminar de forma imediata para:

 Que o atendimento seja nos moldes inicialmente formulados com a


empresa Acém Health e, ainda, que sejam os gatos integralmente
custeados pelas empresas rés, mesmo que realizados por particulares
fora da rede credenciada, até que essa rede seja integralmente
retomada, devendo a operadora de saúde custear as despesas médicas
particulares do beneficiário, diretamente ou por meio de posterior
reembolso.
 Aplicação de multa diária, enquanto não for substituída a rede de
atendimento pela abrangência anterior.
 Imediata anulação das Cláusulas abusivas de carência de atendimento e
prazo de permanência em UTI.
DOS PEDIDOS

Diante do exposto e fundamentado, a impretante requer:

 A citação das empresas para que apresentem, querendo, constestação.


A concessão do pedido liminar, deferido o pedido liminar de forma
imediata para:

- Que o atendimento seja retomado nos moldes inicialmente formulados


com a empresa Acém Health e, ainda, que sejam os gastos
integralmente custeados pelas empresas rés, mesmo que realizados por
particulares fora da rede credenciada, até que essa rede seja
integralmente retomada, devendo a operedora de saúde custear as
despesas médicas particulares do beneficiário, diretamente ou por meio
de posterior reembolso.
- Aplicação de multa diária, enquanto não for substituída a rede de
atendimento pela abrangência anterior.
- Imediata anulação das cláusulas abusivas de carência de atendimento
e prazo de permanência em UTI.
- A intimação do representante do Ministério Público Federal para que
funcione como custos legis, nos termos da lei.

Seja julgada procedente a presente Ação Civil Pública, tornando


definitiva a liminar concedida, condenando as rés ao pagamento de
idenização pelos danos morais e patrimoniais causados, bem como
aqueles de ordem coletiva a serem arbitrados por Vossa Excelência
conforme dispõe o artigo 3° da Lei n° 7.347/85; condenação ao
pagamento de custas e honorários advocatícios.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente pelos documentos que instruem essa inicial,
oitiva de testemunhas, bem como todos os demais instrumentos
eventualmente necessários.

Atribui-se à causa para fins fiscais o valor de 1.000.000,00 (um milhão


de reais).
Nestes termos,
Pede deferimento.

Local/Data

Advogado

OAB

Você também pode gostar